𝐈𝐍𝐈𝐓𝐈𝐀𝐓𝐈𝐕𝐄

𖦙 CHAPTER ONE ━━
❛ INITIATIVE 𝗜 𝟮𝟬𝟬𝟴 .ᐟ

S.H.I.E.L.D.'s SECRET BASE

ㅤㅤAS INSTALAÇÕES MODERNAS FERVILHAVAM DE ATIVIDADES. Havia um ritmo incessante nos corredores, uma energia que não dava trégua. Os agentes iam e vinham, cada um focado em suas missões, mergulhados no trabalho como se cada segundo contasse. Astrid sentia parte daquele fluxo, mas, ao mesmo tempo, sentia-se ligeiramente à parte, como se ainda estivesse se ajustando à realidade após a missão.

Recém-chegada de mais um trabalho bem-sucedido, o cansaço era inegável, mas havia também uma satisfação peculiar, aquela sensação de quem sabe que fez o que precisava ser feito. A missão estava concluída e, agora, finalmente, ela podia se permitir relaxar.

Enquanto cruzava os corredores da base, a mente de Astrid já estava em seu dormitório. Tudo o que desejava era uma noite tranquila de descanso. As luzes brancas, brilhantes e quase frias, refletiam a atmosfera de alta eficiência da organização, e os painéis eletrônicos piscavam incessantemente com informações constantes, mas ela prestava pouca atenção a isso. Seus passos ecoavam suavemente contra o piso, quase um sussurro em meio ao burburinho de conversas discretas e ao som rítmico dos teclados.

A sensação de estar em casa, mesmo que temporariamente, trazia um leve conforto à sua mente cansada.

Quando finalmente adentrou o corredor que levava aos dormitórios, Astrid se deparou com Maria Hill. Sabia que um encontro com ela raramente era casual e, de repente, a expectativa de um merecido descanso deu lugar à curiosidade e à prontidão.

─ Nick quer falar com você. ─ a voz de Hill cortou o ar, direta como sempre, sem preâmbulos ou saudações.

Astrid franziu as sobrancelhas e inclinou a cabeça para o lado, tentando disfarçar a frustração que começava a brotar.

─ Oi pra você também, Hill. Estou bem, obrigada por perguntar. ─ respondeu com um toque de sarcasmo, antes de continuar. ─ Aliás, a missão foi um sucesso.

Maria apenas revirou os olhos diante do tom dramático da Stark, como se já estivesse acostumada a esse comportamento.

─ Não tinha como dar errado, era você que estava lá. ─ Hill reconheceu a habilidade da amiga com um aceno, mas logo acrescentou: ─ Agora, troque de roupa e vá encontrá-lo. Ele está esperando por você. ─ com isso, já se afastou, seus passos firmes ecoando pelo corredor.

Astrid inclinou a cabeça para trás e soltou um suspiro profundo. Já sabia que o que Nick queria discutir estava diretamente relacionado à nova iniciativa dos Vingadores. Sem perder tempo, seguiu para seu dormitório. Assim que entrou, não hesitou em tomar um banho revitalizante, permitindo que a água quente escorregasse pelo corpo, lavando a exaustão da missão recente. Após o banho, trocou o uniforme por uma roupa mais descontraída, uma combinação prática e confortável. Sabia que, dependendo de como a conversa com Nick se desenrolasse, teria que encontrar seu pai depois.

Devidamente arrumada, atravessou os corredores familiares da base até chegar ao escritório do diretor da S.H.I.E.L.D. Bateu suavemente na porta e logo ouviu a voz de Nick autorizando sua entrada.

─ Sentiu minha falta, pirata? ─ questionou ela, em tom de deboche, assim que fechou a porta atrás de si.

Nick Fury, sentado atrás de uma mesa repleta de relatórios e equipamentos de comunicação, levantou o olhar e esboçou um sorriso de canto discreto.

─ Você não faz ideia de quanto. ─ respondeu ele no mesmo tom. ─ Refletiu sobre o que eu disse?

─ Pensei, e, se você quer saber, acho que é uma perda de tempo. Meu pai não vai aceitar isso.

