Capítulo Nove
Marshall aldrin:
Na madrugada seguinte, enquanto os primeiros raios de luz começavam a surgir no horizonte, senti uma sensação única de liberdade que há muito tempo não experimentava. Lilly havia me explicado que, quando alguém começa a treinar e se conecta verdadeiramente com seu corpo e armas, isso pode proporcionar uma sensação de liberdade como nenhuma outra.
Enquanto observava a faca reluzente em minha mão, refleti sobre como a simples sensação do peso e do equilíbrio dela me fazia sentir mais vivo do que nunca. Ao meu lado, a pulseira mágica se transformava em um arco, completo com suas flechas prontas para serem disparadas. Era uma sensação quase mágica ter essas habilidades sobrenaturais à minha disposição.
Na noite anterior, quando Lilly me conduziu até essas armas, a empolgação que eu sentia era inegável. Parecia que eu estava abraçando um novo aspecto de mim mesmo, uma faceta que estava escondida durante toda a minha vida até agora. O pensamento de que eu poderia me tornar alguém capaz de enfrentar os desafios do submundo com confiança e destemor era empolgante.
Enquanto saía de casa para encontrar Lilly naquela madrugada, meu coração estava leve, e um sorriso amplo adornava meu rosto. O mundo sobrenatural que antes me assustava e confundia agora se desdobrava à minha frente como um território a ser explorado. Era como se eu estivesse começando uma nova jornada, e a sensação de liberdade que essa ideia me proporcionava era simplesmente revigorante.
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Chegamos à casa de Lilly e seguimos diretamente para o jardim, onde encontramos apenas nós quatro: Lilly, seu pai, Ricky e Tedy. Os outros membros da família estavam ocupados com diversas tarefas na cidade, gostando de se misturar com os mundanos. Exceto por ontem, quando decidiram passar um tempo com seus namorados, eu não havia visto nenhum deles por perto, especialmente Daniel. Lilly me contou que Daniel era do tipo que se envolvia com qualquer pessoa sem pensar duas vezes e depois fazia com que todos esquecessem o ocorrido.
Toquei a pulseira mágica, fazendo com que o arco e a flecha aparecessem em minhas mãos. Eu estava pronto, olhando para Ricky, que exibia um sorriso cheio de presas, pronto para o combate.
— Só peguei leve com você da última vez por causa da ajuda ao meu irmão e porque meu namorado estava assistindo. — Ricky provocou enquanto mostrava suas garras. — Dessa vez, não vou deixar que me ataque tão facilmente.
Ricky avançou com as garras afiadas e um rosnado ameaçador, e eu preparei minhas armas. Mas, no final, a vitória foi minha. Venci em questão de segundos.
Derrotei Ricky em três competições consecutivas. Na verdade, eu já esperava esse resultado. Todas as vezes que lutamos até agora, saí vitorioso. Então, por que provocá-lo? Simplesmente porque queria punir aquele homem cheio de orgulho. Enquanto ele jazia derrotado no chão, amarrado pelas cordas encantadas das minhas flechas, olhei para ele com uma expressão de superioridade.
— Eu me pergunto o quão forte você ficaria depois de olhar para o seu rosto orgulhoso antes da nossa luta, mas agora nesta situação, minhas expectativas foram completas. Talvez você deva treinar um pouco mais? — Falei, estalando a língua.
Quando finalmente me afastei de Ricky, que me encarava com frustração, vi Lilly rindo escandalosamente.
— Eu vivi para ver alguém derrotar Ricky dessa forma várias vezes em um curto espaço de tempo. — Ela comentou, fazendo uma reverência teatral. — Marshall, você acaba de subir ainda mais no meu conceito.
Ri com seu comentário enquanto ela me mostrava a hora no celular.
— É melhor irmos. — Falei enquanto meu arco voltava à forma da pulseira de sempre e a faca se transformava novamente em um pequeno anel. — Até amanhã, Ricky.
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Meia hora depois, saímos da mansão dos vampiros, com Lilly cantarolando uma música pop animada que ecoava pelo interior do carro.
— Lilly, como você ativou o seu lado vampiro? — perguntei, demonstrando clara curiosidade.
Ela dirigiu o olhar para a estrada enquanto respondia:
— É simples. Pedi ao meu tio para parar o meu coração, e pronto, todos os meus irmãos passaram por isso em algum momento. Como já estávamos com o lado lobisomem ativado, foi relativamente fácil. — Ela falou, mantendo os olhos na estrada. — No começo, foi um desafio para mim, pois precisava me acostumar a equilibrar todas as minhas habilidades.
