38 • oficialmente meu
[🎤]
JEON JUNGKOOK
⠀
| Um dia depois|
O dia mais esperado da minha vida finalmente chegou.
Ontem o Jimin passou o dia se divertindo praticando surf enquanto fui organizar tudo para o casamento. Eu não conseguiria pensar em tudo com tanta perfeição, então contratei uma cerimonialista aqui no Havaí mesmo, e ela tem me ajudado em tudo.
O casamento será na praia, literalmente na areia, mas não onde estamos hospedados. Escolhi uma praia mais afastada, rodeada de verde, muitos coqueiros e o mar tão cristalino quando aqui.
O dia em que conversei com o Ji sobre tudo o que ele queria no casamento foi essencial, e tenho tentado ao máximo manter tudo que ele comentou.
Não vou negar que tem sido uma loucura organizar tudo e não deixar de dar atenção pra ele, mas tudo vai valer a pena... Na realidade, já está valendo.
Aproveitei que acordei cedo e vim correr na praia, já que não consegui fazer isso desde que chegamos.
Enquanto corria, pude observar a vista linda do sol nascendo no horizonte. Aqui realmente era um paraíso, e junto com a Suíça, são os melhores lugares que já conheci.
Meus pés descalços afundam na areia macia, e as ondas quebram ritmicamente na costa, criando uma sinfonia boa de ouvir ao fundo. O sol surgia lentamente, lançando raios dourados sobre as águas do oceano, transformando tudo em um espetáculo de cores deslumbrantes.
O ar fresco e salgado renovava minha energia por todo o caminho, mas, mesmo que estivesse maravilhoso, eu precisava voltar para o hotel.
Conferi o relógio e ainda era cedo. Daqui a pouco o Jin, o Tae e o Hoseok chegarão, e vão se hospedar no mesmo hotel que a gente, e nem preciso dizer o quanto o Jimin amou isso.
O Mingyu e a Aeri chegarão um pouco mais tarde, assim como a Hyejin, o Namjoon e o Jaechan.
Em toda essa loucura da organização, mesmo de longe, o Hoseok também tem me ajudado em várias coisas do casamento. Não quero errar em nenhum detalhe, e nada como o melhor amigo pra conhecer ele mais do que ninguém.
Quando já estava próximo do hotel, de longe, o Ji me viu pela varanda e acenou. Como ontem ele surfou praticamente o dia todo, eu realmente achei que ele dormiria até mais tarde, mas errei.
Voltei para o quarto, e ele já estava arrumado, pronto pra sair.
— Ei ei, espera aí, onde você tá indo? — Perguntei.
— Os meninos estão chegando em uns trinta minutos, é o tempo que levamos daqui até o aeroporto. Vou buscar eles.
Ele foi pegando a chave e por uns segundos, eu travei de medo, afinal daqui até Honolulu passamos por algumas estradas de areia seca, o que era completamente escorregadio.
— Melhor eu ir, Ji.
— Para com isso, você já está ocupado demais correndo atrás de tudo. Eu vou e voltamos daqui pouco mais de uma hora.
Era óbvio que eu estava preocupado e traumatizado, e só conseguia olhar inseguro pra ele.
Ele já dirigiu inúmeras vezes depois da sua recuperação, e mesmo assim meu cérebro insistia em agir assim.
Ele se aproximou e me deu um selinho.
— Relaxa, tá? Eu vou com cuidado. Tchau, te amo.
Ele correu animado até a porta e saiu, e eu simplesmente travei, e essa animação toda dele sequer me deixou responder.
— Que porra, Jungkook, para de ser paranóico. — Repreendi a mim mesmo.
Meu celular começou a tocar, e era um número desconhecido, com um código da Coréia.
Eu imaginei ser minha tia, e precisava acabar com isso de uma vez por todas, então atendi cheio de ódio.
— O que você quer? — Falei firme e com ignorância.
— Olá, por favor, eu falo com Sr. Jeon? — Era uma voz masculina.
Droga, o que eu tô fazendo?
— Oi, me desculpe, achei que fosse outra pessoa... — tossi sem graça na linha. — Sou eu mesmo.
— Me chamo Kong Hyun, sou assistente social e recebemos o pedido de adoção do senhor. Consegue vir até a prefeitura para conversarmos?
De todas as ligações possíveis, eu jamais imaginei que seria essa.
— C-claro, mas estou fora da Coreia, em uma viagem.
— Podemos fazer uma vídeo chamada, o que acha? Será um bate papo rápido.
— Claro, podemos sim.
— Ok, te chamo novamente daqui trinta minutos.
Eu agradeci e encerramos a ligação. Eu não imaginei que receberia um contato sobre esse assunto tão rápido.
Conferi o horário; eram 11:23 da manhã, ou seja, pouco mais de 06 da manhã do dia seguinte na Coréia. Eu deveria imaginar que minha tia não ligaria tão cedo.
Tomei banho, e assim que terminei, pedi um café expresso no serviço de quarto, que estava bem forte e tinha gosto de canela. E eu nem sabia que colocavam canela no café, e sinceramente, só tomei por preguiça de pedir outro.
Coloquei uma camisa social preta, e arrumei o cabelo levemente pra trás. Eu precisava parecer apresentável, e qualquer vacilo meu poderia acabar com as chances de conseguir ser aprovado.
Com o notebook na mesa do quarto, sentei de frente, e poucos minutos depois o assistente social me chamou.
— Olá Sr. Jeon. — Ele era um homem de meia idade, com uma expressão de poucos amigos.
— Bom dia, Sr. Kong.
Ele começou a folhear alguns papéis na chamada, arrumou os óculos e começou a ler algumas informações da minha solicitação. Em seguida, mencionou o que eu já esperava.
— Vi aqui que você já teve dois problemas com a justiça, ambos resolvidos, mas foram grandes problemas... os dois com óbitos. O que nos garante que você fornecerá um ambiente seguro para um possível filho?
Merda...
— Como o senhor pode ver nos autos, os dois processos foram resolvidos, assim como não tive culpa em nenhum deles. No entanto, compreendo a preocupação e estou disposto a fornecer qualquer informação que possa ajudar a esclarecer qualquer mal entendido.
Ele me olhou e ficou em silêncio, então, anotou algo nos papéis que estava lendo.
— Teremos que agendar algumas visitas domiciliares para avaliar melhor o ambiente, assim como algumas consultas com um psicólogo.
— Claro, estou disposto a fazer o que for preciso.
— Agradeço pelos esclarecimentos. Por enquanto é só. Quando estiver de volta à Coreia, volte a me contatar para agendarmos as visitas.