Astrid conhecia o pai o suficiente para saber que ele jamais se juntaria a um grupo de super-heróis. Tony já estava ciente da vida de agente da S.H.I.E.L.D. que a filha levava e, como era de se esperar, teve um chilique quando Astrid contou a ele o que fazia. Primeiro, ele deu um sermão por não ter compartilhado nada antes. O segundo foi porque ela simplesmente aceitou a proposta sem pensar duas vezes. O terceiro se concentrou no quanto aquela vida era perigosa e arriscada para a filha ─ a típica preocupação de pai.

─ Não, primeiro eu quero ouvir a sua opinião. ─ Nick enfatizou, fixando o olhar na mulher.

Ela suspirou, tomando um momento para reunir seus pensamentos.

─ Bom, estarei aqui sempre que precisar, seja para isso ou qualquer outra coisa, mas... Acho que disso você já sabe. ─ Respondeu, balançando os ombros. ─ Enfim, a ideia de formar um grupo de pessoas com habilidades distintas para proteger a Terra de ameaças que os humanos comuns não conseguiriam enfrentar não me parece tão ruim. Na verdade, é uma iniciativa louvável.

─ Bom saber que o projeto lhe agradou, senhorita Stark. E quanto ao seu pai? ─ ele perguntou, a seriedade típica de sua voz emergindo.

─ Sinceramente, eu... não acho que ele vá sequer considerar isso. ─ afirmou, movendo a cabeça levemente de um lado para o outro, uma expressão de ceticismo estampada em seu rosto.

A verdade era que, mais do que qualquer outra coisa, desejava que Tony pudesse ver o valor daquela iniciativa, mas conhecia seu jeito teimoso demais para ser otimista.

Nick semicerrava os olhos, analisando a resposta dela com atenção.

─ Por que acha isso?

─ Meu pai não trabalha muito bem em equipe, Nick. Ele é egocêntrico, impulsivo e tende a fazer as coisas por conta própria, sem se importar ou se preocupar com a opinião dos outros. ─ afirmou, as palavras ecoando com um certo peso. ─ A maior prova disso é que ele se assumiu como Homem de Ferro quando foi dito para ele fazer exatamente o contrário. Não que isso seja necessariamente ruim, mas pode atrapalhar em um ambiente de equipe.

Nick sorriu ligeiramente, uma expressão de entendimento passando por seu rosto.

─ Mas com você na equipe, as coisas mudam de figura. ─ ele afirmou, debruçando-se sobre a mesa com as mãos entrelaçadas. ─ E se ele te ouvisse falando assim, com certeza você estaria ferrada. Afinal, você não é muito diferente dele, só tem mais senso do coletivo.

─ Filho de peixe, peixinho é, não é o que dizem? ─ disse, esboçando um meio sorriso.

Era um fato inegável; ela sabia que, embora não fosse tão impulsiva quanto ele, também tinha a tendência de agir por impulso.

─ Você precisa conversar com ele. ─ Nick insistiu, e a determinação em sua voz era inconfundível.

─ Não acho que vá fazer muita diferença. Sei que ele sempre fez tudo por mim, mas isso... ─ Astrid argumentou, a dúvida clara em seu tom.

─ Eu sei que você está receosa em relação a isso. Por isso, quero que vá comigo até a mansão de Malibu.

Aproximando-se da mesa, Astrid colocou as mãos sobre a superfície e fixou o olhar em Nick.

─ Você está planejando me usar para convencê-lo a participar do seu projeto?

─ Você terá que concordar comigo, As. Mais cedo ou mais tarde, o mundo precisará de um grupo de super-heróis para protegê-lo. E você, melhor do que ninguém, sabe disso. ─ ele rebateu com firmeza, como se suas palavras fossem um fato inegável.

─ Que golpe baixo, Nick. Não esperava isso de você; estou deveras decepcionada. ─ respondeu, ironicamente, enquanto ele revirava os olhos. ─ Tudo bem, eu vou, mas já adianto que não será fácil.

─ Digamos que é uma medida necessária. ─ ele pontuou, com um tom pragmático que não deixava espaço para discussões.

─ É, mas não garanto sucesso. ─ retrucou Astrid, um tanto relutante, sabendo que estava prestes a entrar em uma situação delicada.

