Péssimas notícias 💎💎

     Capítulo 1 da fase
"Péssimas notícias"

     Naquele dia, o táxi deixou Stephanie na esquina de casa. Ela caminhou ainda franzindo o cenho. Pensativa. Não conseguia, até então, afastar as lembranças da violência registrada em sua memória para longe, onde acreditava, ser o lugar mais propício.
     Ao saber que naquela manhã ia precisar estar em contato com Ryan, concluiu que nada os ameaçavam mais, como foi tola. Saiu da empresa, porém continuou preocupada, a cabeça cheia e pesada por causa da briga dos irmãos. Olhou em frente procurando avistar a casa onde mora, temeu desfalecer antes de chegar, mas foi surpreendida pela tia acenando e Jéssica vindo em sua direção com os braços abertos para um abraço. Stephanie apressou os passos na tentativa de chegar logo ao encontro do aconchego.

     — Péssimas notícias, né? — Edith disse. Ao se aproximar de Stephanie notou que os olhos dela estavam rasos d'água.

     — Você já ficou sabendo? — não foi difícil para ela deduzir que a notícia havia chegado através de Jéssica.

     — Não falei nada. — pressentindo o pensamento de Stephanie, respondeu Jéssica em sua defesa.

     — O seu chefe me ligou, faz uns quinze minutos. Perguntou se você chegou em casa e se estava bem. — Edith falou encaminhando Stephanie e Jéssica para dentro de casa, guiando-as até a cozinha. — Vamos poder conversar sem interrupções aqui dentro.

    — Onde está o Justin? — quis saber.

     — Sente-se. - disse Jéssica. — Não se preocupe, Justin dormiu de tanto que brincou com seus carrinhos novos.

    — Não vou cair agora, acham que vou? — Stephanie graceja enquanto faz um enorme esforço para não se desfazer.

    — Só continue tentando se manter firme. — brincou Jéssica fazendo o sinal de positivo com o polegar esticado.

     Edith foi até o fogão e voltou trazendo chá quente e uma bandeja com pãozinho de alho caseiro, serviu as meninas e a si também, então as três se olharam em silêncio. Após uns goles no chá Stephanie fez menção de contar o que ocorreu naquela manhã. Mas o telefone tocou e Edith foi atender.

    — Era o Sr Londres novamente. Acho que ele precisa conversar com você. — informou Edith ao voltar a cozinha. — Passei nosso endereço e ele disse que estaria aqui dentro de no máximo duas horas.

     Stephanie fez menção de dizer que não queria que ele viesse, mas decidiu não contrariar o assentimento da tia.
Tomou de gole em gole seu chá e relaxou as costas na cadeira para esperar a chegada de Holden. Sugeriu que a tia e Jéssica se fizessem presente, não queria que fosse necessário repetir sobre o mesmo assunto com elas depois.

     Foi difícil encontrar uma vaga diante da casa, por isso Holden estacionou num ponto mais afastado. Desligou o seu Corolla e tocou a campainha da casa cujo o número estava no endereço que lhe foi passado.

    — Venha, pode entrar. — Stephanie estendeu-lhe a mão. — Quero aproveitar e te apresentar minha tia.

     — O quê? — Holden olhou os arredores meio constrangido. — Não me acho apresentável pra isso agora. — avisou.

     Por um instante, Stephanie quase  esqueceu que Holden esteve em uma briga com o irmão. Mas ele trajava impecavelmente bem. Dos dois fatos um. Ele não apanhou quase nada, ou rapidamente se recompôs. Edith foi logo se levantando com um sorriso radiante.

    — Sr Londres, essa é minha tia Edith. — Stephanie indicou a tia.

    — Por favor, só Holden. — ele apertou-lhe a mão de Edith e sorriu de volta. — Como vai a senhora?

     — Bem, obrigado. — Edith parecia nervosa e não tardou a achar um pretexto pra sair da sala. — Vou preparar café pra todos.

    — Está é Jéssica. Uma amiga muito importante. — Stephanie olhou pra Jéssica, que entregou o pequeno Justin nos braços da mãe, e estendeu a mão pra Holden. — Consideramos ela parte dessa família.

    Cheio de charme Holden segurou a mão dela. — É um prazer, Jéssica.

