Capítulo 04
— Preparada para a sua festa de despedida? — Hel pergunta animada enquanto subíamos as escadas do salão alugado por minha família para a tal festa.
— Super! — Comento sem animação.
— Deixa de ser chata, Agatha! A partir de amanhã você não estará mais com os seus amigos, sua família ou colegas de trabalho!
— VOCÊ CONVIDOU MEUS COLEGAS DE TRABALHO? — Grito assustada. Ela vira bruscamente e cobre minha boca com a mão.
— Fica tranquila, amiga! Foram só os mais íntimos. — Afasto-me de seu toque.
— Íntimos? Desde quando eu tenho amigos íntimos no trabalho, Helena?
— O doutor Pablo é um amigo íntimo! — Reviro os olhos — Quanto aos outro... Bom, parecem gostar de você! — Dá de ombros e começa a subir novamente. Bufo e a sigo.
— Não sei como o Ricardo aguenta tanta animação! — Reviro os olhos.
— Deixe o meu noivo fora disso, Águi!
Dito isto, ela dispara escada acima me deixando para trás. Contra minha vontade, forço-me a finalizar minha caminhada.
— Por favor, nada de surpresa! Por favor, nada de...
— SURPRESA! — Fecho os olhos ao escutar os gritos dos convidados assim que entro no salão. Respiro fundo e dou um pequeno sorriso, nada sincero.
Alguns segundos de silêncio se passaram até Hel se pronunciar.
— Você ao menos poderia fingir estar surpresa e feliz! — Sussurra a última palavra apenas para que eu ouvisse.
Levo as mãos à boca e arregalo os olhos, dando início à minha atuação.
— Nossa, que surpresa! Vocês são os melhores! — Ao perceber o olhar repreensivo vindo de minha mãe, não pude deixar de gargalhar.
— Pelo menos a risada foi sincera! — Ângelo comenta vindo me dar um abraço. Dou de ombros e começo a cumprimentar os convidados.
A decoração do salão era simples e aconchegante. Em uma das paredes tinha uma mesa lindamente decorada com um bolo enorme no centro. Para que esse bolo se não é o aniversário de ninguém? Penso comigo mesma. Para ser sincera nunca gostei de festas, mas não posso dizer o mesmo sobre a minha família e nem sobre minha melhor amiga.
As poucas mesas de madeira estavam espalhadas pelo salão de forma estratégica para que o fluxo de pessoas não fosse comprometido. Em cada mesa tinham cinco pessoas, exceto uma que havia um total de oito cabeças. A mesa onde a maioria dos meus amigos se encontravam.
Começo a me aproximar, mas logo estaco ao notar a presença de uma pessoa indesejada. Nossos olhos se encontraram por um momento, mas logo trato de desfazer o contato. Procuro Helena pelo salão e a encontro conversando com Ricardo. Sigo em sua direção a passos largos e firmes.
— O que ele está fazendo aqui? — Pergunto cruzando os braços. Ela parece se assustar com minha presença.
— Ele quem, mulher? — Passa o olho pelo salão e para bem na mesa abarrotada.
Puxo-a para longe de seu amado e murmuro.
— Não se faça de sonsa, Helena! Estou falando sobre o Hugo, o que ele faz aqui?
— Ué, ele é o nosso amigo, Águi! — Responde com um sorriso sínico.
— Ele é o seu amigo! — Toco em seu peito — Você, mais do que ninguém, sabe que não somos amigos ou algo do tipo.
— Que coisa feira! Não cuspa no prato que comeu! — Arregalo os olhos.
— Eu não comi em prato nenhum para poder cuspir! — Crispo meus olhos, já ficando irritada. Helena era a única que conseguia arrancar minha paciência.
— Relaxa, amiga! — Toca em meus ombros — Aproveite a festa e não seja grossa com ele! — Beija minha bochecha e se afasta rapidamente sem me dar a chance de rebater.
— Águi! — Reviro os olhos ao ouvir aquela voz atrás de mim.
— Oi, Hugo! — Respondo ainda de costas.
— Você está muito linda! — Ouvi-lo dizer tais palavras me enojava. Viro-me ficando frente a frente com ele.
