I'm hurt, but please, be happy.
🥀 unforgettable 🥀
O pôr do sol estava em seu auge no céu alaranjado. Jimin deixou um sorriso escapar ao se lembrar de quando seu cabelo já foi daquela mesma cor, escolha de Jeon Jeongguk, que amava observar o céu em momentos como aquele e bem, quem era ele para negar um pedido daquele formoso jovem?
Por mais que ele já tenha enxugado as palmas no jeans escuro de sua nova calça, as mãos continuavam suadas e geladas. O frescor da ventania que balançava as folhas das árvores não conseguia acalmar seu coração desesperado como sempre acontecia. Nada poderia acalmar-lhe porque o destino não poderia ser mudado, nunca.
Jamais havia pensado que passaria por algo assim, uma situação tão estúpida quanto as que eram retratadas em filmes clichês e livros românticos. Quando foi que passou a odiar os tão famosos casamentos arranjados? Para ele, era apenas questão de tempo. Mesmo que alguém se case com outra pessoa sem amor, em sua mente, o sentimento viria com a convivência. Mas como ele poderia continuar a pensar assim quando era apaixonado por Jeongguk e seus olhos grandes, tão inocentes e alegres que conseguiram amaldiçoar Jimin para todo o sempre com sua paixão. Como poderia continuar a pensar assim quando estava prestes a se casar com um outro alguém que não tinha o mesmo gosto dos lábios de seu garoto?
Park estava perdido, sentia sua garganta fechada, mantendo o choro dentro de seu âmago abatido, não podia chorar. Não podia e não iria. Deveria ser forte para contar a notícia a Jeongguk.
Os dois não eram um casal, bem longe disso, para variar. Eram amigos desde pequenos, as famílias ricas eram muito próximas e por coincidência os meninos foram matriculados na mesma escola quando crianças. Não se conheceram casualmente, mas sim de uma forma bem vergonhosa -- para Jeongguk --, já que o mais novo foi salvo por Jimin quando estava em apuros. As crianças da escola eram divididas meio a meio quando o assunto era Jeon Jungkook. Ou o achavam lindo demais e queriam dividir seus lanchinhos com ele em todos os intervalos, ou tinham raiva do garotinho por sua beleza e delicadeza em excesso.
Em um dia normal, enquanto brincava sozinho com suas pecinhas de Lego no jardim do colégio, Jeongguk levantou o rostinho pequeno e um pouco gordinho quando ouviu seu nome ser chamado por alguns colegas de sala.
- Ei, Jeongguk! - disse um dos garotos.
- Ah, oi... - O pequeno respondeu, tímido. - Querem brincar comigo? Minha mamãe comprou pra mim ontem a tarde, sabiam? Só não pode sujar porque ainda é novo. - explicou, usando o dedo indicador para afastar um gravetinho que grudou em sua boca de lábios pequenos que estavam cobertos por um gloss labial de melancia. Jeongguk adorava o gostinho e o cheirinho.
Aquela ação involuntária e tão afeminada aos olhos dos outros garotos fizeram eles queimarem em raiva. Jungkook não podia agir daquela maneira, ele não era mulher! Pensando nisso, eles se aproximaram mais, e um deles puxou o cabelo bonitinho de Jeongguk, fazendo o menino se levantar a força, com os olhos marejando.
- N-não pode segurar as pessoas assim. - Disse o moreno, passando a mãozinha pelos olhos. - Solta!
O garoto que o segurava negou com a cabeça, passando a observar os amigos que agora sujavam todo o Lego de Jeongguk na poça de lama ali perto.
- Não, não suja! Mamãe vai brigar comigo. - Jungkook chorou alto, sendo ignorado.
- Cale a boca, vão escutar você! - Foi repreendido. - Agora... - O garoto chato disse antes de levar a mão até a boca de Jeongguk e tirar todo o gloss que havia ali. - Pronto. Você não é garota pra usar batom, você é macho!
- Ei, solta ele! - Disse uma voz meio aguda, porém firme.
- Ih, chegou o tampinha valentão.
- É sério, se não soltarem ele eu vou contar tudo pra tia Jisoo. - Jimin bateu o pé no chão, assumindo uma pose assustadora demais para um garotinho de nove anos. Os meninos bufaram antes de passarem por Jeongguk e irem para longe dali.
Park se aproximou do menininho choroso e viu melhor seu rostinho vermelho enquanto esse olhava para os próprios dedos entrelaçados em frente ao seu corpo.
- Obrigado. - Sussurrou envergonhado.
- Tudo bem... Tá doendo? - Perguntou, apontando para os cabelos bagunçados do moreno.
- Um pouquinho.
- Eu posso tocar? - Perguntou Jimin, mordendo o lábio inferior. - Para fazer passar a dorzinha.
Jeongguk pensou um pouco antes de responder que sim. Não sabia se deveria confiar novamente em um garoto da terceira série, mas bem, como qualquer criança de 7 anos, não havia muita dificuldade em persuadi-lo.
Após alguns minutinhos com Jimin massageando o couro cabeludo do mais novo, este já se sentia melhor e havia parado de soluçar, o que era bom na visão de Jimin.
- Você não quer passar seu batom de novo? - Perguntou Jimin, curioso.
Jeongguk negou, com um bico nos lábios.
- Por que não? Você sempre usa.
- Porque é coisa de mulher. - Jeon respondeu, magoado. - Mamãe me disse que não tinha problema.
- Então não tem. - Jimin disse, indignado. - Se a sua mãe deixou então tudo bem. - Deu de ombros.
- Sério mesmo? - Jeongguk perguntou, levantando o rosto para o olhar.
- Claro. Quer que eu passe em você? - Indagou, animado.
Jeongguk sorriu alegremente e entregou-lhe o pequeno gloss de melancia depois de abrir com cuidado.
- Abre a boquinha... - Disse o mais velho, achando a coisa mais fofa quando Jeongguk o fez e os dentinhos salientes ficaram a mostra. Passou o batom com cuidado e respirou fundo só pra sentir o cheirinho. - Ya! Ficou bonito.
- Obrigado. - Agradeceu, as bochechas esquentando. - Eu preciso pegar meus brinquedinhos, mamãe vem me buscar daqui a pouco.
- Quer que eu te ajude a limpar seus brinquedos? - Jimin perguntou, querendo falar um pouco mais com o garotinho tímido.
- Você faria isso? - Os olhos grandes se arregalaram em expectativa.
- Claro que sim. - Riu. - Vamos logo, antes que a tia Jisoo apareça. - Disse o mais velho e se abaixou, começando a tirar as pecinhas de Lego da lama.
Jeongguk sorriu antes de dar um pulinho no lugar onde estava e se abaixou ao lado de Jimin, começando a tirar os brinquedinhos da lama também.