─ Prepare-se; partiremos logo. ─ ele pediu, sua voz deixando claro que a decisão estava tomada.

─ Você que manda, chefe. ─ debochou, adotando um tom falso de seriedade antes de sair da sala para se preparar. No fundo, uma mistura de ansiedade e determinação a consumia, mas sabia que não havia como voltar atrás.

🏡   |    MALIBU, CALIFÓRNIA

A noite já havia caído quando Tony retornou à sua residência em Malibu. Ele estava sozinho, sem Pepper, sem Happy, e já fazia algum tempo desde que recebera qualquer notícia de Astrid. Imerso na vastidão de sua mansão, ele, que outrora se acostumara a ser cercado por jornalistas, fotógrafos e admiradoras, agora acolhia de braços abertos a serenidade que a solidão lhe proporcionava.

A casa mergulhava em uma penumbra quase total. As poucas luzes acesas apenas delineavam os contornos da imensa sala, criando sombras longas e profundas que dançavam nas paredes. Cada passo ecoava suavemente no silêncio, um lembrete de que o lar, uma vez vibrante e cheio de vida, agora parecia um santuário vazio, onde os ecos de risadas e conversas haviam se dissipado.

Tony olhou ao redor, contemplando a vastidão do espaço que costumava ser o centro de sua vida agitada. Ele sentiu uma mistura de nostalgia e alívio, ciente de que aquele momento de tranquilidade era raro em sua existência.

─ Jarvis? ─ chamou Tony, aguardando que sua fiel IA respondesse prontamente.

Seja bem-vindo, senhor... ─ a voz robotizada de Jarvis desapareceu gradativamente, fazendo o bilionário franzir a testa em estranhamento.

Caminhando em passos lentos, ele olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo. Ao direcionar o olhar para a gigantesca janela de vidro, que mal refletia a luz do abajur próximo ao sofá, avistou a silhueta de um homem em seu ambiente.

─ “Eu sou o Homem de Ferro”, acha que é o único super-herói do mundo? ─ o homem perguntou de forma retórica, virando-se de frente para Tony. ─ Senhor Stark, você faz parte de um universo maior. Só não sabe disso ainda.

Acostumado a situações inusitadas, Tony ergueu uma sobrancelha e, com seu característico desdém, questionou:

─ Não é que eu me importe, mas quem é você?

─ Nick Fury, diretor da S.H.I.E.L.D. ─ respondeu, com uma presença imponente.

Tony olhou para Fury com uma expressão de desinteresse, embora sua mente estivesse a mil por hora, tentando entender como aquele homem havia entrado em sua casa.

─ Sei. ─ Tony murmurou, não conseguindo esconder sua curiosidade. ─ Como entrou aqui?

─ Eu deixei ele entrar. ─ respondeu Astrid, surgindo de trás de Tony e caminhando tranquilamente até o centro da sala. ─ Por que essa casa está tão escura? Alguém esqueceu de pagar a conta de luz? ─ reclamou, finalmente ligando as luzes e iluminando o ambiente com uma luz suave e reconfortante.

A luz revelou a cena completa: Tony de um lado, ainda processando a situação, e Fury do outro, com seu semblante sério, observando cada reação do Stark mais velho. Astrid, agora ao lado de seu chefe, parecia completamente à vontade, como se aquela fosse uma visita de rotina.

─ O que está acontecendo aqui? ─ Tony perguntou, sua voz carregando uma mistura de alívio por ver a filha e irritação pela surpresa.

─ O que está acontecendo, pai, é que você tá prestes a entrar em uma nova fase da sua vida. Uma fase que envolve mais do que apenas construir armaduras e salvar o mundo sozinho. ─ respondeu ela, com uma firmeza que deixava claro que não estava ali para brincadeiras.

Tony franziu a testa, não gostando do tom autoritário de sua filha.

─ E quem disse que estou interessado nessa nova fase?

─ Você pode não estar interessado, mas o mundo precisa de você. E eu não vou deixar você ignorar essa responsabilidade se isolando nessa casa.

Tony bufou, sentindo-se um pouco irritado com a atitude obstinada de sua filha.

─ Desde quando você virou a minha babá, hein? ─ questionou, sua voz carregada de sarcasmo.