— Como você é cara de pau! — Digo sem rodeios — O que faz aqui? Não é bem-vindo por mim!
— Calminha, querida! — Ergue as mãos — Eu vim em paz!
— Sei! O que quer?
— Você não tem jeito! — Bufa — Eu vim apenas lhe desejar boa sorte nessa nova etapa!
— Não preciso de sorte, Hugo! Só desejo que a mão do Senhor esteja sobre nós.
— Que seja! — Resmunga — Mas também vim pedir desculpas mais uma vez. Minha intenção nunca foi te magoar ou enganar.
Sou obrigada a rir em sua cara. Aproximo-me dele e ergo o queixo.
— Tarde demais, pois foi exatamente isso que você fez! Me pedir em namoro estando noivo de outra... — Balanço a cabeça lentamente em negação — Que coisa feia! Mas para ser sincera, — Toco seu ombro — Eu não fiquei magoada, sério! Afinal nunca gostei de você mesmo! — Ele fecha a cara para mim e eu lhe ofereço um sorriso doce, ou melhor, um falso sorriso doce — Apenas me senti enganada, e eu não gosto nadinha de ser enganada, principalmente por uma pessoa que eu pensava ser meu amigo!
— Eu já pedi desculpas, Águi!
— E eu já lhe perdoei, Hugo! Mas isso não significa que eu serei sua amiga! Desta forma — Olho a hora no meu celular — Você terá vinte minutos para sair desta festa. Acho que é tempo suficiente para se despedir dos outros e meter o pé daqui, não acha?
— Está falando sério? — Me olha com incredulidade.
— Muito sério! — Sorrio largamente — Agora, se você me der licença, preciso cumprimentar os meus convidados. Passar bem! — Deixo-o para trás e sigo o meu caminho.
— Não sei o que aconteceu entre você e o canalha do Hugo, mas gostei de ver a expressão irritada dele!
— É, eu também, irmãozinho! — Sento na cadeira ao lado dele e pego uma coxinha — Nossa, isso está maravilhoso! — Ângelo ri de mim.
— Gostando da festa, Águi? — Pergunta minha cunhada sentando ao lado do marido com minha sobrinha adormecida em seus braços.
— Para falar a verdade não! O que eu mais quero é chegar em casa e aproveitar o aconchego da minha caminha! — Enfio outra coxinha na boca.
— Infelizmente isso não será possível. Soube que Helena dormirá lá em casa. — Olho assustada para o meu irmão.
— Como assim?
— Ouvi alguma coisa sobre festa do pijama! — Diz desinteressado.
— Por Deus! Estou vendo que não conseguirei descansar antes da viagem... O que me resta é comer. — Digo pegando mais um salgadinho e me levantando da mesa.
A festa sessou por volta das vinte e duas horas. Como meu irmão tinha dito, Helana deixou o aconchego de seu lar para passar a noite comigo. Tentei convencê-la do contrário, mas foi em vão.
— Minhas queridas, irei descansar, e vocês deveriam fazer o mesmo, pois amanhã Águi partirá cedo para Minas. — Mamãe nos abraça e sobe para o seu quarto.
— Ela tem razão, vamos! — Puxo Hel pela mão.
— Se você acha que iremos dormir, Águi, está muito enganada! A noite é uma criança e temos muito o que conversar.
— Tudo bem! Só porque não nos veremos tão cedo! — Digo entrando em meu quarto e ela comemora atras de mim.
— Obrigada, amiga! — Me abraça — Sentirei sua falta, Águizinha!
Retribuo o abraço.
— Eu digo o mesmo, minha amiga! Amo você!
— Também te amo! — Ela se afasta e sorri como se estivesse prestes a aprontar algo — O que acha de fazermos a cabana?
— A nossa cabana? — Ergo a sobrancelha.
—Sim! A nossa cabana! — Exclama animada.
Corro para o closet e começo a tirar diversos lençóis de lá. Hel pega algumas almofadas e uma caixa transparente em uma das prateleiras.
— Não acredito que você ainda guarda esses piscas. — Comenta desembolando os fios.
— Eles ainda funcionam, querida! Por que jogaria fora?
