33 • sob a luz da lua

[🎙️]

PARK JIMIN

Abri os olhos lentamente e olhei para o lado, a cama estava vazia. Sentei na cama e olhei ao redor, e não tinha ninguém no quarto também.

Que estranho...

— Jungkook? — Chamei, mas, sem respostas.

Peguei meu celular na mesinha de cabeceira e conferi as horas, eram 10:29 da manhã. Chegamos quase com o dia nascendo, mas o pouco que dormi já me fez bem.

Me levantei e fui até o banheiro pra tomar banho enquanto isso.
Parei em frente ao espelho após sair do chuveiro e comecei a secar meu cabelo, que estava enorme.

— Que inferno... — Eu tentava arrumar ele de um lado para o outro, mas nada ficava bom, e isso já estava me irritando profundamente.

Terminei de arrumar na força do ódio e voltei para o quarto, onde peguei meu celular de novo. Ainda não tinha mensagens do Jk, então eu enviei primeiro.

Ele consegue ser a porra de um príncipe mesmo com o que eu fiz. Ontem agi feito um babaca com ele, e ainda no seu aniversário.

Eu sou um completo idiota.

Mesmo que ele tenha me desculpado, ainda tô me sentindo mal, e com razão.
Sempre fui horrível pra esconder o que sinto, e aquela vagabunda me deixou maluco de ódio. Eu sei que ele já teve outros relacionamentos antes de mim, e eu também tive, mas ela ter flertado com ele na minha frente foi o limite pra minha paciência.

E o pior, mesmo sendo uma vagabunda oferecida, ela era linda, acho que isso me desestabilizou ainda mais.
Eu sou um homem, e ele sempre se envolveu com mulheres, e se ele se arrepender e me largar? E se eu confundi ele, mas no fundo, ele não é gay?

Eu estava ficando maluco de culpa, maluco ao ponto de começar a criar mil paranóias.

Depois de alguns minutos perdido nos meus pensamentos mais pessimistas, ele chegou com duas sacolas nas mãos.

— Bom dia, meu loirinho. — Ele se aproximou, me deu um beijo na cabeça e colocou as sacolas na mesa. Eu fui correndo mexer nelas pra ver o que ele trouxe.
Uma estava repleta de doces, e a outra, com dois capuccinos, sendo um de morango. Até o fato dele sempre lembrar dos meus gostos me deixou com mais sentimento de culpa.

— Obrigado por tudo isso... — Agradeci e nos sentamos na mesinha que havia no quarto do hotel.

— O que aconteceu que você tá com essa carinha? — Ele deu uma beslicadinha no meu queixo.

Eu sou tão óbvio que não precisei falar nada.

— Me desculpe por ontem... — minhas mãos se entrelaçavam em cima do meu colo, e a vergonha tomava conta da minha expressão.

— Nós já conversamos sobre isso, Ji, tá tudo bem.

— Não, não tá. Você tem que parar de me defender assim. Eu sei dos meus defeitos, e agi muito mal com você, ainda mais sendo seu aniversário.

Ele pensou por alguns segundos e me olhou.

— Tá bom, então vou te dar um castigo pelo que você fez. — ele espreitou os olhos e falou com uma expressão séria.

— Seja o que for, eu tô disposto à cumprir. — respondi confiante, já esperando que ele realmente desse um castigo.

Ele então sorriu da forma mais maliciosa possível, apoiando os braços um pouco na mesa.

— Eu quero te chupar, mas não como da última vez, quero chupar até você ter um orgasmo. — Ele me olhou com tranquilidade enquanto falava a maior perversidade que poderia sair de seus lábios.

Eu realmente não estava esperando isso, e engasguei com o capuccino assim que ouvi. Tossi desesperado, morrendo de vergonha.
Já fizemos isso mais de uma vez, e eu sempre fico todo tímido quando ele toca nesse assunto, e dessa vez, fiquei mais que o normal.
Tentei disfarçar, mas mal conseguia olhar pra ele.

Antes que eu pudesse ou conseguisse responder, ele começou a rir, jogando o corpo para trás e se apoiando no encosto da cadeira.

— Para de rir de mim, idiota... — Eu podia sentir minhas bochechas pegarem fogo.

Em um movimento rápido, ele segurou o assento da cadeira em que eu estava sentado e puxou rápido pra perto dele.

— Não aceito "não" como resposta, afinal, foi você mesmo quem disse que estava disposto à cumprir com o castigo.

— Você joga sujo, né? — respondi sem jeito.

— Você acha que eu ia perder uma oportunidade dessas?

Respirei fundo e arrumei minha posição corporal, tentando parecer corajoso, com o peito inflado.

— Eu aceito. — respondi.

Ele riu e levou um pedaço pequeno de cheesecake até a boca, mastigando com um sorriso cafajeste de canto.

— Tô louco pra te sentir de novo, Park!

Ele não me chamava assim há muito tempo, e com esse olhar safado, eu confesso que gostei, mesmo que ainda estivesse sem jeito.

— Vamos mudar de assunto, né?! Antes que eu infarte de vergonha.

Ele ficou rindo mais um pouco e voltamos a comer. Todos os doces estavam uma delícia, principalmente os que eram de morango.

Enquanto ele comia, eu disfarçava e olhava para a boca dele diversas vezes, imaginando o que ele falou.
Mesmo com vergonha, eu também queria.

