Capítulo 17

— Eu estou exausta! Essas aulas estão acabando comigo! — Lara se joga em minha cama.

— E você comigo! — Digo rindo, empurrando-a para o chão.

— AI! — Grita esfregando o braço — Você é uma insensível! — Resmunga voltando a sentar ao meu lado.

— Já estou acostumada a ouvir esse tipo de coisa.

Ontem fez dois meses que estávamos no CEM. O tempo passou muito rápido. Já não via a minha família e os meus amigos há exatamente um mês e três semanas.

Pego o celular e abro no WhatsApp. Sorrio ao ver uma mensagem enviada por Hel.

O que achou do vestido??? Ao invés de um buquê, estou pensando em entrar com apenas um girassol, o que acha??? Só está faltando você ao meu lado nesse momento tão especial, amigaaaaa!!

Na mesma hora faço uma chamada de vídeo.

Amigaaaaaa! Estou tão feliz!! AHHHHHHHHHH — Grita começando a pular — EU VOU ME CASAAAAAAAAAAAAAAR!!!!!

Dou risada de sua animação, como desejava viver esse momento junto com ela. Tenho certeza que estaria transbordando de alegria!

— Hel, você será a noiva mais linda de toda a história! E não importa se entrará com trezentos ou apenas um girassol, o importante é que você esteja feliz com isso! — Digo com sinceridade.

Você acha, Águi? — Para de pular e me pergunta com a voz embargada.

— Eu tenho certeza! — Não conseguia parar de sorrir. A felicidade dela era a minha, e isso estava escrachado em meu rosto.

Desde quando você se tornou uma pessoa sensível? — Funga e abre um pequeno sorriso brincalhão.

— Ela aprendeu comigo! — Lara diz aparecendo na frente do celular — Uau, como você está linda Hel! Se importa se eu te chamar assim?

Minha amiga alarga o sorriso antes de responder e eu dou risada, ela amava receber elogios.

Obrigadaaaaa! Mas quem é você? — Começo a gargalhar.

— Sou a Lara! — Retira o celular da minha mão.

Ah sim! A Águi fala muito sobre você. Diz que nos daríamos bem, pois somos parecidas.

— Eu também achooo! — Lara exclama com animação.

— Precisamos marcar para vocês se conhecerem! — Digo pegando o celular de volta.

Que tal daqui a duas semanas, na minha festa de aniversário? — Pergunta animada.

— Acho uma excelente ideia, mas e o seu chá de panela? Não seria no mesmo fim de semana?

ÁGUI! EU JÁ TINHA ME ESQUECIDO DO MEU CHÁ! — Coloca a mão na cabeça e começa a andar de um lado para o outro — O Ricardo não me lembrou disso, e você sabe como eu sou esquecida... e super avoada também! E agora?

— Calma, Hel! Ainda faltam duas semanas. Fale com a Quel e as outras madrinhas para que elas possam te ajudar. Se você quiser eu posso ir no fim de semana que vem para te auxiliar também.

Você faria isso por mim? — Pergunta emocionada.

— É claro que sim! É o mínimo que essa madrinha desnaturada pode fazer. — Ofereço um sorriso triste.

Me sentia muito feliz de estar realizando um grande sonho, mas ao mesmo tempo ficava triste por não estar participando de um dos momentos mais especiais e único da vida da minha melhor amiga.

Ainda bem que você sabe que é desnaturada! Mas eu te amo! — Ela tenta fazer um coração com uma mão só, o que me faz rir.

— Também amo você, minha doidinha, jamais esqueça isso! — Digo sentindo o aperto no meu coração crescer. Todas as vezes que falava com Hel, desde a nossa última despedida, sentia esse incômodo.

Jamais! Fique com Jesus! — Me manda um beijo.

— Amém! Você também, Hel! — Desligo a ligação e me jogo na cama.

— Hey, o que foi? — Lara faz o mesmo, deitando ao meu lado.

— Às vezes me bate uma tristeza, sabe? Uma dor... Sei lá, acho que é a saudade.

— Concordo! E você deve estar achando estranho porque não é tão sentimental, como a maioria das mulheres. — Olho incrédula para ela — Estou mentindo?

Minha resposta foi uma travesseirada na cara dela.

— Acho que você tem um pouquinho de razão! Só um pouquinho. — Me levanto na hora em que a porta do quarto é aberta.

— E aí, meninas! — Lili nos comprimente.

— Fala, loirinha! — Lara senta na cama ajeitando o cabelo — Qual a novidade?

— Vamos lá para baixo encontrar o resto do pessoal, o Caio deu uma ideia super legal que já foi aprovada pelo pastor André.

— Agora estou curiosa! — Coloco minha sandália rasteira, assim como a Lara, e seguimos Lili para fora do quarto.

— Aí estão as princesas de Jeová! — Jorge comenta tentando fazer graça.

Ele se aproxima da morena e oferece a mão, mas ela o ignora e segue para o lado dos outros. Eu e Lídia já tínhamos conversado e reparamos que ele estava super afim da Lara, que nem dava bola para o coitado.