— Ok, farei isso. Obrigado.
Agradeci e encerramos a vídeo chamada, e infelizmente, não me senti nenhum pouco seguro e confiante.
Fui até a varanda e respirei fundo. Uma tensão persistia no ar, pesando sobre mim como uma nuvem escura. Esses meus processos podem e vão nos atrapalhar nisso, e o pior, eu sei o quanto o Jimin vai ficar decepcionado se não der certo.
Continuei olhando a vista e com o pensamento longe por um bom tempo, até que escutei a porta do quarto abrir.
— Voltei, e olha o que chegou. — o Jimin fez uma dancinha mostrando duas sacolas. Ele escolheu nossas roupas, e o Jin trouxe de Seoul para nós. Só tínhamos essa chance, e as roupas precisavam servir perfeitamente.
— Nossas roupas?
— Sim, e são lindas! Vou provar a minha e depois você prova a sua, mas não podemos ver um ao outro.
— Ah para, eu quero te ver.
— Não, nem ouse.
Ele foi para o banheiro e trancou a porta pra garantir que eu não entraria. Garoto esperto, afinal, eu realmente ia entrar... Eu resisto a tudo nessa vida, menos a esse loirinho gostoso.
Uns longos minutos depois, ele destrancou e saiu com serenidade no olhar. Seus olhos pequenos estavam brilhantes, e um sorriso lindo seguia estampado no rosto.
Me aproximei e dei um beijo no pescoço dele, junto de uma apertadinha na bunda.
— Pela sua carinha, acho que você gostou.
— Ficou perfeito, nem acredito que deu tão certo... Toma, vá provar a sua.
Peguei a sacola e fui para o banheiro.
Era a primeira vez que eu estava vendo as roupas que ele escolheu, e era óbvio que eu poderia confiar no gosto dele de olhos fechados.
Havia uma camisa branca de botões, com um tecido tão leve que parecia seda, porém, macia como algodão. Por cima, um blazer bem casual em um tom creme, assim como a calça, que era da mesma cor. Ela era leve, e todas as roupas ideais pra usar na praia. Provei tudo, e as medidas também ficaram perfeitas. Que alívio...
Tirei tudo, coloquei na sacola e voltei para o quarto. Ele estava parado no meio do quarto feito uma estátua, me olhando cheio de espectativas.
— Serviu? O que achou? Você gostou? Diz que serviu, por favor.
— Tudo ficou ótimo, meu amor, melhor impossível. E eu amei tudo o que você escolheu.
Ele comemorou com uns pulinhos e me abraçou.
— Obrigado, meu amorzinho. Agora vamos tomar café? Eu tô morrendo de fome... Os meninos só iam guardar as malas e já estavam indo para o restaurante, então vamos juntos.
Trocamos de roupa e fomos ao restaurante do hotel, que ficava no térreo.
Agora que podemos ser quem somos, em qualquer oportunidade nós andamos de mãos dadas, o que era claro que atraía alguns olhares, mas com certeza, bem menos que na Coreia.
Fomos até a área externa do restaurante, e o Jin, Tae e Hoseok já estavam na mesa. Sentamos, fizemos nossos pedidos e ficamos conversando.
— O Mingyu vai vir? — O Jin perguntou, ainda de boca cheia.
— Sim, tanto ele quanto a Aeri. Vão chegar um pouco mais tarde. E a Nayeon, não quis vir? — Perguntei.
Como ela já está namorando com o Jin há um tempo, ficaria chato se a gente não convidasse ela. No fundo, era claro que eu não queria, mas tenho me forçado à não agir assim.
— Ahh, ela até queria, mas vai participar de um desfile com uma coleção de roupas que fez, e é a oportunidade perfeita pra carreira dela, não dava pra perder.
O Hoseok olhou indignado pra ele, junto de uma risada pouco amigável.
— Como podem ver, ele que é o namoradinho sabe mais da minha irmã do que eu mesmo. Ela sequer me falou sobre o desfile e eu só soube porque minha mãe falou... garota sem noção.
— Chora mais... — O Jin respondeu rindo e todo mundo riu também.
— Você é muito velho pra minha irmã, ahjussi. (expressão coreana referindo-se a "senhor")
— Olha, ela ama quando o ahjussi aqui agarra ela de jeito...
— Cala a boca, não quero saber disso. — Nem o Hoseok aguentou e riu também, uma risada meio indignada, mas riu.
Nossos pedidos chegaram e começamos a comer enquanto conversamos e eles se ofendem entre si.
— Saindo daqui vamos conhecer a cidade. Vocês vão com a gente? — O Tae falou.
— Eu não vou poder, mas vão vocês quatro. — Respondi.
O Jimin me olhou sério e respondeu.
— Se você não for, eu não vou.
— Vou organizar os últimos detalhes da decoração, meu amor. Vai com eles, assim você não fica reclamando enquanto me espera.
O Hoseok passou a mão por cima do ombro do Jimin e respondeu.
— Ele vai junto com a gente, sim.
— Obrigado, Hoseok.
— Eu tô aqui, parem de me despachar como uma mercadoria. — O Jimin cruzou os braços e virou a cara. Fez a pior cara de todas pra mim, mas topou.
[...]
Assim que terminamos de comer, eu voltei para o quarto, e eles saíram juntos, levando o Jimin quase à força.
Enquanto eu ainda estava no elevador subindo, meu celular tocou, e de novo um número desconhecido. Tinha o risco de ser minha tia, mas também poderia ser o assistente social, então eu precisava atender.
— Alô?
— Depois de tudo que eu fiz por você, ainda tem coragem de agir assim comigo? Você é um ingrato igual aquela louca da sua mãe... É por isso que ela está morta.
E era a primeira alternativa...
— Fala mais uma vez da minha mãe, que vou fazer você se arrepender! O que você tá querendo que não para de me procurar?
— Você é um golpista igual a ela, e até com um homem tem se relacionado pra lucrar, afinal o idiota que você tá enganando é rico e famoso. O lado bom é que eu vejo que seu golpe funcionou, até idol virou, então, quero minha parte de tudo que está ganhando.
— Sua parte? — dei risada morrendo de ódio — Sua parte é o caralho. E a única que vive de golpes é você, e sempre foi assim.
— Ria Jungkook, ria, tá engraçado agora mas não vai ficar quando eu abrir os olhos desse trouxa que você engana. Se não quiser isso, melhor colaborar e dar minha parte, ok? Caso contrário, vou parar de ser boazinha.
— Espera aí, você realmente acha que eu tenho medo de uma sanguessuga feito você? Vamos ver quem consegue derrubar quem primeiro.
