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CAPÍTULO TRÊS
arms tonite
Cumprindo o prometido para sua melhor amiga, Pandora se obrigou a tentar caçar os ingredientes do antídoto, antes que James continuasse insistindo em um encontro. Além disso, é claro, ela passou algumas horas parada na frente do próprio espelho, admirando o grande plano furado do qual ela mesma se metera, tentando achar maneiras de conseguir conquistar Remus, que aparentemente não era a pessoa mais sociável da escola. Em uma noite, da qual saira mais uma vez junto de Morgana, que era monitora, conseguiu seguir seu caminho até a sala do Professor Slughorn.
Os corredores da escola eram enormes aos seus olhos, mas mesmo assim, no meio da escuridão daquele lugar, ela não se sentia desconfortável, muito menos com medo. Hogwarts tivera se tornado uma casa, já que por mais que ela amasse sua residência de fato, era naquela escola que ela passava a maioria de seus dias e dividia com os colegas as experiências da vida. Mas sim, ela sentia muita saudade dos seus familiares, apesar de nunca deixar de manter contato com ele, sempre recebendo cartas e berradores, esses vindos sempre de sua mãe, nervosa por alguma besteira que ela fizera.
Chegando perto da sala de Poções, Pandora dera passos longos e silenciosos até a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível, com medo de que talvez o professor ainda estivesse na sala, ou que algum outro monitor a encontrasse na cena do crime. Ela sabia que as salas de aula ficavam abertas o tempo todo e não entendia a real utilidade que aquele fato teria, já que como ela bem sabia, ninguém entrava em uma sala como aquela se não tivesse segundas intenções. Pandora não se orgulhava, mas descobriu aquilo em seu segundo ano, já cometendo a infração de sequestrar alguns potes de ingredientes para fazer uma bombinha.
Lá dentro, a luz esverdeada e o cheiro forte de ervas quase a deixavam tonta, mas ela sabia que ali era um dos únicos lugares do mundo que ela gostava mais do que sua própria casa. Todas as opções que tinham escritas em apenas um livro, se multiplicavam quando ela lia todos possíveis, Pandora amava poções como uma bela criança bagunceira que aprendeu a brincar e sabia que era boa no que fazia. Caminhou até o armário do qual ela tirara os ingredientes e começou a xingar todos os bruxos possíveis em sua cabeça, decepcionada com a própria falta de intelecto, em pensar que Slughorn não trancaria seu armário após ter seus materiais assaltados.
— Mas que porcaria! — ela sussurrou. — Tudo culpa daquele Sirius enxerido! Quem é que não gosta de torta de abóbora? Imbecil!
Quase chutou a porta, mas decidiu que aquilo faria barulho demais.
Ainda em silêncio, caminhou até a porta fechada e tentou evitar o ranger dela ao sair. No entanto, naquele mesmo momento em que seus passos contatos iam contra o chão, alguém passou no corredor e quase a fez gritar. Só foi impedida de chamar a atenção de todo daquele andar por ele, que tapou sua boca como se a estivesse sequestrando e a empurrou contra a parede, mas queria apenas que ela calasse a boca. Pandora, ainda com os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas em uma cara de susto, permitiu-se perceber que ele exalava um cheiro forte de chocolate. Atrativo.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou.
Remus Lupin era forte, ela reparou. Não era tão ruim assim ser prensada contra a parede por ele.
— E-eu... estava procurando ingredientes pra uma poção pro cabelo. — ela mentiu.
Ele franziu o cenho.
— Elas não são vendidas prontas? — ele questionou.
— Sim, mas eu queria fazer uma. — disse. — Aliás, o que você está fazendo aqui?
Ela tentou mudar de assunto.
— Eu sou monitor... tenho que monitorar. — ele disse.
— Ah! Sim, claro que tem. — concordou.
Por Merlin, como raios ela conseguiria se aproximar dele o suficiente para beijá-lo? Não poderia simplesmente roubar um beijo.
— É... eu vi você no jogo de ontem. — ela comentou. — Sinto muito pela Grifinória, sei que seus... amigos estavam jogando.
Ele piscou algumas vezes, mas logo assentiu e se afastou um pouco.
— Você jogou muito bem, gosto de ver como você defende o balaço. — Remus falou. — Mereceu ganhar.
Ela sentiu seu estômago revirar... Ele gostava de alguma que ela fazia?
