• vinte e oito •

CAPÍTULO VINTE E OITO
we are the champions

Eles estavam livres. Todos estavam.

Não apenas James, depois de ter salvado o grande amor de sua vida, Morgana por finalmente conseguir a libertação que merecia, mas Pandora... que sabia mais do que nunca que deveria fazer o que seu coração mandasse antes que ele parasse de bater. E talvez fosse por isso que ela não deixou de segurar a mão de Sirius nem por um segundo. Até mesmo quando observavam a mãe de Morgana sendo levada por aurores, berrando e exigindo que não fosse levada à Azkaban, como se ainda tivesse algum direito de decidir qualquer coisa. Sirius estava ali, ao seu lado, o tempo todo.

E as coisas continuaram assim até quando estavam chegando ao fim, depois de receberem seus N.I.E.M's que obviamente chegaram com notas excelentes e trazendo a chance de que ela pudesse seguir seu sonho. Ela havia conseguido uma vaga para estudar Poções com alguns dos melhores professores do mundo bruxo e é claro, agora fazia parte das Harpias de Holyhead graças ao seu último magnífico jogo.

— Eu sabia que você iria conseguir. — Sirius sussurrou.

Com suas becas de formatura e os chapéus pontudos mais ridículos do mundo os dois estavam sentados no chão, olhos atentos uns nos outros e sorrisos que pareciam se completar.

— Já decidiu o que vai fazer? — ela perguntou.

Pandora deslizou os dedos quentes nos fios de cabelo de Sirius, suas pernas estavam envolvas na cintura dele e ela sorriu quando o garoto depositou um beijo em seu antebraço.

— Eu e James temos algumas ideias.

— Imagino que elas não me envolvam.

Sirius franziu o cenho.

— Mais do que você pensa. — ele sorriu de volta. — Nunca imaginei que isso iria acabar.

— A escola? — falou em um tom zombeteiro. — Normalmente é o que acontece, sabe?

Ele fez um careta.

— Não a escola. Nós.

Pandora gargalhou.

— Merlin! — ela gritou. — Sirius Black, você está terminando comigo?

— Não! É claro que não, Pandora! — ele respondeu. — Eu estava falando sobre como nós éramos aqui.

Ela entendeu, claro. Segundos atrás estavam tentando matar um ao outro, correndo pelo exato corredor em que agora estavam abraçados e provavelmente estariam zombando de suas versões mais velhas nesse exato momento.

— Por mais que fingíssemos, eu sei que nenhum de nós pensou que acabaria assim.

— Claro. Eu pensava que conseguiria fazer você ser expulso da escola, mas aqui estamos. — ela brincou.

Sirius segurou a mão dela.

— Eu te amo. — disse, com uma certeza absurda em seu olhos. — E eu posso aprender a dizer que te amo em quantas línguas forem necessárias porquê nunca vou me cansar de repetir. Eu te amo, Pandora.

Ela mordeu suas bochechas porquê sabia que estava prestes a chorar.

— Sabe de uma coisa, Sirius? Você é o cara mais babaca e obtuso do mundo inteiro. É o meu mártir. — murmurou. — E mesmo assim... eu não consigo te odiar.

Eles riram. Sirius a encarou com seus olhos acinzentados, os mais bonitos do mundo.

— Droga. É óbvio que eu também te amo. Como eu poderia não amar?

Suas testas se tocaram com carinho, nada parecido com a vez que quase racharam suas cabeças ao escorregar na neve, olhos fechados porquê ambos se sentiam seguros juntos. Ainda sem abri-los, Sirius segurou o rosto de Pandora o puxando para perto, lábios implorando para que fossem tocados com amor.

Sim, amor. O amor dele. O amor dela.

Pandora segurou a nuca dele, cansada de esperar e tomou seus lábios como tanto desejava, mas com todo o carinho que agora eles conseguiam mostrar um para o outro.

