34-Sentimentos
Lunna, Milena, Samira, e Lais, estavam em um canto mais tranquilo da festa, onde as luzes suaves criavam uma atmosfera acolhedora. As três amigas conversavam em meio ao som suave da música, observando a pista de dança, onde Alice e Milena dançava.
—E aí, Lais? Como está sendo viver no Brasil? Parece que você já se adaptou bem à vida por lá. — Milena perguntou para a amiga.—
Lais sorriu, os olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e satisfação.
—Ah, o Brasil é incrível. A energia, as pessoas... Tudo é tão diferente, mas ao mesmo tempo me sinto em casa. É claro que sinto falta de algumas coisas daqui, mas a vida lá é muito boa. Estou realmente feliz.
—E o coração, Lais? Como ele anda desde que reencontrou Gabriel?
Samira, que estava próxima da amiga, riu e se inclinou, interessada na resposta.
—É, a gente quer saber! Foi uma surpresa para todo mundo vê-lo aqui hoje com a Alice.
Lais deu um suspiro profundo e riu, embora fosse um riso mais nervoso do que alegre.
—Vocês realmente sabem como me pegar de surpresa, né?— Ela balançou a cabeça, tomando um gole de sua bebida antes de continuar. —Olha, reencontrar o Gabriel foi... estranho. Inesperado, claro, mas também... meio doloroso.
As duas amigas a encararam com expectativa, e Lais, vendo que não tinha como escapar, decidiu ser honesta.
—Eu senti muita coisa por ele na adolescência, todo mundo sabe disso. Mas o Gabriel fez a escolha dele quando foi embora para o Japão. Ele seguiu em frente, construiu uma vida lá. E eu... tive que seguir a minha também. Eu não vou mentir. Vê-lo depois de tanto tempo mexeu comigo. E mesmo que as coisas não tenham terminado da melhor forma, ainda sinto que há algo não resolvido entre nós. Mas ao mesmo tempo... Não sei se estou pronta para reviver tudo isso.
Lunna assentiu, compreensiva, e disse suavemente:
—Você sente que ele te deixou?
Lais respirou fundo, olhando de relance para Gabriel, que estava do outro lado do salão, conversando com os amigos.
—Ele tomou a decisão que precisava tomar. Foi para Tóquio, construiu uma carreira, uma vida estável. Ele tem uma namorada maravilhosa e popular lá, e eu... Bem, eu me mudei para o Brasil e, sinceramente, estou feliz no Rio de Janeiro.
Samira franziu o cenho, e perguntou.
—Então você não sente mais nada por ele?
Lais sorriu, um sorriso que misturava nostalgia e aceitação.
—Sentir algo? Claro, acho que sempre vou ter um carinho especial pelo Gabriel. Nós temos uma história, mesmo ele me irritando e me tirando do serio varias vezes. Mas eu não posso me prender ao passado. Ele fez as escolhas dele, e eu fiz as minhas. Eu amo o Arthur, ele é um homem incrível e me faz feliz, e sempre esteve ao meu lado me apoiando.
Lunna assentiu lentamente, compreendendo.
—Então, reencontrar o Gabriel não muda nada para você? — Milena perguntou.—
Lais deu de ombros, mas seu olhar ficou um pouco distante.
—Acho que reencontros sempre mexem com a gente de alguma forma, mas não vou deixar isso abalar o que eu construí. O Gabriel tomou o caminho dele, e eu também encontrei o meu. O que importa é que eu estou feliz com a minha vida agora, e ele, pelo que sei, está feliz com a dele.
—Entendo, Lais. Às vezes, reencontros assim podem abrir feridas antigas, mas também podem ser oportunidades de cura.
Lais soltou um suspiro profundo.
—Talvez. Só que não sei se o Gabriel sente o mesmo Luna. E, para ser sincera, depois de tudo, não tenho certeza se quero arriscar.
Samira balançou a cabeça, sorrindo de leve para a amiga.
—Sabe, às vezes a gente acha que não quer arriscar, mas o coração tem seus próprios planos.
Lais sorriu, um pouco mais relaxada, enquanto as três amigas trocavam olhares de cumplicidade. O casamento de Samira e Felippo trazia um clima de amor no ar, e a energia da festa parecia despertar em Lais sentimentos que ela havia tentado deixar de lado por muito tempo.
Enquanto elas conversavam, a música de fundo se tornou mais suave, e o salão, embora ainda cheio de movimento, começava a desacelerar, como se a noite estivesse entrando em seu clímax de serenidade e reflexão.
Samira, sempre direta acrescentou.
—Bem, desde que você esteja certa disso, acho que não temos mais o que falar, né? Porque, honestamente, achei que vi um certo brilho nos olhos dele durante a cerimônia quando te viu entrar com Gabriel.
Lais riu, balançando a cabeça.
—Talvez você esteja imaginando coisas, Samira. Mas mesmo que tenha, isso não muda o fato de que o Gabriel e eu somos... passado.
Lunna sorriu, encostando-se à amiga.
—Você é forte, Lais. E parece que encontrou seu lugar no mundo. Acho que isso é o mais importante...
Enquanto elas conversavam, a música de fundo se tornou mais suave, e o salão, embora ainda cheio de movimento, começava a desacelerar, como se a noite estivesse entrando em seu clímax de serenidade e reflexão.
