4 - Clima
CASSANDRA
Porra, merda, caralho! Oscar é a porra de um santo, que merda, eu só faço merda. Eu preciso mais do que nunca ficar longe dele.
(...)
Eu estava preparando o almoço, já que Rodrigo e minha mãe viriam almoçar aqui. A semana passou como um foguete, teve um racha, que eu não fui alegando a Cássio que estava passando mal, e me conhecendo tão bem como ele conhece ele sabia que era mentira, mas não questionou nada, eu precisava ficar em casa, desde que descobri que Oscar era um santo queria evitar vê-lo, apesar de frequentarmos o mesmo lugar e principalmente morarmos no mesmo bairro.
_O cheiro está maravilhoso! -minha mãe disse entrando na casa, e logo atrás Rodrigo entrando também na casa-.
_Quanto tempo, irmã! -Rodrigo me abraçou-.
_Garoto, eu te vi semana passada. -eu disse gargalhando-.
_É que ainda não acostumei com você morando aqui, sempre esqueço que você não mora mais com a gente. -Rodrigo disse-.
Já faziam quase seis meses desde que me mudei definitivamente de casa, a minha convivência com Miguel, meu irmão mais velho estava cada vez mais insuportável, brigas todos os dias, minha mãe se chateava muito com as brigas, eu queria sair da gangue e ele não aceitava, porém ele não manda na minha vida, e desde que me mudei, nunca mais tive contado com Miguel.
Rodrigo estava lavando a louça e minha mãe me puxou pelo braço até a sala, só por sua feição eu já sabia que ela queria falar algo sério.
_Sandra, volte para casa. -ela disse como um apelo-, Sei que você e seu irmão podem fazer as pazes e ficar de boa um com o outro. Sinto sua falta lá, eu odeio o fato de você morar sozinha.
_Eu sei mãe, eu também sinto a sua falta, todos os dias. Mas você sabe como Miguel é, você lembra das brigas, ele é uma pessoa impossível de se conviver, eu não posso voltar para aquela casa, aqui eu me sinto bem e me sinto livre dessa vida que ele leva. -eu disse e os olhos dela já estavam lacrimejando-, Me desculpa mas não posso voltar.
_Miguel tá cada dia mais impossível, não ouve mais ninguém, faz as coisas que vem a cabeça sem nenhuma preocupação. -ela disse limpando uma lágrima que descia em seu rosto-, Ele quer colocar o Rodrigo na gangue.
Assim que ouvi a última fala dela meu coração gelou, senti como se o meu corpo estivesse anestesiado.
_Não, ele não pode fazer isso. Não pode, antes do meu pai morrer ele prometeu que o Miguel teria o destino diferente, ele não pode! -eu disse em completo choque, eu me sentia atordoada-.
_Ele não quer saber de mais nada, Sandra. Ele está fazendo de tudo para colocar o seu irmão nisso, ele quer que a iniciação de Rodrigo na gangue seja em alguns meses, segundo ele o mais rápido possível. Eu temo pelo que está por vim!
_Não mãe, não se preocupe. Isso não vai ficar assim, Miguel fez uma promessa e.. -parei de falar quando Rodrigo adentrou a sala-.
_Vocês duas sempre fofocando. -ele sorriu e me abraçou de lado-.
Minha mãe e Miguel ficaram na minha casa a tarde toda e quando estava quase anoitecendo foram embora.
Mensagens
Cássio: racha hoje Sandrinha, vamos?
Cássio: sei que você não vai recusar correr num Impala preto, igual o do seu novo amiguinho.
Cassandra: é, você tem razão. Eu não vou recusar.
Cassandra: onde arrumou um Impala preto? Eu tenho até medo da resposta.
Cássio: troca de favores meu amor.
Cássio: passo aí as oito.
Mensagens off
Comecei a me arrumar porque já estava quase no horário de Cássio chegar. Ele chegou e fomos para o local, que eu já conhecia bem, conheço aquela pista como a palma da mão.
Assim que saímos do carro, a primeira pessoa que vi foi Oscar, que estava rodeado de pessoas, ele me olhou de longe e eu fui para o sentido contrário para evitar qualquer assunto entre nós, ele também parecia estar acompanhado de uma mulher morena, então assim ficaria ainda mais fácil não ter contato com ele essa noite.
Viemos para o racha no maverick de Cássio, o Impala que eu iria correr estava parado e no seu capô um homem estava encostado.
_Fala Steve! -Cássio o cumprimentou com um aperto de mão e logo em seguida um abraço-, Essa é a Cassandra que te falei.
_Fala cara, prazer Cassandra! -Steve me cumprimentou com um beijo no rosto-, Eu já vi o seu desempenho nas pistas, e tenho que admitir, você é boa. -ele disse me entregando a chave do carro-, Faça uma boa corrida.
