Capítulo 05

— Prometi que não iria chorar, mas é impossível, minha filha! — Recebo mais um abraço de minha progenitora. Suas lágrimas molhavam a manga direita do meu vestido de renda verde oliva.

— Mamãe, não esqueça que eu tenho 26 anos nesta linda cara! — Sussurro.

Estávamos em frente à igreja esperando nosso pastor chegar. Inicialmente meu pai iria me levar em seu carro até Minas, no entanto, o pastor Pedro precisava ir conosco para resolver algumas burocracias que estavam pendentes, então decidimos ir apenas o pastor e eu.

— E o que eu tenho com isso? Continuará sendo a minha menininha para sempre! — Segura-me pelos braços.

— E quando ela tiver os próprios filhos, tia Nanda? — Helena pergunta enxugando as lágrimas que rolavam pelo seu rosto vermelho.

Minha amiga sempre foi chorona, diferente de mim.

— Torno a repetir! Continuará sendo a minha menininha, só que agora com seus pequeninos! — Responde sonhadora.

— Não coloque coisas na cabeça da mamãe, Hel! Nem um namorado eu tenho para início de conversa. — Bufo pegando minhas malas de dentro do carro e colocando-as na calçada ao meu lado.

— Ainda, querida! — Dona Fernanda argumenta ajeitando a mochila em minhas costas.

— Ok! — Olho para os lados em busca do meu velho — Onde está o papai?

— Ah, querida, ele deve estar com o pastor Pedro em algum canto. — Responde despreocupada — Já deve estar voltando.

Aproximo-me de minha amiga e a abraço com força.

— Não esqueça de orar por mim! — Peço.

— Não terá um dia sequer que não orarei por você! Sou sua intercessora desde quando ainda usávamos fraudas, esqueceu? — Comenta fazendo graça.

— Eu amo o seu senso de humor, minha amiga! — Afasto-me um pouco.

— Eu sei disso, Águi!

— Está pronta, filha? — Viro-me ao ouvir a voz do pastor Pedro. Como minha mãe havia dito, papai estava ao seu lado.

— Mais do que pronta! — Respondo deixando a ansiedade e a animação transparecerem em minha voz.

— Ótimo! — O pastor pega uma de minhas bagagens e papai a outra — Vamos colocar essas malas em meu carro. Ainda teremos que passar em outra cidade para buscar mais um voluntário.

— Outro voluntário? — Pergunto.

— Sim! Acredito que você o conheça. Ele costumava participar dos acampamentos de verão e inverno. — Helena e eu nos entreolhamos.

Sinto meu coração acelerar e meu estomago revirar. Será?

— Hum... — Respondo fingindo desinteresse — Então acho melhor irmos logo.

— Vamos sim!

Despeço-me da minha família e amigos mais uma vez, recebendo de Helena um olhar esperançoso e ao mesmo tempo preocupado.

— Amo vocês! — Digo e logo sigo em direção ao HB20 — Pastor, estou me sentindo ansiosa! Não suporto estar assim! — Desabafo. Sem tirar os olhos da estrada, o senhor ao meu lado solta uma gargalhada.

— Dá para perceber a quilômetros, Águi! — Responde me fazendo bufar.

Vendo que não daria em nada puxar uma conversa com ele, decido ficar em silêncio e conversar com meu Papai. Ele sim me entenderia e ajudaria de alguma forma.

A viagem até a tal cidade levou aproximadamente três horas. Estava agitada e apreensiva.

— Chegamos! — Sinto o carro parar. Em seguida o pastor abre a porta e desce do veículo.

— Felipe! Quanto tempo, meu jovem! — Ele saúda alegremente o segundo voluntário.

— Felipe? — Sussurro tentando de dentro do carro reconhecer o homem alto e moreno que cumprimentava o pastor.

Após se afastarem, o homem enfia a cabeça pela janela do motorista e eu finalmente o reconheço.

— FELIPE SANTIAGO! — Grito saindo do carro rapidamente. Dou a volta no veículo e o abraço — Como é bom revê-lo, meu amigo!

— Digo o mesmo, pequena Águi! — Bagunça meus cabelos.

— Ei! — Dou um passo para trás ajeitando minha cabeleira ruiva — Não sou mais tão pequena assim, você que é alto demais! — Ele ri e concorda.

— Agora que já se cumprimentaram, vamos retomar a viagem, pois temos muito o que fazer e pouco tempo.

— Sim senhor, pastor Pedro! — Felipe responde, guiando-me para o veículo — Animada para o curso, Àgui?

— Animada é pouco! Até tive diarreia essa manhã. — Comento fazendo meus parceiros de viagem rirem — Estão rindo porque não foi com nenhum dos dois!

— Desculpe, minha filha! Mas fique tranquila, pois o Senhor já foi na frente e está no controle de tudo!

— Amém, eu creio! — Respondo e logo me perco observando a bela paisagem natural do lado de fora.