Naquele dia os nomes foram ditos e a amizade foi selada, e na mesma noite as famílias se reuniram para jantar, deixando claro para os garotos que, querendo ou não, eles iriam ficar juntos por muito tempo, mas eles queriam.
Depois daquele dia os garotos se tornaram próximos, melhores amigos, pois sempre estavam na casa um do outro por conta das famílias. Cresceram juntos, descobriram muitas coisas juntos, e se apaixonaram juntos quando, depois da atração, descobriram o amor.
Ainda que os olhares sensuais existissem, nenhum nunca tivera a coragem de sugerir darem um passo a mais na relação, mesmo depois do primeiro beijo que trocaram, não falaram nada, apenas se beijaram como se o mundo fosse acabar.
Nesse dia Jeongguk estava na casa de Jimin, sentado na cama de seu hyung enquanto assistia esse dedilhar o seu violão novo. O mais velho errava algumas notas, e Jeongguk dava-lhe alguma assistência vez ou outra, até que, cansado de apenas falar, se levantou e foi até seu melhor amigo, se ajoelhando em sua frente para então segurar-lhe com delicadeza as mãos, posicionando-as de maneira correta no braço do violão, mostrando em quais casas os dedos ficavam em determinada nota.
Entretido explicando para Jimin como tocar corretamente, se irritou quando percebeu que o garoto não estava fazendo o que dizia, então levantou o rosto na intenção de dar uma bronca no mais velho, se surpreendendo ao ver o quão próximo estava dele. Não havia se dado conta da respiração de Jimin batendo contra a lateral de seu rosto, nos cabelos levemente ondulados, e sequer deu atenção quando os dedos pequenos se apertaram com força demais em cima dos trastes do violão, mas agora soube o motivo desse nervosismo todo. Jimin não estava dando atenção ao violão desde que Jeongguk havia se ajoelhado em sua frente, sendo alvo de seus olhares desejosos e intrigados por ter uma criatura tão linda diante de seus olhos.
Os olhos não haviam se desgrudado desde que se conectaram, nem mesmo quando Jimin se inclinou e selou os lábios com o gostinho característico de melancia. Lábios e olhos em contato direto, nem mesmo a respiração lenta acompanhava o coração descompassado dentro do peito dos garotos que após quebrarem o selinho demorado, continuaram a se encarar.
Antes que Jeongguk pudesse dizer algo, Jimin colocou o violão calmamente ao lado da sua cadeira e se ajoelhou também, segurando o mais novo pelo maxilar antes de fechar seus olhos e procurar pelos lábios do moreno, chupando demoradamente a carne com gosto de gloss antes de, finalmente, unir os corpos em um beijo de verdade. As línguas se acariciavam, conheceram-se antes das mãos fazerem o mesmo, conhecendo o tronco alheio com um desespero disfarçado de calma, já que os movimentos eram calmos, mas a força das apalpadas não deixavam com que os garotos mentissem. Aquele momento foi tão esperado por ambos que quase não dava para controlar os hormônios.
Após o beijo se encerrar um clima estranho caiu sobre eles. A sensação de, pela primeira vez, não saberem como agir diante daquilo. O que fariam agora? Essa dúvida viveu por poucos segundos, já que quando os olhos tímidos de Jeongguk se encontraram aos confusos de Jimin, os corpos trataram de resolver aquilo por si só, unindo os garotos em um novo beijo, dessa vez as mãos mais contidas por conta do abraço apertado que compartilharam em meio ao ósculo, o cômodo silencioso sendo preenchido pelo barulhinho de estalos úmidos, deixando as paredes saberem o segredo que não sairia daquele mesmo cômodo.
Jimin se levantou do chão onde estava sentado, dissipou as memórias e tirou as folhas secas que grudaram em sua calça quando ouviu o chamado de sua mãe. Havia chegado a hora. Mal conseguia acalmar seu pobre coraçãozinho. Estendeu a mão para sua noiva, Park Chaeyoung, que sorriu tímida e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, agraciando os olhos de Jimin com aquela visão.
- Venha, filho, os Jeon já estão nos esperando. - Sua mãe saiu na frente, alegre, quase saltitando em seus sapatos caros. - Estou ansiosa demais!
O jovem casal ia logo atrás, não se conheciam o suficiente para manterem um diálogo confortável, Rosé até tentaria, mas seu noivo parecia tenso demais, então preferiu ficar em silêncio. Óbvio que não o amava, como todos suspeitavam, era um casamento arranjado, mas ela não poderia se sentir menos aliviada por ter um cavalheiro tão belo e educado ao seu lado, de agora para todo o sempre.
- Não fique nervoso, querido. - Ouviu seu pai dizer quando entrou no carro e se acomodou ao lado de sua noiva. - Eu também fiquei assim quando fui contar do meu noivado com a sua mãe para o meu melhor amigo, ele surtou, sabe? Mas foi passageiro, vai ser só um ciúme breve juntamente ao medo de perder o parceiro. Jeongguk irá entender.
Jeongguk não irá entender.
A mente traiçoeira de Jimin não descansava por um segundo sequer, inventando coisas horríveis sobre a reação de seu amado. A cada casa que se passava o nervosismo aumentava e era tanto que o garoto sequer percebeu que Chaeyoung havia juntado suas mãos, entrelaçando os dedos para que Jimin se acalmasse.
Pelo menos não se casaria com alguém interesseiro.
Ao notar o carro perder a velocidade para então estacionar, Park se adiantou em sair do mesmo e oferecer ajuda para que Rosé descesse também. Deu-lhe o braço para que a moça entrelaçasse ao seu, e então, embebido de ansiedade, caminhou até a porta onde os pais de Jeongguk já residiam.
- Olá, Jae-Kyung, como vai? Faz tempo desde que te vi... - Hye-Kyo, mãe de Jeongguk, disse. - Woah, Sung Hoon, está mais bonito desde a última vez.
- Querida, pare com isso e deixe eles entrarem, aliás - Oh! Jimin-ah, essa é a sua noiva? - Senhor Jeon perguntou.
Jimin levantou a cabeça pela primeira vez, abrindo um sorriso ao ver os olhos carinhosos sobre si e então assentiu, dando alguns passos até que estivesse em frente a eles.
- Boa noite, Joong-Ki hyung, e sim... Essa é Park Chaeyoung, minha noiva. - Apresentou-lhes. - Rosé, este é Jeon Joong-Ki, pai do Jeonggukie.
- Oh, muito prazer, senhor e senhora Jeon. - Ela disse, educada. - Ouvi falar muito bem de vocês, principalmente de Jungkook, estou ansiosa para conhecer o melhor amigo do meu noivo.
- Olhe só que gracinha, Jae-Kyung, quem me dera o Jeongguk arrumasse uma noiva assim, tão bela e educada. - Hye-Kyo choramingou, acariciando o braço forte do marido que apenas negou com a cabeça, sorrindo.
