Marshall Aldrin:

Três meses depois...

A atmosfera estava carregada de tensão enquanto eu olhava para Daniel, cujo olhar expressava desespero enquanto nossos olhos se encontravam. No centro da sala, o tabuleiro de xadrez reluzia, suas peças de marfim e ébano aguardando nosso próximo movimento. Com um movimento decidido, eu rolei os dados e o olhar de Daniel se fixou no tabuleiro, onde minhas peças avançavam com determinação rumo à minha vitória.

Quando a jogada final foi feita, eu comemorei com entusiasmo, enquanto Daniel bufava de brincadeira, embora um sorriso brincasse em seus lábios. O tabuleiro testemunhava mais uma vitória minha, uma das muitas que acumulávamos ao longo dos meses.

Juliano, ao lado de Daniel, decidiu afogar suas derrotas no uísque, um erro que se revelaria desastroso. O líquido âmbar queimou sua garganta, deixando-o com uma expressão de dor. Depois de uma série de tosse, ele encheu o copo novamente, ignorando o óbvio desconforto.

Megan, a voz da razão entre nós, franziu a testa enquanto beliscava algumas pipocas.

— Por que você está fazendo isso? — Megan perguntou, sua voz tingida de preocupação. — Sua garganta ainda está doendo.

Juliano piscou os olhos inocentemente, um traço de teimosia em seu semblante.

— Eu sou teimoso por natureza — ele respondeu com um sorriso. — Estou apenas tentando fazer Marshall se sentir mal por ter me dado um soco na garganta.

Eu desviei o olhar para o tabuleiro, ponderando que, na verdade, ele tinha uma parcela de culpa naquela situação. Afinal, ele havia me surpreendido por trás e eu só estava me defendendo. Ter uma garganta irritada era um pequeno preço a pagar comparado a um braço quebrado.

Megan rapidamente interveio, estalando a língua em desaprovação.

— A culpa não é sua por aparecer atrás dele assim, Juliano. Vamos parar com o drama. — Megan disse.

Juliano deixou sua garrafa de cerveja no chão ao lado do sofá, revelando sua personalidade dramática. Ele podia ser irritante com seu drama constante, mas era parte intrínseca de sua personalidade, algo que eu havia aprendido a aceitar.

Daniel, entretanto, começou a brincar com a garrafinha de uísque, fazendo-a girar sobre o chão.

— Isso é tão injusto, Marshall sempre ganha — ele resmungou, mas sua expressão era brincalhona enquanto ele mandava um beijo em minha direção.

— Isso se chama sorte — eu respondi, com um sorriso divertido, provocando risos entre nós.

Nos últimos três meses, essa rotina de sair com Daniel, Megan e Juliano tinha se tornado uma espécie de refúgio em minha vida. Era a única parte que parecia normal em meio a um mundo oculto e complexo. Às vezes, eu pensava em revelar a verdade para eles, compartilhar o peso que carregava, mas logo me lembrava de que a ignorância sobre a parte sobrenatural do mundo era uma bênção.

Kelsey, minha melhor amiga, compartilhava da mesma perspectiva. Ela também não podia contar a verdade a Megan, que sempre estava disposta a ouvir nossas histórias sem reclamar.

Enquanto isso, a paixão entre Daniel e eu só crescia, e estávamos sempre ansiosos para estar juntos, mesmo enquanto ajudávamos David em sua busca para quebrar a maldição. Aart, o bruxo misterioso, mantinha sua pesquisa em sigilo, compartilhando informações apenas com David e o senhor vamps.

As tensões entre Aart e os sobrinhos continuavam a se intensificar, criando um clima pesado sempre que estavam próximos. Para resolver esse impasse, contávamos com a ajuda de Milo e outros bruxos que ele conhecia, todos trabalhando juntos em busca de uma solução.

Enquanto nossos esforços continuavam, a vida seguia um curso aparentemente normal e, às vezes, até um pouco tedioso. A voz de Megan me trouxe de volta à realidade, e eu percebi que já era quase meia-noite.

— Talvez seja melhor irmos embora — ela sugeriu, levantando-se e puxando Juliano consigo.

— Esta noite, eu vou acabar em estado lamentável. Não deveria ficar por perto. — Juliano disse fazendo uma declaração dramática.

Megan revirou os olhos e continuou comendo pipoca.