Terminamos de comer pouco tempo depois. Peguei meu boné e uma máscara, e saímos do quarto em direção ao elevador.

Enquanto descemos os andares, olhei no espelho pra colocar o boné, e isso foi o suficiente pra me irritar, de novo.

— Você se importa se a gente passar em um cabeleireiro antes do ensaio? Prometo que vai ser rápido.

— Você vai cortar? — Ele passou a mão no meu cabelo, como se estivesse sentindo por isso.

— Vou, tá muito grande, e vai me atrapalhar no show...

— Ok né... vou sofrer, porque você tá lindo assim.

— Então eu só sou bonito com o cabelo grande, Jungkook?

Ele agarrou minha cintura e puxou meu corpo pra ele.

— Não coloque palavras na minha boca... você é perfeito de qualquer jeito. — Ele sorriu e me deu vários beijos, mas nos afastamos rapidamente assim que ouvimos a porta do elevador abrir no térreo.

Chamamos um táxi e fomos até um cabeleireiro que achei no mapa. Chegando lá, ele ficou me esperando em uma sala de espera.

Além de refazer o corte, falei para o cabeleireiro pintar de azul, com uma tinta provisória.
Na real, nem sei de onde escolhi azul, foi a primeira cor que me veio à mente, e mesmo assim eu amei o resultado.

Voltei para a sala de espera assim que tudo acabou, e ele me olhou surpreso. Fomos para fora pra chamar um outro táxi e sua expressão continuou.
Assim que ele notou que não havia pessoas por perto, parou na minha frente, com seus olhos brilhantes.

— Que isso, Ji, como você consegue ficar mais lindo que antes?! Que delícia você tá, queria te agarrar agora e te levar de volta para o quarto do hotel...

Cai na risada com o que ele disse, e ele ficou com um olhar canalha pra mim enquanto ria também.

Um táxi passou nesse momento e o chamamos. Nós entramos no carro e ele continuou me olhando fixamente.

— Meu loirinho agora tá com o cabelo cor de mar...
— Ele sorria, e seus olhos grandes sorriam junto.

— Tô feliz que você gostou. É tinta provisória, mas, quem sabe daqui um tempo eu pinte mesmo.

— Vai ficar lindo com qualquer cor. — Ele continuou sorrindo, e nossa, como eu amava esse sorriso dele.

No caminho nossas mãos inevitavelmente se acariciavam. Eu sentia necessidade de tocar ele a todo momento, e eu sabia que tinha que evitar isso no palco. Na real, eu já devia evitar agora, afinal, estamos no táxi, mas eu já comecei a falhar agora mesmo.

Ele é e sempre vai ser o meu ponto fraco.

Depois de uns minutos, chegamos no SoFi Stadium. Precisamos ensaiar no palco antes do show de hoje a noite pra tudo ocorrer perfeitamente, sem nenhum imprevisto ou erros, afinal, ensaiar aqui é diferente de ensaiar nas salas da Town.

Já havia vários funcionários no estádio, e o palco já estava todo montado. Alguns técnicos estavam arrumando os telões e as partes de som, mas já dava pra treinar com os dançarinos.

Subimos no palco e seus olhos circulavam pelo estádio.

— Uau... quantas pessoas cabem aqui?

— Minha mãe disse que foram 135 mil ingressos vendidos, e esgotou em três dias. Mais pessoas que no meu último show.

Seu olhar se virou novamente na direção do campo, e ele ficou pensativo por uns segundos.

— Isso é muita gente, e se eu não conseguir?

— Eu tenho certeza que consegue. Eu confio em você, então confie em si mesmo também.

O produtor se aproximou e me chamou pra iniciar o ensaio. Ele coordenou minha disposição no palco junto com os dançarinos, e então, começamos a praticar.

A princípio, o Jungkook ficou sentado nos primeiros assentos da platéia enquanto me assistia atentamente.
Eu podia ver ele cantar junto a maioria das minhas músicas, e isso me deixou bobo de orgulho, já me levando a entender que ele tem ouvido meu disco.

[...]

Depois de um tempo ensaiando, eu já sentia meu corpo completamente suado, além do cansaço físico que dominava cada centímetro dos meus músculos.
O produtor chamou o Jungkook para o palco e sem perder tempo, já começamos a ensaiar juntos.

Bastou uns minutos ali cantando pra ele se acostumar, e até já estava mais confiante.

A ideia era cantar duas músicas juntos. Sem sombra de dúvidas eu quero que ele cante Letter comigo, já ele, escolheu Standing Next to You. Ensaiamos a coreografia da música dele a semana toda, e já estou ótimo, modéstia parte.

— Jimin, você tá insistindo em errar nessa parte da coreografia. Sua perna está indo para o lado errado, façam de novo! — o coreógrafo falou.

É, talvez eu não esteja tão ótimo assim...

Depois de refazer algumas vezes, finalmente consegui consertar essas falhas.

Na prática, foi moleza esconder o que eu e o Jk temos. Agimos da forma mais profissional possível na frente de todos, e espero que no show seja assim também.

Depois de pouco mais de uma hora, vi o Yoongi chegando. Precisei convidar ele na última vez em que o vi, e mantivemos assim. Independente de tudo o que descobri, sempre fomos amigos, e ele sempre me apoiou em vários projetos. Inclusive, a música que temos juntos foi ele quem compôs, e foi um sucesso pra nós dois.

Não posso misturar os assuntos.