Quando saíram de seu pequeno mundinho ao qual agora pertenciam, os dois correram juntos até o Grande Salão, onde todos já estavam se preparando. Os formandos sentados em uma arquibancada de três andares onde ficava a mesa dos professores e seus familiares sentados nas mesas compridas. Os pais de Sirius não estavam lá, é claro, mas Regulus estava. Sentado longe de todos o garoto observava com seus olhos tristes uma comemoração que poderia ser sua também, mas sabia que estar ali era melhor do que não estar.

Pandora deu uma piscadinha para Sirius e foi se sentar ao lado de sua melhor amiga, Morgana também estava feliz como nunca. A irmã dela também foi presenciar a formatura, Mavena carregava consigo um bebê tão pequeninho e que não chorou nem por um segundo, a garota achou engraçado quando percebeu de longe que a roupinha que ele usava era estampada com dragões. Os pais de James também estavam lá, comemorando por ele e pela recente descoberta de que agora possuíam uma nora.

E claro, todos os Madison estavam lá. Os pais, os irmãos, os maridos e esposas, todos assistindo orgulhosos. Nada poderia estar melhor.

Quando os chapéus pontudos foram jogados ao céu, mostrando que estavam oficialmente formados, um mar de aplausos e pessoas alegres foram vistos por Pandora, que recebeu um abraço apertado de Morgana. Abraçaram Charlie também, que agora era um verdadeiro bom amigo e rapidamente estava ao lado de Evangeline, a namorada da qual Dora não fazia a mínima ideia que existia. Porém, naquele momento de felicidade, as duas viram alguém se aproximando, ambas trocaram olhares confusos. Era ele, Severus.

— Eu sinto muito. — ele falou. — Por tudo.

Ele parecia arrependido de verdade.

— E meus parabéns, você não se tornou quem não queria ser. Sempre corajosa. — ele suspirou. — Morgana, não há uma única coisa que você não consiga fazer.

— Obrigada, Severus. — falou. — Eu gostaria de dizer o mesmo. Adeus.

Pandora sentiu uma pontada em seu coração. Ele nem sequer falou com ela, não pediu desculpas como fez com Morgana, porque ele não se importava com ela o suficiente. Aquilo doeu mais do que se ele tivesse falado que a odiava.

Então ela apenas virou as costas e saiu caminhando, seguiu sua amiga que estava indo até os grifinórios mais felizes de toda a terra. Pandora revirou os olhos ao ver James e Morgana trocando beijos como o grude que haviam se tornado naqueles dias, ainda mais agora que não precisavam esconder de ninguém o amor que sentiam. Todos estavam comentando sobre os dois, mas ninguém se importava. Remus sorriu para ela e lhe deu um abraço cheio de carinho, deixando um beijo em sua testa.

Sirius estava ali também, ele estendeu sua mão e segurou a de Pandora, depois agarrando sua cintura e a puxando para perto.

— Senti saudade. — ele falou.

— Não faz nem doze horas que nos vimos pela última vez, Jamie. — Morgana riu.

— Nós já ficamos tanto tempo separados... — sorriu, pegando a mão dela. — E agora estamos destinados ao para sempre. Eu só quero aproveitar.

Morgana depositou um beijo carinhoso na bochecha dele, mas parou ao ouvir uma risadinha.

Que nojo. — Sirius e Pandora falaram juntos e se encararam. — Ei, para de me imitar.

— Por Merlin, quando é que os dois vão parar de implicar um com o outro? — questionou Remus. — Foram meses difíceis, meses! Os dois idiotas fizeram a maldita aposta e não pararam de me importunar.

— Nós somos assim, desde sempre e para sempre. — comentou Pandora. — E a aposta nem era tão ruim assim... aposto que você amou.

Eu era a aposta, EU! Com licença, James e Morgana, que aparentemente são as únicas pessoas sãs desse clã de malucos, vou falar com os professores.

— Que história é essa, Pandora? — questionou Morgana.

— Ah, quem sabe um dia eu conto. — riu. — Vamos logo, quero comemorar. Vem, Black, vamos aproveitar a Sala Precisa pela última vez.

— Por Merlin! — riu James.

— Não, por mim! — Sirius piscou e saiu atrás dela, feito um cachorrinho obediente.

