• vinte e nove •

VINTE E NOVE
lover

Pandora estava sobrevoando o campo de quadribol tal qual uma águia sobrevoava sua presa, tão atenta em qualquer coisa e em nada ao mesmo tempo. Vestindo o verde e amarelo das Harpias de Holyhead e segurando o taco que usou para impedir cerca de quinze gols até o momento, ela mergulhou com a vassoura até o meio do outro time. Os Canhões de Chudley definitivamente não eram o melhor time do mundo, tendo em vista que não ganhavam uma taça desde 1892, era tempo demais se levassem em consideração que estavam competindo todos os anos depois.

Mesmo assim, precisavam ser derrotados e era aquilo que fariam. Um time apenas de garotas acabar com todos os times que competiam era humilhação demais para todos os jogadores homens idiotas daqueles times ruins, mas eles acabam sempre perdendo. Toda vez que recusavam uma jogadora excelente apenas por não ter tantos músculos ou "tanta força quanto um homem" ela era contratada pelas Harpias. E foi assim que formaram um dos melhores times da década, não havia uma jogadora sequer que não quisesse ser como elas.

E acabar com os Canhões não era apenas mostrar que eram boas, era provar que independente da força daqueles brutamontes elas conseguiam ser melhores. O que, convenhamos, não era difícil quando se tratava deles.

— MADISON SOBREVOA O CAMPO! — berrou o narrador.

Quando a apanhadora das Harpias começou a voar atrás do pomo Dora sabia que já estava feito, ela estendeu o braço para agarrá-lo enquanto os idiotas do time dos Canhões apenas assistiam sem mover um músculo. Se deram conta que estavam perdendo quando o treinador começou a gritar mais alto que o narrador, os restantes formaram um paredão tentando voar contra as garotas para que caíssem de suas vassouras, mas o que aconteceu foi o contrário. Ao sobrevoarem até elas, que também voavam juntas agora, eles recuaram e de tão atrapalhados, bateram-se uns nos outros fazendo com que metade do time caísse no chão.

O narrador soltou um berro quando a apanhadora pegou o pomo e elas levou para mais uma vitória já esperada. Não era atoa que seus rostos estampavam revistas de toda a Grã-Bretanha e toda vez que saíam para qualquer lugar as pessoas pediam autógrafos. Dora estaria mentindo se falasse que não amava aquilo.

Pandora Madison nasceu para ser aplaudida. E ela sabia disso.

— E BERKIN DAS HARPIAS CAPTURA O POMO! — ele gritou.

Sirius, vestindo verde e amarelo dos pés até a cabeça e com o rosto besuntado em tinta gritava em plenos pulmões. Ele estava no camarote lotado das Harpias, gritando o nome de Pandora como se estivesse assistindo um show, o que tecnicamente era.

Quando finalmente puderam se encontrar depois do jogo, quando Dora conseguiu se arrumar para parecer decentemente vestida depois do jogo, ela correu para os braços do namorado com uma felicidade sem tamanho. Não haviam vencido a taça, mas ganharam um dos jogos e ele estava lá a assistindo, aquilo era motivo o suficiente para que ela quisesse comemorar com ele. Na verdade, mesmo que tivessem perdido feio para o pior time da liga ela comemoraria com ele, porquê no final do dia tudo que importava era os dois.

Sirius a beijou como se a não visse há dias, os lábios verde e amarelo misturaram-se com o batom vermelho dela.

— Ainda bem que acreditei em você quando disse que ela era a melhor. — alguém falou.

Eles se separaram para ver que era na verdade Pompilia Aniles, a treinadora das Harpias. Pandora franziu o cenho.

— Ao seu dispor, senhora Aniles. — ele respondeu.

— Até semana que vem, Madison. — ela se despediu.

Depois que a mais velha saiu, Pandora se virou para Sirius e apenas com o olhar dela ele entendeu.

— Isso é história para outro dia, Dora. Agora vamos encontrar James e Morgana, quero saber se ela aceitou o pedido.

Ela arregalou os olhos.

— Ah, Merlin! Sim! Era hoje! Vamos agora.

Não precisamos mencionar que ela quase teve uma parada cardíaca ao andar mais uma vez naquela moto maldita, mas agora ela não gritava mais durante a viagem, aparentemente estavam progredindo. Ao chegarem no local onde os Aurores treinavam, deram de cara com o casal, os dois de mãos dadas e aparentemente emanando raios de luz. Se não estivessem noivos ela não saberia explicar o motivo de tanta felicidade entre os dois.

— Ela aceitou? — perguntou Pandora.

— Claro que aceitou, eles estão de mãos dadas. Não seja idiota. — Sirius brincou.

Ela deu um soquinho no ombro dele.