Lili se aproxima de mim e se escora em meu ombro direito.

— Eu sinto pena do pobre coitado.

— Pois eu também — Cruzo os braços e olho para ela. Nos fitamos por alguns segundos antes de gargalharmos.

— E aí, me conta... Como estão as coisas com o Caio? — Reviro os olhos. Vai começar...

Desde o momento que Lídia enfiou na cabeça que Caio era apaixonado por mim, não parou de me encher com essas neuras.

Se ela soubesse da verdade...

— Estão muito bem! — Respondo tentando não ser grossa.

— Sério?? — Pergunta com animação. Eu ergo a sobrancelha e dou um sorriso sarcástico — Poxa, Águi! Quando você vai perceber que ele está caidinho por você?

— Pois é, Águi! Sinceramente eu já não sei mais o que fazer para tentar chamar sua atenção! — Lídia arregala os olhos e eu começo a gargalhar ao sentir um dos braços de Caio contornar meus ombros.

— Eu... Eu não sei nem o que dizer! — A loira começa a ficar vermelha. O que me faz rir ainda mais e o Ferraço mais novo me acompanha.

— Qual o motivo das gargalhadas? — Vicente se aproxima de nós com o seu sorriso que me arranca o fôlego. Paro de rir na mesma hora e engulo em seco.

— Eu que paguei o maior mico agora, Vice! E esses dois estão rindo de mim. — Ele ergue as sobrancelhas e nos encara com curiosidade.

— A sua digníssima namorada me entregou! — Caio toma a frente e eu agradeço, pois tentava me recuperara do efeito que Vicente ainda tinha sobre mim.

Sim, se passaram quase dois meses e os meus sentimentos por ele permaneciam os mesmos. Ousaria dizer que crescia a cada dia. Estava feliz com isso? De forma alguma! Pelo contrário, pois Vicente e Lídia eram meus amigos, e desejar alguém que já pertencia a outra pessoa me deixava mal.

Isso me matava, e em minhas orações eu clamava por libertação. Tentei me afastar dele novamente, mas era quase impossível, visto que estávamos estudando e trabalharíamos juntos.

— Ela te entregou? Está ficando cada vez mais confuso. — Ele olha para mim — Não quer tentar explicar, Águi?

Começo a rir, mas decido clarear a mente do coitado.

— É simples, a Lili me contou que o Caio aqui — seguro o braço do meu maninho — está totalmente caidinho por mim, e eu estou me sentindo uma tola por não ter percebido isso antes. — Vicente arregala os olhos, mas depois abre um sorriso brincalhão.

— E você resolveu se declarar, maninho? — Vicente nunca chamava o irmão daquela forma, mas já tinha sacado o que estava acontecendo. Dessa forma nós três começamos a rir ainda mais — Meu bem, a Águi e o Caio são como irmãos, não existe nada a mais. Tenha certeza! — Diz a última parte me fitando.

Meu bem... Ouvi-lo chama-la assim mexia comigo, mas eu precisava ser forte, tomar vergonha na cara e sair dali. Quando estava prestes a fazer, Lídia fala algo que me faz estatelar.

— O Caio pode até não estar apaixonado por ela, mas existe outro que está! E isso eu não tenho a menor dúvida. — O silêncio invade nossa pequena roda de amigos — Ué, a graça acabou?

— E quem seria essa pessoa, Lili? — Caio pergunta claramente desconfortável.

— Vocês descobrirão muito em breve! — Pisca e dá as costas para nós, indo em direção à Lara e os outros.

— Boa tarde, pessoal! Cheguei atrasado? — Olhamos para trás ao ouvir a voz de Théo.

Inicialmente ninguém responde, deixando-o um pouco desconcertado.

— Não faço ideia do que iremos fazer, mas você não está nem um pouco atrasado, doutor! — Tento soar brincalhona, o que dá certo já que ele ri — E então, maninho, qual foi a ideia? — Aperto levemente o braço de Caio e ele entende a deixa.

— Faremos um luau ao redor do lago, hoje a noite! — Ele comenta com animação.

— Sério? Que demais! — Exclamo.

— Eu nunca participei de um luau, onde eu morava era muito frio. — Théo comenta e nos induz a andarmos.

Há algumas semanas, em uma das minhas conversas com o doutor, descobri que ele era canadense. Confesso que nunca teria percebido, pois seu português era perfeito. Entretanto, a explicação está no fato de que seus pais são brasileiros.

— Pois este luau marcará a sua vida, meu irmão! — Caio começa a conversar com o grandão em uma conversa paralela, deixando Vicente e eu de fora.

— Parece que fomos excluídos! — Digo ao me aproximar dele.

— É. — Responde um pouco seco. Aí tem...

— O que você tem? — Ele me olha por alguns segundos e solta um suspiro.

— Nada de mais, acho que estou precisando de um luau desses para relaxar um pouco.

— Todos nós estamos! — Concordo.

Em menos de meia hora estávamos todos em frente aos prédios dos dormitórios. O pastor André parecia super animado com a ideia dada pelo Caio. Era sábado e os funcionários já estavam liberados neste horário.