As três amigas continuaram a conversar, enquanto a festa ao redor seguia com a energia de celebração. No canto, Gabriel observava a cena de longe, mas Lais, com uma sensação de tranquilidade, sabia que o passado havia ficado exatamente onde deveria: no passado
***
A música suave tocava ao fundo, enquanto os convidados conversavam e brindavam em um ambiente elegante e sofisticado. Lais, com um vestido longo azul-marinho que realçava seus traços delicados, passeava pelo salão com uma taça de vinho tinto na mão, distraída ao observar os detalhes da decoração.
De repente, enquanto Lais se virava para pegar algo na mesa de aperitivos, sentiu um impacto inesperado. Sua taça de vinho escorregou e o líquido carmesim se espalhou pela camisa branca impecável de Gabriel, que passava ao lado. O olhar de surpresa e irritação surgiu instantaneamente no rosto dele.
—Lais, você só pode estar brincando.— ele disse, a voz grave e cheia de frustração, olhando para a enorme mancha vermelha que agora dominava sua camisa.—
Ela arregalou os olhos e imediatamente começou a se desculpar, tentando pegar um guardanapo apressadamente.
—Desculpa, Gabriel! Eu não vi você... foi sem querer, juro!
Ele ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços, claramente aborrecido.
—Sem querer? Você sempre foi distraída, mas dessa vez... é um casamento, Lais. Eu estava prestes a tirar fotos com os noivos.
Lais sentiu o calor subir em suas bochechas.
—Eu sei, eu sinto muito. Vou te ajudar a limpar isso, é só uma mancha, não precisa exagerar.— respondeu, começando a se irritar também com a reação dele.—
Gabriel soltou uma risada curta e irônica, a irritação evidente.
—Não é só uma mancha. A sua distração sempre causava problemas, mas hoje... Justo hoje? O que está acontecendo com você?
Ela estreitou os olhos, cruzando os braços.
—Ah, agora vai jogar toda a culpa em mim? Você está agindo como se isso fosse o fim do mundo. É só uma camisa, Gabriel. Por favor, não faça drama.
Ele balançou a cabeça, suspirando profundamente.
—Você não entende. Não mudou nada, não é? Você sempre leva tudo na leveza, como se as coisas não importassem.
A menção ao passado, somada ao tom de Gabriel, atingiu Lais de maneira inesperada. Ela sentiu uma mistura de frustração e tristeza ao lembrar dos tempos em que eles estavam juntos na faculdade, antes de ele partir para o intercâmbio em Tóquio e ela se mudar para o Brasil. As palavras de Gabriel pareciam carregar não só o aborrecimento pelo vinho, mas algo mais profundo, como se ressoassem questões mal resolvidas entre os dois.
Os dois ficaram em silêncio por um momento, o barulho da festa ao redor deles parecia distante. Gabriel passou a mão pelo cabelo, respirando fundo, como se estivesse tentando controlar a irritação. Ele finalmente olhou para Lais, dessa vez com um olhar mais contido, mas ainda com a tensão no ar.
Lais ficou parada por um momento, ainda processando as palavras de Gabriel. Não era apenas sobre a camisa manchada, e, no fundo, ela sabia disso. Respirando fundo, decidiu não deixar a situação se encerrar daquele jeito. Caminhou rapidamente atrás dele, alcançando-o antes que ele pudesse se afastar demais do salão.
—Espera!— Lais chamou, segurando levemente o braço de Gabriel, assim que ele começou a se afastar forçando-o a parar. Ele se virou, o rosto ainda tenso, mas agora havia uma sombra de exaustão no olhar dele. — Não vamos fazer isso de novo, Gabriel. Não vamos fingir que o problema aqui é só o vinho ou uma camisa manchada.
Ele soltou o braço com delicadeza, mas o gesto foi frio.
—O que mais você quer discutir, Lais? Não acha que já passamos por isso? o que aconteceu no passado, ficou no passado. Eu fui para Tóquio, você se mudou para o Brasil. Fim da história.
Lais deu um sorriso triste, sentindo as lágrimas se acumularem, mas segurando-se. Seu peito queimando com a mistura de mágoa e frustração. Ela olhou para Gabriel, com os olhos faiscando de raiva.
—Você é um babaca, Gabriel De Lucca!— Sua voz saiu firme e cheia de indignação. —Se acha que eu vou me humilhar aos seus pés e pedir perdão, está muito enganado.
Gabriel ficou surpreso com a explosão dela, seus olhos arregalados por um momento, antes de ele apertar a mandíbula, a expressão se fechando.
—Lais, eu não estou pedindo que você se humilhe. Isso é coisa da sua cabeça.
Ela riu, mas não havia alegria naquele som.
—Ah, claro, da minha cabeça? Você mal me olha nos olhos e age como se tudo que aconteceu entre a gente fosse só uma mancha em sua camisa perfeita. Eu já te pedi desculpas mil vezes por isso. Se não quer minha ajuda para limpar, faça o que bem entender!
Ela jogou o guardanapo que segurava em cima da mesa ao lado, sem olhar para trás enquanto se afastava dele. Gabriel a observava, a tensão crescendo em cada músculo do corpo dele. Ele passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado, mas sabia que dessa vez as coisas haviam ido longe demais.
***
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