— Quem você chamou de idiota? — ela ameaçou. — Sirius Black, você já deveria ter aprendido que não deve mexer comigo.

— Ou vai fazer o que? — ele riu.

Ela não pensou nem duas vezes, derrubou Sirius da própria moto e tomou o lugar dele, rindo com escárnio. Todo o seu medo se esvaiu quando ela viu um desafio em sua frente.

— Vem, Morgie, vou levar você para dar uma volta. — ela falou, acelerando a moto.

— Ei, essa moto é minha. — Sirius berrou.

Ei, issi miti í minhi. — debochou ela. — Sobe logo, Morgie.

Morgana rapidamente pulou na parte de trás da moto, colocando um capacete preto com um crânio desenhado, que era tão a cara de Sirius e Pandora, que seria difícil dizer à qual dos dois ele pertencia. Dora sorriu ao perceber que a melhor amiga olhou uma última vez para James, que ria e acenava com a mão, antes de tudo se tornar um borrão e apenas o céu azul engolir as duas amigas que enfrentavam as nuvens.

Morgana gritou, abrindo os braços e sentindo o vento contra seus cabelos, enquanto em sua barriga borboletas não paravam de voar. Ambas tinham medo daquela aventura quase perigosa, mas era tão bonito que se entristeceram quando começaram a descer e viam apenas o verde dos grandes campos de grama, além da casa pequena que agora era seu lar. Quando pousaram, Pandora não parava de rir por ter realmente feito aquela loucura.

Finalmente entraram na casa e lá dentro, Alma Sevier, a mãe de Morgie preparava um bolo que agora era uma tradição. Mesmo sendo trouxas, os pais de Morgana a visitavam com frequência, uma vez, ousaram sobrevoar com a moto de Sirius e Klaus pareceu gostar tanto, que foi outras duas vezes. Claro que aquele era um mundo novo para eles, mas estavam tão dispostos à conhecer a filha, que o deixaram entrar e agora adoravam perguntar sobre bruxaria. Contaram também, que não souberam que Morgana era uma bruxa quando a conheceram, já sabiam antes, porque Adrien Bouveair os procurara muito tempo antes, querendo corrigir os erros do passado.

Pandora foi imediatamente na direção da geladeira, onde pegou uma cerveja amanteigada gelada o suficiente para acalmá-la, percebeu que Remus estava presente ajudando na cozinha, assim como Charlie e sua namorada Evangeline, que escutavam o rádio sentados no sofá. Quando os outros dois chegaram, Sirius veio em sua direção e a abraçou por trás, roubando alguns goles de sua cerveja.

— Todos sabiam? — perguntou Morgana, ao noivo ao seu lado.

— Sabiam. — James riu. — Bem, acho que de uma forma ou outra eles já tinham certeza que eu pediria, mas não sabiam quando.

— Bem, você esperou dois anos. — ela sorriu.

— E poderia esperar mais dez se fosse seu desejo. Mas como sei que não se opõe ao casamento agora, eu pedi. — contou.

Sirius apertou um pouco mais seus braços contra Dora enquanto ouviam o casal falar e parecia tão bonito, era de fato a melhor história de amor que conheciam.

— Sabe, quero me casar com você. — ele sussurrou tão baixo que apenas ela ouviu.

Pandora se engasgou com a própria saliva, mas não era como se ela estivesse surpresa.

— Quando? — ela perguntou.

— No momento em que você falar que quer.

E como se já não fosse louca o suficiente, ela sorriu.

— Eu quero.

Ele sorriu.

— Agora?

— Por que não?

— Não temos aliança, aliás, não somos nem noivos. — ele falou baixinho.

— Me diga, Sirius, o quê é mais nós dois do que isso? — ela riu. — Venha, aparate comigo, vamos fazer algo.

Ambos saíram para a parte de fora da casa, de mãos dadas e aparataram para longe, havia uma cidadezinha perto da casa e lá havia uma capela, mas não uma qualquer. Era uma capelinha branca no meio do nada, um pouco afastada da cidade, normalmente não era naquela horário da tarde que as pessoas a visitavam, afinal de contas não costumavam estar sãos quando entravam lá. Sirius estranhou o local, mas mesmo assim ambos adentraram. Dora vestindo as roupas menos bonitas para uma noiva, Sirius ainda com resquícios de tinta no rosto lavado, além de claro, a música mais piegas do mundo tocando no rádio. E o melhor, uma imitação barata do Elvis Presley — o que os trouxas costumavam chamar de rei do rock —.

— Ah, olá? — o falso Elvis disse. — Normalmente não recebemos ninguém nesse horário.

— Eu imagino, mas nós queremos nos casar. Agora. — Dora disse.

Aquelas definitivamente eram as palavras mais malucas que ela já falou em toda sua vida.