- Deixe disso, Hye-Kyo, tenho certeza de que Jungkook tem capacidade para conseguir uma pretendente perfeita. - Sung Hoon se pronunciou, fazendo a cabeça do filho doer.
O quão egoísta Jimin estava sendo por não querer que Jeongguk chame ninguém de seu, quando ele mesmo irá fazer aquilo em alguns meses?
Após mais algumas palavras, os Park foram convidados a entrar e assim fizeram, acomodando-se nos sofás da enorme sala de estar. Jeongguk ainda não estava ali.
O clima não estava pesado, Jimin havia até mesmo se esquecido da situação por um momento, porque seus pais tratavam de sempre incluir os noivos nas conversas em que eles entravam, parecendo perceber seu nervosismo.
- Jimin está nervoso assim porque está com medo de contar para o Jungkook sobre o noivado, acha que ele irá ficar chateado. - Jae-Kyung anunciou, fazendo-o encolher no estofado.
- Jeongguk não se aborrecerá, Jimin-ah, não se preocu- - Senhora Jeon começou a dizer, sendo interrompida pela voz que Jimin mais amava no mundo, mas, neste exato momento, temia.
- Não ficarei aborrecido com o quê? - Perguntou o amor de sua vida após entrar pela porta, carregando algumas flores exóticas. Park soube naquele momento que Jeongguk havia estado no jardim, cuidando das flores.
- Oh! Jeongguk-ssi! - Jae-Kyung disparou animada, e então lá se foi mais uma rodada de abraços e de perguntas como: E as namoradinhas? Como vai a vida? Woah, Jeongguk, andou fazendo academia?
Tão rodeado de atenção, mas não conseguia desviar os olhos dos dedos de Jimin entrelaçados de maneira tão íntima aos daquela moça formosa, de uma maneira que nunca havia feito consigo. Era assim que Jungkook se encontrava.
- Jimin-ssi, quem é essa moça? - Perguntou Jeon, não se importando com as belas palavras que deveria ter usado ao se dirigir até eles e, talvez, cumprimentá-los.
Os mais velhos suspiraram e, quando de Jimin não saiu nenhuma resposta, Joong-Ki tomou as rédeas.
- É a noiva do Jimin, querido. - Disse, percebendo quando os olhos de Jeongguk se arregalaram minimamente, até mesmo a maneira na qual ele apertou as mãos em torno do caule das flores que o filho tratava com tanto carinho.
- Meu bem, não irá parabenizá-los? - Hye-Kyo interviu, pegando as flores das mãos do filho.
Jeongguk assentiu, caminhando até o sofá onde o melhor amigo e sua noiva haviam se sentado, observando atentamente quando eles se levantaram.
É, ela era linda. Jeongguk não sabia o que dizer ao olhar para a moça tão bela em sua frente, sentindo os olhos arderem por perceber que alguém naquele nível havia tomado o lugar que nunca foi seu.
- Muito prazer, Jungkook, sou Park Chaeyoung, mas pode me chamar de... uh... - A garota começou simpática, mas se sentiu intimidada pela maneira na qual Jeongguk não dava a mínima para o que falava.
- Rosé. - A voz firme de Jimin invadiu o cômodo. - Essa é Park Chaeyoung, Jungkook-ah, minha noiva. Mas se quiser pode chamá-la de Rosé. - Terminou, tendo a atenção de Jeongguk sobre si, este que apenas assentiu.
- O prazer em conhecer-lhe é todo meu, Chaeyoung. - O moreno começou, educado, quase tímido após perceber sua falta de educação. - Me desculpe, eu só...
- Tudo bem, eu entendo, também fui pega de surpresa com o noivado, imagine só você. - A garota se pronunciou, soltando uma risadinha.
- Sua noiva é uma bela mulher, Jimin. - Disse Jeongguk, olhando-o. - Parabéns, hyung.
- Obrigado, Jeongguk-ah. - E foi a última palavra que trocaram naquele momento, juntamente aos olhares que Jungkook se negou a estabelecer quando sentou-se ao lado de seus pais, ainda abatido pela notícia.
Estava realmente feliz pelo amigo, sabia também que os beijos que trocavam não iriam significar muita coisa quando o assunto fosse relacionamento sério. Nunca ficariam juntos, Jeongguk havia perdido Jimin por não saber amá-lo da maneira correta.
- Então nós já vamos, Hye-Kyo. - Jae-Kyung se levantou do sofá, ajeitando a saia lápis. - Não queremos atrapalhar o jantar de vocês, não é mesmo?
- Não atrapalharam nada, nossa reserva no restaurante é só para daqui á três horas. - Senhor Park explicou, se levantando também.
Todos caminharam até a porta e perceberam quando Jimin não se levantou para segui-los, ainda olhando para Jeongguk que encarava seus próprios pés.
- Tudo bem. - Chaeyoung interrompeu quando sua sogra iria chamar o filho. - Acho que eles precisam conversar um pouco, vocês podem me deixar em casa, certo? Já estou com sono.
Ela e Jimin não tinham um relacionamento amoroso findado. Quem era ela para sentir ciúmes e exigir que Park estivesse ao seu lado o tempo todo? Ainda não haviam se casado, não houve pedido de noivado, a relação era apenas um status até então. Sabia que, se Jimin tivesse alguém, não se envolveria mais com essa pessoa após o casamento, porque o loiro tinha boa índole. Era diferente das outras prometidas da cidade, que eram ciumentas e interesseiras. Claro que, o que é seu é seu, mas Jimin não havia se entregado para si até então.
- Certo, querida. - Jae-Kyung sorriu, surpresa. - Então já vamos indo, boa noite.
- Boa noite. - Os Jeon acenaram, observando-os irem embora.
Quando voltaram para dentro da residência perceberam que os garotos continuavam da mesma maneira. Suspiraram e subiram as escadas, colocando o buquê de flores em um vaso vazio qualquer pelo caminho, virando o corredor do lado direito para irem até o seu quarto, que era relativamente longe do de seu filho.
Após algum tempo Jeongguk foi quem se levantou, ajeitando o pequeno lenço amarrado em seu pulso antes de passar a subir as escadas. Jimin sabia que precisava segui-lo, precisavam conversar, mas não pôde deixar de sorrir ao notar que os lenços e o gloss sabor melancia eram, sem sombra de dúvidas, algo que, em qualquer lugar que fossem vistos, lembrariam o seu amado. Eram a marca registrada de Jeon Jeongguk.
Levantou-se também, olhando para os lados antes de roubar uma rosa branca do enorme buquê na mesinha de centro, achando que talvez com um agrado, a pequena ferinha lhe perdoasse mais rápido. Respirou fundo antes de subir as escadas, seguindo o corredor esquerdo que tanto conhecia. Ao chegar no quarto, viu Jungkook desamarrar o nó suave de seu lenço e retirá-lo de seu pulso, deixando-o ao lado de sua cama, antes de virar-se para Jimin.