— Tá me ameaçando, moleque?
— Estou, sua filha da puta. Atravessa meu caminho mais uma vez que destruo você e esse peso morto que você chama de filho.
Quando ela ia responder algo, eu desliguei, e cego de raiva, joguei meu celular na parede.
Sentei na cama e enquanto eu tentava respirar e me acalmar, eu sentia meu coração palpitando forte de tanto ódio. Minhas mãos também estavam trêmulas e geladas.
Passamos por tanta coisa pra chegar até aqui, e eu não vou aceitar essa mulherzinha sendo mais um motivo pra nos prejudicar.
— Eu vou acabar com qualquer pessoa se ousar se meter entre nós. — Falei com a voz trêmula de ódio.
Peguei o celular de novo e vi que quebrou toda a tela, mas ainda funcionava. À esse ponto, isso era o menor dos meus problemas. Tentei ligar para o Mingyu, mas estava sem área, pois ele estava no voo vindo pra cá.
Eu não ia conseguir falar com ele enquanto eles não pousassem, então fiquei na varanda do quarto.
Sentei perto da piscina e fiquei olhando o movimento do mar, com o pensamento distante.
— Porque sempre tem que acontecer alguma coisa ruim?— Perguntei pra mim mesmo.
Fiquei ali até receber outra ligação, olhei já com raiva, mas era uma das pessoas que estavam fazendo as decorações. Respirei fundo e atendi, tentando disfarçar ao máximo o estado em que eu tinha ficado.
Ele me avisou que estava quase tudo pronto, e só faltava montarem as últimas decorações da festa que terá depois. Quando encerramos, a própria cerimonialista me mandou as fotos, e bastou isso pra me acalmar...
Tudo estava tão com a cara dele que me deixou feliz quase instantaneamente.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
| Algumas horas depois |
Nos arrumamos ainda no hotel, mas em quartos separados, assim como vamos em carros separados também, tudo pra manter da forma que ele quis.
Eu vou no carro com os meninos, e ele, com a Hyejin.
Nós saímos primeiro em direção a praia onde será o casamento, que dava poucos minutos de distância de onde estamos.
Eu estava nervoso e ansioso, e assim que entrei no carro, vi no banco de trás o Jin em lágrimas, o Tae xingando ele e o Hoseok que estava no volante, gargalhando.
— Que porra que tá acontecendo aqui?
— Eu tô emocionado, tá legal? Graças à mim que vocês dois se conheceram e agora, tão se casando. Me deixem curtir minha emoção em paz.
Nessa hora, até eu caí na risada com a forma que ele respondeu, mas era a mais pura verdade.
— Obrigado por ter me forçado a aceitar o emprego, devo isso à você. Agora, para de chorar.
— Tá... — ele chorou mais ainda.
Depois de uns minutos, chegamos.
Olhamos surpresos pra tudo, admirando a decoração, inclusive eu. Tudo estava perfeito, exatamente como eu imaginei que ficaria... da maneira que o Jimin vai amar. Flores brancas e vermelhas adornavam cada canto, enquanto cadeiras de madeira se mesclavam com a sombra das árvores, o mar calmo e o céu azul, formando um cenário magnífico.
O Hoseok parou do meu lado, e com duas batidinhas leves nas costas, falou.
— Tá tudo a cara dele, parabéns por isso, Jk. Tenho certeza que ele vai amar.
— Vai, pensei nisso também. — olhei orgulhoso em volta, e de volta para ele. — Obrigado por toda ajuda que você me deu, e por ter nos apoiado desde o início.
— É nítido pra todo mundo o quanto você faz bem pra ele, jamais deixaria de apoiar algo que trouxe felicidade pra ele. Só peço que nunca dê mancada com ele, por favor.
— Não tenha dúvidas disso, esse garoto é minha vida.
Enquanto todos se acomodaram nas cadeiras, fui alinhar os últimos detalhes com a cerimonialista. Ela é nativa do Havaí, então a todo momento conversamos através do tradutor do celular, e eu tô feliz que mesmo com essa barreira, ela entendeu perfeitamente tudo o que eu queria.
O Mingyu e a Aeri chegaram, acompanhados da filhinha deles, assim como o Jaechan e o Namjoon também chegaram.
Cumprimentei a todos e me aproximei do Mingyu, chamando ele um pouco mais longe das pessoas.
— Minha tia ligou de novo, tá tentando me extorquir. Eu deveria saber que gravar aquele disco traria ela de volta do inferno.
— Você não tem que ficar se desgastando com essa perturbada, sua vida toda foi assim. Abre uma denúncia contra ela.
— Denúncia não adianta, quero eu mesmo acabar com essa desgraçada.
Ele arregalou os olhos e me encarou irritado.
— Se liga, Jk, tem merda na cabeça? Você tá se casando, chega de se meter em problema, ainda mais com essa mulher. Não fica agindo na raiva, faz a denuncia que tentamos resolver.
— Ok... consegue pelo menos a ficha dela?
— Não, pra você não, e chega desse assunto. Vou sentar, desliga essa cabeça aí. — Ele saiu e sentou junto com a Aeri.
Ele estava certo, e é óbvio que sei disso, mas ao mesmo tempo, também tô cansado dessa história e queria pôr um ponto final nisso.
Eu precisava voltar a esquecer desse assunto nesse momento.
A cerimonialista me chamou e mostrou onde eu deveria ficar, e me avisou que o Jimin já tinha chegado, então me posicionei.
Eu estava tão ansioso que podia sentir minhas mãos suarem frio, assim como um exército de borboletas voavam no meu estômago. Eu tentava respirar fundo, mas a ansiedade fazia meu coração bater tão rápido no meu peito que parecia que eu realmente desmaiaria ali... e em hipótese alguma isso pode acontecer.
E então, uma música linda começou a tocar, a mesma em que o Hoseok descobriu que o Ji queria. Pra variar, era um instrumental de um anime que ele gosta.
Olhei pra frente e vi primeiro a Hyejin, e logo após, ele. O Jimin parou na entrada e começou a entrar devagar, acompanhado dela.
Porra, eu seria um idiota se tentasse segurar as lágrimas, e era óbvio que elas escorreram pelos meus olhos. Ele estava perfeito, e nem esse paraíso que estamos é capaz de ofuscar seu brilho, que era maior que tudo.
Enquanto ele se aproxima, só conseguia pensar em como eu estava feliz. Toda a luta que tive pra conquistar esse loirinho briguento me trouxe até aqui, e eu sou grato a cada escolha que fiz, cada uma delas que me levaram até ele. Por isso sempre farei de tudo por ele.
