Capítulo 44

Um fim de ano letivo em Hogwarts na maioria das vezes é tomado de alegria, de alívio ou de nostalgia.

Os alunos mais novos estão prontos para voltarem em setembro após o seu primeiro ano, os mais velhos desejando ter descanso após os estudos constantes para o NOM's enquanto os que estão no sétimo ano fazem despedidas emocionadas por sua formatura.

Na maioria das vezes é assim, mas naquele ano era uma exceção.

As cores de Hogwarts tinham sido trocadas por bandeiras escuras com o brasão da escola, todas as cerimônias de fim de ano letivo haviam sido suspensas, o clima de tristeza e medo pairavam sob o ar presente nos olhos não somente dos alunos, mas também dos professores.

Em poucos dias, a escola havia presenciado várias coisas. Primeiro, Dolores Umbridge havia sido expulsa do cargo de diretora para a alegria de muitos alunos. Depois veio a confirmação pelo Profeta Diário de que Voldemort havia de fato voltado e foi visto em pleno Ministério da Magia duelando com Dumbledore, notícia que se espalhou pelo mundo bruxo como pólvora sendo incendiada. Porém, a notícia mais triste que levou os alunos ao Salão Principal para fazerem uma homenagem foi a morte de um dos alunos da escola.

Peter Leblanc havia sido morto na batalha do Ministério. Por sua própria mãe, uma Comensal da Morte.

Embora não fosse tão popular, aquilo fez com que os alunos soubessem que nem todos estavam a salvo, pois a família Leblanc era puro sangue, de grande prestígio no mundo bruxo e ao que parecia, aliada do Lorde das Trevas. Mas aquilo não foi o suficiente, pois a própria mãe do garoto acabou sendo a sua assassina.

Anastasia estava sentada ao lado de Tiana que, assim como ela e Ellen, haviam presenciado a cena no Ministério quando foram ajudar Harry a salvar Sirius, uma emboscada para que o Potter pudesse pegar a profecia. O rosto da corvina fitava o que Dumbledore dizia, embora não prestasse muita atenção nas palavras do homem pois sua mente ainda estava presa naquela sala.

Os Comensais chegaram em grande número no local onde se guardava as profecias, incluindo Belatriz Lestrange que fugiu da prisão poucos dias antes, liderados por Lucius Malfoy que olhava para todos com desprezo, principalmente para ela.

Depois de uma batalha e quando tudo parecia perdido, porque os Comensais chegavam em larga escala, foi então que a Ordem da Fênix apareceu para ajudá-los. Parecia que tudo estava dando certo, mas então dois feixes de luz foram na direção de Sirius Black em meio a sua batalha com Lucius. Um foi bloqueado por Louis que estava perto do pai, mas o outro acabou atingindo outro alvo.

Peter tinha entrado na frente de Sirius numa tentativa de defender o homem.

Tudo parecia em câmera lenta para Anastasia, que teve de segurar Tiana para que a Hudson não desmoronasse no chão, enquanto Ellen olhava gritava sendo segurada por Lupin para que a loira não avançasse na própria mãe. Sirius segurava o corpo de Peter Leblanc atordoado, murmurando alguma coisa que Anastasia não conseguia ouvir.

A corvina depois ficou sabendo sobre o que houve, já que estava tão preocupada com suas amigas que sequer notara que Harry havia corrido para fora da sala perseguindo Bellatriz e a mãe de Peter.

Um puxão em sua mão trouxe ela para o momento presente quando sentiu que Tiana levantava a varinha para o alto com o rosto molhado de lágrimas, ao contrário de Ellen, que tinha o rosto seco em meio ao olhar perdido.

E em respeito a Peter Leblanc, Anastasia ergueu sua varinha.

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Faltava muito pouco para os alunos irem até a estação pegar o expresso de volta a Londres. Decidido a falar com Anastasia antes das férias, Draco a procurava em meio a confusão de alunos, e quando não viu a garota, decidiu que era melhor procurar por quem deveria saber onde ela estava.

— Louis — ele chamou o primo da namorada conversando com Lúcia em um canto no corredor — Você viu a Ana?

— Não a chame assim.

— Como?

Com o olhar que o Bellini deu, Draco havia entendido que tinha algo que ele não sabia.

— Eu acho que ele não sabe — Lúcia disse ao namorado, segurando o braço dele antes de olhar para o Malfoy — Você deve imaginar que estávamos no dia da batalha no Ministério, certo?

— Sim.

— Seu pai também estava lá, ele liderava os Comensais — esclareceu a Diggory — E ele batalhava contra a gente. Sua tia, a Lestrange, também estava junto com ele.

— Mas meu pai... ele não faria isso. Ele... — Draco não soube como continuar a frase.

— E seu pai está preso junto aos outros Comensais — Lúcia estendeu o jornal para ele — Eu sinto muito em te dizer isso, porque não tenho plena certeza se você sabe ou não, mas ele é um criminoso. E está ao lado de você sabe quem.

Com as mãos trêmulas, Draco leu o nome de seu pai em meio aos outros comensais que tinham sido capturados no Ministério.