Refleti sobre como deve ter sido doloroso para eles nunca envelhecerem junto de amigos queridos. Mas, se não ativarem o lado vampiro, não estariam a salvo da maldição?
— A maldição está profundamente enraizada em nosso sangue e existência. Não há maneira de contorná-la. Mesmo sem o lado vampiro, ainda ficaríamos selvagens com o lado lobo. — Lilly explicou com firmeza. — Mas essa é a nossa vida há muito tempo, e já nos acostumamos com tudo isso.
Concordei com um aceno de cabeça, tentando entender a complexidade da vida dela e de sua família. Era uma existência única e repleta de desafios, que moldava cada um deles de maneira especial.
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Chegamos em frente ao meu prédio, onde algumas pessoas já começavam a sair para seus empregos ou escolas. À medida que o fluxo de pessoas aumentava, decidi me despedir de Lilly e entrei no edifício.
Assim que retornei ao meu apartamento, tomei um banho rápido e me arrumei para o trabalho. Com tudo pronto, saí em direção ao ponto de ônibus.
Ao chegar em frente à empresa, encontrei Juliano na recepção, com o semblante pálido e abatido. Ele me puxou para um abraço imediatamente.
— Estava muito preocupado com você. Ficar gripado e com diarreia por três dias... — Ele sussurrou, parecendo nervoso. — Eu acabei deixando escapar hoje de manhã quando meu avô me ligou e enviou uma mensagem.
Olhei para ele, peguei seu celular e li o conteúdo da mensagem. As mãos de Juliano estavam pálidas e frias, e ele não parecia mais o mesmo.
"Como só me contou isso hoje, meu garotinho está sofrendo de mau estar nos últimos dias e não se preocupar com seu bem-estar. Estou indo junto da mãe dele e do Tony para ver como está toda a situação."
— Marshall, ele parece furioso e profundamente magoado. — Juliano disse, tremendo visivelmente e com preocupação estampada em seu rosto. — Sua mãe está prestes a chegar como um falcão para proteger o filhote.
O Sr. Watterson era alguém temido por todos, e quando ele decidia algo, tornava-se ainda mais amedrontador. Minha mãe, por sua vez, estava triplamente preocupada, imaginando que eu estava à beira da morte, já que eu não havia lhe contado sobre minha doença.
— Não há como evitar isso. Você deixou escapar para as duas pessoas mais protetoras do mundo. — Tentei manter minha voz firme para acalmar Juliano, que parecia ter visto seu pior pesadelo se tornar realidade.
Pediram para ele ir para sua sala, e eu segui para o meu local de trabalho, onde uma pilha de tarefas me aguardava. Ao ligar meu computador, vi a quantidade de trabalho acumulado e não consegui evitar as lágrimas, mas respirei fundo e comecei a trabalhar no meu próprio ritmo.
No fim do dia, pedi minha comida e decidi ficar no escritório para não atrasar ainda mais as tarefas. Megan e Juliano ofereceram ajuda, mas recusei ambas as propostas, preferindo lidar com o trabalho sozinho.
Isso me fez permanecer na empresa até tarde da noite. Quando finalmente saí, fui recepcionado pelo calor sufocante do lado de fora, como se fosse uma barreira física entre mim e meu apartamento. Esperei no ponto de ônibus por um tempo, mas, cansado de esperar, decidi caminhar para casa.
Enquanto percorria o caminho, passei pelos marcos familiares da cidade. Aquela rua estava repleta de bares, clubes noturnos e até alguns estúdios de tatuagem. Os prédios comerciais estavam predominantemente vazios. Um assobio malicioso soou atrás de mim, e eu rolei os olhos, já exasperado.
Continuei caminhando, ciente de que os rapazes bêbados se aproximavam. Um deles, alto e seguro, segurou meu braço com força.
— Precisa de uma carona? Meu carro está bem ali. Que tal uma voltinha conosco? — Ele perguntou com um sorriso sugestivo, piscando para o amigo, como se esperasse que aquelas palavras fossem suficientes para me levar para a cama naquele instante.
O amigo dele riu e começou a se aproximar. Com um movimento rápido, virei nossos corpos, quebrando o braço do rapaz e pressionando uma faca contra seu pescoço. Em seguida, apontei para o outro rapaz, que arregalou os olhos e fugiu em disparada.
Um vulto surgiu por cima dele e o pegou pelo pescoço.
— Você não vai escapar tão facilmente. — Daniel disse ao rapaz, mostrando suas presas ameaçadoramente.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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