Reputação dos poucos cavalheiros

       Capítulo 4 da fase
" Péssimas notícias "

     Todos mantinham a esperança que tudo acabasse bem. Mas Stephanie não se contentava com a situação e chorava sem parar.  Deixava-se levar pelas emoções novas que brotavam dentro dela. Jéssica ao ficar sabendo do que aconteceu, se trocou, apressada, vestiu um jeans e uma jaqueta, chamou um taxi, e percorreu o trajeto de trinta e oito minutos até chegar no hospital. Logo estava abraçada com sua amiga. Mas no desespero dos acontecimentos foi inevitável Stephanie não desmaiar.

     — Holden! — a voz fraca de Jéssica o atingiu como um raio, deixando-o mudo por alguns segundos, até que se recompôs.

     Imediatamente ele tomou Stephanie no colo e desapareceu na direção da sala de emergência. Ficaram ali por no máximo uma hora e meia. Após ser medicada com uma injeção de soro, ela despertou. A sua frente estava sua tia Edith, sentada numa cadeira com as mãos sobre os joelhos. E Jéssica ao lado dela. Por último avistou Holden entre o quarto e a porta.

     — Jéss, eu desmaiei? — perguntou já prevendo a resposta.

      — Sim, por tempo suficiente para combinamos os detalhes do que precisamos fazer. — foi Edith que respondeu. E Stephanie ficou sem entender.

     Houve um pequeno silêncio, então, Jéssica o quebrou. — Vamos te levar pra casa.

      — Não posso ir. — olhou para todos ousada. Fazendo um movimento negativo com a cabeça.

     — O Justin, está dormindo. Por causa da medição não vai acordar hoje. Amanhã quando despertar vai precisar de você. — Jéssica se esforçava para convencer a amiga que ainda fazia o movimento de negativo. — Então, o Holden vai te levar com a tia Edith pra casa. Ela vai te fazer companhia essa noite e eu fico aqui com o Justin.

      — Não, por favor. Isso não. Eu preciso ficar com meu filho. — implora.

     — Stephanie, ouça. Eu estive com o Justin e falamos bastante antes dele adormecer devido as medicações.  — Holden forçou um sorriso ao entrar totalmente na sala e fechar a porta atrás de si. — O contei a minha versão da historinha dos três porquinhos. — acomodou-se perto dela. — Ele é um garotinho muito esperto e logo entendeu que você precisa de descanso e virá ficar com ele pela manhã. — beijou-a na testa. — Te darei quantos dias for necessário de folga do trabalho. Mas vá pra casa se fortalecer pra ele.

     — Eu não... — nem concluiu, Holden a silenciou ao levantar o dedo indicador.

     — Ele agora está dormindo, vá pra casa e pense como vai falar que ele está dodói e por isso vai precisar ficar uns dias se recuperando aqui. — os lábios de Jéssica se apertavam. Stephanie fez menção de dizer que não pretendia ceder as exigências, mas decidiu o concordar. Iria, sim, e tentaria repousar para os próximos dias que ficaria no hospital.

     Holden levou Stephanie e Edith até sua residência, depois seguiu até seu apartamento para tomar um banho.   Quando retornou ao hospital, usava calça esverdeada, camisa branca com moletom xadrez de mangas compridas e mochila que lhe dava um bonito ar casual.
Jéssica não esperava por Holden. Ele voltar ao hospital não fazia parte do combinado.

     — Boa noite, Jéss. — a voz dele veio por trás, fazendo ela dar um giro em sua direção.

     — Boa noite, Holden. — respondeu baixinho pra não despertar o pequeno paciente. — o que veio fazer aqui?

      — Ficar com você. Onde ficaria a reputação dos poucos cavalheiros se eu deixasse uma dama passar a noite num hospital sozinha. — ele sentou ao lado dela. — E eu já amo muito meu pequeno sobrinho.

      — Oh, céus!  — em meio a tantas notícias de uma vez, ela não havia relacionado uma coisa a outra. — Como  deixei esse detalhe passar despercebido?

     — Não tem importância. — Holden mostrou seu melhor sorriso para ela. — Eu já entrei pra família de qualquer modo.

     — Você está diferente. — ela quis dizer atraente, mas fracassou. — Com esse estilo casual.

     — Trouxe ele do Canadá. Uma vez passei um inverno rigoroso lá, numa cabana próxima ao lago do norte. — Holden era rápido em ter assunto para conversar. — A temperatura era baixíssima, e se eu não tivesse apanhado lenha rápido, teria morrido de hipotermia.