— Posso dar um conselho? — Louis perguntou retoricamente — No fundo, nunca gostei muito de você. Não chegue perto da minha prima se você for igual a ele. Porque Ana não precisa de alguém como você, que vem de uma família supremacista que apoia abertamente aquele monstro.

— Louis! — Lúcia ralhou.

— Deixe ele falar — o loiro disse — Mas não ligo para a sua opinião. Eu só vou me afastar da Anastasia se ela me pedir, apenas ela. Mas agora me diga, onde ela está?

— Estou aqui — uma voz soou atrás dele.

Parada segurando um livro na mão, Anastasia olhava para Draco. O loiro notou que a postura dela estava diferente, assim como o costumeiro brilho dos seus olhos que tinha sumido, talvez pela cena que ela presenciara no Ministério.

Talvez por seu pai ser um Comensal da Morte.

— Podemos conversar?

E para a surpresa de Draco, depois de tantos dias de um evitando o outro, a resposta dela foi sim.

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O Lago Negro estava calmo, como se as criaturas que vivessem ali estivessem em um mundo a parte do caos que estava na superfície. Caminhando lado a lado, Draco e Anastasia estavam em silêncio observando a paisagem que ficava ao redor de Hogwarts.

— Como Tiana está?

O Malfoy sabia como Ellen estava porque o próprio havia questionado a loira no Salão Comunal da Sonserina. Ele esperava encontrar a garota um pouco abalada, mas tudo o que encontrou foi uma Ellen tão séria e com olhos tão frios que ele não imaginava como ela lidava com o luto, já que a resposta para tudo era "estou bem".

— Abalada, muito abalada. E ela tinha planos com Peter quando ele terminasse a escola, já que esse era o último ano dela, mas agora... parece que foi em outra vida.

O silêncio novamente pairou sobre eles.

— Me desculpe por não ser uma boa namorada — ela iniciou — Eu deveria ter lhe dito o motivo do meu afastamento.

— A Brigada Inquisitorial — supôs o sonserino — Você ficou diferente desde aquele dia.

— Você também ficaria, se fosse o oposto.

— Eu não tiro a sua razão — ele parou na frente dela, olhando o modo como os olhos dela se apertavam conforme o vento batia em seus cabelos e os jogava no rosto, a mão dele logo prendeu uma mecha castanha atrás da orelha dela — Mas confesso que doeu os seus olhares, o modo como falava comigo.

— Me desculpe.

— Não tem o porque fazer isso porque também não fui dos melhores namorados. E eu sinto muito pelo meu pai, soube do que houve lá e o que ele fez. Eu não sabia que ele estava envolvido nisso.

Anastasia encarou os olhos claros de Draco, os mesmos em uma versão branda dos perversos que tinha visto de Lucius no Ministério. E por alguma razão, uma pequena frase da carta do patriarca da família lhe veio à cabeça.

"Ele está preocupado com o futuro no mundo bruxo abraçando as causas certas como um Malfoy deve fazer."

— Ana? — Draco a chamou ao ver que a garota estava olhando-o por tempos demais — O que houve?

— Nada.

— Você acredita em mim, não acredita? Sobre eu não estar envolvido nas causas do meu pai?

"Ele está preocupado com o futuro no mundo bruxo abraçando as causas certas como um Malfoy deve fazer."

— Acredito. Você mesmo me disse uma vez que não quer ser igual a ele, posso confiar na sua palavra, não posso?

— É claro que pode. Eu nunca mentiria para você — ele disse segurando o rosto dela com as duas mãos, como se fosse algo precioso que poderia quebrar ou até mesmo perder.

A Bellini sorriu, ignorando os avisos do seu coração quando os lábios dele iniciaram um beijo calmo. Uma sensação de despedida se apossou da corvina, como se aquele momento calmo entre os dois fosse ruir em breve, como se toda a inocência que os cercava se perdesse em breve.

— Então estamos de bem? — o Malfoy perguntou após soltá-la alguns centímetros, mas perto o bastante para ele ser dominado pela fragrância de morangos que ela estava exalando.

— Estamos, no que depender de mim, estamos.

— No que depender de mim, também — ele disse antes que se beijassem novamente, mas ao contrário da outra vez, tinha sentido que algo ali não seria mais o mesmo.

E mais uma vez, como tantas outras que ignorou seu coração, Anastasia se permitiu aproveitar cada minuto com Draco.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

E esse é oficialmente o último capítulo do quinto ano! Acabamos em clima de tristeza por conta do Peter, que mesmo aparecendo pouco na fic acabou deixando uma leve marca, ou profunda, pelos capítulos que virão.

Próximo capítulo será o primeiro da era do sexto ano, Enigma do Príncipe vem aí com muitas coisas importantes e divisor de águas da fanfic. Não sei se vocês gostem (por favor me falem disso nos comentários) mas estou deixando os capítulos da fic maiores - ou tentando ao menos - para dar mais espaço para alguns na trama.

Me digam o que estão achando, essa autora ama ler os comentários de vocês.

Até o próximo! 

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