Capítulo 47

Enfermeira: Eu acho que ela está com fome. – sorrindo de lado.

Josh: Porque não leva ela para mamar?

Enfermeira: Temos que esperar um pouquinho para que ela dê a primeira mamada. – explicou e ele assentiu. – Nossa ela tem uns pulmões hein? – gargalhou.

Josh: Eu acho que ela puxou para a tia. – sussurrou baixinho. – Sabe a minha irmã é um pouco intensa... Filha para de escândalo meu amor. – a arrumando no colo. – Será que ela não está com a fralda carregada?

Enfermeira: Não, eu mesma acabei de trocá-la. – tocando a cabecinha com cuidado. – Ela é muito linda, meus parabéns.

Josh: Obrigado.

Enfermeira: É sua primeira filha? – colocando o bebê que estava em seu colo no berço.

Josh: Sim, é a primeira. – assentiu sorrindo. – Por isso eu estou meio receoso.

Enfermeira: Não se preocupe, isso é normal. – deu de ombros. – Todos os pais de primeira viagem sentem essa apreensão.

Josh: Tem razão. – beijou a mãozinha da filha. – Vai demorar muito para levarem ela pra mamar? – ergueu a sobrancelha, agoniado.

Enfermeira: Não, daqui a meia hora. – olhou o relógio. – Aquela é sua mãe? – apontando Úrsula, que os olhava, também preocupada com o choro da neta. Joshua assentiu, sorrindo a mãe. – Se quiser ela pode entrar para acalmar, ou pelo menos tentar acalmar sua filha.

Josh: Tudo bem. – balançando-a no colo.

A enfermeira chamou Úrsula, que veio toda alegre tentar acalmar a Clarinha, mas para a sua tristeza também não adiantou nada.

¨¨¨¨

Meia hora depois Any acorda e enxerga Sofya e Sina em sua frente.

Any: Oi Sininho. – bocejando preguiçosa. – Oi Sosô. – olhou ao redor e estranhou o local. – Onde eu estou? – arregalou os olhos. – Minha filha! Cadê o meu bebê? – perguntou se desesperando.

Sofya: Se acalme Any, seu bebê está no berçário. – tocou o rosto dela, lhe acalmando. – Ela é linda, meus parabéns, você teve uma menina muito linda.

Any: Obrigada. – sorrindo mais tranquila. – Cadê o Josh?

Sina: Está lá fora com a dona Úrsula e o seu Silvio. – sentou ao lado dela.

Any: Meu colar! – sorriu alegre quando viu o colar ao lado de sua cama. – Quem pegou? Achei que tinha lhe perdido.

Sina: Foi a Savannah. – suspirou. – Ela pediu para que eu guardasse e eu o deixei aí.

Any: A Magá queria o colar. – apertou a pedra forte entre as mãos e em seguida a pôs de volta no pescoço, fazendo-o brilhar rapidamente. – Ela não saberia controlá-lo.

Sina: O que ela disse? – foi interrompida pela porta se abrindo.

Enfermeira: Olá. – entrou simpática, com a trouxinha rosa nos braços. – Olha aqui quem veio dar a primeira mamada.

Os olhinhos de Any brilharam ao vê-la, sua filhinha estava tão linda com aquela roupinha e com aquele lacinho na cabeça, ela era perfeita.

Josh: Enfim... – entrando atrás da enfermeira. 

Any sorriu a ele e estendeu os braços para pegar Clara. A enfermeira a arrumou no colo da mãe e ela já foi logo procurando o seio.

Any: O que ela está fazendo? – perguntou confusa.

Enfermeira: Ela quer mamar. – estranhou a confusão da ruiva. – Está com fome.

Any: Hm, eu não sei fazer isso... – sorrindo envergonhada.

Enfermeira: Tire o seio para fora, meu bem.

Any: Mas... – olhou ao redor. – Aqui? – murmurou com vergonha.

Enfermeira: Sim, não precisa ficar com vergonha. – sorrindo ternamente. 

Any tirou o seio morrendo de vergonha. Ao contrario de antes, agora ela já tinha vergonha de andar pelada por aí. A enfermeira ajudou a tirar a massinha que vem antes do leite, e logo depois começou a sair algumas gotinhas do liquido materno.

