◜⛧┊ O2 Chᥲρtᥱr.

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Cᥲρɩ́tᥙꙆo O2:
Por toda a ignorância 
humana e a dor da culpa.

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  Fora irritado com a música e o som alto de seu novo vizinho. Christopher estava com ambas as mãos na cintura, olhando desconfiado para os dois adolescentes que estavam segurando o riso, havia esperado seis horas e trinta minutos pela chegada de sua sobrinha, assim eles podiam almoçar juntos. Porém, sem aviso prévio, ela havia aparecido com um garoto na porta de sua casa, o australiano logo de cara não gostou do garoto.

Yang JeongIn era um ano mais velho que Haerin, além de usar brincos e um piercing transversal, estava com o uniforme todo bagunçado que o tornava visivelmente rebelde e chupava um pirulito enquanto olhava diretamente para Christopher, que particularmente estava a um ponto de o expulsar dali, mas o mais velho relevou, obrigando os dois adolescentes a lavarem as suas mãos para comer.

━ Tio Bang, Bang, tem como você conversar com o vizinho sobre o som alto? Ele nunca abaixa esse som. Hoje eu e o Innie vamos estudar juntos e eu preciso de silêncio. - A garota falou séria, enquanto tirava o blazer do seu uniforme, jogando-o em cima do sofá junto de sua mochila.

━ Isso aí, Titio. Vamos estudar biologia, estamos tentando aprender mais sobre o corpo humano e eu me confundo com barulheiras. - JeongIn sorriu de lado após falar malicioso, Christopher estava certo de que aquele menino não prestava, mas ele não pode apenas o expulsar, a sua querida sobrinha parecia gostar daquele garoto, mais uma vez ele relevou.

Suspirou baixo se sentindo tonto por um momento só de pensar que teria que ser mais uma vez um vizinho chato, Bang não era de reclamar, mas ele sempre participou das reuniões de condomínio e expressava a sua indignação por parte de alguns vizinhos não tão acolhedores.

━ Eu vou falar com ele. Deixem o material de vocês no quarto e comam a comida, eu acabei de fazer. É para estudar na sala e se eu pegar mão boba... bem, Haerin, você vai ficar de castigo para o resto da sua vida e você, Yang JeongIn, vai visitar o céu mais rápido que o normal. - Christopher falou sério, vendo que o garoto engoliu seco, assustado pela ameaça. Ele colocou os seus sapatos e fechou a porta respirando fundo ao perceber que até as portas tremiam pelo som alto, como alguém conseguia ficar com o som tão alto? Os futuros problemas de audição que aquela pessoa provavelmente iria desenvolver seriam graves.

Christopher bagunçou os seus cabelos ainda irritado, murmurando reclamações. Como aquele homem tinha mau gosto! As músicas quase não tinham letras e bem, eram só barulhentas, sem nexo, maldita música eletrônica, era o gênero musical que Bang mais odiava, isso ele sempre teve certeza. Aquela repetição quase que ensurdecedora deu uma pequena dor de ouvido no querido cristão que tinha a audição extremamente frágil.

O australiano apertou várias vezes a campainha de seu vizinho, o som ainda se encontrava alto e a porta fechada. Christopher, como sempre teve um pavio curto, bateu diretamente na porta de forma violenta; a música então parou de tocar, finalmente. 

Após o seu vizinho abrir a porta, a primeira coisa que Bang se colocou a pensar foi em como aquele homem era forte. Não que Christopher odiasse o seu corpo, ele estava na média, não estava magro, sedentário como qualquer outro adulto que já havia desistido de sua própria saúde, ele ainda se exercitava diariamente como um modo de manter um pouco de músculos e exercitar um pouco o seu corpo, que por conta do trabalho sempre estava parado, mesmo assim ele odiava ficar perto de pessoas mais fortes que si, já que facilmente sentia algo como um sentimento de inferioridade.

Mas, mesmo chateado por conta do barulho e de seu ego que foi logo atingido, ele ergueu seu rosto emburrado, olhando para o homem que estava o encarando com um sorrisinho de lado, era infantil, maldoso, mas ao mesmo tempo convidativo, ele não conseguiu o entender, ainda mais com o choque que passou por todo o seu corpo ao prestar atenção nos detalhes daquele rosto.

━ Santa misericórdia. - Murmurou, como em um fio de voz, quase imperceptível, aquele rosto, só podia ser sacanagem. Bang não acreditava que Deus havia lhe proporcionado aquele tipo de prova, porque sim, Christopher acreditava que aquilo, ou melhor dizendo, aquele homem, era a prova viva que Deus estava querendo o testar, assim como Jesus em seus quarenta dias no deserto, onde foi tentado pelo próprio diabo, ou como Jó, que perdeu tudo, menos a sua própria fé.