─ Desde que percebi que alguém tem que ser responsável por você quando se recusa a agir como um adulto. ─ Astrid afirmou, com a voz cortante, suas palavras carregadas de frustração e preocupação.

Tony ergueu as sobrancelhas em descrença diante da afirmação da filha, um misto de surpresa e irritação cruzando seu semblante.

─ Ei, ei, ei, o pai aqui sou eu. E eu me lembro muito bem de te ensinar que não se deve falar com estranhos. ─ retrucou, juntando as sobrancelhas em descrença e apontando para Fury com um gesto acusador.

─ Esse estranho em particular é o meu chefe, pai.

Tony soltou um suspiro exasperado diante da revelação.

─ Ah, ótimo. Bom saber quem foi que coagiu minha filha a ser uma agente secreta. ─ resmungou, misturando irritação e preocupação em sua voz.

─ Eu não coagi, senhor Stark, apenas fiz a proposta e ela aceitou. ─ esclareceu Fury, sua voz firme e autoritária ecoando na sala.

─ Espera aí, você tá fazendo o que aqui mesmo? ─ perguntou Tony, sua expressão refletindo uma mistura de curiosidade e desconfiança.

─ Pai, olha o tom. ─ repreendeu Astrid, mantendo a postura, mas com um leve toque de exasperação.

─ Ah,  ele vai superar. ─ Tony respondeu, desdenhoso, a ironia evidente em seu tom.

─ Estamos aqui para falar do projeto Vingadores. ─ revelou Fury, sua voz soando decidida e inabalável.

─ E o que vamos vingar?

─ O que acharmos que devemos ─ Fury objectou, sua voz soando seca e assertiva. ─ Como se meus problemas não fossem suficientes, agora tenho que lidar com um homem que age como um adolescente mimado, que não sabe trabalhar em equipe e...

─ Nick! Assim você também não ajuda! ─ a mais nova interveio, sua voz firme e autoritária cortando o ar tenso da sala. ─ Pai, o que Fury quer dizer é que o mundo precisa de uma equipe para defendê-lo quando for necessário.

─ E eu aposto que você tá incluída no meio disso, não é, senhorita? ─ Tony questionou, seus olhos penetrantes fixos na filha, uma sobrancelha arqueada em desconfiança.

─ Ah, bom, é o meu trabalho, não é? ─ respondeu ela, tentando desviar a atenção da tensão crescente com um tom descontraído, embora seu olhar ainda carregasse vestígios de seriedade.

─ Não me venha com as suas gracinhas. ─ Tony a repreendeu, sua voz assumindo um tom mais sério.

Ela respirou fundo, tentando manter a calma em meio à frustração crescente.

─ Pai, você precisa entender que existem ameaças por aí que nem você, com toda sua tecnologia, pode enfrentar sozinho ─ contestou, sua voz firme e cheia de convicção, seus olhos fixos nos de Tony.

─ E você realmente acredita nessa baboseira toda?

─ Sim, eu acredito. E qual é o problema? Se você parar pra pensar um pouco, vai perceber que isso é necessário.

─ Deixa eu adivinhar, isso foi ideia do pirata ali? ─ interpelou Tony, apontando com o queixo para Fury.

Nick, percebendo a tensão no ar, decidiu intervir, escolhendo suas palavras com cuidado.

─ Senhor Stark, sua filha acredita nisso e eu também. O mundo está mudando e precisamos de pessoas como você. Pessoas que podem fazer a diferença em grande escala. ─ argumentou, sua voz transmitindo uma convicção profunda e uma sinceridade genuína. ─ Não estamos pedindo que você se sacrifique, mas sim que você contribua com o que já faz de melhor.

─ Pera aí, você foi o mesmo cara que acabou de me chamar de mimado? ─ Tony perguntou, sua expressão alternando entre surpresa e incredulidade.

─ Bem, se serve de consolo, senhor Stark, você não está sozinho nessa categoria. ─ Nick respondeu, mantendo um tom leve, mas com uma pitada de seriedade.

─ Ótimo, então temos um clube exclusivo de pessoas difíceis de lidar.