- Jeongguk, é pra você. - Estendeu a mão com a rosa, e assim que Jungkook segurou a mesma pelo caule, percebeu que estava gelado.
Em sua casa, sua única ordem era que tivesse uma única pessoa para cuidar das flores que já foram colhidas, colocando e trocando o gelo dos vasos várias vezes por dia, já que assim elas viveriam mais tempo.
- Roubou novamente daqui de casa? - Perguntou o mais novo, levando a rosa até o nariz para sentir o cheiro característico. Jimin quis congelar aquele momento e tirar uma foto.
Jeongguk estava com sua calça jeans clara, descalço por ter ido em seu jardim e um moletom rosa claro cobria o tronco bem desenhado, tudo combinando muito bem com o tom rosado das bochechas e o cabelo enroladinho. Estava tão lindo, Jimin estava perdendo o ar.
- Claro que não, eu comprei. - Respondeu, acariciando seu próprio pescoço.
Viu quando o moreno abriu um sorriso desacreditado. Jimin sabia que Jeongguk sabia que a rosa foi roubada de sua casa, isso acontecia sempre que Jimin fazia merda e queria ser perdoado.
Jimin se aproximou mais do amigo, segurando a mão dele enquanto a flor era segurada pelos dedos suaves e esguios do moreno.
- Desde quando? - A pergunta foi feita de maneira aleatória, até mesmo Jeongguk continuava encarando a flor como se a pergunta não significasse muita coisa. Mas tudo o que era dito entre eles significava algo.
- Duas semanas. - Jimin respondeu, acariciando a mão de seu amado. - Fazem duas semanas que meus pais a apresentaram como minha noiva.
- Ela é tão linda. - Jeon disse, divagando em seus pensamentos. - Tão educada, Jimin, é a mulher que eu sempre soube que você teria, sabia? - Quando Jeongguk levantou o rosto, Park conseguiu ver o lábio inferior dele tremer. - E você também é tão lindo, eu queria tanto que fosse meu, queria que tudo em você, sobre você, e de você, fosse meu.
Jimin sentiu seu mundo desabar ali mesmo. Nunca havia ouvido coisas assim vindas de Jeongguk, nunca nem mesmo disse algo assim em todos os anos de amizade que eles tinham. Mas agora era diferente, era tão diferente, Jimin e Jungkook estavam deixando de existir, tanto a relação de amor quanto a de amizade, e não porque eles queriam, mas sim porque não conseguiriam seguir lado a lado sem juntarem as mãos como um casal. Como um casal que eles queriam ser e não eram. Jimin e Jungkook acabava ali, daquele dia para o sempre.
- Eu amo você. - Jimin sussurrou, fechando os olhos quando a primeira lágrima escorreu por sua bochecha, mostrando todo o desespero que sentia apenas por pensar em deixar Jeongguk voar para longe de seus braços. - Eu amo tanto você, eu sou seu, para sempre seu. - Continuou.
- Eu sempre fui todo seu, Park Jimin, mesmo quando eu não pude ser, sempre te amei, mesmo quando não quis amar. - Jeongguk disse, a timidez o impedindo de falar tão alto quanto queria. - Sempre te desejei, mesmo sendo tão sujo... Quis ser único e totalmente seu, mesmo não podendo.
Jimin suspirou afetado, levando uma de suas mãos até a cintura de Jungkook, perdendo o fôlego ao perceber o quão definido aquele corpo era, a curva que a cintura fina fazia era o suficiente para fazer Park se apaixonar por Jeongguk de maneira carnal.
- Você é lindo. - Assegurou, acariciando a ponta do nariz de Jeongguk com o seu. - O mais lindo do mundo, é o meu homem... - Deixou um selinho nos lábios trêmulos que tanto amava, não se surpreendendo por sentir ali a textura do gloss tão tradicional em sua vida. - Só meu.
Jeon assentiu, se inclinando para beijar mais uma vez os lábios de seu amado, segurando-o pela camisa social quando este ameaçou se afastar, talvez para ir embora. Jeongguk não permitiria que aquilo acontecesse.
- O que você quer? - Jimin perguntou, tentando manter o restante de seu autocontrole quando percebeu as intenções de Jungkook naquele quarto, para aquela noite.
- Eu quero que tire minha roupa. - O moreno pediu, a voz sôfrega.
- Anjo, e-eu... - Jimin começou, perdido.
- Quero que meu amado dispa-me peça por peça e depois deixe-me fazer o mesmo consigo. - Jungkook deu a ordem, já choroso. - É o que eu quero.
Jimin nunca conseguiria negar aquilo, não negaria nada a Jeongguk, nem se quisesse.
Segurou a rosa branca, tomando-a das mãos do mais novo e a colocou sobre um dos travesseiros na enorme cama de casal, antes de voltar-se para o garoto tímido em sua frente, mas que estava tão decidido do que queria naquele momento. Se ajoelhou em frente a Jeongguk, abrindo o botão e o zíper de sua calça antes de descer a mesma pelas pernas torneadas que sempre prenderam toda a sua atenção. Quando a peça havia sido descartada, Jimin suspirou em deleite por poder apreciar a pele tão perfeita de seu homem.
- Você é tão... - Perdeu as palavras, encantado.
Se inclinou e beijou as coxas definidas de Jeongguk, deixando pequenas mordidas e marcas pelo caminho, sem conseguir se segurar.
- Ah, Ji... - Suspirou o mais novo, acariciando o cabelo loiro e recém cortado de Jimin. Achou que aquele corte havia deixado ele tão... másculo, tão atraente.
Park não perdeu tempo até segurar a barra do moletom de Jeon e o deixar cair ao lado de seus pés, logo após ser retirado. Gastou alguns segundos olhando para o corpo semi despido antes de começar a tocar, segurando a cintura com mais propriedade antes de deixar pequenos beijos pelo ombro alheio, sentindo a pele se arrepiar quando a língua entrou em contato com o pescoço imaculado e com o cheiro das flores que haviam no jardim.
- Eu vou te fazer sentir-se tão bem... - Jimin sussurrou contra a pequena orelha depois de soltar o lóbulo entre os dentes. - Vou te fazer não querer estar com ninguém além de mim, porque ninguém irá amar-lhe como eu amarei.
Jungkook estremeceu por inteiro, levando novamente as mãos geladas para o tronco forte de Jimin, começando a desabotoar a camisa, botão por botão, tentando não se distrair com a língua atrevida fazendo-lhe gemer baixo e a cueca apertar cada vez mais. Quando a camisa foi totalmente aberta, Jimin teve que se afastar para deixar Jeongguk retirar a camisa, matando a sua vontade de ver aquilo que tanto fantasiou.