Enfermeira: Agora você leva o bico até a boquinha dela assim, com cuidado. – colocando o seio na pequena boquinha da filha, que sugou forte.

Any: Ai faz coceguinhas. – riu.

Enfermeira: Pois é. – piscou. – Bem, eu vou deixá-los à vontade... Daqui a pouco eu volto para buscar a Clarinha. – saí.

Sina: Vamos também Sofya? – cutucando-a.

Sofya: Ah não, a cena está tão bonitinha. – sorriu, com os olhinhos brilhando.

Sina: Sofya! – grunhiu, até que a loira se toca que estavam sobrando ali.

Sofya: Ah claro. – sorri amarela. – Dá licença... – as duas saem.

Josh: Nossa, ela estava com fome hein? – sorriu. – Precisava ver o escândalo que ela estava fazendo no berçário, acordou um monte de bebês. – Any riu, passando a ponta do dedo na cabecinha dela. – Ela se parece com você. – pôs a mão no bolso, admirado.

Any: Ela é linda não é Josh? – disse com os olhinhos brilhando.

Josh: Ela é perfeita. – beijou a testa da noiva, fazendo-a fechar os olhos. – Você está bem? – acariciando os cabelos dela, que estavam presos em um coque mal feito.

Any: Estou muito bem. – assentiu. – Só está doendo um pouquinho a minha barata, mas nada demais. – respondeu olhando para a filha mamando, Joshua riu. – Amor, porque que ela chupa assim? – confusa.

Josh: Ela está mamando. – sorriu e abaixou os olhos para a neném, que agora tinha a mãozinha no seio da mãe. – Sai leite daí.

Any: Leite? – franziu a testa. – Que legal! Daí não vai mais precisar comprar no mercado! – riu maravilhada e Joshua se engasgou. – E tem muito, por que meus peitos são bem grandes, acho que tem uns dois litros em cada um! – disse empolgada. – Eu posso doar leite para os pobres e... – é interrompida.

Josh: Meu bem. – tocou a mão. – Digamos que leite de peito não é algo muito bom de se tomar.

Any: É claro que é. – fez careta. – Não é filha? – olhou a pequena, que mamava em seu peito com muita vontade, tirou o seio da boquinha dela, fazendo a criança chorar e espremeu um pouquinho em seu dedo. – Vamos ver. – provou e fez uma careta. Clara já tinha capturado novamente o bico e voltado a mamar. – Eu prefiro leite de vaca. – disse desconfiada e ele riu.

Josh: Te amo minha princesa, você é uma figura. – sentou ao lado dela e lhe beijou. Any suspirou. – O que foi amor? – a olhou confuso.

Any: É que... – mordeu o lábio. – Daqui a pouco eu vou ter que voltar para o mar Josh. – coçou a nuca, ele engoliu o seco.

Josh: Mas por agora? – ela assentiu. – Isso é brincadeira não é? – apertou a mão dela.

Any: Não. – negou. – É sério amor.

Josh: Any, você não pode fazer isso. – falou se desesperando. – Meu amor você não pode ir. – negou com a cabeça.

Any: Josh, isso não é questão de poder ou não, eu preciso do mar e o mar precisa de mim. – pôs a mão no peito.

Josh: O mar não precisa de você como a sua filha precisa! – elevou o tom, o que fez a bebê se assustar. – Como eu preciso... – sussurrou quase inaudível, mas ela ouviu.

Any: Fica calmo Josh. – acalmando a neném que já abria o berreiro. – Calma filha... –recolocando o seio na boquinha dela. – Isso. – fazendo carinho nos cabelinhos ralos dela, enquanto ela voltava a mamar. – Amor, entende uma coisa. – limpando as lagrimas. – Eu não quero morrer. – negou com a cabeça e ele a olhou seriamente.

Josh: Morrer? – ergueu a sobrancelha. – Você não vai morrer Any!

Any: Se eu não voltar para o mar eu morro Josh. – suspirou pesadamente.

Ele congelou, ela não podia morrer e ele não podia mais viver sem ela.

Josh: Não meu bem, você não vai morrer, eu não vou deixar! – tocou o rosto dela.

Any: Se não quiser que eu morra, tem que aceitar que eu preciso voltar Josh. – também acariciou o rosto dele. – Eu te amo e você sabe disso, me promete que vai cuidar da nossa pequenininha enquanto eu estiver fora? – mordeu o lábio.