Assim que ele subiu ao palco, cumprimentou a todos, conversamos um pouco sobre a nossa apresentação e começamos a ensaiar.

[...]

Ao fim de todo o ensaio, chamamos um táxi e voltamos para a o hotel. Eu estava destruído e definitivamente precisava dormir antes do show. Ainda temos algumas horas até lá, o suficiente pra recuperar um pouco da minha energia.

No caminho, senti meu celular vibrar. Peguei e vi uma notificação do Hobi.

Isso me deixou mais feliz do que eu já estava.

— O Hobi está vindo pra cá, pra assistir o show. — falei animado olhando para o Jk.

— Que boa notícia, meu amor.

— Sim! Pra ficar perfeito, a gente podia sair pra beber...

— Não inventa, Jimin. — ele espreitou os olhos.

— Você é insuportável. — resmunguei e cruzei os braços.

— E você é mimado. Vou pensar no seu caso quando a gente voltar para a Coréia.

— Tenho outra opção?

— Não.

Me afastei dele e me sentei mais na ponta do banco do carro, como forma de protesto, mas ele me puxou de volta no mesmo segundo.

— Não foge, não. — ele sussurrou enquanto ria.

— Ok. Então assim que a gente voltar pra Seoul, eu quero ir pra alguma balada.

— Combinado. — Pra minha surpresa, ele topou.

Chegamos no hotel, e assim que entramos no quarto, me joguei de cara na cama. Mesmo animado, eu me sentia quebrado, com cada pedacinho do meu corpo me lembrando o quanto a última semana foi intensa.

Ele sentou do meu lado e começou a massagear minhas costas apenas com uma mão, onde o pouco que deslizou foi o suficiente pra relaxar meus músculos que estavam rígidos.

— Continua, por favor...

— Então tira essa camisa, assim eu faço direito.

Nem o questionei, tirei na mesma hora e deitei de novo. Ele pegou um creme, sentou em cima de mim e voltou a massagear, e nossa, que incrível. O alívio da dor muscular era quase instantâneo com o toque firme e carinhoso dele.

Ele beijava meu pescoço várias vezes enquanto massageava, e ficou assim por um bom tempo, o suficiente pra me deixar sonolento. Por mais que essa fosse a oportunidade pra fazermos algo mais íntimo, e eu realmente quisesse, acabei pegando no sono.

[...]

— Ji? Acorda. — Escutei a voz do Jk nos meus sonhos, até que senti o toque dele no meu rosto e percebi que não era um sonho.

Levantei assustado e meu corpo saltou da cama.

— Ei, calma. — ele riu da minha reação. — Seu celular está tocando.

Ele me avisou e voltou a sentar na mesinha, onde estava mexendo no notebook.

Olhei de um lado para o outro e peguei o celular, que atendi ainda meio desorientado, sem nem conferir quem era.

— Alô? — falei.

— Que "alô" o que! Eu tô aqui na recepção do hotel, cadê você pra me receber? E que voz de sono é essa?

— Merda, foi mal, eu dormi. — dei risada — tô descendo, me espera aí.

O Jungkook ficou no quarto editando uns vídeos e eu desci para a recepção.
O Hobi já estava fazendo as reservas dele. Me aproximei lentamente e belisquei sua cintura, fazendo ele se assustar.

— Filho da puta, que susto!

— Olha a boca, mal educado.

— O pior boca suja de Seoul me dando lição de moral? Que ironia.

— Sou porque aprendi com você, o melhor nisso.

— Vem cá. — Ele bagunçou meu cabelo como um irmão mais velho. — Gostei do cabelo, combinou com você.

— Você me elogiando, Jung Hoseok? Que honra. Ainda veio até a Califórnia por mim, não sei se sou merecedor de tamanho privilégio.

Ele caiu na risada. A recepcionista entregou a chave e nós entramos no elevador.

— Quando vocês vão voltar pra Coréia? — ele perguntou.

— Amanhã, o Jungkook tem uns compromissos marcados.

— Ele volta e a gente fica aqui, o que acha?

— Ahh tá... só nos seus sonhos que eu vou ficar sem ele.

— Se desgrudem um pouco.

— Impossível.

Ele riu um pouco e olhou seu reflexo no espelho do elevador. Sua expressão mudou, ele respirou fundo e voltou a olhar pra mim.

— Park, eu preciso te contar uma coisa...

Pela expressão que ele fez, não parecia ser uma boa notícia.

— O que foi? Você tá me assustando com essa cara.

Ele continuou em silêncio.

— Fala logo, Hobi! — Insisti, quase morrendo de ansiedade.

A porta do elevador abriu no 6° andar, onde ele conseguiu um quarto vago pra se hospedar.

— Vamos para o quarto primeiro. — Ele segurou no meu braço e me puxou.

Isso realmente me assustou.

Ele estava apenas com uma mala, e com uma mão ele puxava ela, enquanto com a outra, me puxava. Assim que entramos, eu tranquei a porta e virei pra ele.

— Vai, fala. Sua irmã aprontou alguma coisa?

Ele respirou fundo e sentou na cama.

— Não é nada disso. Bem, você sabe que eu, o Jin e o Taehyung acabamos virando amigos, certo?

— Sim, e?

— Eu beijei o Taehyung...

Arregalei os olhos e engasguei com o ar, olhando incrédulo pra ele enquanto tossia.