Astrid apenas rolou os olhos, soltando um suspiro cansado enquanto apoiava ambas as mãos na cintura, seu gesto revelando a exaustão acumulada após o longo dia. Ela lançou um olhar significativo para Nick, seus olhos transmitindo um pedido silencioso para que ela e Tony tivessem um momento a sós para conversar.

Captando a mensagem não verbal, o diretor da S.H.I.E.L.D. assentiu discretamente e, com um movimento suave, começou a se deslocar em direção à saída da casa, deixando pai e filha a sós para resolverem suas questões pendentes.

Tony caminhou tranquilamente até o minibar localizado no outro lado da sala e serviu-se de um copo de uísque. Seus olhos, atentos e inquisitivos, fixaram-se em sua filha enquanto ele saboreava a bebida.

─ Me fala, que história é essa de Iniciativa Vingadores?

Ela soltou o ar lentamente de seus pulmões, tentando encontrar as palavras certas. Aproximou-se do local onde seu pai estava, sentando-se em uma das banquetas do lado oposto do pequeno balcão.

─ Não é algo recente. Nick já tinha me falado sobre essa ideia antes. ─ respondeu, seus olhos encontrando os de Tony, buscando transmitir a seriedade da situação.

Tony, ainda mantendo uma expressão de aparente indiferença, ergueu uma sobrancelha.

─ Sim, e daí?

─ E daí que ele tem razão, pai. ─ afirmou Astrid, sua voz firme e cheia de convicção.

Tony tomou mais um gole de seu uísque, deixando o sabor forte da bebida descer pela garganta enquanto refletia sobre as palavras dela.

─ Então você acha que essa ideia de montar uma equipe de super-heróis é a solução para todos os problemas do mundo?

─ Não acho que seja a solução para todos os problemas, mas acredito que é o caminho pra solucionar parte deles. ─ Astrid articulou, sua voz carregada de uma mistura de preocupação e esperança. ─ Existem ameaças lá fora que são grandes demais pra qualquer um de nós enfrentar sozinho. Você sabe disso, pai. Você já enfrentou algumas delas e quase morreu nas duas ocasiões.

Tony suspirou, seus olhos suavizando um pouco ao olhar para a filha. Ele sabia que ela estava certa, mas aceitar isso era outra história.

─ Então, Fury realmente acha que pode juntar um bando de pessoas com habilidades diferentes e criar uma equipe coesa? ─ refletiu, o sarcasmo escorrendo de cada palavra. ─ Porque, sinceramente, parece mais um daqueles projetos de governo que nunca saem do papel.

─ Olha, eu entendo que você tenha suas reservas, mas isso é muito maior do que nós. ─ começou ela, tentando apaziguá-lo.

─ Reservas? Isso é muito mais do que reservas, As. Nick Fury aparece na minha casa, sem aviso, falando sobre um projeto que envolve confiar em outras pessoas pra salvar o mundo. ─ ele pontuou, a frustração evidente em sua voz. ─ Você sabe tão bem quanto eu que confiar em outros nunca foi meu forte.

─ Eu sei, pai. ─ Astrid respondeu calmamente, permitindo que Tony despejasse sua frustração sem interrompê-lo.

Ela balançou a cabeça, ainda irritado, mas percebeu que a resposta contida da filha não era uma provocação, mas um sinal de que ela compreendia o peso da situação.

─ Você sempre sabe, não é? ─ murmurou, sua voz agora menos combativa, quase exausta. ─ Mas isso não torna as coisas mais fáceis..

─ Não, não torna. ─ ela concordou, com um tom de voz suave, mas firme. ─ Mas algumas coisas precisam ser feitas, mesmo que não sejam fáceis.

Tony balançou a cabeça, seus olhos escurecendo.

─ E o que acontece quando e se um de nós falhar? Quando um elo da corrente quebrar e tudo desmoronar? Eu já vi isso acontecer antes. Confiei em pessoas que me decepcionaram.

─ Não pode fazer isso por mim?

Tony olhou-a de imediato, arqueando uma sobrancelha.

─ Tá tentando me chantagear? ─ ele perguntou, com um tom de voz que misturava surpresa e ceticismo.

─ Tá funcionando? ─ ela rebateu, sem perder a compostura.