- Tão forte. - Sussurrou o mais novo, os lábios secos pela respiração acelerada de quando se ajoelhou diante Jimin, desamarrando o cadarço dos sapatos sociais, antes de tirá-los juntamente as meias.
Acariciou os pés do mais velho, querendo sentir cada pedaço de pele antes de começar a desabotoar a calça, suas mãos deixavam o processo mais lento por estarem trêmulas e quando a calça foi finalmente retirada, Jeongguk prendeu a respiração ao ver o volume dentro da cueca do homem à sua frente. Aproximou o rosto e sentiu o cheiro tão característico do sexo masculino, sentindo-se mais atraído.
- Vem aqui... - O mais velho chamou, sentando-se na beirada da cama. Quando Jeongguk se sentou em seu colo, se apressou em enlaçar a cintura bonita e colocar a língua para fora, lambendo um dos mamilos moreninhos que o garoto em seu colo possuía.
- Hyung... - A voz entrecortada de Jeongguk ressoou pelo cômodo, sem volume. Seus mamilos eram tão sensíveis e Jimin parecia adorar abusar daquela área. - Hmm... é tão bom.
Jimin sorriu, cobrindo aquele pequeno pontinho excitado com os lábios antes de sugar para dentro da boca, chupando com tanta vontade que foi presenteado com o primeiro puxão de cabelo da noite.
- Você gosta? - Indagou, mordendo um dos mamilos apenas para ver a reação majestosa da coluna se arqueando em sua direção, procurando mais contato.
- Gosto. - Respondeu Jeongguk, segurando os ombros de Jimin antes de ondular o quadril em sua direção, se esfregando na ereção que já estava bastante evidente na cueca do loiro. - Ah... - Repetiu o movimento, ouvindo o gemido rouco de Jimin em aprovação a aquilo.
- Isso... - Park incentivou o mais novo a continuar com aquilo, deitando a testa em seu ombro. - Assim mesmo, meu bem.
Gemidos baixos eram trocados no quarto, quase como segredos sussurrados ao ar, até que Jimin os virasse na cama, deitando Jeongguk no travesseiro ao lado de onde estava a rosa branca, prestes a testemunhar a noite de amor mais linda que o mundo já teve o prazer de receber.
Terminaram de se despir, apreciando o corpo um do outro enquanto se tocavam, matando uma saudade que sabiam que ia existir assim que aquilo tudo acabasse. Jimin abaixou o seu corpo, beijando a barriga de seu anjo, descendo cada vez mais até que pudesse sentir o pênis de Jungkook em seus lábios, fazendo-o provar de um prazer quase inigualável. Os gemidos de Jeongguk eram lindos, soavam rouquinhos e manhosos aos seus ouvidos, tão agradáveis que Jimin sentia que poderia ouvi-los para sempre.
- A-ah, hyung... Isso. - Mais gemidos preenchiam o quarto silencioso. - Jimin, oh, eu vou gozar. - Avisou enquanto apertava o lençol fino da cama entre os dedos. - Hmm, e-eu vou gozar.
Jimin deixou de chupar Jungkook ao ouvir o aviso desesperado, voltando a se apoiar em um dos braços para beijar a boquinha tão pequena que tanto amava.
- Eu preciso preparar você, uh? - Disse, beijando a testa do moreno. - Onde tem camisinha e lubrificante, meu bem?
Jeongguk apontou para a segunda gaveta da cômoda ao lado de sua cama, envergonhado quando Jimin riu baixo e mordeu uma de suas bochechas, antes de pegar um pacote de preservativo e a embalagem ainda lacrada de lubrificante. Park se sentiu aliviado por saber que ainda não havia sido usado. Seria o primeiro de Jeongguk.
- Vai ser melhor se você ficar de quatro, amor. - Sussurrou, mal contendo seu desejo para ver seu anjo em uma posição tão suja.
Quando Jeongguk assentiu, Jimin se afastou e deixou com que o moreno fizesse o que lhe foi dito, então colocou um travesseiro abaixo do quadril do mesmo, o deixando mais confortável.
- Jeongguk... - Gemeu no ar após analisar a posição em que o moreno se encontrava, tão exposto e fragilizado sobre as suas mãos. - Você é lindo em todos os lugares.
Jungkook fechou os olhos com força pela vergonha e negou com a cabeça.
- Não diga coisas assim. - Repreendeu o mais velho que não deu muita atenção para suas palavras, olhando para seu corpo tão bonito.
Jimin segurou ambas as nádegas e as afastou, ofegante com a visão.
- Meu Deus. - Sussurrou, um pouquinho de perversão podendo ser identificado em sua voz.
Beijou as nádegas com carinho, sem deixar marcas porque sabia que a pele de Jungkook era extremamente sensível para isso, então molhou três de seus dedos com o lubrificante e colocou um por um dentro de seu garoto, mexendo cuidadosamente até que ele passasse a gemer de prazer, pedindo cada vez mais, pedindo tudo o que Jimin lhe daria.
- Por favor, por favor... - Implorou Jeongguk, desesperado. - Eu preciso, hyung, preciso muito de você.
Aquilo era o suficiente, Jimin queria atender a todos os pedidos de Jungkook, queria que se lembrasse para sempre de sua primeira vez, queria que se sentisse amado e no controle, queria tudo com Jeon.
- Vire-se de frente para mim, uh? - Sugeriu, ajudando o moreno a fazê-lo. - Isso. - Beijou os lábios vermelhinhos e grunhiu ao sentir a mão de Jungkook acariciar seu membro já tão duro e dolorido. - Ah, Jeongguk, você é tão bom.
- Sou? - Perguntou o moreno, beijando o pescoço de Jimin enquanto ainda masturbava toda a extensão de maneira indecente. - Sou melhor que todos?
- É o melhor de todos, amor. - Jimin respondeu, suspirando contra os lábios finos enquanto ajeitava sua glande na entrada de Jeongguk, forçando um pouco para que entre.
- O-oh... E você me ama? - Perguntou baixo, apertando os fios de cabelo do mais velho entre seus dedos.
- Eu te amo mais que tudo. - Respondeu, entrando aos poucos dentro de Jungkook, que deixava os gemidos escaparem sem a mínima relutância.
- Eu também, eu te amo tanto. - Respondeu, chorando enquanto abraçava Jimin. - Você é meu agora.
Jimin tentou não chorar junto, os corpos totalmente conectados enquanto esperava Jungkook se acalmar.
- Eu sou seu. - Respondeu. - Não só agora. - Corrigiu, entrelaçando uma de suas mãos junto a de Jeongguk, usando a outra para se apoiar na cama, antes de dar a primeira estocada.
O gemido sôfrego de Jeon foi ouvido, seguido de vários outros, a garganta tão incansável quanto o quadril de Jimin, que ia e vinha cada vez mais rápido, da maneira que Jungkook queria.