— Não, isso... isso não é sério, para de mentir... — Eu ri, pois achei que era uma brincadeira, mas ele continuou sério. Minha risada se desfez no mesmo momento.

— V-você tá falando sério?

— É óbvio, caralho. Porque eu ia mentir isso? — Ele passava a mão na cabeça, impaciente.

Eu sentei na cama ao lado dele e apoiei os braços nas pernas, enquanto minha ficha ainda tentava cair.

— Eu tô sem palavras. Como isso aconteceu?

— Não sei...

— Não aceito essa resposta. Quero detalhes; quando, como, onde...

Ele olhou para o alto, tentando criar coragem pra falar.

— Foi há uma semana atrás. O Jin tinha saído com a minha irmã e o Jungkook estava na Town ensaiando com você até tarde, então o Taehyung estava sozinho no apartamento. Eu também estava sozinho em casa, então insisti e consegui tirar ele de dentro do apartamento, e saímos pra beber em um bar que ele conhecia.

Álcool... aquele que nos faz ter coragem de fazer algo que até então, só queremos em segredo.

— Vocês beberam e ficaram, foi isso?

— Sim... não sei te explicar o que aconteceu, mas quando vi, já estávamos nos beijando, ainda no bar. Por sorte era tudo escuro e tinham poucas pessoas, então eu acho que ninguém viu.

Eu sentia uma guerra de informações explodindo dentro do meu cérebro, e mal conseguia acreditar.

— E o que vocês fizeram depois disso?

— Ué, nada. Estamos nos ignorando desde esse dia, fingindo que nunca aconteceu.

— Hobi, isso foi exatamente o que você pediu pra eu não fazer quando beijei o Jungkook pela primeira vez, porque está agindo assim?

— E você quer que eu faça o quê? Namore com ele? Nós dois estávamos bêbados, foi uma loucura, um erro. Você e o Jungkook se apaixonaram, é diferente.

— E quem garante que vocês também não estão? Olha pra você, desde o primeiro dia em que se viram, vocês se deram bem e se apegaram muito, ao ponto de vocês se falarem todo santo dia.

— Conversar todo dia é normal entre amigos...

— Amigos não se beijam, Hoseok.

— Tá, mas... — Ele ficou sem ter o que responder.

— Tá vendo? Nem você mesmo acredita nessas suas desculpas.

Ele ficou em silêncio, mexendo o corpo impaciente.

— Você gostou pelo menos?

— Sim... — Ele respondeu baixinho, quase sussurrando.

— Acho que nem preciso te falar mais nada, certo?

— Jimin, não dá, não existe a chance da gente ter algo. Não sei quanto à ele, mas eu não sou gay. Daqui algumas semanas vamos esquecer disso, olhar pra trás e rir do que aconteceu.

— O pior cego é aquele que não quer ver.

— Cala a boca. — ele respondeu envergonhado, olhando diretamente para o chão.

Passei o braço pelo ombro dele e o puxei.

— Posso pelo menos contar isso para o Jungkook?

— Não. Ele pode perguntar para o Taehyung, e eu não quero isso.

— Não vai perguntar nada, eu te prometo.

Ele estava com o celular nas mãos, e girava o aparelho de um lado para o outro, completamente impaciente.

— Tá, pode falar... Mas, se o Taehyung souber que eu contei isso, eu mato vocês dois.

— Que lindo, você até se preocupa com o que ele vai pensar. Isso tem nome, viu?!

— Sai do meu quarto, vai! Seu marido tá te chamando.

— Só te digo uma coisa, quando você transar com ele, nunca mais vai querer saber de outra coisa. — Provoquei ele mais, e foi o suficiente pra ele surtar e me empurrar pra fora do quarto, enquanto eu saía rindo.

— Te vejo no show! — Ele bateu a porta, e eu, subi na velocidade da luz para o meu quarto.

— Jungkook! — Gritei abrindo a porta do quarto com força.

Ele estava sentado na mesa de costas, ainda no notebook, e virou assustado pra trás no mesmo momento.

— Você tem falado com o Taehyung? Digo, antes da viagem.

— Hmmm, falei, mas do que você tá falando especificamente?

— Ele te contou que ele e o Hobi se beijaram?

ELE O QUE? — Sua voz saiu alta, de acordo com a sua supresa.

— Shhh, para de gritar. — Levei o dedo à boca, com um gesto de silêncio, sendo que eu gritei mais que ele quando entrei.

— Repete de novo, eu tô ficando maluco, não é possível.

— Eles ficaram em um bar. Eu também reagi assim. Na real, tô sem acreditar até agora.

Ele sentou na cama com o olhar confuso.

— Como o Tae não me contou isso?

— É claro que ele ficou com vergonha. Mas esse não é o ponto, os dois estão se ignorando desde que isso aconteceu, nós precisamos ajudar.

— E como você pretende fazer isso?

— Não sei. Eu vou pensar em alguma coisa, temos até amanhã pra planejar algo.

Ele começou a rir.

— O que foi?

— Você tá todo empolgado.

Eu realmente estava. Meu melhor amigo sabia como eu me sentia, e como me senti desde o começo quando conheci o Jungkook.

— Tô animado por ele me entender, agora, muito mais que antes.

— Pena que eles estão se ignorando do mesmo jeito que você me ignorou.

Ele sorriu e mandou essa indireta completamente direta. Abri a boca indignado com suas palavras.

— Que mentiroso... eu não te ignorei, eu só estava com vergonha.

