capítulo 12


Três meses depois...

Três meses passaram-se desde o acontecido entre mim e o Guilherme. Liguei para ele uma ou duas vezes, mas estava tudo muito estranho entre nós. Encontrávamo-nos casualmente pelos corredores do hospital, mas não paramos para conversar. Ele está me evitando. E eu estou evitando o Johnata.

Cuidei para não ficar a sós com ele em momento algum, anulando assim qualquer possibilidade de abordarmos o assunto, o nosso assunto. Estou muito confusa. Assinei sua alta e recomendei um fisioterapeuta que foi meu professor, muito bom por sinal. Ele precisa do melhor para que tenha uma chance de voltar aos campos. Dei o melhor de mim para reparar o estrago causado pela lesão, mas agora não há mais nada que eu possa fazer. A Karen me liga todos os dias, e o assunto é sempre o mesmo. Ela divide o seu repertório entre aconselhar-me a resolver logo essa questão com o John e tentar convencer-me a ir visitar o meu pai. Não consigo decidir o que me apavora mais.

Acordo por volta de 10 da manhã. É domingo, o sol está brilhando lindamente e uma leve brisa invade meu quarto. É o convite que eu esperava para sair e caminhar um pouco a beira-mar. Visto uma roupa bem leve, coloco um biquíni branco por baixo para o caso de ser seduzida pela água, e saio porta afora, em busca de um pouco de paz para o meu coração.

Como eu previa, não resisti e acabei caindo na água, mas não me demoro. Na verdade, sinto-me muito sozinha. A proposta do Guilherme me vem em mente, e eu me lembro do quanto era bom vir à praia com ele, brincar de correr pela areia e depois nos refrescarmos com uma deliciosa água de coco na barraca do seu Jair. Fico melancólica, sinto saudades do meu querido amigo, mas morar juntos seria precipitado demais. Ele precisa de muito mais do que eu tenho para oferecer, e um homem como ele não pode passar a vida inteira contentando-se apenas com uma amizade colorida, porque era exatamente isso que tínhamos. Uma linda amizade, com muito sexo de qualidade para variar.

Já estou andando distraidamente fazendo o percurso de volta para casa, quando ouço chamarem por mim.

— Doutora Vasconcelos!

Estaco. Respiro fundo e viro-me devagar, para ver a imagem mais desejada que meus olhos poderiam vislumbrar para fechar o dia com chave de ouro. Sou tomada por uma imensa alegria, meu coração bate tão acelerado que temo um ataque cardíaco em plena Avenida Ataulfo de Paiva.

Sentado em uma cadeira de rodas, está ele. Bermuda branca, regada azul bebê, chinelos e um óculos estilo aviador que o deixa ainda mais sexy. Meu Deus, como eu amo essa criatura! Ouço o som estridente de uma buzina e, no susto, pulo para cima do passeio, desequilibro-me e quase caio em cima dele. Antes que meu corpo o atinja, um rapaz que o acompanha me ampara em seus braços.

— Oh, me perdoe, como sou desastrada... Por pouco não provoco um acidente — Falo meio sem jeito e totalmente perdida, nunca sei como me comportar perto dele. Seus olhos me analisam e eu sinto o meu rosto queimar.

— Você ainda cora quando é pega de surpresa, sinal de que ainda é a mesma Koany que conheci.

— Você está bem? Como está indo a fisioterapia?

— Preciso de uma consulta!

Ele fala com um meio sorriso e tira os óculos para olhar no fundo dos meus olhos. Já falei que esse homem fode com o meu juízo?

— Não estou trabalhando agora e isso aqui não é um hospital. Mesmo que fosse, não posso fazer mais nada para ajudar com a sua recuperação. Fiz tudo o que eu podia enquanto esteve sob os meus cuidados.

— Quero uma consulta particular em minha casa. Hoje, agora. Você pode fazer muito mais por mim do que você imagina.

— Hoje é meu dia de folga.

— Pago dobrado. Não vai negar uma consulta ortopédica a um inválido em uma cadeira de rodas, não é?

— Sim, eu vou, e você não é nenhum inválido. Poderia estar apenas de muletas se quisesse, eu mesma as recomendei a você, seu dramático.

Falei dando de ombros, na intenção de seguir o meu caminho, mesmo estando com uma vontade imensa de pular em seu colo e enchê-lo de mimos até que ele esteja completamente recuperado.

— Um jantar e algumas horas de seu tempo para termos uma boa conversa. É tudo o que lhe peço.

Interrompo meus passos, mas não me viro. Permaneço em silêncio por alguns instantes.

— Como diz o ditado, quem cala consente. Meu motorista irá busca-la às 19:00.

— Eu não disse que iria.

— Não se atrase, princesa.


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