— Tudo bem. Vocês não estão bêbados, não é?

— Não, senhor... Elvis... — Sirius falou um pouco receoso.

Ambos queriam tanto gargalhar, mas não o fizeram.

— Certo, vamos preparar a cerimônia então.

Eles evitaram tudo o que poderia ser tradicional e pularam direto para a troca de votos, não era como se estivessem preparados para fazer uma entrada na frente de cadeiras vazias. Afinal de contas, os únicos ali eram os "noivos" e o homem com um topete estranho. Viraram-se um para o outro, já ajoelhados no chão como em um casamento normal, as mãos dadas.

— Sirius Black, é de livre e espontânea vontade que você aceita Pandora Madison como sua companheira? — o homem perguntou.

Six sorriu.

— Sem dúvidas.

— E você, Pandora Madison, é de livre e espontânea vontade que aceita Sirius Black como seu companheiro?

Ela o encarou.

— Sim, com certeza.

— E agora as alianças...

Sirius pigarreou.

— Nós não temos alianças, senhor.

— Ah... então vamos pular... — ele suspirou antes de voltar a falar. — Podem se beijar.

Com as mãos ainda unidas eles se aproximaram, Dora segurou o rosto dele com carinho, então seus lábios de tocaram em um beijo rápido e apaixonado.

— Não acredito no que fizemos... — ela sussurrou.

— Sabe, ainda dá tempo de sair correndo daqui e fingir que não aconteceu.

Ela gargalhou.

— Jamais.

Eles definitivamente tinham feito a maior loucura de suas vidas, não uma qualquer como faziam quando eram adolescentes. Dora e Sirius tinham dezenove anos e estavam casados. E o pior daquilo é que nenhum deles sentia um pingo de arrependimento naquelas veias cheias de sangue e paixão.

Não usavam anéis em seus dedos anelares na mão esquerda como os outros casais, mas foi o maldito Elvis que os casou e nada naquele casal deveria ser normal.

E puta merda, bendito seja James Potter por ter escapado do pequeno apartamento que dividia com Sirius, porquê agora ele e Dora planejavam derrubar paredes juntos. Eles nem perceberam o momento em que finalmente aparataram para o local, quando saíram correndo de Elvis e seja lá mais quem estivesse naquela capela. A garota nem fez questão de mencionar tamanha bagunça naquela casa, focou-se apenas em não cair dura no chão depois que Sirius a colocou em cima da mesa. Não sabe-se qual dos dois ligou o toca-discos mas ele agora tocava músicas bem baixinho.

Enquanto segurava a perna dela com uma das mãos, a outra jogava longe as latas de cerveja em cima da mesa, então finalmente voltou seus olhos para ela. Sua esposa.

Esposa. Marido.

Ele agarrou os lábios dela com os seus como se fosse a última vez que o pudesse fazer e segurou fortemente sua cintura com a mão que antes estava ocupada com as latas. Ele quase sorriu no meio do beijo quando notou que ela tinha gosto da cerveja amanteigada que tomaram anteriormente, quase pediu aos céus que seu gosto fosse tão bom para ela também. Suas línguas tocaram-se com uma necessidade estranha, quase como se eles não pudessem se beijar a qualquer hora, mas agora era diferente.

A garota interrompeu o beijo com um estalo, puxou sua camiseta das Harpias para fora de seu corpo, a jogando no meio da bagunça dos garotos sem se importar em encontrá-la depois, ela quase podia sentir que eles iriam demorar. Sirius se sentiu grato por poder olhá-la sem sentir vergonha, saber que ambos estavam confortáveis com aquilo e que agora, diferente da escola, eles não ligavam em demonstrar o quanto deixavam um ao outro excitados.

— Imagine quando descobrirem que agora eu sou uma Black e você um Madison. — ela sussurrou perto da boca dele.

Aquela maldita boca que falava as coisas mais traiçoeiras possíveis, as quais Sirius não se atreveria a resistir.

— E se não descobrirem? — ele sugeriu.

Pandora sentiu as duas mãos de Sirius se dirigirem até a parte de trás do seu sutiã. Mãos quentes.

— O que você está sugerindo?

— Que esse seja nosso segredo. — falou. — Ninguém precisa saber, só você e eu já é o suficiente...

Ela riu.

— Ah, qual é? — ele riu também. — O que é mais a gente do que fingir que não nos casamos de verdade? Eu aposto...

Dora tampou a boca dele com a mão.

— Chega de apostas, Sirius.