Ele começou a rir, e eu fechei a cara.

— Eu sei, meu loirinho, tô brincando. — Sua mão circulou pelo meu cabelo próximo à orelha. — Ainda bem que não desisti de você.

Ele se aproximou um pouco mais e deu um beijo no meu pescoço.

— Você vai me ajudar a juntar eles?

— Vou, prometo.

— Obrigado, Kookie. — dei um selinho nele. — Vou pedir comida pra gente, espera aí.

Peguei o telefone do serviço de quarto e pedi pra servirem o brunch no quarto, e fiquei aliviado que não demorou pra chegar.

Sentamos na cama mesmo, liguei a tv e começamos à comer.

Estava tudo tão gostoso, digno de um chef de cozinha. Havia alguns pães e doces, além de um suco que estava perfeito. Ficamos conversando sobre todo esse assunto dos meninos por um bom tempo, e também sobre o show.

Enquanto comemos, o celular dele tocou algumas vezes, e todas ele ignorou.

— Tá tudo certo?

— Uhum, é ligação de propaganda de empresa, melhor não atender. — ele bloqueou a tela e colocou o celular virado pra baixo.

Não sei o porquê, mas essa resposta dele não me convenceu.

Temos quase duas horas de descanso, então assim que terminamos de comer, deitamos na cama pra relaxar um pouco.
Por mais que eu tenha cochilado ainda à pouco, eu seguia me sentindo cansado, então não tive dificuldades pra pegar no sono de novo.

[...]

O relógio marcava 19:03h.

Assim que acordamos, colocamos roupas mais básicas e descemos para o hall do hotel, onde já havia cinco seguranças da Town nos esperando.

O Hobi ainda estava bravo comigo, e já tinha ido antes pra garantir o lugar no camarote.

Para nossa surpresa, a notícia de onde estamos hospedados se espalhou, e haviam vários fãs na frente do hotel, sendo contidos pelos seguranças e algumas grades de ferro que providenciaram rapidamente.

Não sabemos como isso se divulgou, mas geralmente são sasaengs que espalham esses tipos de notícias.

— Sai você primeiro, eu vou logo em seguida. — Falei.

— Ok.

O Jk saiu primeiro, acompanhado de dois dos seguranças. Ele acenou para todos e entrou na SUV preta que nos aguardava, e então, fui logo em seguida, repetindo o mesmo processo.
O motorista saiu com o carro logo em seguida.

Nas redondezas do estádio estava um trânsito absurdo, e muitas pessoas pelas ruas.

Entramos com o carro no estacionamento no subsolo e descemos.
Nos bastidores havia muitos staffs e diversos funcionários, e no meio de toda agitação, levaram o Jungkook para um camarim e eu para outro.

No camarim, duas maquiadoras já me esperavam, além de uma figurinista. Serão várias roupas nessas horas de show, então, coloquei a primeira roupa que eu ia usar. Vi uma blusa brilhante entre as roupas, e eu já tive a certeza que queria usar ela com o Jk no palco, então não coloquei ela agora.

Sentei em frente ao espelho e elas começaram a me maquiar e arrumar meu cabelo, ao mesmo tempo.

Assim que terminamos, saí do camarim e esperei o Jk.

— Nossa, como você tá lindo! — Eu não conseguia tirar os olhos dele.

— A estrela principal é você, que sinceramente, está muito mais lindo.

Eu queria um beijo dele nesse exato momento, e pela forma que ele mordia os lábios, eu sabia que ele também queria, mas tivemos que ficar só no desejo, infelizmente.

Fomos até uma pequena sala, e lá estava o produtor, diretor, dançarinos e todos que iam cantar comigo.
Aplaudimos o esforço de todos e falei algumas palavras.

— Gostaria sinceramente de expressar minha gratidão a todos vocês. É graças ao empenho e dedicação de cada um que este show vai acontecer. Agradeço muito por não desistirem de mim e por aceitarem participar desta parceria com tamanha prontidão e entusiasmo. Sou honrado em ter vocês tornando realidade esse importante evento que marca meu retorno aos palcos, meu mais sincero obrigado.

Todos aplaudiram mais uma vez e se parabenizaram entre si.
O produtor aproveitou a oportunidade e nos passou os últimos detalhes e então, saímos da sala.

O Jk ficará com o Yoongi e o Hobi assistindo o show do camarote, até a hora deles virem para o palco. Me aproximei dele e tentei me despedir sem chamar atenção.

— Te espero no palco. E se lembre, eu confio em você!

— Obrigado Ji! Te vejo lá.

Ele deu aquele sorriso lindo, e isso me deixou tão bem, desacelerando no mesmo momento o meu coração que antes estava pulando rápido de ansiedade.

Me posicionei na entrada do palco, e ali eu já podia ouvir a plateia gritando de forma ensurdecedora.

Respirei fundo e entrei no palco, já cantando Like Crazy.

Todos gritavam eufóricamente, e nossa, eu estava com tanta saudade disso. Mesmo com o acidente e todo esse tempo fora dos palcos, eles não me abandonaram, e bastou lembrar disso pra começar a chorar enquanto cantava. Meus fãs definitivamente são a minha vida, e eu amo tanto esse amor que me faz ser forte.

— Eu estava com tanta saudade de vocês! — Falei no microfone e a platéia gritou ainda mais.