Ele chegou perto, e ali meu coração derreteu de vez. Ele conseguia ser facilmente a pessoa mais linda do mundo inteiro, e não canso de afirmar isso. O seu brilho no olhar, que já é natural, estava mais intenso ainda em meio aos seus olhos pequenos, assim como seus lábios carnudos e vermelhinhos, que parecia quase um convite pra um beijo.
Estendi minha mão e peguei a mão dele.
— Uau, eu... eu tô sem palavras. Você é real? — Sussurrei feito um bobo apaixonado.
Ele sorriu tímido e suas bochechas coraram. Mesmo em um lugar aberto, seu perfume de morango conseguia se espalhar por todo o nosso redor.
— Obrigado... você também tá tão lindo, assim como tudo aqui tá perfeito. — ele olhava a decoração admirado.
O juiz, que já estava posicionado e era coreano, falou com a gente e deu início a cerimônia.
O tempo todo em que ele falava, eu simplesmente não conseguia tirar os olhos do Jimin, e estava completamente hipnotizado, e ele retribuía me olhando também, com um sorriso lindo e sútil no rosto.
Com a aliança nas mãos, peguei sua mão e olhei fundo nos seus olhos.
— Ji, você foi literalmente como um sol que iluminou até os cantos mais escuros da minha vida, e não digo só metaforicamente, você realmente me tirou da escuridão, e me mostrou o que é viver de verdade. Esses seus olhos, seu sorriso e esse seu jeitinho marrento me conquistaram facilmente, e me tornaram o cara mais sortudo do mundo por ter alguém como você. Eu nunca me cansarei de te admirar, e te amarei por toda a eternidade... isso não é só uma promessa, é uma certeza.
Coloquei a aliança no dedo dele de forma gentil, e assim que terminei de falar, ele já estava em prantos, e suas lágrimas escorriam em meio aos sorrisos.
Ele pegou a outra aliança, e chorando, tentou falar.
— Nem as maiores e mais românticas palavras do mundo são capazes de expressar o que sinto por você, e cada dia ao seu lado é um presente que agradeço todos os dias. Eu faria tudo por você, até as maiores loucuras, e prometo te amar e te apoiar em todos os momentos. Você é minha pessoa preferida, e meu amor eterno.
Antes mesmo dele terminar de falar, eu já sentia minhas lágrimas escorrendo pelos meus olhos. Eu nunca fui de chorar, mas com ele, isso se torna algo tão natural que não tenho vergonha alguma.
O juiz continuou falando, consolidando nossa união.
Ao fim, nos aproximamos e demos um beijo, e todos presentes comemoraram, contando até com assovios altos e escandalosos do Jin, pulos de alegria do Hoseok e gritos ensurdecedores da Aeri.
Olhamos felizes e emocionados pra cada um que estava presente nesse momento tão importante pra nós.
Todos vieram nos cumprimentar e parabenizar pelo casamento, e até o Jaechan estava chorando emocionado, o que nos fez rir. A Aeri nem preciso falar, ela estava surtando desde o primeiro segundo em que chegou, e correu pedir um abraço para o Jimin. Até a filha deles tinha a mesma energia caótica da Aeri.
[...]
Já era noite, e o céu estrelado do Havaí dava o ar da sua graça.
Fomos para uma parte próxima ao casamento onde preparamos a festa, também no tema luau pra combinar com esse paraíso. E estava tudo perfeito!
Decorações e musicas típicas, muita dança, e sem dúvida, muita bebida, do jeito que o Jimin gosta.
Enquanto todos se divertem, eu e o Ji não parava de se abraçar e dançar juntos.
— Estamos casados, dá pra acreditar? — Ele falava enquanto seus olhos já estavam quase fechados de bebida.
Abracei ele sentindo o cheiro do seu pescoço,
— Você vai ser meu pra sempre, meu loirinho. — Dei um beijo rápido nele, e em seguida, o Hoseok se aproximou de nós.
— Casal, só queria dizer que amo vocês, sabiam? — Ele já estava bêbado, assim como todo mundo.
O Jimin, que também não estava mais no seu normal, o abraçou e eles começaram a chorar.
— Nós também te amamos, Hobi, me abraça.
Eu fiquei rindo dos dois enquanto curtimos a festa.
O Jin estava segurando nos braços do Taehyung, tentando forçar ele a dançar, enquanto ele reclamava pra ficar sentado. Me aproximei e fiquei um tempo ali com eles também.
— Obrigado por ter vindo, Tae.
Sua cara brava se desfez, dando espaço a um sorriso tímido.
— Imagina, eu tô fel... — antes do Tae terminar de falar, o Jin cortou ele, bêbado.
— E você não vai me agradecer também?
— Você não tem fobia. Se eu te convidasse até pra ir no inferno dizendo que tem bebida, você iria.
Ele caiu na risada.
— Sou obrigado a concordar...
O Jimin, que estava conversando com o Namjoon, se aproximou e me puxou pelos braços, me forçando a dançar mais com ele, enquanto pulava feito uma criança cheia de energia.
Nesse momento, a filha do Mingyu parou do nosso lado, então o Ji pegou ela no colo e começou a brincar, dançando com ela também. Ela caía na risada com qualquer movimento ou gracinha que ele fazia.
Eu fiquei olhando para ele brincando com ela, e minha mente viajou longe nesse momento, já imaginando que será assim se a gente conseguir adotar.
Se conseguirmos...
Ainda olhando feito bobo para eles, a Hyejin parou do meu lado, com um copo de bebida na mão.
— Cuide do meu filho sempre, por favor. Ele disfarça bem, mas sei o quanto ele está chateado por tudo o que aconteceu com o Eunwoo, e por não ter ele aqui nesse momento.
— Eu te prometo que sempre estarei aqui por ele.
— Obrigada... Bem, vou pegar mais uma bebida, parabéns pelo casamento e pela festa, tudo ficou incrível.
Agradeci e ela foi até o barman pedir outra bebida.
Meu celular vibrou nesse momento. Peguei pra conferir e vi que era um e-mail do assistente social, com o documento de abertura do pedido de adoção. Já era tarde, mas considerando a diferença de fuso, ainda eram 11:36 da manhã na Coréia.
O Jimin colocou ela no chão, que logo saiu correndo, brincando na areia.
Fiz um gesto entregando o aparelho na mão dele, que me olhou desconfiado assim que viu.
— O que aconteceu com o seu celular?
Eu não queria estragar nossa noite com esse assunto, então preferi não contar.