- Isso, ah, devagar, eu quero mais lento... - Pediu Jeongguk, não querendo que acabasse nunca o que estavam tendo.
Era tão gostoso, todo o seu corpo reagia ao estímulo de uma única parte de seu corpo, todos os "eu te amo" sussurrados ao pé de sua orelha jamais seriam esquecidos. Estava entregando seu corpo pela primeira vez para o homem que já era dono de seu coração, não conseguia controlar as suas emoções diante daquele momento que seria o primeiro e o último. Não queria que acabasse, porque não iria mais acontecer, nunca mais.
Os corpos movendo juntos, fazendo amor de uma maneira inexplicavelmente intensa, tão lento que a flor que foi colocada no travesseiro logo ao lado do casal nem se movimentava com as estocadas. Era suave, era como Jungkook e Jimin mereciam, era um Olá para as carnes que estavam se conhecendo e um Adeus para os corações que se pertenciam, mas nunca seriam um do outro.
Quando o ápice de Jungkook chegou, o gemido não foi escutado porque o choro desesperado cobriu qualquer som presente ali, seguido de Jimin que apenas abraçou o corpo indefeso do moreno naquele momento, sem prazer, sem nada que não fosse a dor de dois corações quebrados e que nunca mais poderiam se consertar novamente, porque um pertencia ao outro, e separados eles não eram nada.
Quando Jungkook se acalmou, ele retribuiu ao abraço de Jimin com todo o carinho que existia em si, beijando-lhe a pele suada dos ombros largos, despedindo-se de seu eterno homem.
- Eu amo você. - A jura de amor foi sussurrada.
- Eu te amo mais. - Jimin disse antes beijar mais uma vez os lábios saborosos, a última vez.
Os minutos foram passando de maneira lenta, como um presente da vida para os garotos que pareciam ter todo o tempo do mundo para ficarem juntos. Quando Jungkook adormeceu, Jimin o limpou da sujeira do sexo e o vestiu com a roupa íntima. Deixou um beijo na rosa roubada que havia testemunhado todo o amor que Jimin um dia teve para oferecer, e então saiu do quarto.
Mas não antes de pegar para si o lenço que Jeongguk usava amarrado em seu pulso. Queria ter algo material dele para levar consigo, porque seu coração irá para sempre pertencer ao moreno de olhos grandes e lábios finos. Seria de Jeongguk para todo o sempre, mesmo que este ache que seja impossível.
🥀 unforgettable 🥀
Alguns dias depois Jimin e Jungkook voltaram a se encontrar. Houve uma festa na casa do prefeito da cidade onde ambas as famílias compareceram, pois além de serem amigos íntimos da família dele, eram donos das maiores quantias de doações da cidade.
Jimin estava com sua prometida, os trajes de gala se destacavam por tamanha elegância, além de que os noivos não eram modestos em beleza. Jungkook quis morrer quando os viu entrar no enorme salão, os braços entrelaçados e sorrisos brilhantes nos rostos. Rosé tinha o seu lindo vestido azul turquesa, algumas pedras de diamante enfeitando o decote discreto. Jimin trajava um terno incompleto, apenas os sapatos, a calça, e a camisa azul clara social, que tinha dois botões abertos, expondo um pouco do peito forte que Jungkook se lembrava bem, além das mangas dobradas até o cotovelo, dando-lhe um ar charmoso. Inferno, Jeongguk sentia tanta inveja.
Inveja da mulher que podia se apoiar naqueles braços fortes, inveja da maneira como eles conquistavam olhares por onde passavam, inveja das marcas suaves dos dedos que a mesma carregava na cintura, coisa que Jeongguk só conseguia ver porque perdeu muito tempo procurando indícios de que eles haviam transado, e não gostou nem um pouco da resposta recebida. Ele fez amor com ela como fez consigo? Ele mordeu a orelha dela com tanto desejo ou até mesmo disse que ela era bonita em suas partes íntimas? Ele despiu-lhe lentamente enquanto compartilhava com ela olhares amorosos? Ele se lembrou da noite que teve consigo enquanto fazia ela sentir prazer? Eram perguntas que Jungkook não queria ter as respostas.
Jimin, por sua vez, perdeu mais de quarenta segundos encarando Jungkook de volta. Sua calça preta social caindo-lhe perfeitamente no quadril, a camisa social que estava arregaçada até metade do antebraço, a única diferença de um traje tradicional era a blusa segunda pele preta que cobria todo o seu pescoço. Era charmoso de um jeito tão discreto.
Naquele dia Jimin percebeu que o moreno não usava nenhum lenço, em seus lábios havia a ausência do gloss tradicional, e nem mesmo pôde ver os dentes de coelhinho do garoto, porque este não sorriu, nem mesmo se levantou para dançar quando os casais se reuniram na pista, mesmo que ele fosse a pessoa mais cortejada da festa. Simplesmente não era o seu Jeongguk ali e nada doeu mais do que aquilo.
Uma dor que foi também uma das piores foi a de receber a notícia de que Jungkook havia tido uma crise de choro ao perceber que a rosa branca que ficava em seu quarto havia morrido. As palavras que senhora Jeon dizia, explicando o acontecimento, bateram contra Jimin com violência quando se lembrou da flor que testemunhou sua noite de amor com Jungkook.
Dois meses se passaram, e além de a senhora Park ter convidado o Jeon mais novo para cantar no casamento de seu filho, toda semana Jimin e Jungkook se encontravam, nunca mais trocaram palavras, mas os olhares deixavam a saudade tão explícita, tinham tanta vontade de perguntar como foi o dia um do outro, de rir de uma pessoa ou outra que se emperiquitava demais para ir aos eventos ou até mesmo trocarem beijos cheios de ternura em uma cabine qualquer do banheiro mais próximo. Mas eram apenas olhares, algumas vezes bochechas coradas pela lembrança da noite de amor que tiveram, e vez ou outra, quando Jungkook pedia para ir ao banheiro, Jimin podia ver seus olhos inchados quando ele voltava para o seu lugar.
Se sentia a pior pessoa do mundo por fazer seu bem chorar, mas não queria decepcionar sua família, não queria perder o futuro tão promissor que tinha ao lado de sua noiva. Sabia que no mundo em que viviam, além do país extremamente conservador, a relação de dois homens que estavam no ranking de mais ricos de toda Seul seria uma catástrofe total em suas vidas. Mas só Deus sabe como Jimin queria ter Jungkook em seus braços novamente, embora não quisesse arruinar as possibilidades de uma vida incrível para ele.