─ Não. ─ Tony respondeu, de forma simplista e direta, enquanto se servia de mais um gole de uísque.

─ Você sabe que isso é importante. Não estou pedindo isso só por mim. ─ ela insistiu, tentando tocar no coração de seu pai.

O Stark soltou um suspiro longo e profundo, esfregando a têmpora como se tentasse aliviar uma dor de cabeça.

─ Isso ainda não resolve o problema de que eu sou, por natureza, um lobo solitário. Trabalho melhor sozinho, sempre trabalhei. ─ contrariou, a voz carregada de cansaço.

─ Você nunca esteve realmente sozinho, pai. Sempre teve pessoas ao seu lado, mesmo quando não queria admitir. Eu, Pepper, Rhodey, até o Happy.

─ Você não vai desistir, não é?

─ Posso ficar aqui até você dizer que, no mínimo, vai pensar sobre isso. ─ replicou Astrid, movendo os ombros em um gesto despreocupado

Tony soltou um suspiro pesado, passando as mãos pelos cabelos. Ele sabia que ela não estava blefando; sua filha sempre fora teimosa, uma característica que ele reconhecia como sua própria herança.

─ Você é teimosa, como sempre. Mas não posso negar que sua persistência é admirável. ─ admitiu ele, com um sorriso de canto nos lábios.

Ela sorriu de volta, satisfeita por ter pelo menos provocado uma reação de seu pai.

─ Bom, um certo alguém me ensinou a nunca desistir do que acredito. Acho que estou apenas seguindo o exemplo. ─ ela respondeu, com um brilho de orgulho nos olhos.

Tony assentiu, reconhecendo a verdade em suas palavras.

─ Tal pai, tal filha, não é? Muito bem, eu vou pensar sobre isso. Mas não prometo nada além disso. ─ ele cedeu, com um suspiro resignado.

Astrid aceitou a resposta com um aceno de cabeça, sabendo que já era um pequeno progresso.

─ Eu nunca duvidei de que a persistência é a chave. ─ Astrid respondeu, piscando para ele com um brilho divertido nos olhos enquanto se inclinava sobre o balcão e furtava o copo de bebida dele.

─ Podia ter herdado apenas a minha inteligência e a beleza. ─ Tony resmungou, tentando disfarçar o orgulho que sentia por ela, mas a admiração transparecia em sua voz.

A garota soltou uma risadinha suave, balançando a cabeça com uma expressão divertida.

─ Mas assim eu não seria uma Stark completa.

─ Tem razão. Não seria. ─ Tony concordou, um sorriso involuntário se formando em seus lábios.

Com uma expressão radiante que iluminava todo o ambiente, Astrid se levantou graciosamente da banqueta. Seus olhos estavam vivos com a alegria do momento enquanto ela contornava o balcão em direção ao pai. Ao se aproximar, envolveu Tony em um abraço caloroso, o gesto transbordando a ternura de seu amor. Ele retribuiu o abraço com uma acolhida protetora, sentindo o calor reconfortante daquela união familiar. Um beijo delicado foi depositado no topo da cabeça da filha, transmitindo mais emoção do que qualquer palavra poderia expressar.

Tony sentiu o peso de todas as suas preocupações diminuir momentaneamente enquanto abraçava Astrid. O abraço dela, cheio de ternura e afeto, parecia ser exatamente o que ele precisava naquele momento de incerteza. Mesmo com o sarcasmo e as discussões frequentes, aquela conexão entre pai e filha era algo inabalável.

─ Sabe, você herdou mais do que só a minha inteligência e beleza. ─ ele comentou, ainda com os braços ao redor dela. ─ Herdou também a capacidade de me tirar do sério.

Astrid riu baixinho, afastando-se levemente para encará-lo nos olhos.

─ E você herdou o talento de sempre complicar as coisas, pai. ─ respondeu ela, a voz carregada de carinho e uma leve brincadeira. ─ Então, acho que estamos quites.

Tony balançou a cabeça, uma mistura de orgulho e resignação.

─ É, eu acho que você me conhece bem demais.

Ela apenas assentiu, o brilho em seus olhos revelando que, apesar de tudo, ela estava ali para ele, como sempre esteve.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top