— Isso? Ahh, eu derrubei hoje à tarde, e acabou quebrando a tela... Mas não é o que quero mostrar, leia o que está escrito.
Ele começou a ler, e então abriu os olhos surpreso pra mim, acompanhado de um sorriso enorme.
— Você já brincando... isso é sério?
— Uhum, mas calma, por enquanto é só o pedido, precisamos ver se será aceito.
Ele pulou em mim em um êxtase de alegria.
— Eu não acredito. Muito obrigado por isso!
Eu sorri orgulhoso pra ele.
— Eu te amo mais que tudo, loirinho.
Ele apoiou os braços no meu ombro e me olhou nos olhos.
— Eu também te amo, Kookie.
— Espero muito que dê certo, mas, temos que estar prontos caso não seja aprovado.
O sorriso que ele estava sumiu um pouco do seu rosto, mesmo assim ele concordou.
— Tudo bem...
Abracei ele bem forte.
— Agora desfaz essa carinha, vamos aproveitar a festa.
Ele concordou e foi pegar outro copo com o barman.
Todos ficaram se divertindo e bebendo a festa toda, fazendo parte desse sonho nosso que se realizou.
[...]
Ao fim, fomos ao carro pra ir embora. Apenas o Jin, o Tae e o Hoseok estavam hospedados no mesmo hotel que nós, então o restante dos convidados foram embora de carro para um hotel próximo.
No carro cabiam quatro pessoas, mas nos esmagamos entre nós cinco e fomos embora, e era óbvio que o caminho todo seria só risada. Todos estavam muito bêbados, então eu fui dirigindo. Eu também não estava sóbrio, mas sou o que está melhor aqui.
No hotel, ajudei eles a ir para o quarto deles, e em seguida, fomos para o nosso.
Entramos no quarto e ele desabou na cama, enquanto dizia nada com nada.
Eu tava louco pra transar com ele, mas desse jeito, acho que não vai rolar. Pelo menos, não hoje.
Sentei do lado dele e enchi seu rosto de beijos.
— Vou tomar banho, já volto.
Ele estava quase dormindo, mas levantou da cama feito um jato, já começando a tirar as roupas.
— Eu vou junto.
Ele terminou de tirar e foi cambaleando até o banheiro, antes mesmo de eu responder.
— Não vou recusar, né?! — Ri e fui até o banheiro atrás dele.
Começamos a tomar banho e ele realmente estava bem bêbado. Suas bochechas estavam mais vermelhas que antes, e seu olhar, que já era pequeno, estava lutando pra ficar aberto. Não vamos fazer nada com ele assim.
Ele me abraçava e ficava sentindo a água cair, e eu retribuía abraçando ele ainda mais. Ficamos nesse amor por um bom tempo, mesmo sem fazer nada.
Com a esponja, fui ensaboando e passando nele aos poucos, mesmo sem ele me soltar do abraço. Passei o dedo com espuma no nariz dele, e ele riu enquanto tentava me olhar, e me deixava mais apaixonado ainda.
— Eu nunca vou cansar de dizer o quanto te amo... — Sussurrei.
Ele sorria enquanto curtia a água cair nele, quase dormindo em pé, e eu, segurava ele mais forte pra não cair.
Assim que terminamos, voltamos para o quarto, e ajudei ele a colocar o pijama. Com ele sentado na beira da cama, sequei um pouco do seu cabelo com a toalha.
— Espera aí, vou pegar o secador.
— Uhum.
Fui até o banheiro e voltei em menos de dez segundos, e ele já estava caído na cama, dormindo.
Era nítido que ele ficaria assim depois de se divertir tanto... e de beber também, afinal, arrumei um alcoólatra pra casar.
Dei risada e me aproximei. Com cuidado, puxei ele um pouco pra cima na cama e deitei junto.
Fiquei assistindo ele até também pegar no sono.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
[ No dia seguinte |
Escutei meu celular tocar, e ignorei achando que era no meu sonho, mas na segunda vez que a pessoa insistiu, acordei de vez e entendi que realmente era uma chamada.
E era a Hyejin. Fiquei confuso, afinal ela nunca me ligou, mas atendi.
— Bom dia, Jungkook. Desculpe te ligar, mas o Jimin não me atende, e eu preciso falar com ele, é urgente.
— C-claro, só um momento.
O Jimin ainda estava apagado, e eu estava com dó de acordar ele, mas não tinha escolha.
— Ji? — Coloquei a mão no seu braço, e nada.
Depois de mais algumas vezes chamando, ele abriu os olhos devagar.
— Desculpa te acordar, mas sua mãe quer falar com você, parece ser urgente.
Ele deu um pulo com o corpo, sentando na cama.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não sei.
Ele pegou o celular e atendeu. Ficou um tempo só ouvindo, e falou.
— Não dá pra ser daqui uns dias? — ele ouviu mais um pouco e respondeu. — Ok, vou arrumar minhas malas. Você e o Nam podem embarcar antes, não quero te segurar. Nós vamos em seguida.
Ele desligou e me olhou.
— Vai ter uma audiência da minha mãe sobre a partilha dos bens, e eu preciso ir junto. Temos que voltar agora pra Coréia...
Tava nítido o quanto isso o chateou. Ele estava segurando o choro, e me abraçou logo depois.
— Eu vou arrumar minhas malas. Nós podemos voltar aqui assim que resolver tudo isso, tudo bem? — Tentei não deixar ele tão triste em voltar antes, mas não sei se funcionou muito.
— Tá...
Enquanto ele arrumava o restante das malas dele, fui até o quarto dos meninos pra avisar.
Depois de tocar a campainha do quarto algumas vezes, o Jin atendeu com o cabelo todo bagunçado.
— Jk, era você mesmo quem eu precisava, eu preciso voltar pra Seoul... — O Jin falou afobado assim que abriu a porta.
— Que? — Perguntei confuso, afinal era eu quem ia falar isso.
— O produtor da Town me ligou, ele conseguiu uma apresentação importante hoje pra gente, então preciso voltar e encontrar o pessoal do grupo.
— Que coincidência, eu vim avisar vocês que precisamos ir embora também, vai ter outra audiência dos bens deles, e o Jimin precisa participar.
— Vixi, que azar, ein?! Então vamos pelo menos no mesmo voo.
— Ok, vamos.
Olhamos para dentro do quarto enquanto o Tae e o Hoseok estavam dormindo abraçados em uma cama de solteiro.
— Vou arrumar tudo e confirmo se eles vão ficar, até daqui a pouco. — O Jin falou.
Voltei para o quarto e terminei de arrumar o restante das minhas malas também.