Mas Bang não era nenhum deles, Christopher era apenas um humano pecador, assim como todos a sua volta, ele buscava redenção, mas o seu desejo foi água abaixo após reconhecer aquele sorriso em questão de segundos. Seu corpo congelou por inteiro e um choque atingiu sua nuca, o que o fez se arrepiar. Não era possível que o motivo da sua tormenta noturna era o bendito do seu novo vizinho, nunca pensou que seria possível uma coisa daquelas acontecer na vida real e ele tinha absoluta certeza que não estava em um episódio mal feito de além da imaginação. Christopher ficou calado, não acreditou que o seu pecado morava ao lado, de forma literal.

━ Olha, eu sei que eu sou bonito, mas essa reação é nova para mim. - O coreano riu baixo, observando Christopher que o olhava desacreditado, mas ainda em um eterno silêncio. ━ Eu me chamo Changbin, você deve ser o meu vizinho de porta. Tinham me falado que um dos meus vizinhos era meio asiático, fiquei até animado de saber. - Piscou descontraído abrindo mais de sua porta e passando a observar melhor o seu mais novo amigo de condomínio. ━ Na verdade você já deve ter me visto no saguão do prédio, ou nos corredores, bem, eu me mudei faz umas semanas, é possível que a gente tenha se trombado por ai.

Bang respirou fundo e tentou sorrir gentil, o que foi falho, já que o outro pensou ter deixado o seu vizinho com uma certa vergonha. ━ Prazer, Changbin. Eu me chamo Christopher Bang. Eu moro ali. - Apontou para a porta de seu apartamento, tentando não demonstrar o surto mental que estava a ter naquele momento. O coreano não se lembrava onde havia visto o rosto daquele homem para ter tido tantos pesadelos com o seu rosto e corpo, mas não estava tão curioso em saber, Changbin era o seu vizinho, provavelmente eles haviam se trombado algumas vezes e Bang não se recordava. ━ Bem, a minha sobrinha está estudando com um colega dela, eles estudam em uma escola cujo as matérias são avançadas, então eles precisam de concentração total, tem como você desligar o seu som ou baixá-lo um pouco, está bem alto. - Bang falou sério, vendo que o vizinho concordou com a cabeça, escorando-se no batente da porta. ━ Longe de mim querer ser chato, mas está muito alto mesmo, eu não sei como você aguenta...

━ Eu não sabia que te incomodava, é que eu me mudei só há algumas semanas de Yongin e, eu confesso, Melbourne é bem diferente do que estou acostumado. - Seo riu sozinho, vendo que o outro ainda o encarava. ━ Sabe, cidade mais liberal, mas os vizinhos são mais rígidos.

Changbin queria tentar iniciar uma conversa com o seu vizinho, tentar ser amigo dele, mas isso pareceu ser impossível, Christopher pareceu não querer conversar muito, mas ele não desistia fácil, ele precisava ser amigo de Bang, Seo soube desde o início que ser amigo de seus vizinhos tinha algumas vantagens.

━ É, aqui incomoda. Eu ganho a vida escrevendo e a minha sobrinha, que é bem chata e irritante, estuda em casa. Precisamos de silêncio, mas é a sua casa, pode ouvir as suas músicas à vontade, eu só vou pedir para que não sejam tão altas, assim todos nós viveremos bem e confortáveis. - Christopher sorriu forçado, se virando para entrar em sua casa.

━ Calma, vizinho! Me desculpe, eu acho que você guardou um pouco de raiva pela música alta. Mas, por favor, somos vizinhos, você aparenta ter quase a mesma idade, somos jovens, o que acha de iniciarmos uma amizade? Eu preciso de amigos, a Austrália é tão solitária. - O coreano riu, mas não deixou de suspirar triste. Seo Changbin não estava de brincadeira, ele realmente tinha um certo interesse em Christopher.

━ Tá, vamos ser amigos, se precisar de qualquer coisa eu te ajudo. - Christopher só queria distância do senhor pecado ambulante, então apenas o respondeu agradável.

Seo sorriu animado. ━ Ah, então vem almoçar comigo? Eu fiz uma comida sensacional hoje e estou triste só de pensar em comer sozinho. - Piscou algumas vezes para Christopher, que sentia vontade de bater no rosto do estrangeiro, ele havia concordado em ser amigo de seu vizinho apenas por educação, quando na verdade ele só queria distância. ━ Vamos, o que acha? Conhecer gente nova não mata não. - Changbin murmurou e cruzou os braços fazendo um biquinho emburradinho.

Realmente, conhecer gente nova não o mataria, porém ficar tão perto do causador de seu pecado diário com toda a certeza mataria o seu espírito, mas Bang tinha que lutar contra o "inimigo" e tinha consciência que o pobre estrangeiro não tinha culpa de ser usado como uma mera fantasia sexual, Christopher era o único culpado.

━ Tudo bem, se você não se incomodar. - Suspirou, entrando na casa de Changbin, que não tirava o sorriso do rosto, era uma má ideia, Christopher havia deixado a sua sobrinha sozinha com aquele delinquente, sem contar que ele, mesmo sendo um adulto, estava entrando na casa de um completo estranho.

