Capítulo 41

— Você tem certeza de que está tudo bem? — Louis perguntou pela terceira, ou décima vez, somente naquele dia enquanto eles andavam até o Caldeirão Furado.

Quando o grifano e sua mãe voltaram para casa naquele dia, acabaram sabendo quem era o mais novo namorado de Anastasia e, embora Alexandra não ter feito muitos comentários exceto desejando felicidades para a sobrinha, Louis por outro lado não poupou a língua com questões que iam desde "o que você viu nele mesmo?" até "você tomou poção do amor, é a única explicação".

— Eu já lhe disse que sim, quando vai cair sua ficha de que estou namorando com o Malfoy?

— Talvez no casamento de vocês — ele fez uma careta — Sempre soube que aquele loiro era quase que sua cadelinha, mas agora oficialmente com a coleira, chega a ser estranho.

— Ninguém é cadelinha de ninguém, e duvido que Draco seja cadelinha de alguém.

— Bom... a sua provavelmente ele será, porque se você parar para notar, ele gosta de apanhar de você.

A Bellini revirou os olhos e atravessou a passagem que dava para o Beco Diagonal. Por ser fim de ano, não estava o movimento costumeiro de alunos pelas lojas ou pelas ruas deixando-as lotadas, então podiam andar pela Floreio e Borrões sem se preocupar em esbarrar em alguém.

— O que viemos comprar mesmo? — Louis perguntou abrindo a porta para a prima e passando logo após ela.

— Um livro e depois passaremos para comprar uma pena na... — Anastasia parou de falar quando sentiu que trombou em alguém e por pouco não caiu, já que a pessoa preferiu segurá-la pela cintura e por consequência derrubou os livros no chão — Opa! Me desculpe, espero não ter estragado nada.

Recolhendo os livros de forma apressada e vendo estar tudo certo, ela acabou se surpreendendo com a pessoa que estava na sua frente.

— Will, é você!

O corvino sorriu tímido pegando os livros da mão da garota, que não pode deixar de reparar nos assuntos através da capa.

— Oi Ana, o que faz aqui?

— Comprar algumas coisas, e você? São livros bem avançados os seus.

— O mesmo, meus pais acharam interessantes algumas enciclopédias e quiseram saber mais do mundo bruxo então cá estou eu.

— Ana, já que você tem companhia nos livros, eu vou então ver a Lúcia porque marquei com ela de visitá-la em sua casa — Louis disse chamando a atenção dos dois — Legal ver você, Will.

— Bom também Louis.

Os dois corvinos observaram o primo de Anastasia sair.

— Ele não curte muito livros? — o Keynes levantou uma sobrancelha para a colega, que negou.

— Não como eu, sou mais curiosa em muitos assuntos do que ele.

— Então, somos dois. O que você procura, posso te ajudar.

— Pode, e seria muito pedir para ir comigo comprar outras coisas depois? Louis já me deixou na mão.

— Será um prazer.

Anastasia acabou sorrindo, constrangida pelo olhar que Will lhe lançou, e pigarrou um pouco antes de começar a ir atrás dela pelos corredores.

*ೃ *ૢ✧

— Não acredito que está nevando tão forte.

— Não gosta da neve? — Will perguntou ajeitando o casaco quando eles saíram da papelaria.

Ao ver que Anastasia estava apenas com um fino cachecol comparado ao seu, o corvino colocou por cima do que ela usava e prendeu de um jeito que agasalhava bem o pescoço da garota.

— Não precisa disso, você não vai ficar agasalhado.

— Eu tô bem, meu casaco ajuda com essa gola alta. Mas então, não curte a neve?

— Gosto, mas está tão densa que logo fica difícil andar. Vai ser difícil chegar em casa, acho que vou ficar no Caldeirão Furado até a neve passar e dar um jeito de avisar minha mãe ou minha tia. É tão horrível não poder aparatar ainda.

Will observava as feições de Anastasia, um pouco rosadas pelo frio e como o ar que saia de sua boca podia ser tão atrativo.

— Pode ficar lá em casa se quiser, não é tão longe assim e alguém pode buscá-la depois.

— Faria isso?

— Não vejo porque não, então, aceita?