O Taehyung e o Hoseok preferiram ficar por mais um dia.
Já a Hyejin e o Namjoon voltaram um voo antes de nós.
Nós três fomos para o aeroporto, compramos as passagens, e embarcamos. São mais 14 horas de viagem até lá, e nós três ainda estamos quebrados de ontem. Tudo indica que chegaremos a noite lá, então é o tempo pra descansar da viagem e eles irem para a audiência.
No primeiro minuto que o avião decolou, o Jimin já estava encostado em mim, se acomodando pra dormir.
Com o Jin no assento ao lado não foi diferente, ele também pegou no sono em pouco tempo.
E algumas horas depois, de tanto olhar pra janela, também dormi.
[...]
Finalmente chegamos na Coreia, e ainda era fim de tarde aqui.
Ainda no voo, a mãe dele avisou que a audiência acabou sendo adiada para daqui dois dias, ou seja, voltamos à toa. Combinamos de voltar para Seoul mesmo assim, e fazer outra viagem depois de resolver esse problema dos bens, afinal, a Town e outras empresas deles estão em jogo.
Pegamos meu carro que ficou no estacionamento do aeroporto, e fomos embora para o apartamento.
Temos que comprar uma casa, e também vamos fazer isso nos próximos dias, mas enquanto isso, ficaremos no apê.
Assim que chegamos, o Jin se arrumou e saiu o mais rápido que pôde.
O Jimin se jogou no sofá cansado da viagem, e pegou o celular.
— Comprei uma casa pra gente.
Olhei assustado pra ele. Surpreso pelo que fez e pela coincidência, afinal, eu estava pensando nisso exatamente agora.
— Como assim? Quando você fez isso?
— Agora. Meu corretor me enviou as fotos, e achei nossa cara, então transferi o dinheiro.
— E porque você comprou sozinho?
Sentei do seu lado e imediatamente ele me mirou indignado, como se eu tivesse dito algo errado.
— Porque você bancou o casamento praticamente sozinho, me deixa.
— Mas isso não se compara à um carro daquele valor, muito menos à uma casa. As pessoas podem pensar que tô me aproveitando de você...
Sim, minha tia conseguiu entrar na minha mente, e tô com medo de realmente dar a entender que estou com ele por algum tipo de interesse.
— Ninguém entre as pessoas que importam pra gente pensa isso, e se qualquer outra pessoa pensar assim, eu quero é que se fodam.
Isso me deixou balançado.
— Que delícia você fica assim, todo bravinho defendendo a gente.
— Sempre defenderei. — Ele me deu um selinho assim que respondeu.
— Posso ao menos ver foto da casa?
— Não, não pode, amanhã nós vamos lá.
— Hmmm, e posso pelo menos comprar uma geladeira, um microondas talvez... uma toalha, ou não vou poder comprar nada?
— Idiota. — ele riu. — Claro que pode.
Enquanto nós rimos, o celular dele vibrou. Ele desbloqueou a tela e leu, e sua expressão brincalhona mudou.
— Tá tudo bem? — Perguntei.
— Tá... eu preciso ir em um lugar, volto em uns minutos, prometo.
— Onde você v...
Eu mal tive tempo de responder, ele pegou a chave do carro e saiu correndo, batendo a porta logo depois sair.
Imaginei ser alguma coisa com a audiência, o que me deixou mais preocupado ainda pela forma que ele saiu.
Mas, pelo horário, já era tarde pra ser algo sobre esse assunto.
Peguei meu celular e mandei duas mensagens para ele, mas sem resposta.
Fiquei andando de um lado para o outro no apartamento, me segurando pra não agir feito um desesperado e mandar uma mensagem pra Hyejin pra saber dele.
E quase trinta minutos depois, ele finalmente respondeu.
Então era ela quem enviou mensagem, mas, porquê? E qual o sentido dele me fazer ir lá sendo que fui que, bem... eu que tirei a vida do filho dela?
— No que você tá se metendo, Jimin? — Falei sozinho enquanto descia para a garagem do prédio. O Jimin estava com o meu carro, então coloquei meu capacete e fui de moto.
Acelerei bastante pra chegar rápido, e consegui chegar em menos de cinco minutos.
Estacionei na frente do café e fui até a porta, que estava fechada. Bati algumas vezes e esperei, e logo uma senhora veio até ela e abriu, e pela semelhança dela com o Seung-ho, eu já sabia que era a mãe dele.
— Oi rapaz, entre.
Agradeci sem jeito e entrei. Ela foi andando em direção a uma porta mais ao fundo do restaurante, e eu a segui, o que me deixou mais confuso ainda.
Ela abriu e eu entrei depois, era um escritório pequeno e simples, e então eu vi o Jimin, sentado em um pequeno sofá...
Ele estava com um bebê dormindo nos braços dele.
Olhei surpreso e meio assustado pra todos os lados tentando entender, mas o que consegui foi ficar mais confuso ainda, pois só tinha ele e a senhora na sala.
O Jimin me disse outro dia que o filho do Seung-ho tinha 3 anos, e esse bebê claramente não tinha nem 2 meses, então não era ele.
— Oi Ji, eu... hmm, de quem é esse bebê? — Eu gaguejava enquanto tentava perguntar, e não tinha formas de fazer isso sem ser direto.
Ele me olhava com os olhos brilhantes e marejados enquanto segurava forte a criança, e eu conheço ele o suficiente pra saber que ele tava segurando choro.
— Abandonaram o bebezinho agora à pouco, na frente do meu café. — A voz da senhora cortou o silêncio. — Pedi ajuda pra ele pois não sabia como agir, e como ele tem me ajudado muito, foi a única pessoa que pensei em pedir ajuda.
Olhei para o Jimin de novo e entendi tudo, era claro que ele queria o bebê.
— Com licença, meninos, vou terminar de fechar as persianas do café e já volto.
Ela saiu e eu sentei do lado dele.
— Vocês já ligaram pra polícia?
— Não. — Ele nem me olhou pra responder.
— E porque não?
— Pra quê polícia?
Respirei fundo, pensando em cada palavra com cuidado.
— Ji, abandonaram ele aqui, isso é um crime. A policia precisa saber, eles precisam investigar quem fez isso.
Ele ficou em silêncio, pensativo, e só respondeu depois de longos segundos.
— Mas se você chamar, vão levar ele embora...
Eu não sabia o que falar, e nem poderia prometer que não levariam.
— Você... bem, você quer ele?
Ele olhou fundo nos meus olhos, e sem dizer uma única palavra, seu olhar respondeu tudo.