Christopher tirou seus sapatos, deixando-os no corredor do apartamento e observou quieto a sala do local. Não podia negar, era um apartamento estiloso, mesmo que inacabado e repleto de caixas pela mudança, mas se impressionou mesmo com o tamanho do aparelho de som do coreano. Era enorme, chegava até a ser meio exagerado. Ele sentou na cadeira que Changbin havia indicado, ficando cara a cara com ele.

Até aquele ponto estava tudo indo muito bem, Changbin era educado, não aparentava ser nenhum maluco com desejos sexuais, estava realmente interessado em fazer amizades e não parecia ser problemático. Que alívio! Mas ainda sim, Bang não conseguia sentir verdade no vizinho, mas não o pode julgar, eles nem ao menos se conheciam ainda e ele mesmo sabia bem de seu mal costume, que nada mais era julgar sem conhecer.

O coreano serviu um copo de água para o seu convidado e pegou um pouco do japchae, colocando em sua tigela, esperando Christopher fazer o mesmo. Com cuidado, Christopher se serviu, percebendo que o seu novo colega era um ótimo cozinheiro, bem, mesmo o australiano não se aprofundasse na cultura asiática, cujo tinha ascendência, ele percebia que muitos daqueles pratos eram difíceis de se preparar.

━ O que você faz da vida, Changbin? - Tentou puxar assunto com o coreano.

━ Eu sou veterinário, comecei a trabalhar em uma clínica aqui perto, mas é bem difícil se adaptar, parece que até os animais daqui são diferentes, faço uns bicos como DJ em umas baladas. - respondeu despreocupado. ━ Mas eu vou parar, eu já tô velho pra ficar curtindo por aí.

Changbin trabalhando só como veterinário nunca ganhou uma quantia considerável de dinheiro, ele resolveu trabalhar a noite em casas noturnas para se estabilizar. Quando percebeu, sua conta bancária estava nas alturas. Essa foi a realidade dele em Yongi, na coreia, mas agora ele queria seguir apenas com o trabalho de veterinário que havia conseguido em uma clínica, era cansativo trabalhar vinte e uma horas por dia.

━ Você falou que escreve...? - Perguntou curioso.

Bang apenas sinalizou com a cabeça, como um "mais ou menos". ━ Tipo isso, eu sou psicólogo, vou me especializar em Psicologia Cognitiva, ela é bem eficaz se usada de modo correto, mas só vou poder fazer a pós no próximo ano. - Comeu mais um pouco, colocando a palma da mão perto de sua boca para o outro não o ver mastigando. ━ Mas como eu não concluí a minha pós, consegui um emprego transcrevendo livros de psicologia para a linguagem atual. Os jovens de hoje em dia começaram a se interessar por psicologia e transtornos mentais, eu acho isso estranho, mas é bom, assim eles se conhecem um pouco melhor... - Ele murmurou meio pensativo, Christopher nunca entendeu o motivo para os jovens da última geração se interessarem tanto por psiquiatria, psicologia entre outros assuntos.

━ Nossa, você é demais! - Como um hábito que nunca conseguia largar, mordeu seus lábios animadinho, olhando para Christopher que prestava atenção na comida, que para ele era mais importante. ━ Realmente, incrível... - Seo falou a última parte quase inaudível, olhando cada detalhe do australiano que, aos olhos de Changbin, estranhamente pareceu estar cansado.

━ Uhm...Por que você se mudou? Deve ser bem melhor viver na Coréia, eu odeio Melbourne, ninguém gosta deste lugar; barulhento, muito poluído e mais da metade da população são estrangeiros fazendo mochilão e jovens quase desnudos que vivem nas praias daqui, bem, eu também não sou o maior fã de areia, então... - Bang murmurou, reclamando ao lembrar dos episódios passados cujo havia sido assediado por algumas estrangeiras, que por algum motivo queriam o ver sem camisa, o que ele não entendeu muito bem, já que eles não estavam tão perto assim das praias e mesmo assim todas estavam com biquínis minúsculos, o que para ele, um conservador de carteirinha, era chocante.

━ Eu discordo. Eu gosto dos jovens, das baladas, dos bares, dessa energia jovem. Mas a poluição é um ponto negativo mesmo, o ar daqui não é nada bom, mas comparado a Coreia é outro nível, sério, lá é muito pior, ainda mais na capital, seul tem muita gente, muito carro, muita poluição, eu não sei como eu gostava daquela cidade e Yongin não era muito diferente. - Murmurou pensativo. ━ Eu me mudei porque terminei o meu noivado, meu noivo me traiu com o meu melhor amigo, minha mãe falou que o melhor a se fazer era esquecê-lo de uma vez e... bem, eu acho que mudando de país eu vou conseguir fazê-lo rapidinho, né? - Changbin riu tentando voltar ao seu alto astral, a meses atrás ele provavelmente se irritaria com a conversa, aquele assunto o deixava louco, mas agora, após aceitar a traição vinda de ambas as partes, ele já não se importava mais.
                                                        
━ Noivo? - O australiano suspirou baixo, se sentindo cansado.

A probabilidade de Christopher Bang cobiçar aquele homem era estranhamente alta.

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