No dia do casamento, Jeongguk não havia saído de seu quarto durante toda a manhã e à tarde. Escolheu a mão todos os seus trajes, uma camisa social um pouco maior do que costumava usar, uma calça de linho justa ao corpo, um tênis e um longo lenço amarrado junto ao seu pescoço, todas as peças eram brancas, apenas o lenço possuía alguns detalhes pretos. Era a primeira vez que usava um lenço novamente após dois meses, era algo que Jimin sempre elogiava quando Jungkook vestia, assim como dizia amar ver seus lábios cobertos com gloss. Nunca mais se sentiu confortável para usar ambas as coisas. Não faria sentido se os elogios de Jimin não viessem de brinde, mas dessa vez queria usar, queria sentir os olhares admirados de seu amor sobre si pela última vez, já que quando se casasse, Jimin e Rosé iriam voltar para Busan, para a antiga mansão da família Park. Nunca mais iriam se ver novamente, para variar.
Era tão trágico, tão doloroso, dava tanta pena ver como eles acabaram o que sequer havia começado. Mas não poderiam fazer nada para mudar.
Passou pela primeira vez em dois meses o gloss em seus lábios e sorriu para o seu reflexo no espelho. Estava se sentindo bem consigo mesmo, havia até mesmo conseguido esconder o inchaço dos olhos com maquiagem. Estava tudo bem. Segurou a folha de papel bem decorada com a letra da música que cantaria no casamento.
- Yoon Jong Shin, será que você estava sentindo o mesmo que eu estou sentindo agora quando escreveu essa música? - Jeongguk sussurrou para si mesmo quando leu "Like it" no título. - Eu nunca fui tão bem representado antes.
Pigarreou lentamente antes de começar a cantar, usando a voz de uma maneira mais expressiva, já que sempre que cantava usava seu tom de maneira suave. Mas ele se sentia tão sobrecarregado, ele queria, no mínimo, passar toda o sentimento que Jong Shin passou quando cantou essa música ao vivo pela primeira vez.
“Você está bem agora? Deve ter sido difícil o nosso fim se resumir a uma separação, as coisas têm andado difíceis entre nós.
Algumas vezes ouvi que você tem estado bem, você já encontrou alguém legal? Alguém que seja bom para você? Se você estiver bem, deixe-me saber disso.
Isso é bom, porque deve ter sido insuportável aguentar e superar esse vazio.
Você está feliz agora que está apaixonado? Você nem sabe o quão bonito você parece quando começa um relacionamento. Ainda não consigo esquecer como você parecia, não consigo superar você, e isso se torna pior quando ouço notícias sobre você.
Você a ama? Para ser sincero eu não posso suportar isso. Desejo que você sofra também apenas um décimo da dor que estou sentindo. Estou ferido, mas seja feliz.
Isso não parece justo, parece que sou o único a sofrer. Sou eu o único que se feriu? Eu me apaixonei apenas uma vez, será que estou exagerando?
É muito complicado, certamente eu queria que você fosse feliz. Eu não sabia que sentiria a sua falta tão rapidamente.
Você está feliz agora que está apaixonado? Você nem sabe o quão bonito você parece quando começa um relacionamento. Ainda não consigo esquecer como você parecia, não consigo superar você, e isso se torna pior quando ouço notícias sobre você.
Você a ama? Para ser sincero eu não posso suportar isso. Desejo que você sofra também apenas um décimo da dor que estou sentindo. Estou ferido, mas seja feliz.
Se você alguma vez se lembrar de mim, pergunte como estou indo. Tenho certeza de que todos irão dizer que estou indo bem, todos pensam que estou nem por causa do meu ego estúpido. Eu finjo estar bem, vivo dia após dia fingindo ser livre.
Você está realmente feliz? Nos tornamos apenas boas lembranças para você? Eu sou apenas o seu ex namorado, aquele que não soube te amar direito, apenas um amor que passou.”
Demorou um pouco para que Jeongguk se recuperasse da intensidade em que cantou, ensaiando pela última vez antes de fazer isso na frente de todos. Estava temeroso pela maneira como as pessoas poderiam receber a letra da música, mas, sinceramente, não iria se importar quando estivesse lá, frente a frente com Jimin enquanto cantava tudo o que queria recitar, mas não podia.
- Querido, precisamos ir agora. - Foi avisado pela própria mãe, que estava encostada ao batente da porta. - É a primeira vez que te ouço cantar assim, vai se sair tão bem, amor.
- Obrigado, mamãe. - Agradeceu, beijando a testa da mulher com carinho, antes de sair do quarto e ser escoltado por dois seguranças até o carro.
Estava ansioso, nem um pouco preparado para ver Jimin jurando amor e castidade eterna à outra pessoa. Tentava afastar o pensamento de que ele deveria ser seu, não podia sentir algo assim em um dia tão importante para o seu hyung, temia que acabasse chorando na hora, mas tentava conformar-se com o fato de que não era o suficiente para Jimin e fim.
- Chegamos. - Avisou o motorista, logo saindo do carro e abrindo a porta para que Jeongguk saísse, já que Sung Hoon fazia o mesmo com Jae-Kyung. - Tenham uma boa noite.
- Obrigado, Hoseok. - Sorriu de volta para o homem simpático e passou a caminhar em direção a igreja bem decorada, sentindo os flashes sobre si.
Queria tanto, tanto, tanto, quase desesperadamente estar no lugar de Rosé. Sabia que era errado, mas desejava ser o homem de Jimin, desejava bagunçar seus lençóis todas as noites e preencher o quarto com gemidos durante as madrugadas frias. Queria ser ela, mas não soube amar Jimin da maneira certa.
Se acomodou na segunda fileira de bancos, já que na primeira estavam as famílias dos noivos. Os padrinhos bem posicionados no altar e Jimin no centro recebendo alguns convidados e posando para fotos. Jungkook achava que ele estava tão lindo. Usava o terno feito perfeitamente na medida de seu corpo, todo de preto, apenas a camisa e as meias eram brancas. A gravata dava-lhe um ar sério que Jeon nunca sequer havia visto algum dia. Estava tão lindo, prestes a se casar com Rosé, mas tão lindo.
Jungkook engoliu em seco quando foi alvo do olhar do outro, que abriu um sorriso nervoso para si. Quase riu do mais velho, sabia que ele estava ansioso demais, que achava que iria cair do altar ou fazer algo muito vergonhoso para estragar toda a cerimônia. Jimin era ansioso e paranoico demais, Jungkook também sentiu saudades de quando acalmava o mais velho com uma sutil massagem nas têmporas.
Não tirou fotos, sequer cumprimentou qualquer pessoa, apenas sentou-se em seu lugar e esperou até ouvir a marcha nupcial, indicando que a noiva já estava entrando. Ouviu murmúrios de surpresa vindos de todos na igreja mas não sentiu a curiosidade de virar-se para ver como Rosé estava vestida, sentia que se levantasse o rosto poderia desabar em choro novamente. Não queria estragar o grande dia de Jimin, queria que fosse especial para o amigo.