Finalmente ele segurou a cintura dela e a puxou para perto de seu corpo, Dora o ajudou a se livrar da jaqueta de couro e da camiseta que ele usou para torcer por ela mais cedo. Por baixo de todas aquelas roupas das quais ambos foram de livrando agora existiam as tatuagens mais sensuais de todos os tempos, não era atoa que Sirius as havia feito, ele deveria saber que elas causariam algum efeito em Dora, assim como qualquer coisa nela causava efeito nele. Sobrando apenas as últimas peças de roupa em seus corpos, estavam praticamente nús e banhados pela luz do sol que estava se pondo lá fora, além de claro, estarem em cima da mesa na qual costumavam tomar café da manhã.

James iria matá-los, mas valeria a pena.

Sirius deslizou seus dedos ágeis no corpo de Pandora, primeiro segurando os seios dela ao mesmo tempo que seus lábios imploravam por ela, então suas costelas, sua barriga definida por causa do treino pesado do time de quadribol e então a cintura, ele poderia passar horas apenas acariciando o corpo dela como o de uma deusa. Ele faria aquilo se ela pedisse, ele faria qualquer coisa que ela pedisse com um sorriso no rosto.

Pandora mordeu o lábio com um suspiro quando viu Sirius se afastar e tocar o tecido da única peça que faltava para que ela ficasse totalmente nua. Ele deslizou a peça pelas pernas de Dora, quase fazendo cócegas e então Sirius abriu levemente suas pernas, expondo o que ele já havia visto várias vezes mas não se cansaria nunca. Aquela coisa íntima entre os dois definitivamente era a melhor parte de estarem juntos. Sirius se ajoelhou na frente dela, puxando-a pelo quadril para que ficasse mais perto dele, então com seus dedos leves ele tocou a intimidade dela, os movimentos circulares exatamente onde ela havia dito que gostava.

Dora se contorceu na mesa, um som baixo saía de sua boca, quase apagado pela música suja que estava tocando. Quando os movimentos dos dedos foram substituídos pela língua de Sirius ela sentiu que poderia flutuar, ele era tão bom naquilo e fazia exatamente como ela queria que fizesse, como ela precisava que fosse feito. Um braço dele estava ao redor de sua perna e a outra mão antes livre agora direcionava seus dedos para dentro dela, primeiro um, com delicadeza, depois o outro em um movimento mais rápido. Os suspiros dela já eram quase gritos, uma de suas mãos livres ficou contra sua boca para que ela não fizesse muito barulho.

Sirius parou por alguns segundos apenas para dizer.

— Eu quero ouvir você, Pandora.

E aquilo fez com que ela ficasse ainda mais tensa, seu corpo quase foi até a lua e voltou apenas naqueles segundos. Ela então deixou que seus sentimentos fosse ouvidos por ele enquanto sentia toda aquela tensão chegar mais perto, e Sirius não poderia estar mais contente com a melhor visão do mundo. Ele se sentia tão sortudo.

— Sirius... — ela sussurrou.

Ele sabia que poderia derreter feito um sorvete só com ela falado aquilo.

— Sirius... eu quero... — suspirou. — quero você...

Então ele soube exatamente o que fazer, não demorou muito até que ele se levantasse e com as mãos agora livres usasse de alguns feitiços comuns de proteção, então subiu na mesa também, mesmo que temesse que eles a quebrassem, mas poderiam se preocupar com aquilo depois. Estava no meio das pernas de Dora, enquanto ela depositava os beijos ansiosos no pescoço dele e em seu colo, praticamente o convidando a chegar mais perto. Quando ele entrou nela, ambos sentiram seus corpos praticamente flutuarem, talvez pela tensão que sentiam desde o momento que saíram daquela capela.

Pandora agarrou os cabelos de Sirius, os rostos perto um do outro enquanto a velocidade dele começava a aumentar. Os gemidos dele também eram baixos, mas olhar a expressão em seu rosto era melhor do que ouvi-lo, ao menos era isso que Dora estava pensando, não ousou tirar os olhos dos dele. E ao decorrer dos segundos, os movimentos aumentavam cada vez mais, deixando ambos insanos, muito perto de chegar onde queriam. Ela quase gritou quando sentiu que estava próxima, assim como ele.

E eles chegaram ao clímax ao som de uma banda qualquer que tocava no toca-discos achado em uma loja barata.

E era tudo que precisavam.

Quase sem forças para se levantar, ambos saíram de cima da mesa, finalmente se jogando na cama do quarto de Sirius, onde poderiam ter ficado desde o começo.

— Acho que vou ter uma baita dor nas costas. — Dora riu. — Aquela mesa não é tão confortável como a sua cama.

Ele riu.

— James vai me matar se descobrir. — ele comentou.

— Não vamos deixar que ele descubra.

E Sirius percebeu que não apenas Dora era a mulher mais incrível que havia conhecido, como era quem ele desejava passar o resto da vida ao lado. Ou melhor, tempo suficiente.

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