Passeio no parque

Capítulo 4 da fase
"Reviravoltas".

- já conversou com Justin? - ele retornou ao bar e acomodou-se na poltrona perto dela um pouco inclinado.

- Não, ainda não. Justin estar com titia na casa de um amiguinho. Vão almoçar lá, amanhã de manhã devo lhe falar direitinho. Tirei folga no trabalho por mais alguns dias, Holden têm sido muito compreensivo.

- Holden é. - Ryan brincava com sua taça. - Mas voltando ao assunto, acha que o Justin ficará com medo de ser operado?

- Não. apreensivo, talvez, mas ele sabia que em algum momento teria que passar por isso. Holden assistiu com ele a um vídeo sobre o que há de errado com seu corpinho, um desenho animado adequado para criança e isso ajudou muito. - ela se levantou, estava ficando nervosa com a proximidade de Ryan. - Ele faz aniversário daqui a dois dias.

- O quê? - por alguma razão a notícia o assustou.

- Estou te contando por que achei que nós poderíamos fazer um passeio antes da operação. - os lábios dela se apertaram. -  O que acha?

- O que acho? - ele também se levantou. - Acho que seja uma boa idéia. Será ótimo para que ele me conheça e se acostume comigo e não preciso que você se oponha sempre que faço algo nesse sentido.

- Não estou fazendo isso! - ela bufou. - É claro que você quer que ele o conheça, eu entendo. Nosso filho é parte de sua vida agora, e de nada vai adiantar discutir se foi certo ou errado mante-lo em segredo. O fato é que sei que vai querer ter contato com ele depois da operação, isso é muito justo.

- Que nobre de sua parte! - ele respondeu seco.

- Bem, eu acho que sim mas, talvez seja melhor deixar a comemoração e o passeio para depois da cirurgia. Aí você poderá leva-lo, sozinho.

- Não.

- O que quer dizer com "não"? - ela lançou-lhe um olhar hostil.

- Que desejo vê-lo mais vezes antes disso. Podemos ir a um parque, dar uma volta no shopping, olhar as árvores, alimentar os patos... - pra Ryan era imensa a lista de opções.

- Alimentar os patos? Você? - ela não se aguentou. - Eles fugiriam assustados.

- Ah, obrigado! Nesse caso me manterei longe dos pobres patinhos e deixarei que você e Justin os alimentem. -  insistiria até o fim.

Stephanie lutou contra seu retraimento e então desistiu. Que mal haveria num simples passeio? De qualquer forma poderia chamar mais familiares para se juntarem a eles. E a bendita idéia foi sugestão dela. Assim, assentiu com um gesto de cabeça e suspirou e esperou Ryan dizer onde e como poderiam se encontrar.

Justin, claro que estava animado na manhã do dia seguinte para andar no Peugeot de Ryan. Principalmente depois que ele avisou ao garotinho que havia posto a cadeirinha. Stephanie fingiu não perceber havia algo errado em Holden e Jéssica recusarem o convite. A reação de Edith também a deixava pensativa e duvidosa.

- Eles fizeram questão, titia. Então pode tirar esse ar de riso do rosto.

- Querida, não pedi nenhuma explicação. - Edith riu.

- Não Precisa. - Stephanie devolveu com uma divertida reprovação. - Sua expressão diz tudo.

- Bem, uma velha não pode deixar de se perguntar como três anos de amargura estão culminado num passeio ao parque. - ela não ousou encarar a sobrinha. - Não que eu ache isso ruim.

- A senhora é horrorosa! Não vou me envolver com ele. - respondeu com afeição, e lhe deu um aperto na face. - O que tivemos um dia não existe mais.

- É claro... - Edith se faz de sonsa.

- Não me envolveria com ele mesmo que fosse o último homem da face da terra.

- É claro... - dissimula dando um último aceno.

- Tia Edith, você é impossível! - ela olhou para o filho que puxava sua mão. Em seguida foram para o carro de Ryan que já esperava lá fora.

Stephanie respirou fundo ao vê-lo e foi ao seu encontro. Justin ficou tímido e se segurava a ela, olhando sempre pra Ryan em silêncio.

- Olá! Lembra de mim? Eu falei com você ontem a noite ao telefone. - ele havia se agachado para ficar da altura do menino e lhe sorria. - Quer vim inaugurar sua cadeirinha?

Justin fez que sim e soltou-se da mãe.

- Eu também trouxe um presente. - ele fitou Stephanie num mudo desafio. Escondia um pacote nas costas.