Daí em diante, todos me acompanhavam nas músicas, e aquele mar de lighsticks acessos confortava ainda mais o meu coração.
Eram tantos cartazes com mensagens de apoio que eu chorava mais e mais a cada um que eu lia.

Depois de algumas músicas, o Yoongi entrou e cantamos nossa música. Consegui esquecer todo aquele assunto, e nossa energia no palco estava incrível!

Ao fim da música, ele agradeceu a todos e saiu. Conversei um pouco com a plateia, e então, dei uma pausa de cinco minutos; eu precisava respirar.

Nos bastidores, entrei em uma sala e fui na direção do frigobar pra pegar uma garrafa de água. Eu estava sozinho ali, e pra minha surpresa, tinha várias bebidas, e entre elas, havia soju.
Isso fez minha mente explodir, ainda mais com o calor que eu estava sentindo.

Minha cirurgia já estava cicatrizada, e eu já podia comer tudo, então um gole não vai fazer mal. E outra, o Jk não precisava saber disso, ninguém precisava saber.

Olhei para os lados e abri a garrafa. Falhei em dar um gole, e bebi a garrafa toda, o que era óbvio.
Peguei um petisco qualquer que tinha ali só pra sair o cheiro de álcool da minha boca, e então, voltei para o palco.

Depois de cantar mais uma música, fui até a passarela do palco, onde anunciei o Jungkook, que já estava esperando no acesso ao palco.

Assim que ele entrou, a plateia aumentou a intensidade dos gritos, e agora, também gritavam o nome dele. Seu olhar era tão expressivo, e era nítido o quanto ele estava surpreso por isso.

Depois de trocarmos algumas palavras e brincadeiras com o público, começamos a cantar a música dele.
Os dançarinos estavam em completa sincronia com a gente, e o público já sabia cantar a música dele, o que fez ele ficar mais feliz ainda.

Ele estava tão à vontade que parecia alguém que faz isso a anos. Eu seguia admirando ele feito um bobo apaixonado, e não estava me importando com o que iam achar.

Depois da música dele, os instrumentais de Letter começaram, e começamos a cantar juntos. Dessa vez ele não foi só meu backing vocal, nós cantamos juntos, e isso era tudo que eu precisava pra ficar mais louco por ele.

Ele... essa música foi para ele, por ele.

Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que viveria algo assim com alguém.

A lua cheia estava no céu, exatamente de frente para o palco, e ver ela ali nesse momento foi a coincidência mais perfeita que eu poderia ver. Seu brilho estava radiante, e ela, muito maior que nos outros dias.

Não sei se é por culpa do soju que bebi, mas eu sentia como se só nós estivéssemos ali, eu ele e a lua.
Eu queria tanto tocar ele, e assim eu fiz.
Por várias vezes nos aproximamos e cantamos olhando diretamente um para o outro, e mesmo que ele tentasse evitar, ele também queria me tocar.

Havia duas cadeiras no palco, e ao fim da música, ele sentou em uma delas. Eu me aproximei e ele segurou a gravata que eu estava usando, então sem pensar, apenas sentei no colo dele.

Sim, sentei no colo dele na frente de milhões de pessoas, que assistiam no estádio e nas transmissões online.

A plateia começou a gritar loucamente assim que sentei e ele retribuiu, envolvendo sua mão na minha cintura. Ficamos assim por pouco tempo, pois logo o diretor falou com a gente pelo ponto que estávamos usando.

Segurei ele por mais um tempo conversando com a plateia, e ele até cantou um trecho de Hate You à pedido deles.

Se dependesse de mim, eu queria ele no palco comigo o restante do show, mas não tenho muita escolha. Ele se despediu e saiu do palco, dando uma piscadinha na minha direção.

E então, o show continuou.

[...]

Toda a apresentação continuou por pouco mais de duas horas, e então, finalizamos.
Me despedi de todos, e com tristeza, saí do palco.

Voltei para o meu camarim, me tranquei sozinho e comecei a chorar. Isso por menos de um minuto, pois logo alguém bateu na porta.

—  Quem é? Me deixa sozinho.

— Ji, sou eu. — Era o Jungkook.

Corri na direção da porta e abri.

Ele me olhou e deu um sorriso confortante.

— Eu sabia que você tava chorando.

Foi só ele falar isso pra eu chorar ainda mais. Ele entrou no camarim e eu o abracei.

— Obrigado por cantar comigo.

Sua mão circulava pelo meu cabelo enquanto ele me abraçava ainda mais. Seu olhar brilhante mirou meus olhos assim que afastou o rosto.

— Obrigado à você, meu amor, por ter me proporcionado tudo isso. E não só isso, você foi incrível e eu tô tão orgulhoso! Eu mal conseguia tirar os olhos de você e admirar cada movimento seu.

Eu me sentia completamente realizado em ter vivido isso com ele.

E de novo, outra pessoa bateu na porta.

— Jimin? — Era a voz da produtora.

— J-já vou...

Pelos passos, percebemos que ela se afastou e saiu do corredor.

— Melhor eu sair, ela vai voltar.

O Jk abriu a porta e foi trocar de roupa no camarim dele, e eu deixei a porta aberta enquanto tirava a maquiagem. Alguns minutos depois, ela voltou, me parabenizando pelo show.
Conversamos por uns minutos e ela saiu. Tirei a roupa do figurino e fui para a garagem do estádio.

O Jk já estava me esperando com o Hobi e os seguranças, que logo nos levaram embora.

