Capítulo 3
Controle.
Tudo gira em volta disso, não é?
Queremos ter controle sobre todas as situações, de todos os cargos e sobre nós mesmos. O poder não é nada se nós não obtivermos o controle. A vida não é nada sem o controle.
Controlar, não importa o que seja, nos enche o ego e nos esvazia de preocupações.
Kara queria o controle de sua situação, e Morgana... bem, ela precisava do controle. Ela havia perdido tantas coisas: seu pai adotivo e suas memórias, a confiança em Uther, sua família e segurança... e claro, o controle de sua vida. Tudo isso acabou no momento em que ela descobriu sua magia; o dom que corria borbulhante por suas veias mas que ela tinha mantido em segredo por tempo demais, até suas forças sucumbirem para o lado do qual ela nunca conseguiria escapar.
Mas perder o controle também era divertido, Kara e Morgana estavam prestes a descobrir isso. Quanto mais o mal se apossa de você, menos escolha você tem, até o momento em que tudo se transforma em cinzas, exceto seu controle... e sua paixão por alguém.
Enquanto Morgana voltava para seus aposentos pela parte de fora do castelo, sua cabeça voltava para o cavaleiro que ela tinha acabado de matar. Talvez não tivesse sido necessário, mas quem conseguiria uma revolução sem um pouco de sangue nas mãos? Tudo valeria a pena assim que ela tomasse o trono e tornasse Camelot um reino mágico novamente, e isso não se faz sem alguns sacrifícios. Se alguns guardas precisavam morrer para isso, que assim fosse.
Seus pensamentos estavam altos, tão altos quanto Kara que a observava atentamente do topo da muralha do castelo, onde ela tinha se escondido esperando que a assassina do pobre guarda se mostrasse. Ela não apareceu; ou bem, não como ela esperava. Um maldito capuz cobria seu rosto, mas algo parecia estranhamente semelhante na mulher que passava pelo pátio do castelo sem preocupações. No entanto, a única coisa que Kara conseguia ver com toda a certeza além de seu capuz vermelho, era seu cabelo preto como a noite que assolava o reino naquele mesmo momento.
Talvez ela fosse uma justiceira como Kara costumava ser, ou talvez ela fosse apenas uma assassina por prazer. Kara tinha lido muitos contos sobre essa época para se concentrar em apenas uma teoria, algo dentro dela queria saber quem tal estranha era.
Ela a voltaria a ver se deixasse essa oportunidade passar?
Bom, Kara não iria pagar para descobrir.
Voando um pouco mais alto, a alienígena passou por cima do muro sem obstáculos, ocultando-se como podia na penumbra do castelo. Assim que ela pousou no chão, a estranha se virou e Kara soube que estava perdida. Não conseguiria se mover nem se isso pudesse salvar sua vida.
Ela conhecia aqueles olhos tão verdes quanto Kriptonita.
A estranha era uma cópia viva de Lena Luthor. Ou Lena Luthor era uma cópia da estranha. Não importava, no momento em que seus olhos pousaram na dama de capuz, todas as células de seu corpo tomaram vida e seu coração saltou tão forte que ela podia ouvir em seus ouvidos.
E a cópia de Lena se aproximava conforme a garganta de Kara se fechava e apenas um pensamento ecoava em sua mente: "Não mudar a linha do tempo é uma ova".
—Se mostre, plebeia. —Morgana sussurrou, não querendo chamar a atenção dos guardas para elas. A última coisa que precisava era ser ligada a cena de seu crime, não enquanto estivesse enlouquecendo Uther.
—Não sou uma plebeia, e não gosto que usem esse tom comigo, princesa. —A última parte de sua frase soou mais flertante do que o planejado e Kara recebeu um olhar cortante como resposta, com o mesmo trejeito que Lena tinha: a sobrancelha levantada.
—Então quem é? Uma ladra de algum reino distante? Você fala de uma maneira muito díspar para ser daqui.
—Eu não sei o que isso quer dizer, mas imagino que não seja algo muito bom. Realmente não sou... —"Dessa época", Kara pensou, mas ela simplesmente mediu a mulher que tinha a frente e completou sua frase com desdém. —desse lugar.
—Eu deveria lhe perguntar como entrou no palácio, mas não acho que duas ladys conversando a essa hora vá trazer algum benefício para nós. Venha comigo e faça silêncio.
"Convidar uma estranha para meus aposentos? Eu devo ter perdido todo o bom senso que uma vez tive!", Morgana amaldiçoou-se enquanto ouvia a moça atrás de si seguí-la como um cachorrinho. E se ela fosse uma assassina? Bem, então o jogo estaria nivelado.
Com o pensamento, ela apertou um pouco mais a outra adaga que levava em seu cinto, logo abaixo de sua capa.
No entanto, de quê serviria sua causa se ela simplesmente jogasse alguém com magia para a execução? Porque Morgana tinha visto seus olhos e as veias de seu rosto brilharem vermelho ao se aproximar. A princípio ela pensou que a forasteira fosse atacá-la, mas então ela percebeu que a estrangeira só parecia surpresa. As duas estavam.
Alguns soldados fazendo sua patrulha bloqueavam o caminho de vez em quando, e Morgana tinha que segurar Kara atrás de si, algumas vezes tocando sua cintura ou suas mãos, o que enviava certos arrepios na espinha de ambas.
Logo, Morgana empurrou a desconhecida para dentro de seu aposento, tirando a própria capa logo em seguida. Quando virou para encarar a loira que ela claramente conseguia ver a luz das poucas velas acesas em seu quarto, a estranha parecia tristemente acuada.
—Não vai tirar sua capa? Ou me dizer seu nome?
Isso tirou Kara de seu transe, fazendo-a sacudir a cabeça levemente para que seus pensamentos voltassem a ordem. O choque tinha passado, mas a semelhança da morena que estava na sua frente com Lena era impressionante.
—Meu nome é Kara... Kara de Kripton. —"Kara de Kripton?! De onde eu tirei isso?!", ela se perguntou, depois de ter pensado um pouco rápido demais, talvez. É claro que precisava de um título, mas ao sair de sua boca soava ridículo.
Isso parecia ter convencido a morena, no entanto.
—É alguma terra nórdica? Ou oriental? Você não me parece que vem de muito ao leste. De qualquer forma, ouvi dizer que a magia ancestral de lá é muito poderosa.
—M-magia?!
—Você não precisa se esconder. Sei que Camelot bane qualquer tipo de feitiçaria, mas comigo você está segura. Eu sou Morgana Pendragon, a protegida do rei.
"Que maravilha, agora eu estou discutindo magia com a protegida do rei. Em qual tipo de livro clichê da Era Medieval eu caí, exatamente?"
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