Relaxo sobre o assento macio abaixo de mim e fecho os olhos.

***

— Filha, acorde! Já chegamos. — Desperto com a voz do pastor Pedro.

Espreguiço no banco do carona e olho pela janela. Estávamos em um estacionamento de terra batida, com aproximadamente outros vinte carros ao nosso redor.

— Já é meio dia? — Questiono ao sair do veículo e perceber que sol estava forte acima de nós.

— Não, onze e trinta e seis. — Responde-me Felipe entregando minha mochila.

— Obrigada! — Agradeço colocando-a nas costas e pegando minhas malas.

Caminhamos até uma edificação de nível médio, com apenas um pavimento. Observo toda a paisagem ao nosso redor e fico encantada.

— Uau, que lugar incrível! É tanto verde... — Tenho certeza que meus olhos estão brilhando neste instante.

Sempre fui uma mulher apaixonada pela natureza, uma simples flor desabrochando me deixava sem fôlego, quanto mais uma vasta área verde coberta por um lindo céu azul. 

Entre as belas montanhas mineiras, encontra-se o Centro Evangélico de Missões. Composto por diversas edificações variando de um a cinco pavimentos. Entre as construções haviam inúmeras áreas livres, de descanso e circulação.

— Venham vocês dois, quero lhes apresentar algumas pessoas. — Assinto e sigo o pastor com Felipe em nosso encalço.

Entramos em uma das menores edificações do local. Olho para o homem atrás de mim, que me oferece um sorriso reconfortante com seus lindos e incríveis dentes brancos.

— Pastor Pedro, que bom finalmente te reencontrar! — Um homem alto de pele e baba extremamente brancas, aproxima-se de nós com os braços abertos.

— Pastor André! Como vai, meu velho amigo? — Cumprimenta meu pastor abraçando o alto homem.

— Bem melhor agora! — Olha para nós e abre ainda mais o sorriso, como se fosse possível — Estes devem ser, Agatha Tavares e Felipe Santiago!

— Exatamente! —  Seu amigo comenta com orgulho.

— Sejam muito bem-vindos! — Estende a mão para nós que o cumprimentamos imediatamente — Sigam-me, vou lhes apresentar o local.

O seguimos por um bom tempo. Conhecemos pessoas de todos os lugares do Brasil e até de outros países. Óbvio que eu não me recordaria dos nomes mencionados de imediato, minha memória era horrível demais para isso.

Ao finalizar o tour pelo centro, paramos em frente aos dormitórios.

— Por favor me esperem um minuto, já volto com seus companheiros de quarto. Eles os levarão para seus respectivos dormitórios. — Informa-nos para em seguida entrar em um dos prédios.

— E aí, o que achou? — Fito Felipe por um instante.

— Sinceramente? — Ergo a sobrancelha.

— Sinceramente! — Cruza os braços e sorri de lado.

— Eu amei! Amei demais, Lipe! Deus é tão maravilhoso e fiel! Não vejo a hora de começarmos as aulas e...

— Agatha Tavares? — Ouço uma voz masculina chamar o meu nome. Viramos para encarar o tal homem — Não acredito! É realmente você! Reconheceria sua voz a quilômetros! — Diz se aproximando, ainda incrédulo.

Observo-o estudando suas feições, afim de me recordar de tal jovem. Ele realmente não me era estranho, aparentava ter uns vinte anos, no máximo vinte e dois. Pele branca com sardas na área do nariz, olhos verdes e cabelo castanho claro.

— Vejo que não se recorda de mim... — Comenta abrindo um sorriso que faz o meu mundo girar, e por um instante preciso me apoiar em algo, ou melhor, em alguém.

Lipe me segura pelos ombros, ajudando-me a ficar de pé. Dou um passo lento em direção ao jovem e abro um pequeno sorriso.

— Caio... — Sussurro desacreditada.

— Que bom que se lembrou! Ficaria decepcionado se não o fizesse — Prontamente me toma em seus braços — Achei que nunca mais te veria, Águi!

— Ainda não estou acreditando que é você! — Afasto-me apenas para fita-lo — Está tão mudado! —Acaricio sua face — Um homem feito! — Sorrio o abraçando mais uma vez — Que saudades Caio!

— Digo o mesmo de você! Está ainda mais linda, maninha!

Um pigarreio nos faz virar.

— Caio, se lembra do Lipe? — Pergunto.

— Como poderia me esquecer? Ele foi meu professor da EBD por ano! — Os dois se cumprimentam com animação.

— E como está o seu irmão? Faz tempo que não vejo aquele cara de pau! — Felipe externiza a pergunta que martelava em minha mente desde o momento que o reconheci.

— Estou bem aqui, Santiago! — Congelo ao escutar aquela voz que por anos desejei ouvir.

>>>><<<<

Quem é o dono da voz hein?? 🤔 Aposto que ninguém sabe... 😂😜

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Att.
NAP 😘

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