Anastasia assentiu, já que não teria muitas escolhas mesmo, era melhor esperar em algum lugar quentinho e mais confortável que o pub.

*ೃ *ૢ✧

— Mãe! Cheguei!

— Aqui no escritório filho!

O ar quente de dentro da casa fez com que os dois corvinos se sentissem melhor. Como a casa dos Keynes era um pouco longe do Beco, eles pegaram o metrô e um ônibus até chegarem ao seu destino. Anastasia pode reparar que por todos os cantos haviam livros de diversos assuntos, até mesmo alguns que ela reconheceu serem de bruxaria nas partes mais altas, longe do campo de visão de visitantes. Por ser uma casa diferente dos bruxos e com aparências mais modernas que a sua, já que os Bellini eram uma família bastante antiga e portanto as casas tinham aspectos de séculos passados.

— Oi! — uma mulher alta de cabelos escuros e sorridente apareceu na sala — Você deve ser da mesma casa do meu filho, sou a mãe do Will.

— Oi, sou Anastasia — a garota aceitou a mão estendida — E sim, sou da Corvinal também.

— Ah, a famosa Anastasia — o tom de voz da mulher mostrava que ela estava feliz em conhecer o rosto por trás do nome — Meu filho comenta bastante sobre você, acho que desde as férias do primeiro ano.

— Hã, mãe — Will cortou a mulher — A Ana vai ficar aqui por um tempo, até que ela avise a alguém. A neve tá muito densa e ela não tem licença para aparatar.

— Sem problemas, quer usar o telefone? Ou posso levá-la de carro sem qualquer problema.

— Eu não tenho telefone em casa e os carros não chegam onde eu moro. Mas darei meu jeito, não se preocupe.

— Bom, fique à vontade. Logo o jantar sai, então coma conosco por favor, nunca conhecemos nenhum amigo de Will desde que ele entrou em Hogwarts.

A animação da mulher acabou contagiando a garota, que não conseguiu negar o convite. Anastasia pediu onde ficava o banheiro, precisava mandar uma mensagem pelo patrono para sua família. Por segurança, ela trancou a porta que Will lhe indicou, pegou a varinha do bolso interno do seu casaco e recitou um feitiço indetectável para não correr risco de ser pega pelo Ministério, e em seguida, convocou o patrono. Um cisne voou pela sua cabeça antes de ficar em seu campo de visão.

— Avise que estou na casa de Will Keynes — ela observou o pássaro voar até desaparecer no ar como fumaça. Os feitiços foram desfeitos, e ela abriu a porta vendo que Will estava lhe esperando do outro lado do corredor.

— Olha, já peço desculpas se meus pais lhe causarem constrangimento. Eles não tem muito filtro às vezes, e podem ficar muito empolgados com assuntos de magia ou coisa parecida.

— Não tem problema, vai ser um prazer conversar com eles sobre isso. Também sou um pouco curiosa para quem não vive com magia.

— Podia perguntar para mim.

— Eu não queria lhe constranger, sei que falar sobre alguns assuntos em Hogwarts pode ser um tanto delicado, principalmente com tantos adoradores da ideologia puro sangue e agora em tempos tão difíceis, não queria complicar tanto as coisas para você.

— Você não me constrangeria nunca e eu não tenho medo de quem defende essa ideologia sangue purista.

— Nem mesmo Você-Sabe-Quem?

— Um dia lhe conto minha opinião sobre ele, então sinta-se à vontade para fazer perguntas, Anastasia Bellini.

— Anotei isso mentalmente, William Keynes.

*ೃ *ૢ✧

Já passava da meia noite e Draco ainda estava acordado, olhando para o céu nublado após um dia inteiro de neve. O coração do loiro se sentia um tanto inquieto o dia inteiro, mas ele não havia amanhecido assim porque era exatamente o oposto antes, um sentimento bom lhe dominava desde que estava namorando oficialmente Anastasia.

E ele queria berrar isso para os quatro ventos, queria que toda a comunidade bruxa soubesse, o mundo inteiro se fosse possível.

Mas a cena que havia presenciado no Beco Diagonal, de certa forma, lhe deu um certo receio no coração: Anastasia nos braços de William Keynes.