Josh: Claro que sim. – assentiu, com um nó na garganta. – Ela é a coisa mais importante para mim agora. – olhando a filha. – Mas eu não vou conseguir ficar tanto tempo sem você Any. – negava com a cabeça. – Não mesmo.

Any: Você consegue sim meu amor. – apertou a mão dele. – Vai ser só um tempinho, não vai nem sentir. – sorrindo docemente.

Josh: Eu duvido muito. – retrucou com a cabeça baixa.

Any: Hei. – levantando a cabeça dele. – Não fica assim, não quero que fique desse jeito Josh, entendeu? – ele assentiu, respirando fundo. – Me beija. – ele sorriu e a beijou, não saberia como ficaria um mês sem Any, seria demais para ele. – Eu te amo. – sorrindo boba.

Josh: Eu também te amo. – beijando a testa dela. – E também amo essa coisinha escandalosa aqui. – apertou a mãozinha dela e ficaram paparicando a pequena.

¨¨¨¨

Priscila estava passeando pelo corredor da maternidade sozinha, estava perdida em pensamentos, pensando em tudo o que tinha acontecido e arrependida de muitas coisas. Parou na frente de um dos berçários, onde antes estava a neta.

Priscila: Na certa já a levaram para mamar. – sorriu de lado, falando para si mesma. 

Observou os bebês, alguns sorrindo, outros chorando, outros dormindo e alguns quietinhos. Notou também o quão frágil era um serzinho daqueles. Eles não podiam gritar, pois não sabiam falar, não podiam correr, pois não sabiam andar, não podiam de maneira alguma se defender, apenas podiam chorar. 

Se sentem fome choram, se estão com a fralda carregada choram, se querem carinho choram mais. Apenas uma pessoa covarde como ela seria capaz de fazer mal a um bebê. Pior ainda quando esse bebê é sua própria filha.

Priscila: Eu sou um monstro. – começou a chorar, passando a mão no rosto. – Eu não sou digna do amor que a minha filha tem por mim. – olhou novamente para o berçário e saiu chorando.


¨¨¨¨

Lurdes: Ah, ainda bem que voltaram! – disse aliviada. – Estava aflita com a Any no hospital, ela estava se alimentando tão mal. – entrando por último com Clara no colo, que por fim estava dormindo. – Eu vou preparar uma comidinha bem gostosa para você minha querida, afinal tem que se alimentar muito bem enquanto estiver amamentando.

Já tinham se passado três dias desde o parto e Any por fim tinha voltado para casa,

Any: Obrigada tia. – sorrindo docemente e se sentando no sofá. – Mas não se preocupe, eu não estou com fome. – deu de ombros.

Josh: Mesmo assim você vai comer. – dando uma piscadinha. – Me dá ela aqui tia, me deixe levá-la para o quarto dela antes de ir para a empresa. – estendeu os braços para pegar Clara.

Lurdes: Tudo bem. – a entrega com cuidado para o pai. – Cuidado com a cabecinha dela. –repreendeu.

Josh: Fique tranquila mulher. – rindo. – Acho que já sei pegar um bebê no colo.

Lurdes: Ora essa. – torceu o nariz. – E fala baixo para não acordá-la.

Josh: Ai, ai... – sorri negando com a cabeça e sai com a filha. 

Any olhava a TV, sem prestar atenção na conversa deles.

Lurdes: O que houve meu bem? – sentando ao lado dela. – Está precisando de algo?

Any: Não é nada. – deu um sorriso triste.

Lurdes: Onw meu bem. – levantando o rosto dela. – Você brigou com Joshua?

Any: Não... – fazendo não com a cabeça. – Acontece que daqui a um tempinho eu vou ter que voltar para o mar tia. – fungou e Lurdes viu uma lagrima escorrer pelos seus olhos.

Lurdes: Ah meu bem, mas você não disse que era apenas um mês? – tentando animá-la.

Any: Sim. – assentiu. – Mas eu não quero deixar a minha filha, ela acabou de nascer. – secando a lágrima e olhando para Lurdes.