    — Eu posso dizer o mesmo, Holden. — Jéssica corou, o olhar indo dele para Stephanie. — A casa não é minha, mas seja bem-vindo.

   — É quem ele, mamãe? — Justin quis saber.

    — Quem ele é? — Stephanie corrigiu a pergunta com calma. — Querido, ele é o chefe da mamãe.

    Holden empalideceu quando ouviu Stephanie responder. Ele poderia jurar que o pequeno era filho de Jéssica e nem em sonho imaginária que sua secretária já fosse mãe.

    — Chefe? — perguntou Justin.

    — Um amigo. Meu nome é Holden. — antes que a mãe respondesse o próprio Holden interviu. — E você como se chama?

    O pequenino agora segurava no ombro da mãe e olhava para Holden cujo a expressão era de alguém vindo de outro planeta.

    — Justin. — Jéssica interveio. — Não vai responder ao Sr Holden?

    — Justin. Tenho quase três anos. — ele informou sem perceber. — Mamãe vai me dar um cãozinho de aniversário.

    — Que presente maravilhoso. — Holden sorriu.

    — Você tem cãozinho?

    — Não, não tenho. Já tive quatro de uma só vez. Mas agora não tenho nenhum.

     O pequeno não soube o que responder.

    — Como é o cãozinho que você quer? — Então Holden lhe estendeu os braços e Justin se colocou em seu colo.

    — Grande. Bem grande.

    — A gente pode fazer o casarão dele. — Holden sorria, o olhar transmitia gentileza. — Já sabe como ele vai se chamar?

     — Tobby. — respondeu com sua meiga voz infantil.

     Edith entrou na sala com as canecas e um bule de café numa bandeja. E claro, seus famosos pãezinhos.

    — Venha aqui, Justin. Vou te levar na pracinha. — ela chamou, e Justin sem protestar, segurou na mão da tia. — Diga até mais ao tio Holden.

    Justin deu tchau e Holden retribuiu do mesmo jeito. — Divirta-se meu garotinho.

    — Precisa de ajuda, tia Edith? - perguntou Jéssica implorando no olhar que ela dissesse sim e a levasse consigo. — Eu posso levar o baldinho com as pazinhas.

    — Vou precisar sim, Jéss. — Edith entendeu bem o pedido mudo.

    — Não acreditaria se me falasse. — comentou Holden quando Edith, Justin e Jéssica saíram fechando a porta atrás de si. — É como se eu estivesse olhando para o meu irmão quando era criança.

    — O Justin tem o DNA do Ryan no rosto. — ela sorria com tristeza.

    Holden se aproximou dela quando entendeu. — Ryan não assumiu o filho?

    — Ele nunca soube. Se eu o procurasse pra falar da gravidez, com certeza ele e Roberta tomariam meu filho de mim. — ela olhou fixamente para Holden. — Por isso me prometa que o Ryan nunca vai saber da existência do Justin.

   — Ryan é um completo imbecil, eu sei. — admitiu Holden. — Mas se ele é o pai, ele tem o direito de saber. E o Justin tem direito a um pai.

     — Já é tarde pra isso agora. — ela não demonstrou seus verdadeiros sentimentos. — Justin está muito bem assim. Me promete não dizer nada sobre meu filho pra ele?

    — Eu prometo. —  não seriam ele uma ameaça aquela harmoniosa família. — Isso não cabe a mim contar. Sua família é incrível.

    — Obrigado. — ela agradeceu o elogio. — Então, não vai me dizer por que veio aqui na minha residência? — perguntou estudando os movimentos de Holden ao sentar devagar e encara-la. — Não podia esperar pra me demitir quando eu voltasse lá na empresa?

    — Não tenho a menor intenção de demitir você. Não foi por isso que vim. — Holden acenou pra ela tomar acento e ela obedeceu. — Aconteceu que Ryan perdeu sua mãe enquanto se dava aquele inconveniente entre a gente.

    — A Roberta faleceu? — perguntou. E como resposta, Holden fez que sim com um movimento de cabeça.

    Stephanie sentiu o coração saltar do peito.

    — Oh meu Deus! — foi a única coisa que conseguiu falar enquanto Holden a lançava um olhar tenso.

    — O funeral é amanhã no horário da tarde. Se sentir de coração, vontade de chegar lá. Vá. — ele desviou o olhar. —  Ryan pode precisar de seu apoio.

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