E como imaginado, ainda tinha fãs na entrada do hotel.

— Parece que tem mais gente que antes... — O Hoseok falou enquanto olhava surpreso pela janela.

— Dois idols e um ator em um único carro, é o prato cheio para os fãs.

Descemos acenando para todos e entramos no hotel, que redobrou a segurança por causa disso.

Por mais que a gente quisesse comemorar, eu precisava dormir. Tenho ficado sonolento muito mais que , mas acredito que depois dessa semana louca, as coisas vão melhorar e vou voltar ao meu normal, que era beber e virar a noite.

Coloquei um shorts leve e corri pra cama, e o Jk deitou logo em seguida.

— Você tá fugindo de mim.

— Eu? Do que você tá falando? — Eu sabia do que ele estava falando.

— Hoje vou te deixar escapar por causa do show, mas amanhã você é meu.

— Você é um sem vergonha, sabia? — Espreitei os olhos pra ele, e ele segurou firme na minha cintura, me puxando mais próximo e colando nossos rostos.

— Com alguém como você é impossível não ser.

Ficamos conversando por alguns minutos e eu dormi, e ele também pegou no sono.

[...]

Acordamos com alguém tocando a campainha do quarto, e o Jk levantou assustado assim que percebeu e me acordou.

— Vai para o banheiro e tranca a porta. — Falei quase empurrando ele da cama.
Fui até a direção da porta e atendi, e para o nosso alívio, era o Hoseok.

— Hobi, são 07 da manhã...

— Vocês ainda estão dormindo? Nosso vôo é às 08h, não acredito que vocês esqueceram.

— Claro que não, é às 11:00.

— Você me enviou sua passagem, Park, olha.

Ele apontou o celular dele na minha direção, e ele estava certo.

— Merda! Espera dez minutos e nós já saímos.

Fechei a porta e colocamos qualquer roupa que achamos pela frente. Ele se arrumou mais rápido, então já foi organizando nossas coisas nas malas, e depois de onze minutos, descemos para fazer o check-out.

Chamamos o primeiro táxi que vimos e fomos para o aeroporto. Nosso tempo estava curto, mas ainda estávamos dentro do horário.
Assim que chegamos, corremos para o guichê e fizemos o check-in nas passagens.

Ficamos ali esperando por uns quinze minutos, e então, finalmente embarcamos.
Serão longas e cansativas horas de viagem, então tentei dormir na maior quantidade de tempo que pude.

Por mais que o Jk diga que vai dormir, eu sei que ele acaba ficando acordado na maior parte do tempo, cuidando de mim.

Com o Hobi não foi diferente, ele já estava roncando na poltrona ao lado, e ficou assim a viagem toda.

[...]

Chegamos em Incheon depois de onze horas. Se eu já estava estava cansado do show, fiquei pior ainda com o voo.

Quando desembarcamos, notei que já havia seguranças da Town esperando, o que não estava combinado, afinal voltaríamos sozinhos. Me aproximei de um deles e perguntei.

— Tem fãs aí?

— Sim, e imprensa também.

O Hobi se despediu de nós e saiu antes. Também havia fãs dele, então isso ia aliviar um pouco a quantidade de pessoas que estavam ali, que eram muitas.

Coloquei um sobretudo, um chapéu e a máscara. O Jk já estava usando uma blusa de frio, mas colocou outra por cima, além da máscara no rosto. Ele parou atrás de mim.

— Onde você vai?

Ele me olhou confuso.

— Você não é meu guarda-costas mais, é pra andar do meu lado.

— Você quem manda.

Fomos andando entre o mar de pessoas que as grades e os seguranças separavam de nós, enquanto acenamos para todos.
Em passos rápidos, fomos até o estacionamento do aeroporto, onde o carro do Jungkook ficou antes de embarcarmos.

Os seguranças foram nos acompanhando com dois carros atrás, o que com certeza vai nos impedir de dar um beijo pra se despedir.
Por mais que eu quisesse ficar com ele e comemorar o sucesso do show, eu precisava ir pra casa, afinal com esses brutamontes me seguindo, não tenho escolha. Qualquer deslize nosso e eles vão correndo contar para o meu pai.

Ele dirigiu até minha casa e nos despedimos de longe, sem contato físico e sem demora.

— Te vejo amanhã? — ele perguntou.

— Não tenha dúvidas. Te amo, obrigado por tudo.

— Também te amo, meu loirinho.

Entrei em casa e estava tudo em silêncio, aparentando não ter ninguém mesmo sendo quase meia-noite.

Enquanto subia a escada para o meu quarto, meu celular tocou. Olhei já tranquilo, achando que era o Jk, mas pra minha surpresa, era uma ligação do Namjoon.

— Oi Nam.

— Jimin, você já chegou na sua casa?

— Cheguei agora, porquê?

— Abre suas redes sociais. Eu tô com seus pais em um restaurante, mas vamos chegar daqui a pouco, e seu pai já viu. — Ele desligou antes que eu pudesse responder qualquer outra coisa.

Do que ele estava falando?
Mesmo confuso, fiz o que ele pediu, e então, entendi tudo.

No twitter havia várias postagens sobre o show, mas, a hashtag mais usada naquele momento era #jikook, com imagens minha e dele no palco.

Não é possível... eram nossos nomes juntos.

— Isso é hashtag de shipp? — Perguntei pra mim mesmo, na esperança de ser uma alucinação ou loucura da minha cabeça.