Quando os dois saíram correndo para longe do Grande Salão, ao mesmo tempo que jogavam as becas de formatura em qualquer lugar, Pandora sentiu aquilo. Aquele sentimento de quando alguém está perdidamente apaixonado e não sabe mais o que fazer.

Ela sabia que eles poderiam não ficar juntos para sempre, mas ficariam por tempo suficiente e era tudo o que precisavam.

Depois da formatura, as coisas nunca estiveram melhores para ela, passara alguns dias procurando algo como um apartamento e encontrou uma casa pequena, em uma vila minúscula como Hogsmeade, cercada de muito mato e ar livre, e, claro, Morgana fora junto dela habitar o local. Não tinha mais que dois quartos, um banheiro e uma sala com cozinha, que em semanas já estavam lotados de objetos delas e receberam todos visitantes possíveis, desde os pais e irmãos de Dora, até os seus amigos, a essência daquela casa o que era um pequeno respiro de começo da vida adulta.

E ela estava tão ansiosa por crescer.

Estava tão animada para começar os estudos e pela nova temporada dos jogos de quadribol, agora ela estava treinando como nunca antes e não poderia se sentir mais feliz. Sempre estava recebendo as visitas de Morgie em seus treinos, além de Sirius, claro, que sempre trazia consigo uma camiseta personalizada com o nome da namorada. Ele que havia escolhido treinar para ser Auror também estava ocupado quase sempre.

E quando não estavam ocupados, os dois saíam para os lugares mais aleatórios que pudessem encontrar, como na vez que entraram em um bar búlgaro qualquer e fizeram algumas tatuagens, ou então no dia que Pandora decidiu fazer mechas loiras no cabelo e Sirius decidiu a imitar. Mas o melhor de todas as bebedeiras e saídas malucas era que os dois estavam juntos fazendo tudo aquilo. E claro, ela também estava lá quando ele comprou aquela maldita moto da qual ela se recusava em voar.

Por Merlin, eles reconheciam que era muito melhor fazer qualquer coisa juntos.

No dia em que Morgana a contou que haviam encontrado seus pais verdadeiros ela sentiu uma felicidade absurda pela melhor amiga. Depois de todos aqueles anos vivendo uma mentira e agora que poderia finalmente encontrar sua verdadeira história... nada poderia deixar Dora mais contente. Afinal de contas, Morgie era sua irmã.

No outro dia, elas já estavam de pé cedo. Ela ouviu de seu quarto quando Sirius chegou junto de James, mas estava arrumando sua cama e só conseguiu ouvir o que ele estava falando.

— Maldito Aluado, ele não pôde vir. — comentou Sirius. — Muito ocupado com a vida adulta para passear com os melhores amigos dele! E maldito Rabicho, que nunca mais apareceu.

— Claro que não, ele sabe que se aparecer vai ganhar algo pior que uma maldição imperdoável e ainda ser feito picadinho. — falou James. — E depois que a Morgana terminar, eu, você e Remus caçaríamos o espírito dele.

Eles haviam descoberto, claro.

— Jamie. — Morgana riu. — Você não presta.

— Antes que comecem a discussão, quero saber onde a Madison está. — disse o Black. — Essa desgraçada me deve umas dez cervejas amanteigadas, se não mais!

Pandora mordeu o lábio.

— Estão na geladeira. — respondeu ela. — E é claro que você não vai beber agora, porque está dirigindo.

— E porque agora eu posso vir aqui sempre que quiser, então as cervejas estarão à salvo na sua belíssima geladeira.

— Sabe que pode vir morar aqui, não sabe? — comentou Morgana. — Dormir no sofá, ou... sei lá, no quarto de alguém que mora aqui também.

Ela gargalhou.

— Não no meu, James, é claro que não. — ela debochou. — No de Pandora. Vocês fingem muito bem que não estão namorando.

— Tem sido um burro nos últimos meses. Você e ela, na verdade. — riu James. — Mas não sou eu quem decido, então, por agora, vamos falar de mim. Enquanto falo, Six, vá chamar a sua Pandora.

— Minha caixa de Pandora, isso sim. Cheia de surpresas. — sorriu, enquanto ia na direção do quarto dela.