— Eu sou sua namorada, Juliano. Vou ficar com você até que você esteja tão bêbado que mal consegue andar. Vou te levar de volta para o seu apartamento, ver você vomitar por uma hora e, antes de ir, deixar a cafeteira preparada e uma aspirina ao lado do açucareiro. Isso, claro, se você não morrer de tanto beber. — Megan disse com um sorriso.

Eu ri da expressão de Juliano, que ficou em silêncio enquanto eles saíam pela porta. Então, me pus a arrumar a bagunça que tínhamos feito no meu apartamento, refletindo sobre a normalidade aparente de nossas vidas, que escondia o segredo sombrio que nos unia.

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Estava exausto quando sentei no sofá e olhei para Utily que dormia na sua cama em silêncio. Senti como se meu corpo estivesse afundando em si, os ossos fracos sob a carga de pele e músculos.

— O que está pensando? — Daniel perguntou se sentando ao meu lado. — Quer revelar a verdade para os seus amigos, não é isso?

— Eu sei que concordei em nunca falarmos nada disso para ninguém mais quando eu resolver virar vampiro terei que dar uma grande explicação do porque não estou envelhecendo mais. — Respondi e ele balançou a cabeça. — Só isso que estou pensando nos últimos dias, um hora terei que falar a verdade.

Ele me puxou para um abraço esfregando as minhas costas.

— Eu sei que é difícil esconder a verdade para as pessoas que se importam com você. Quando estiver decidido a contar tudo para eles vou estar ao seu lado tanto como namorado ou como seu ombro amigo caso queira chorar. — Daniel disse baixinho.

— Fico feliz de ter você comigo. — Falei e o mesmo beijou meus cabelos com delicadeza.

– Sempre vou ficar com você, meu amor é eterno — Daniel falou e me levou para a cama. — Agora, deve dormir um pouco.

— Antes disso, você precisa de sangue — Fale e vi o incomodo dele, imaginando suas presas latejando à medida que se alongavam.

Revelou os dentes e buscou meu pescoço. Suas presas se cravaram ali profundamente, Daniel tinha a garganta seca com a sede de sangue, ele me mordeu e senti os espasmos de uma inanição que chegava à minha alma, quando ele se afastou depois de conseguir a quantidade que necessitava.

Se afastou e rasgou seu pulso para que me curasse, tomei um pouco e esperei fazer efeito que aconteceu de imediato.

Daniel sorriu para mim, limpando sua boca e se jogou na cama me puxando para sua direção com mais força.

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No dia seguinte ficamos grande parte da manhã deitados na cama, então o celular dele apitou.

Resmungando pegou o celular e engasgou depois de ler a mensagem.

— O que houve? — perguntei me sentando na cama.

— Lilly, disse que tem duas crianças na nossa casa dizendo que são meus filhos. — Daniel disse e olhou para mim, acho que esperando que eu o xingasse. — Você sabe que isso é mentira, nunca fiz sexo sem camisinha a menos com alguém que não seja você.

Novamente olhei para ele calmamente, vendo ficar nervoso com essa situação.

— Primeiro se acalme e vamos ver essas crianças na sua casa — Falei indo até ele e colocando a mão no seu ombro.

— Como posso ficar tão calmo nesta situação em que dizem que sou pai de duas crianças, que surgiram do nada. — Falou.

— Camisinha não é muito confiável, pelo que lembro você é parte lobo e às vezes tem necessidade de acasalar e ter filhos. Lembra o que aconteceu quando quis acasalar comigo quase quebrou minha cama — Falei calmamente e apertei seu ombro. — Vamos ver o que está acontecendo.

Sorri tentando fazer com que ele ficasse calmo, então quando Suspirou desamparado pegou minha mão e sumimos do meu quarto para a sala de estar da sua casa.

Os outros estavam reunidos ali, no sofá tinha duas crianças. Uma jovem com pele clara e cabelo marrom no mangá onde a parte inferior está amarrada em uma trança. Seus olhos são escuros e analisava a todos no espaço até parar em cima de mim e de Daniel.

Ao lado um rapaz de pele clara e cabelos escuros, com uma mecha pendurada na frente de sua testa. Seus olhos escuros estavam demonstrando que ele estava envergonhado em estar ali.

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Até a próxima 😘