Lurdes: Eu sei meu amor, eu entendo o que você sente. – pôs o cabelo dela atrás da orelha. – Mas não se preocupe, vai ficar tudo bem com a sua pequena. – sorriu. – Eu, o Josh, os avós e os tios dela estão aqui e vamos cuidar dela muito bem. – dá um beijinho na cabeça da garota. – Vai ficar tudo bem. – disse confiante.

Any: Jura? – sorriu, apertando a mão da mulher.

Lurdes: Claro que sim. – levantou a mão direita, em forma de promessa. – Agora para de chorar, olha o Popeye. – apontando a TV. 

Any sorriu e secou as lagrimas.

Any: Tem chocolate branco por ai? – perguntou mais animada, deixando Lurdes tranquila.

Lurdes: Tem sim. – assentiu sorrindo, vai buscar o chocolate e entrega para ela. – Agora eu vou fazer uma comidinha bem gostosa e você não se esquece de tomar seus anti-inflamatórios, certo? 

Any assentiu e voltou a ver o desenho.


Enquanto isso, no quarto de Clara. Joshua, lhe segurava com todo o cuidado no colo, afinal se ela acordasse não daria sequer de Any comer. Sorriu abertamente, aquele serzinho tinha mudado suas vidas de cabeça para baixo, era a coisa mais linda da face da terra e não era puxando saco por ser sua filha não! Clara era realmente um bebê perfeito, puxara para a mãe.

Colocou-lhe com cuidado no bercinho, ela se mexeu um pouco e ele gelou.

Josh: Shii. – batendo de leve na costinha dela. – Dorme princesinha. – sussurrava, até que ela se acalmou e voltou a dormir tranquila.

Josh sorriu aliviado, colocou uma fraldinha em cima do peito dela, deu um beijinho em sua testa, ligou a babá eletrônica e saiu. Estava atrasado para uma reunião.


¨¨¨¨

Mais tarde, na casa dos Soares. Silvio entra no quarto e encontra Priscila quieta, lendo uma revista, entretanto, olhava mais para o nada do que para a revista em suas pernas.

Silvio: Priscila? – chamou, mas ela não o escutou. – Priscila! – insistiu, mais alto.

Priscila: O que houve Silvio? – o olhou visivelmente assustada.

Silvio: Como o que houve? – cruzou os braços. – Você está muito estranha desde o nascimento da nossa neta! – ergueu a sobrancelha. – Eu posso saber o que houve?

Priscila: Não houve nada. – nervosa. – Vem cá, por que insiste com isso?

Silvio: Porque me preocupa! – disse obvio. – Eu sei que está me escondendo algo e eu não vou sossegar até descobrir o que é! – tirando a gravata, estressado.

Priscila: Eu já disse que estou preocupada com Maria Gabriella. – retrucou, coçando a nuca. – É apenas isso.

Silvio: Eu sei que não é apenas isso. – sentando ao lado dela. – Por que não confia em mim meu amor?

Priscila: Eu já disse que não tenho nada. – voltando a ler a revista, nervosa.

Silvio: Olhe nos meus olhos e diga que não tem nada para me falar. – pediu. – Essa será sua última chance de conversar civilizadamente Priscila. – olhando no fundo dos olhos dela.

A mulher suspirou pesadamente, sabia mentir muito bem olhando nos olhos de qualquer ser humano, exceto Silvio.

Priscila: Tudo bem, Silvio. – assentiu e se desesperou. Como iria falar toda a verdade a Silvio? Teria que pôr todas as cartas na mesa. – Eu não sei como dizer isso pra você. – fechou os olhos. – Eu não sei se vai me perdoar. – começando a chorar.

Silvio: Ora Priscila, fale logo! – grunhiu, preocupado. – O que você fez que está te deixando desse jeito minha querida?

Priscila: Eu... – respirou fundo, contando até dez mentalmente, iria contar tudo de uma vez e seja o que Deus quiser. – Eu dei permissão ao Camilo para modificar o DNA da nossa filha, eu sabia de tudo. – Silvio a olhou, com o cenho franzido. – Assim que confirmei que ela era uma sereia, eu a abandonei em uma ilha e disse pra você que ela tinha sido sequestrada, tudo isso foi uma grande mentira Silvio. – soluçando, Silvio a olhava sem acreditar. – Me perdoa, por favor! – pediu, aos prantos. 

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