      — O que foi fazer lá, Holden ?  —ela se interessou pelo assunto. — Que aventureiro, hein?

     — Estive dando um toque final numa tese em que trabalhava. Na época me pareceu interessante. Estava cansado de Londres, precisava me afastar, e lá era perfeito. A cabana pertencia a um amigo que só a usava no verão. Ele achou que eu tivesse enlouquecido quando pedi para me hospedar ali.

     — Deve ter sido fantástico. No meio do nada, só com a natureza como companhia...

     — ... E um enorme urso que quase tive que lutar com ele com as minhas próprias mãos. — Holden afagou-lhe os cabelos e ela riu. Jéssica nunca conheceu ninguém que a fizesse ri tanto de nervosa.

     — Deve ter sido uma experiência e tanto. — ela comentou quando conseguiu parar de rir.

     — Sem dúvida. — Holden maneou a cabeça se encostando nela.

    — E você voltou lá, depois? — perguntou se esforçando para não deixar o fôlego faltar.

     — Nunca mais tive tempo. Antes que eu percebesse completei vinte e três anos e a época passada na cabana ficou para trás. Isso parti seu coração, não é? — brincou ele.

      — É, mais ou menos. Selvas de concreto parecem jaulas. Você não se sente preso? — fez a mesma pergunta que um tempo atrás perguntou a Stephanie.

      — Qual é o problema de andar para frente? A ambição é o lubrificante que faz a roda da vida girar. — porém a resposta dele foi diferente.

     — Não acredito nisso. Será que o dinheiro é tão importante? Eu acho que não.

     Holden deu de ombros. — É a primeira mulher que ouço dizer isso.

      — Também nunca conheci ninguém como você, Holden. — Jéssica achou graça, imaginando se aquilo tinha sido um elogio. —  No entanto, com as pessoas que convivo e onde eu trabalho não é o lugar ideal para se conhecer gente ambiciosas. Meus amigos, em geral, estão todos falidos. A ambição para a maioria deles é fazer seu salário durar ao máximo.

     Holden gargalhou baixo pelo modo extrovertido de Jéssica relatar seu círculo de amizade.

     — A maioria das pessoas, acredite ou não, vive com modesta e se alegra por juntar economias para seus pequenos prazeres.  — concluiu ela.

     — Não tenho nada contra isso. — especulou ele.  — Acha que não sei o que é ser pobre? Nem sempre fui rico. E ao contrário de meu irmão, não nasci em berço de ouro. Precisei suar pra chegar até onde estou. Não segui a carreira da fama.

     Agora foi a vez de Jéssica dar de ombros. Holden era um homem que impunha respeito e a fascinava o fato de ficar tão descontraída em sua companhia a ponto de aceitar suas brincadeiras com aquele ar divertido.

      O pequeno Justin choramingou e os dois saltaram até ele. Porém se posicionando em outra posição o pequenino voltou a dormir.
Eles voltaram ao acento para acompanhantes, fez-se silêncio. Holden posicionou a cabeça de Jéssica em seu ombro. O coração dela disparou. Errou a batida e quase parou. Não percebendo o que acontecia, ele se inclinou e acariciou os cabelos dela. Jéssica estremeceu.

     — Acho que não podemos fazer isso. — disse ela tirando a mão dele que brincava com uma mecha rebelde de seus cabelos.

      — Desculpa, eu não perguntei se você é comprometida. — Holden afastou-se frustado. — Não fiz com segundas intenções. É apenas carinho mesmo.

      — Eu não sou. Mas... — ela não sabia como dizer que achava que eles poderia estar traindo a confiança de sua amiga. — ... e a Stephanie?

      — É mais que evidente que Stephanie ainda ama o meu irmão, e ele também é apaixonado por ela. — Holden sorriu e se aproximando não exitou dar uma bagunçada no couro cabeludo de Jéssica só para lhe provocar. Mas quando sentiu a dúvida evidente dela, parou no mesmo instante e fez um comentário lógico. — É só uma questão de tempo eles se entenderem. Não acha?

     Jéssica maneou os ombros ao invés de responder. E Holden aproveitou para posicionar a cabeça perto do pescoço dela. Ela se alarmou ao perceber que não queria que ele saísse de lá, embora soubesse que não era conveniente pensar em flertar ali, dentro de uma sala de internação hospitalar.

      — Não existe nada de errado em você dormi um pouco. —  ele a puxou pra seu ombro. — Se eu não estou enganado, trabalhou o dia todo. E vai trabalhar novamente pela manhã. — ela confirmou e alguns minutos depois se acomodou com vontade no peito dele e dormiu.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top