— A dispatch! — Gritei assustado quando lembrei e corri para abrir o site deles, afinal, o maior medo de qualquer idol era eles divulgarem alguma notícia desse tipo. Como é uma revista com notoriedade, qualquer coisa que eles divulguem se espalha rapidamente, já como sendo uma verdade.

E pra terminar de acabar com minha sanidade, realmente já havia uma noticia sobre nós.

E não era uma simples notícia, era a porra toda anunciada na primeira página do site deles, com uma foto nossa chegando em Incheon.

Senti meu corpo ficando mais fraco a cada palavra que eu lia.
Peguei meu celular e liguei para o Jk, que atendeu rápido, mesmo que ainda estivesse dirigindo.

— Oi, meu amor.

— Olha o link que eu te enviei, corre.

— Espera aí, tenho que parar o carro.

Ele parou e abriu o link, onde ficou mudo por alguns segundos enquanto lia a notícia, voltando para a ligação em seguida.

— Puta merda, Ji... e agora?

— Não sei. O Namjoon está com o meu pai e disse que ele já viu. Ele vai me matar... pior, vai matar nós dois, e por minha culpa.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar essa bomba que acabei de jogar nas nossas mãos.

— É melhor eu voltar aí e falar com ele.

— Não, vai ser pior...

Não havia outra saída, não mais.
Na real, eu já estava cansado de viver assim, como um foragido, simplesmente por ser eu mesmo.

— Eu não quero mais ficar escondendo, e agora que a mídia já desconfia, já é meio caminho andado. Eu quero que todos se fodam, vou divulgar que estamos juntos.

— Ei ei ei, calma aí, não quero correr nenhum risco do seu pai te separar de mim de novo.

— Ele não vai, e se ele tentar impedir, vou voltar a fazer a compra do apartamento e ir embora daqui. Sou capaz até de cancelar o contrato com a Town e fechar em outra empresa...

Nesse momento, escutei barulho de um carro chegando, olhei pela janela e confirmei minha desconfiança, eram meus pais chegando.

— Eles chegaram, preciso desligar.

— Não some, por favor. Me dê notícias assim que puder. — Eu pude sentir sua tensão através da sua voz.

Nos despedimos e desligamos.

Fiquei no meu quarto esperando, afinal, mesmo sendo tarde, já imaginava que ele me chamaria, mas pra minha surpresa, não chamou.

Escutei seus passos pesados passando pelo corredor e indo até a direção do quarto. Minha mãe demorou alguns minutos, mas também passou pelo corredor e foi para o quarto. Esperei um pouco e desci, onde encontrei o Namjoon próximo a porta de saída, indo embora.

— Nam! — chamei ele, que olhou para trás logo em seguida. — Porque meu pai tá quieto assim? Achei que ele ia falar hoje comigo.

— Sinceramente, não sei. Ele viu as notícias e ficou quieto, não pronunciou mais nada sobre vocês, nem com a sua mãe. Não sei se era porque eu estava perto.

Isso era ruim, muito ruim. Não sei como ele vai reagir e pensar nas mil possibilidades estava me deixando maluco.

— Nós vamos nos casar.

Ele me olhou surpreso com a notícia.

— E você tá pretendendo divulgar isso, acertei?

— Uhum, não quero mais viver escondendo quem eu sou. Não ligo pra quem vai me julgar ou deixar de ser meu fã por conta da minha sexualidade, só quero viver numa boa com ele.

Ele sorriu e olhou pra baixo por alguns segundos, me olhando logo depois.

— Tô orgulhoso por quem você se tornou, não imaginava que aquele garoto que arrumava briga até com a sombra, iria se tornar um adulto convicto do que quer. Só não faça nada por impulso, pense com calma antes de divulgar a notícia.

— Obrigado por tudo, Nam! — Ok, isso me deixou emotivo e com os olhos cheios de lágrimas.

— Imagina. Bem, preciso ir. Amanhã cedo tô de volta, e tento descobrir o que seu pai está aprontando nesse silêncio.

— Tudo bem... muito obrigado, boa noite.

Ele foi embora e eu subi novamente para o quarto, apreensivo. Fiquei vendo as postagens sobre o show, e tinha muitas pessoas nos shippando. Mesmo em meio a esse caos que vai ser nos próximos dias, fiquei de certa forma feliz em ver a quantidade de fãs que nos apoiaram, mesmo sendo apenas uma suposição para eles.

Deitei e tentei dormir, mas tudo que consegui por horas foi ficar virando de um lado para o outro, sem sono algum. Meu cérebro não desligava, e isso tava me deixando maluco.

Fui até o banheiro principal e achei um dos remédios para dormir da minha mãe. Tomei e voltei para o quarto.

Liguei a tv e deitei, envolto nas cobertas. Assisti por poucos minutos, pois logo senti as imagens da televisão distorcendo e minha pálpebra caindo. Dormi com o controle na mão e a televisão ligada.
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Oi leitor(a)! ❤️

Obrigada pela sua presença, é muito importante pra mim!

Espero que estejam gostando da história, e me perdoem pela demora, escrevo e reescrevo várias vezes pra tentar ficar perfeito, mas sempre escapa algum errinho 🥹

Ahhh, e chegamos a 10k de leituras, nem acredito nesse número, e devo isso à você que está lendo.

• OBRIGADA! •

Até o próximo capítulo!

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