Ela ouviu os passos vindo até seu quarto, então se sentou em sua cama recém arrumada e sorriu. Sirius abriu a porta com lentidão, talvez pensando que ela ainda estava dormindo, mas a encontrou ali o encarando com aquele sorriso mais lindo do mundo. Pulou na cama ao lado dela, fazendo com que ela também se deitasse, então ficou em cima dela e lhe deu um beijo rápido.

— É uma pena que você tenha arrumado a cama. — ele disse.

— Por que?

— Porquê não vamos poder desarrumar ela agora. — brincou.

Ela riu, segurando os cabelos dele.

— Vou morrer de ciúmes quando você ficar famosa e todos aqueles torcedores se apaixonarem.

— Nenhum deles é você.

Assustaram-se quando uma chama verde tomou conta do ambiente e saíram imediatamente do quarto, encontrando Mavena. Ela estava usando um vestido claro e tênis nada chiques, pousou na sala de estar com um sorriso orgulhoso estampado no rosto e os cabelos esvoaçantes no ar. Abraçou Morgana com saudade e se apressou em mostrar a carta que havia recebido de Alastor Moody, que mostrava a casa deles, de seus pais.

— Vamos. — falou sorrindo.

— James vai também. — disse. — E Pandora também. Preciso deles lá comigo.

— Mas a Dora vai comigo, na moto. — riu Sirius. — Só preciso das coordenadas.

Ela gargalhou como se fosse uma piada.

— Não. Eu não vou não. — resquícios de sua risada ainda estava em sua voz. — Sirius, eu não vou!

— Dora, você é jogadora de quadribol, não pode ter medo de altura! — ele respondeu.

— Eu tenho medo é de você dirigindo essa maldita moto.

— Faz seis meses que eu tirei a carteira.

— Ah, e isso era pra me deixar mais segura? Não vou!

E em segundos ela já estava em cima da moto, colocando o capacete como se ele por acaso pudesse protegê-la de uma morte iminente.

— Sirius Black, se eu morrer, eu mato você. — riu. — É sério, eu não estão brincando.

— Eu amo você. — comentou, como se não fosse nada.

— Não é a hora certa para se declar... seu maldito.

Foi interrompida por um grito extremamente agudo que saiu de sua garganta quando a moto levantou vôo e saiu perambulando perto das nuvens branquinhas como algodão. Ela apenas parou de gritar quando o vento parou de fazer todo aquele barulho em seus ouvidos e tudo que ela sentia agora era um frio na barriga bom. Seus braços estavam envoltos na cintura de Sirius e ele sorria para o espelho retrovisor que mostrava o reflexo de Pandora.

Quando chegaram, ela viu seus amigos e uma linda casa afastada da cidadela, sentiu um cheiro doce muito bom ao descer no terreno. James estava ao lado de Morgana, assim como Mavena, mas seus olhos estavam no homem que quase paralisou ao sair pela porta. Ele era alto e bonito, com os olhos cor de esmeralda, tão verdes e belos quanto os de Morgana. Ele sorriu quando a viu e nem hesitou, porque sabia quem ela era. Chamou a mulher que eles podiam ver pela janela, então puderam a ver melhor, ela usava um vestido azul como o céu, e quando chegou mais perto da porta, o sol refletiu seus cabelos tão loiros como os da filha e seus olhos também verdes cheios de lágrimas olhavam para quem ela havia perdido e reencontrara ali.

Pandora segurou a mão de Sirius.

— Morgana... — a mulher sussurrou. — Morgana.

— Eu me lembro. — ela falou, sentindo as lágrimas molharem seu rosto. — Eu me lembro de vocês.

— Klaus e Alma. — o homem falou. — São nossos nomes. Klaus e Alma Sevier.

— Sentimos tanta falta. — a mulher chorou. — Mas não sabíamos do que. Então, então aquele homem apareceu aqui e contou tudo.

— Temos tanto para contar, minha filha... — sorriu ele.

— Eu também. — disse Morgana, que agora sabia quem era.

Estava tudo em paz, finalmente.

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