Peguei a chave de suas mãos e entrei no carro, vendo Steve se afastar e procurar um bom lugar para assistir a corrida.
_Eu espero que você ganhe. -Cássio se abaixou na janela do carro-, Eu e ele fizemos uma aposta com o dono, se você ganhar é trinta mil meio a meio.
_Você está me apostando com as pessoas seu filho da mãe, se não fosse dez mil no meu bolso eu ia te meter a porrada. -falei fazendo ele gargalhar-.
_Não me decepcione. -ele disse saindo de perto do carro-.
Andei até a pista onde ia começar a corrida, ainda não sabia quem seria o meu adversário, a única informação que Cássio me deu foi que era um garoto de dezesseis anos que iria correr contra mim.
Faltando poucos minutos para a corrida começar, para ao meu lado um Impala vermelho, e eu sabia muito bem de quem era aquele carro, era o carro do Oscar e quem estava dirigindo era um garoto, e eu o conhecia. O garoto era amigo do Jamal, os vejo sempre juntos na escola e na lanchonete.
OSCAR
_Mandou bem. -eu disse abraçando César de lado-.
_Mas eu perdi. -ele disse fechando a porta do carro-.
_Foi sua primeira corrida, perder faz parte. Você foi bem. -eu disse para César, que foi na direção onde a garota que ganhou dele estava-.
CASSANDRA
Eu ganhei a corrida, Cássio estava animado, ele ganhou a aposta de Steve e disse que até faria uma festa depois, para comemorar. O garoto que correu comigo veio em minha direção, sendo observado por Oscar que fumava um cigarro encostado em seu carro.
_Parabéns, você correu bem. -Ele disse pegando na minha mão-, A propósito, sou César. Te vejo sempre na escola.
_Obrigado, você também correu bem. Sou Cassandra. Te vejo sempre com Jamal. -Disse a ele, ele deve ser um santo também, Oscar tinha atendido uma ligação dele quando estava na minha casa-.
_Eu sou irmão do Oscar, você já correu com ele algumas vezes né? -ele perguntou, puxando assunto-.
_Corri duas vezes na verdade. -falei-.
_Hoje foi a minha primeira, espero ganhar da segunda. -César riu-, Prazer em te conhecer Cassandra, nos vemos por aí. -César disse e foi até seu irmão-.
_Vou te levar em casa, tenho um compromisso depois. -Cássio apareceu ao meu lado dizendo isso-.
_Com alguma mulher, tenho certeza. -ri enquanto entrávamos no seu carro-.
Cássio me deixou em casa e saiu para encontrar com a tal mulher, entrei em casa e fui direto para o banho, mesmo tendo ganhado a corrida de hoje a minha cabeça ainda estava a mil com o que eu e minha mãe conversamos mais cedo, e amanhã mesmo eu resolveria isso!
Sai do banheiro já vestida com o pijama, me assustei com uma figura sentada na cama do meu quarto. Oscar me olhou com o semblante calmo.
_Como entrou na minha casa? -eu disse ainda atordoada com o susto que levei-, O que está fazendo aqui? Existe uma porta e uma campainha nessa casa.
_Entrei pela janela. -ele disse calmo-, Eu vim terminar o que começamos aquele dia. -se levantou-.
_Não começamos nada. -ele parou na minha frente-.
_Claro que começamos, Ninã. -ele disse colocando a mão na minha nuca e puxando de leve o meu cabelo-.
Ele deu leves beijos no meu pescoço me fazendo arfar um pouco, não sou de ferro caralho, aquilo estava ótimo. Quando estava aproximando sua boca da minha eu me afastei.
_Vai embora, eu não.. eu não tô no clima. -inventei uma desculpa-.
_Você parecia estar aquele dia. -debochou-, Porque não quer agora?
_Porque não, aquele dia eu estava bêbada e.. -ele me interrompeu-.
_Você não quer porque sabe que sou um santo, não é? -ele perguntou agora me olhando nos olhos. Não é possível que ele saiba que sou da família de profetas-.
_Sim.. é isso. Eu não curto muito gângsters. Eu prefiro eles longe de mim! -eu disse ainda desconfiada sobre ele saber dos profetas-.
_Então por isso fez aquela cara de pânico quando viu minha tatuagem na outra noite. -ele disse e por fim riu-, Na hora fiquei sem entender mas agora está claro. -ele disse sério, andando até a janela e saindo dali sem dizer mais nenhuma palavra-.
Finalmente consegui respirar aliviada depois que ele saiu, e com certeza foi melhor assim, é melhor ele pensar isso de mim do que saber toda a verdade e minha vida virar um inferno por conta desse erro. Se eu tivesse visto aquela maldita tatuagem antes, nada disso estaria acontecendo!
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