Desta forma, decidimos fazer grupos pequenos para a organização do luau. Fomos separados basicamente em cinco grupos: alimentação, apoio, ornamentação, gincanas e o culto.

Gabriel, que se tornara um grande amigo, Lara, Angélica, Eduardo, Sara, Juliana e eu ficamos responsáveis pela alimentação. Fomos para o refeitório e começamos a discutir as possibilidades de um cardápio rápido. Optamos por fazer uma enorme mesa de frios com queijos, presunto, salames, sanduíches variados, biscoitos doces e salgados, torradas, patês, diversas bebidas, todo tipo de fruta possível, a maioria colhida do próprio sítio.

Descobri também que tínhamos uma grande horta e uma vasta área com árvores frutíferas.

Enfim, esse luau teria comida até não aguentarmos mais.

— Esse sanduba está com uma cara sensacional! Posso pegar um pedaço? — Ele tenta encostar no alimento.

— Nem pense em estragar minha obra de arte, seu Gabriel! — Dou um tapa em sua mão.

— Nossa, você é mais braba que a Samanta! — Ele comenta e eu dou risada.

— Você não sabe o quanto!

— Coitado do seu futuro marido! — Zomba e se afasta para falar com o pessoal do apoio, que já estava levando os pratos prontos para a área do evento.

Quando o último prato foi levado, eu já estava suando. Decidi subir e tomar um banho rápido. Avisei às meninas e o fiz. Entrei no quarto, separei um vestidinho florido soltinho, que ia até a altura do joelho, uma rasteirinha off white, acessórios pratas e o cabelo solto.

Saí do quarto com um grande sorriso brincando no rosto. Estava feliz da vida.

— Que belo sorrio! — Assusto-me ao ver Théo parado na entrada do prédio.

— Tenho motivos para tal. — Sorrio ainda mais.

— Fico feliz então! — Ele oferece uma mão e eu penso duas vezes antes de aceita-la.

Seria prudente?

Mas eu não tenho namorado...

O que eu faço, Senhor?

Mordo o lábio inferior. Ele percebe meu impasse e ergue as mãos.

— Força do hábito, doutora! Me perdoe, mas fui criado para ser um cavalheiro.

Dou risada de sua reação. Vou até ele, seguro sua mão o fazendo abrir seu famoso sorriso cheio de dentes.

— Vamos, Théo, creio que já estamos atrasados.

— A senhorita está! — Frisa a segunda palavra.

Chegando no lago solto a mão de Théo e dou alguns passos apressados afim de contemplar a belíssima arrumação.

— Isso ficou incrível! — Falo virando o rosto para o doutor — Olha essa decoração! Está lindíssima! O que achou?

— Está realmente muito bela! — Diz me encarando.

Sério, Théo? Por favor não me diga que Lara está certa!

Cruzo os braços e olho feio para ele.

— O que foi? — Questiona um pouco assustado com minha mudança de humor repentina.

— Por um acaso você direcionou um elogio a mim? — Às vezes não queria ser tão direta assim, mas é mais forte do que eu.

Ele arregala os olhos e começa a gaguejar.

— Tudo bem, já tenho minha resposta. Vamos! — Ele assente algumas vezes e me segue.

Finalizamos o percurso até o pessoal em silêncio. O som ambiente estava na altura certa, super agradável. Cumprimentei algumas pessoas do setor administrativo que tinha conhecido há pouco tempo. Dona Flora apareceu por lá, mas se retirou cedo demais devido o cansaço.

Sento-me ao lado de Lara que conversava animadamente com Caio. Théo se junta ao Vicente e os dois começam a conversar algum assunto de homem, que não enche meus olhos. Puxo Lídia e indico o novo casalzinho com a cabeça.

— Você acha...? — Ela pergunta abismada.

— Acho sim! Desde o primeiro momento! — Ficamos alguns minutos observando Caio e Lara, até que Lídia resolve soltar mais uma de suas pérolas.

— Já imaginou uma programação de casais? — Estava me preparando para rir, mas seu próximo comentário testou meu domínio próprio — Caio e Larinha, Vice e eu, Sam e Biel, Luiz e Alicia, você e Théo! Não seria demais?

— Demais é a sua imaginação! Por Deus, Lídia! Estou fora! Não quero voltar a me apaixonar nem tão cedo! — Arrependo-me assim que digo a última frase.

— Não acredito! — Ela se coloca em minha frente — Agatha Tavares já se apaixonou!

— Já! — Sussurro e tento mudar de assunto — Olha lá, o pastor já vai dar início ao luau.

— Então vamos nos sentar!

Queria segui-la, mas fazendo isso teria que me sentar ao lado do Théo, aí sim o lance dos casaizinhos ia se espalhar. Decido dar meia volta e me sentar ao lado de Lara.

Bem mais seguro!

>>>><<<<

Que comece a maratona UPUP!! 🤩😬 (Só não esqueçam de clicar na estrelinha 😜).

Mas vamos bater um papinho rápido... O que acham do doutor hein?? Já está começando a dar as caras 😂😂😂

Att.
NAP 😘

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