Os minutos passavam lentamente, Jungkook observou como a mulher estava vestida quando ela se colocou ajoelhada ao lado de Jimin, de frente para o padre. O vestido realçava seu busto, mas era longo e rodado do quadril pra baixo, assim como o véu caía em seus cabelos presos em um coque de maneira hipnotizante. Era a noiva mais linda que Jeongguk já viu em toda a sua vida. A noiva de Jimin.
Voltou a abaixar a cabeça quando o Padre passou a se pronunciar, dando início a cerimônia oficial, dizendo algumas palavras bonitas e lendo versículos da bíblia. Mas o terror se apossou do corpo de Jeongguk quando chegou a hora mais temida da noite.
— Eu, Park Jimin, recebo a ti, Park Chaeyoung, como minha legítima esposa, prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de nossa vida, até que a morte nos separe. — Disse Jimin, quebrando o coração de Jungkook em mil pedaços.
- Eu, Park Chae Young, recebo a ti, Park Jimin, como meu legítimo esposo. Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de nossa vida, até que a morte nos separe. - Chaeyoung concluiu, sendo seguida do padre que, após abençoá-los, disse as seguintes palavras:
- E eu vos declaro marido e mulher. - Disse, orgulhoso. - O noivo já pode beijar a noiva.
Aplausos foram escutados, mas Jungkook se negou a ver aquela cena. Quando os noivos foram para o salão, logo após os convidados, todos prestaram atenção na valsa que eles dançaram como abertura da festa em si. A maneira como Jimin segurava Rosé pela cintura lembrava Jeongguk como ele mesmo já havia sido amparado com aquela mesma força no último ano do colegial, quando não tinha par para ir ao baile e Jimin se disponibilizou para ser o seu, dançando junto a si a última valsa de suas vidas.
Quando todo o espetáculo havia acabado, Jungkook foi anunciado pelo DJ, então se dirigiu ao grande piado posicionado estrategicamente para que todos pudessem ver. Acompanhado pela orquestra que tocou a marcha nupcial, Jeon começou a cantar, tocando as teclas suavemente.
Jimin tencionou os lábios em linha reta ao reconhecer a música, se sentindo emocionado por ouvir a voz, antes tão suave, agora tão firme de Jungkook. Aquela música dizia tanto sobre os dois, a forma como as palavras escorriam amargas entre os lábios de Jungkook chegava a ser até mesmo engraçada, pois os traços angelicais nunca deixariam explícitos os maus bocados que o moreno estava passando.
Quando a música acabou, Jimin caía em pranto silenciosamente. Estava tão triste, achava Chaeyoung uma mulher tão perfeita, mas não chegava aos pés do seu homem, o homem que cantava a música que os definia olhando em seus olhos. A voz chorosa, mas nunca trêmula, estava emocionando todos ao redor, que sequer repararam na letra tão trágica, sendo cativados pelo talento desconhecido de Jungkook. Mas o fim para Jimin chegou quando seu garoto cantou "Você está feliz agora que está apaixonado?" olhando de maneira magoada dentro de seus olhos. Não estava apaixonado por Chaeyoung, como poderia ter convivido com alguém tão belo como Jungkook, e se apaixonar por alguém que não seja ele?
Mal percebeu quando Jeon se levantou e agradeceu a todos os elogios, sua mente estava em outro lugar, em outro universo. Era a hora de ir para a Lua de Mel com sua esposa, e então os convidados ficariam para curtir a balada.
Jungkook se levantou de sua cadeira e foi às pressas até a parte de trás da igreja, tentando se acalmar para não chorar. Não queria ver Jimin indo embora, não aguentaria presenciar aquilo, não era tão forte assim.
A brisa fria arrepiava a sua pele, o ventinho leve balançava sua camisa larga, que caía em um de seus ombros, assim como o lenço longo voava ao ar majestosamente, naquele momento qualquer um confundiria Jeongguk com um anjo caído do céu, um anjo que segurava com carinho uma rosa branca qualquer que havia acabado de desabrochar.
Sentiu o vento trazer o perfume Dolce&Gabbana, indicando a presença de Jimin logo atrás de si, e este logo segurou seu pulso carinhosamente. Virou-se lentamente até que estivesse cara a cara com o ex melhor amigo, abrindo um sorriso vacilante, sem jeito.
- Você precisa ir para a sua mulher agora, Jimin. - Jeongguk calmamente disse.
Park respira lentamente, não conseguindo controlar o impulso de abraçar Jeongguk pela cintura, deitando a cabeça no peito cheiroso.
- Perdoe-me... - Pediu, choroso. - Perdoe-me, perdoe-me. - Repetiu, desesperado. - Eu preciso que você me perdoe.
Foi afastado delicadamente por Jeongguk, que, segurando as próprias lágrimas negou com a cabeça.
- Não há nada para ser perdoado. - Sussurrou, vendo quando Jimin também acenou negativamente, trêmulo.
- Eu nunca irei me perdoar por estar deixando você ir, meu anjo, eu não consigo imaginar outro alguém amando-te da maneira como eu fiz em nossa última noite como cúmplices. - Disse de maneira mansa, acariciando a cintura de Jeongguk por baixo da camisa larga que deixava a mostra parte da pele alva do ombro alheio.
Seu amado nada diz, passando os braços por seus ombros, puxando-lhe para um abraço forte, sabendo que teriam que se afastar logo. Teriam que se despedir de maneira rápida, não poderiam ficar juntos por mais tempo.
- Eu não soube amar-te corretamente, Jimin, não soube. - Segredou.
- Você me amou da maneira mais pura, Jeongguk, tens-me em tuas mãos para sempre. - Park respondeu, não recebendo resposta imediata pois sua mãe apareceu na grande porta de vidro, anunciando que sua noiva já estava a sua espera.
- Tive você em minhas mãos por um sempre muito curto, Jimin, agora não mais. Estou ferido, mas seja feliz.
Jimin, exasperado, tenta beijar Jeongguk, que apenas deixa os lábios se encostarem para que a textura não seja esquecida. Percebendo que foi negado, Park deixa um breve selar na testa de seu belo menino, antes de se afastar e beijar-lhe na clavícula desnuda. Olha uma última vez para o rosto bonito, antes de ajeitar-lhe a camisa corretamente.
Encarou os olhos marejados de Jungkook, que já havia percebido que era a despedida final.
- Adeus, meu amor. - Jimin sussurrou ao ar.
Jeongguk se vira de costas para não ver o momento em que Jimin parte, mas o barulho do choro dele fica cada vez mais distante, e o vento, em um único tapa, leva para longe o perfume de Jimin, que por muito tempo foi a lembrança que Jeongguk nunca conseguiu esquecer.
É o fim?
🥀 unforgettable 🥀
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