Olhei na direção do bebê, e em fração de segundos, entendi o que o Jimin estava sentindo. Ele era lindo feito um anjo, com as bochechas fofas e coradas. Ele parecia ser saudável e forte, porque alguém abandonaria uma criança?
E qual a possibilidade disso coincidir exatamente no momento em que queremos adotar?
— Eu vou ligar para o Mingyu, tudo bem?
— Tá...
Ele me olhou com medo, mas sabia que eu estava certo, não podemos simplesmente pegar a criança e ficar com ela.
O Mingyu também voltou hoje para a Coreia, pois estava cheio de trabalho. E eu como um bom amigo, já ia passar outro trabalho pra ele.
Levantei e comecei a andar pelo escritório, esperando ele me atender, mas chamou até cair. Insisti, e na segunda vez, ele atendeu.
— Você não me dá paz, não?
— Não consigo. Consegue vir em um endereço, tipo agora?
— Eita, consigo, mas você aprontou alguma coisa?
— Talvez sim...
— Ai ai ai, Jk... se for sobre sua tia, eu vou prender você, tô falando sério. Me envia o endereço, tô indo.
— Não é, e não demora.
Desliguei e voltei na direção deles, onde a senhora que já tinha voltado, conversava com o Jimin, enquanto ele estava grudado no bebê.
Com a mãozinha pequena ele segurava um dos dedos do Ji, enquanto o próprio Jimin olhava apaixonado pra ele, fazendo carinho no cabelo dele.
O assistente social vai surtar...
Depois de pouco mais de vinte minutos, o Mingyu chegou. Quando entrou, ele olhou pra gente completamente confuso, então explicamos o que aconteceu.
— Que loucura, como alguém pode fazer isso com alguém tão pequeno e indefeso? Vou precisar abrir o boletim de ocorrência, vou na viatura registrar. Jk, consegue vir comigo?
Concordei e saímos.
— Tá tudo bem? — Ele perguntou enquanto sentava dentro da viatura, e eu fiquei em pé encostado nela.
— Tá... bem, acho que tô meio perdido.
— O Jimin quer a criança, acertei?
Concordei com a cabeça, e acho que pela primeira vez depois que parei, eu realmente queria fumar um cigarro.
— Tá tão óbvio assim?
— Percebi só pela forma que ele estava segurando e dando carinho, assim como eu faço com a minha filha. — Ele sorriu enquanto escrevia a ocorrência no tablet.
— Você acha que tem essa possibilidade?
Ele me olhou nos olhos e respirou fundo.
— Ter até tem, mas precisamos acionar a assistência social, pois na ausência dos pais devido ao abandono, acredito que priorizem os avós ou parentes próximos pra uma adoção. A não ser que não localizem ninguém, ou eles não queiram.
— Eu conheço o Jimin, ele vai ficar mal se precisar devolver.
— Se realmente querem adotar, precisam fazer do jeito certo. Vou abrir a ocorrência e solicitar as câmeras de segurança da rua pra tentar identificar quem fez isso.
— Tudo bem. Você tem um cigarro aí?
— Ter eu tenho, mas não quero correr o risco de deixar seu marido puto e ele me arrebentar na porrada, então melhor não te dar. — Ele brincou, se referindo a briga dele com o Seung-ho.
— Confesso que ele é desses mesmo. — Brinquei e nós rimos.
Esperei ele abrir e voltamos pra dentro do café. A senhora ofereceu um café pro Mingyu, que rapidamente aceitou, então ela foi preparar e ele foi junto.
Sentei de volta do lado do Jimin, e nesse momento, o bebê acordou.
— Oi meninão. — Brinquei com ele apertando de leve sua bochecha, e ali, eu senti meu coração mais acelerado que antes. Olhei para o Jimin, e vi amor no olhar dele, de uma forma que nunca vi igual.
É louco pensar o quanto o mundo é pequeno, e é como se essa chance tivesse caído nas nossas mãos.
Passei a mão no rosto do Jimin e fiz carinho, e ele apoiou o rosto na minha mão.
O Mingyu voltou junto com a senhora.
— Vamos lá, a delegacia me respondeu; Como abrimos o boletim de crime de abandono, a assistente social precisa buscar ele e levar à um abrigo até que seja decidido seu destino. Porém, por conta do horário, hoje ela não poderá vir, então preciso deixar ele em um hospital próximo.
— Deixa a gente ficar com ele pelo menos hoje, por favor. A assistente pode ir lá no apartamento do Jk amanhã buscar ele, é melhor do que dormir em um hospital... olha o tamanho dele. — O Jimin falou quase chorando.
O Mingyu me olhou meio perdido, e voltou a olhar para o Ji.
— Não sei se podemos, Jimin.
— Por favor...
O Mingyu pensou por alguns segundos e respondeu.
— Vocês me colocam em cada uma... tá bom, mas não sumam com ele, por favor, isso me colocaria em um baita problema. Vou passar o endereço para a assistente social buscar ele amanhã.
Agradecemos por ter deixado, e ele foi embora.
A Sra. Yoo nos deu algumas orientações referente à alimentação dele nessa noite, então nos despedimos dela e fomos embora também.
Tive que deixar minha moto em frente ao café dela pra voltar dirigindo o carro.
O Jimin foi andando animado na minha frente com ele no colo, e sentou no banco de trás.
No caminho, paramos em uma farmácia e comprei a fórmula de leite que a Sra. Yoo falou pra comprar, assim como mamadeira e um pacote pequeno de fraldas.
Voltei para o carro e fomos para o apartamento.
[...]
Entrei com as sacolas, e o Ji entrou logo em seguida com ele no colo. O Jin, que já tinha chegado e estava sentado com o Bam no sofá, ficou meio em choque quando olhou pra nós.
— Espera aí... que criança é essa?
O Jimin sentou no sofá e contamos tudo o que aconteceu.
— Que loucura... Ele tem nome?
Olhamos um para o outro, e lembramos que não tem. Não era bom colocar um nome, afinal nem temos certeza se realmente poderemos ficar com ele, e isso faria a gente se apegar ainda mais, mas era claro que o Jimin não ia aceitar isso.
— Temos que pensar em um. — ele respondeu.
— Coloca Seokjin, vai crescer lindo, encantador e talentoso. — O ego do Jin respondeu no lugar dele.
— Modesto como sempre... — Eu e o Jin demos risada, mas o Jimin estava apaixonado demais pra rir, e só olhava para o bebê, esquecendo quase completamente que estamos ali.
Nesse momento, o bebê começou a chorar.
— Vai fazer o leite dele, vou para o seu quarto. Boa noite Jin. — Ele levantou e realmente foi.