Minha amiga dá de ombros e vem me ajudar. Em menos de vinte minutos nossa cabana está pronta e equipada com tudo o que precisaríamos.
— Está linda! — Admiro nossa obra.
— Como nos velhos tempos!
— Como nos velhos tempos! — Batemos nossas mãos em comemoração.
Apago a luz e corro para o emaranhado de lençóis. Helena me segue e juntas deitamos de barriga para cima observando os piscas em formato de estrelas no teto da cabana.
— Parece um lindo céu estrelado! — Sussurra a mulher ao meu lado.
— Sim! — Digo e automaticamente levo minha mão direita ao pescoço, mas não encontro nada.
— Sente falta dele, né? — Fecho os olhos e suspiro.
— Sinto!
— Ainda espera por ele? — Olho para minha amiga que apoia seu corpo nos cotovelos para conseguir me encarar.
— Nunca deixei de esperar! — Sussurro.
Ela me analisa atentamente e volta a deitar.
— Eu sempre gostei no Vicente! Ele sempre foi um jovem íntegro, verdadeiro, estudioso, um bom filho e irmão mais velho! Sem contar que sempre levou com seriedade as coisas de Deus! — Fica em silêncio por um tempo — Apenas gostaria de compreender o seu sumiço.
— Eu também, Hel! Muito mais do que você! — Volto a observar os piscas.
— O que exatamente te falaram sobre ele ter desaparecido?
— Não foi exatamente um sumiço! O pastor de sua antiga congregação disse que a família do Vicente precisou se mudar às pressas.
— Só isso? — Olha para mim — Tem certeza?
— Tenho! Não sei de mais nada! — Sento-me — Na época nenhum de nós tínhamos celulares ou algo do tipo. Ele por não ter condições financeiras, e eu por ser muito nova, de acordo com os meus pais. — Reviro os olhos.
— Você continua chateada com ele? — Senta-se de frente para mim.
— Hoje não mais, mas não sei qual seria a minha reação se o visse novamente. Ele tinha o meu endereço, poderia muito bem ter me procurado em algum momento de sua vida. Não veio porque não quis.
— Ou porque não pôde! — Segura minha mão — Já parou para pensar nisso?
— É claro que já! — Bufo.
— Se você vive arranjando pretextos para acusa-lo ou para continuar chateada com ele, por qual motivo ainda o espera, Agatha? — Pergunta com seriedade.
— Porque eu ainda o amo! Mesmo tentando esquecê-lo em todos esses anos. — Sinto os olhos marejarem, mas não permito que nenhuma lágrima role pelo meu rosto.
— Deixe-me orar por você, amiga! — Ofereço-lhe um sorriso e seguro suas mãos.
Depois de receber sua oração, passamos boa parte da noite conversando e rindo. À medida que o tempo ia avançando, percebia que sentiria muita falta da minha amiga maluquinha. Nossa amizade é de berço, e jamais ficamos tanto tempo afastadas uma da outra.
Após Helena cair no sono, levanto-me, abro a primeira gaveta da minha mesinha de cabeceira e avisto o objeto prateado. Pego-o delicadamente e vou para a janela. Pela primeira vez depois de muito tempo, olho para o céu e contemplo dezenas de estrelas brilhando na escuridão da noite.
"... quando a saudade bater, basta olhar para as estrelas, onde quer que eu esteja, estarei fazendo o mesmo e pensando em você! E por favor, espere por mim!"
Fecho os olhos e aperto o objeto em minhas mãos. Sem pensar duas vezes, desatarraxo o colar e o coloco em volta do pescoço. Sinto uma lágrima dançando por minha face. Fecho os olhos mais uma vez e seguro o pingente em formato de estrela com força.
— Eu continuo esperando por você! — Sussurro.
>>>><<<<
Heeeey, pessoal!! Onde estão as mulheres fortes e corajosas hein??? Hoje, dia 8 de março, é considerado o dia internacional da mulher!!! Então está querida escritora deseja a todas um FELIZ DIA ♥️
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada
Provérbios 31.30
Que sejamos sabias, tementes e virtuosas!!
Att.
NAP 😘
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