- É mesmo? - o pequenino perguntou tímido, olhando para a mãe.

- Vá em frente, querido. - quando a mãe autorizou a timidez de Justin se evaporou, dando lugar a um sorriso descontraído.

- Os três porquinhos! - ele mostrou. - E as casinhas deles e lobo mal. - Justin abraçou aquele que ainda estava agachado a sua frente, sem saber que se tratava de seu pai e agradeceu o presente. - Obrigado.

- Por nada. - se levantou, pôs Justin na cadeirinha e indicou o acento carona para Stephanie, colocando nela o sinto de segurança. Enquanto o pequenino ainda estava entretido com o brinquedo, ele deu a volta e pondo-se ao lado dela pegou no volante e deu partida. - Não quero que me dê aula sobre não saborear os sentimentos dele. Tenho anos de presente para recuperar. Não imagina como tive que me conter para não comprar umas cinco coleções de uma vez. Nunca tinha reparado na quantidade de brinquedo que existe. Contei onze modelos de coleções dos três porquinhos diferentes até me decidi qual trazer. Existem brinquedo que fazem de tudo.

- Eu não ia fazer isso. - respondeu e o resto do caminho seguiram em silêncio. Justin era o único que emitia alguns sons ao apertar os brinquedos e sacudir.

Chegaram no parque. Andaram ao redor do lago. Alimentaram os pombos com amendoim e os patos com pipoca de milho. Justin andava na frente, não largava a caixa do brinquedo.

- Acabou a comida dos patos? - perguntou virando-se para Ryan, que assentiu. - Ontem mamãe me levou na fazendinha e demos arroz as galinhas.

- Ontem? - indagou Ryan intrigado e Stephanie achou graça.

- Três meses atrás, na verdade. Crianças sempre se confundem com datas. - esclareceu.

- Os ovos vem das galinhas. - o pequenino falava sem nenhum sinal de embaraço. - E a lã das ovelhas. E as penas do travesseiro.

- Ele tem um ótimo vocabulário, Ste. É bem esperto para a idade que tem. - gargalhou, o que não pareceu constrangedor ao filho.

Sentaram debaixo de uma árvore, a beira do lago. Stephanie trouxe uma torta de maçã e salgados sortidos que sua tia fez e Ryan comprou as bebidas. Comeram calmamente. Quando acabou seu lanche, Justin colocou seu brinquedo no chão.

- Ele está cansado e quer dormi. - ela pegou o filho e apoiou a cabeça dele em seu colo com o corpinho esticado na toalha de picnic que foi forrada no gramado.

- Ele parece mesmo exausto. - concordou Ryan solene.

- Mamãe, e se um estranho vier pegar meus porquinhos? Estou cansado.

- Não deixarei que ninguém pegue, amorzinho. - assim com alívio Justin fechou os olhos e dormiu. - Isso deve ser muito estranho pra você. - disse pra Ryan que olhava o filho dormi, fascinado.

- Evidente que é. Não venho a um parque a anos, muito menos com uma criança pequena, dando comida para um bando de patos e pombos. Não sabia o que estava perdendo. - ele sentiu o coração ficar acelerado. - Droga. Você deveria ter me contado quando descobriu que estava grávida.

- Não comece outra vez. - Justin se movimentou e ela baixou o tom. - Estou cansada também.

- Vamos voltar. - ele se levantou, pegou o filho no colo e estendeu a mão pra ela.

Recolheram tudo que trouxeram para o parque e voltaram para casa com Justin adormecido no banco de trás. Ao chegarem a tia Edith abriu a porta e Stephanie se voltou para Ryan com o intuito de agradecer pelo passeio.

- Obrigado pelo dia agradável. -  pegou o filho no colo e começou a andar em direção a porta de entrada, quando ele a impediu.

- Não tão rápido. - acenou para Edith e inclinou-se para dar um beijo na cabeça do filho. - Vamos dar uma voltinha, há um assunto que quero discutir com você.

- Não pode esperar? Eu estou cansada, lembra-se que te falei?

- Não posso. Sra Edith pode ficar com o Justin e  liberar a Stephanie por algumas horas?

- Sem dúvida. - Edith pegou o neto dos braços da sobrinha e observou ela retornar ao carro.

- Aonde vamos? - perguntou mal humorada.

-  Almoçar em algum restaurante.

-  Não estou com fome. -  ele ouviu e a ignorou.

- Lá conversaremos, acredite, dessa vez como adultos civilizados, em vez de ficarmos nos agredindo.

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