— Obrigada, Remus. — ela sorriu. — Sabe... o que acha de um dia desses acompanhar o meu treino?
Ele sorriu timidamente, como se estivesse feliz com o convite.
— Claro, é só me chamar. — falou. — Agora é melhor você ir... antes que alguém te encontrar no corredor.
Pandora assentiu, afastando-se devagar, caminhando lentamente para longe dele e pensando à cada passo que dava no que havia acabado de acontecer. Ele não era um completo estranho para ela, é claro, se conheciam desde o primeiro ano... mas uma conversa como aquela nunca havia sido constante, apesar de Pandora sempre ter se sentido pelo menos um pouco atraída por ele. Talvez Remus fosse um dos únicos alunos que intimidava ela, ou que ela nunca conseguira nem um beijinho. Sobre isso, Pandora também não podia mentir, ela havia beijado muitos dos alunos de Hogwarts, mas não propositalmente, as coisas foram simplesmente acontecendo. E claro, uma hora ou outra, aquilo acabou virando uma competição com Sirius.
Estranho seria dizer que eles mesmos nunca haviam se beijado. Nem pensar.
No outro dia, ela acordou antes que a melhor amiga, percebendo que Morgana estava dormindo tão tranquilamente que a deixou com peninha de acordá-la. Saiu, mais cedo do que boa parte dos alunos, carregando consigo apenas os livros que usaria naquela manhã, enfiando-os na bolsa que a ajudava a carregá-los. Foi quase saltitante até o corredor das masmorras, enquanto ouvia o barulho dos próprios sapatos contra o chão, sentindo o sol tocar sua pele a medida do que subia os degraus. Estava fazendo um dia bonito, era fato, mas ela se importou mais naquele momento com os dois braços que a envolveram e rapidamente a puxaram para trás das paredes do corredor.
— Dora! Faz tempo que você não vai visitar a gente na nossa salinha secreta. — xingou.
Simplesmente Marlene Mckinnon brava, por ter sido ignorada por ela.
— Lene, as aulas acabaram de começar, é claro que não fui ver você. — ela disse. — Me desculpe, pensei que agora você preferia a atenção de outra garota.
Marlene Mckinnon tinha sido um dos beijos que Pandora deu para competir com Sirius, mas acabou sendo mais do que isso, já que o próprio garoto nem ficara sabendo. Marlene havia se tornado uma amiga para ela, apesar de não ficarem tão próximas quando a rivalidade entre as casas Sonserina e Grifinória apareciam. Ela era bonita, seus cabelos loiros e cacheados sempre brilhavam contra as luzes das velas amareladas, além de que ela tinha um rosto perfeitamente desenhado... era muito bonita.
— Dorcas é só uma grande amiga, você sabe muito bem como é. — Marlene comentou. — E por isso que nós somos tão saudáveis. Você deixa eu te beijar, eu deixo você me beijar e no fim do dia não estamos apaixonadas.
Pandora riu, encarando a garota que segurava em sua cintura e aproximava cada vez mais o rosto ao seu.
— Dorcas gosta de você, Lene... não machuque ela. — comentou. — Vai ver chegou a hora de você tentar.
Marlene revirou os olhos, mas sorriu, como se concordasse. Ela apertou a mão que segurava a cintura de Pandora, levou a outra até o rosto dela e a beijou, simplesmente um lábio tocando o outro sem sentimento algum, apenas como se fosse um agradecimento.
— Parece que a maturidade chegou até mesmo para você, Pandora...
— Marlene!
A loira saiu correndo, deixando Pandora para trás, ainda no caminho do Grande Salão para comer seu café da manhã. Lá ela já encontrou Morgana, que dessa vez estava acordado, sentou-se ao seu lado e imediatamente começou a comer alguns bolinhos de queijo. Não comentou, mas percebeu que ao contrário dela, Morgana nem tocara na comida, mas falava sem parar.
— Aliás, já pegou o antídoto? — ela perguntou.
— Não consegui! — Dora revirou os olhos. — Slug não relaxa na segurança do armário de ingredientes. A não ser...
E finalmente ela teve uma grande ideia no meio de tantos planos furados que ela inventava.
— A não ser quando ele não pode ficar de olho, quando está ocupado demais, Morgana! — ela sorriu, como se tivesse tido a melhor ideia do mundo. — Na festa de ano novo!
— Pandora! Finalmente uma ideia boa!
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