Não havia sido de propósito que ele estava parado de frente a loja, já que havia acabado de sair ali instantes antes, e só parou para averiguar se não estava esquecendo de mais nada, mas de alguma forma, seu coração havia perdido uma batida observando os dois conversando, sorrindo e principalmente, reconhecendo a forma como o Keynes olhava para a Bellini durante a conversa.

Porque era do mesmo jeito que ele olhava para ela.

Suspirando fundo e tentando ignorar a imagem dos dois em sua mente, o loiro fechou os olhos tentando acalmar seu coração e focando na parte que lhe interessava: o sorriso de Anastasia.

*ೃ *ૢ✧

O retorno para as aulas no ano seguinte foi tranquilo, a maioria dos alunos usavam roupas de frio pelas baixas temperaturas e Draco não sabia como se aproximar de Anastasia para conversar, porque parecia que Will estava mais perto da corvina do que nunca, e isso já estava o irritando profundamente.

— Vai matar alguém com esse olhar — Astória comentou abaixando um exemplar de O Pasquim que havia acabado de comprar na mão de Luna. Só havia os dois na cabine, porque a Greengrass ignorou os avisos do sonserino de querer ficar sozinho — E aposto que é o Keynes.

— Como sabe?

— Não precisa ser gênio, é só ver como você age quando ele está perto da Anastasia.

— Me entrego tanto assim.

— Não tanto, mas eu gosto muito de observar as pessoas e seus comportamentos, talvez seja um hábito — ela deu de ombros pegando uma varinha de alcaçuz da pilha de doces que o loiro havia comprado mais cedo — E aceita um conselho? Converse com ela sobre o que sente, mesmo o mínimo de ciúmes que seja. Um relacionamento saudável tem que haver conversas. Mas saiba que se quiser desabafar ou precisar de um ombro amigo para chorar, tô aqui para te ouvir. E eu falo sério.

Os olhos dos dois se encontraram e Astória deu um sorriso fraco, como se fosse o carimbo oficial para as palavras que ela havia feito antes.

A porta da cabine se abriu, e Anastasia olhou para a cena tentando entender o que estava acontecendo ali.

— Oi, hã... atrapalho algo?

— Não — a Greengrass sorriu na direção da Bellini — Só estava parabenizando Draco pelo namoro de vocês dois, sabem, combinam bastante.

— Obrigado.

O loiro encarou a colega de sua casa com uma expressão de surpresa por ela saber do namoro, então como uma lâmpada, ele percebeu que dita por ela minutos antes sob ser bastante observadora era verdadeira.

— Vou deixá-los sozinhos, vejo vocês na escola.

A porta se fechou com a passagem de Astória. Anastasia sentou no banco ao lado do namorado, segurou as mãos dele fazendo carinho com o polegar e tentou entender as expressões do loiro.

— O que foi? Draco, você sabe que pode me falar tudo

— Eu vi você naquele dia, no Beco Diagonal, com o Will. E você parecia tão feliz ao lado dele, sorrindo toda linda que eu fiquei meio, sei lá — deu de ombros — Com ciúmes e fiquei pensando que talvez você...

Anastasia o calou com um selinho, que foi o início de um beijo. O coração de ambos batiam como se completassem um ao outro até o ar sumir, finalizando com leves selares que arrancou um sorriso leve do sonserino.

— Você é bobo, sabia? Somos só amigos. Não sabia que o grande Draco Malfoy tinha suas inseguranças.

— Você nem imagina quantas, e se tratando de você, tenho sempre medo de não ser o suficiente.

— Pois então não pense mais nisso e vamos aproveitar o tempo que resta nos beijando, porque logo começa nossas patrulhas.

— Sim, senhorita — ele disse antes de começar a beijá-la.

*ೃ *ૢ✧

Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Esse capítulo foi bem para mostrar não apenas o relacionamento de Drasia, mas como os entornos deles que vão desde a família (Louis desconfiado) até os amigos (Will e Astória), então como ele é uma das peças principais no quebra cabeça que é Unconditionally, sugiro não esquecerem esse capítulo hein...

Sei que pode gerar polêmica essa pergunta mas vamos lá: temos shippers de Willana (Will + Anastasia) aqui já? E antes de xingarem o Will, saibam que ele é um amor viu? 

Me digam o que estão achando, quero saber de tudo!

Até o próximo!

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