Eu olhei para o Seokjin, que me olhou de volta.
— Vamos lá, vou te ajudar.
Enquanto fui lendo a embalagem e as medidas, o Jin foi preparando a mamadeira.
— Se a assistente social vem buscar ele, não é bom o Jimin se apegar assim. — Ele falou.
— Acho que agora é tarde, ele já se apegou.
Ele sorriu, chacoalhou a mamadeira e me deu.
— Bom, então acho que agora vocês são papais, parabéns.
Peguei e sorri sem jeito.
— Se a gente puder, né? As leis atuais da Coréia não permitem um casal como nós adotar uma criança.
— Vocês são famosos, ele principalmente, usem isso ao favor de vocês. Agora vá lá levar a mamadeira, ele tá te esperando.
— Obrigado, Jin.
Fui para o quarto e entreguei a mamadeira para o Jimin. O quarto inteiro cheirava a morango com cheiro de neném, e eu tenho certeza que se existe um paraíso, o aroma dele é assim.
Ele estava sentado na cadeira, enquanto eu sentei na cama, e ali eu tive a certeza que eu realmente queria isso, e não era algo só pra agradar o Jimin.
É inacreditável o quanto ele muda a minha vida por completo, pra coisas que jamais imaginei que faria, a cada dia isso muda mais e mais. E é coisas assim que fazem eu me apaixonar por ele cada dia mais.
Ele me olhou, e os olhos dele estavam completamente brilhantes e esperançosos, assim como no dia em que nos beijamos pela primeira vez... assim como no nosso casamento.
— Precisamos de um nome. — ele falou baixinho.
— Ji, não é melhor termos certeza se poderemos ficar com ele?
— Não, ele precisa de um nome, independente disso.
Nesse momento, minha mente parecia um papel vazio, e eu não conseguia pensar em nada.
— Yohan, o que acha? É o nome do personagem principal do meu anime favorito. — ele falou.
Dei um sorriso sútil com a resposta rápida dele, e porque será que não me surpreende ser algo sobre anime?
— É um nome lindo, eu gostei muito, meu amor.
— Então será esse. Eu quero um quarto enorme pra ele, quero brinquedos de todo tipo, as melhores roupas, as melhores viagens... — Ele gesticulava com uma das mãos enquanto falava animado, fazendo mil planos.
E eu, tudo que eu queria era que a gente realmente pudesse ficar com ele, se não isso vai machucar muito.
— Eu te prometo que se pudermos ficar com ele, nós daremos tudo isso.
Ele sorriu com os olhinhos reluzentes e esperançosos, e fez um bico pedindo um beijo, que atendi.
— Agora segura ele, preciso ligar pra minha mãe. — Ele levantou e afastou os braços, me entregando o bebê.
— Eu? Mas eu não sei...
— Pois agora vai aprender, senta aí.
Eu obedeci e sentei na cadeira, e o Ji colocou ele no meu colo, onde continuei segurando a mamadeira.
— Já volto... — Ele saiu do quarto e foi para a sala.
O bebê estava acordado e me olhando atento, com os olhos piscando lentamente. E meu coração começou a palpitar forte.
Era ele.
O Jungkook de um tempo atrás não acreditaria de forma alguma se eu falasse que estaria assim.
Morrer era a única coisa que eu queria antes de conhecer o Jimin, e graças à ele, agora eu quero viver...
Viver as coisas mais clichês do mundo com ele se tornam facilmente as melhores experiencias da minha vida, e essa é uma delas. Não me canso de afirmar pra mim mesmo o quanto ele trouxe vida de volta pra minha vida.
Ele terminou de beber toda a mamadeira, então coloquei ela na mesinha do lado e fiquei falando com ele.
— Yohan... — Sorri enquanto olhava, encantado por ele.
Ok, isso já foi eu assumindo pra mim mesmo que queria ele tanto quando o Jimin, e eu olhava bobo por cada detalhezinho do seu rosto, de sua mãozinha pequena e seus dedinhos gordinhos.
Eu não conseguia entender como alguém consegue abandonar um serzinho tão pequeno.
Eu estava sorrindo feito um pai, e assim que o Jimin voltou da sala, viu eu agindo assim.
Ele se aproximou e abaixou na minha frente, ficando de joelhos enquanto me olhava nos olhos.
— Qual a chance dele aparecer na nossa vida justo agora? Eu sei o quanto sofremos com o Seung-ho e com tudo o que ele fez, mas, parece que tudo estava premeditado pra chegarmos aqui, até ele. — Ele olhou para o bebê.
Olhei nos olhos dele com amor.
— Vamos arrumar nossa mudança assim que o dia nascer, assim podemos mostrar ao assistente social o quanto podemos acomodar ele.
Ele levantou rápido e ficou de pé, cheio de esperança.
— Ok, nós faremos isso.
— E outra, eu sei que isso não é o que você quer ouvir, mas os avós dele têm direito a guarda, tudo depende da forma que eles vão agir, isso se ele tiver.
A feição animada dele mudou.
— Tudo bem...
— Faremos de tudo pra dar certo, eu prometo loirinho.
Ele concordou e fomos nos arrumar pra dormir.
Mesmo com a insistência do Jimin, ele aceitou dormir na cama sem mim e junto com o neném, enquanto eu fui dormir na sala.
O Bam puxou sozinho a cama dele pra perto do sofá e deitou, parecendo estar genuinamente com dó de mim por estar ali.
Depois de rolar de um lado para o outro por mais de uma hora, eu ainda não estava com sono e nem conseguia dormir, então fui conferir se estava tudo certo no quarto, e o Bam veio comigo.
E então, assim que abri a porta, me derreti de amor.
O Jimin estava dormindo envolvendo ele com os braços de forma cuidadosa, com travesseiros em volta impedindo ele de rolar para o lado.
Puxei a cadeira pra perto da cama, o Bam deitou do meu lado, e fiquei olhando pra eles.
Se a felicidade pudesse ser resumida em uma imagem, seria essa que tô vendo agora.
Enquanto fiquei admirando eles, consegui finalmente dormir, mesmo que na cadeira.
Acho que o segredo pra dormir é ficar olhando pra ele... ou agora, pra eles.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
[🎤]
Gente, amei escrever esse capítulo! 🫂
Eu espero muuuuito que tenham gostado, confesso que tô apaixonada por eles!!!
Torço muito pra que vocês estejam também.
Amo seu apoio e sua presença, obrigada por estar aqui! 🫶🏻
Comentem muito, amo DEMAIS saber o que estão achando 🫂😭
E até o próximo capítulo!
✨
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top