Não seria uma idéia ruim
Capítulo 3 da fase
" Reviravoltas".
Diversos vídeos no YouTube fornecia explicação sobre as doenças renais e Stephanie devorava toda literatura que encontrava sobre o tema. Ela foi até seu quarto onde Justin adormeceu, para observar se ele estava bem. Holden, Ryan, Edith e Jéssica foram para sala com xícaras de café nas mãos e o tio do pequenino era quem mais falava, enquanto o pai e os demais apenas ouviam. Ninguém percebeu quando a tia Edith se retirou após alguns poucos minutos para se deitar e dormir. Stephanie logo se juntou a todos e também empolgou-se falando sobre a terrível doença que vinha lhe corroendo a mente por um período que parecia ser a eternidade.
- Não vejo a hora disso tudo acabar. - ela olhou para o semblante enigmático de Ryan no outro lado do pequeno cômodo.
- Vamos operar e o Justin vai sarar. - prometeu o pai.
- Acredita? - interrogou.
- Sem sombra de dúvida. - afirmou.
- Você está com medo, eu sinto, mas nosso pequenino ficará bem. - foi a vez de Jéssica se pronunciar. Ela lançou um olhar esperançoso e Stephanie sentiu um estranho conforto em compartilhar o problema com eles. E principalmente com Ryan, o genes de Justin era dele também e ninguém poderia compreender melhor suas preocupações além do pai.
- O medo é algo terrível. - sussurrou Ryan revelando pensamentos nunca expressados. - Ele nos corrói e depois de um tempo passamos a viver em função dele até enlouquecer. Eu entendi isso durante a enfermidade de minha mãe.
- Justin sempre foi saudável, mas desenvolveu essa infecção que logo se tornou séria. Teve que ser hospitalizado e a gente nunca imagina, não é? - Jéssica encarou a cada um com aflita preocupação.
- Jéss, a esperança pode ser tão forte quanto o temor e é isso que tem que nos guiar. - Holden emitiu fé e pôde-se ouvir alguns "amém".
Era quase meia-noite quando por fim Holden foi leva-la em sua casa. Menos de meia hora depois, ele infelizmente chegou em Blenheim Crescent, região de Kensington e Chelsea.
- A quanto tempo mora na região de Kensington, Jéss? - perguntou ele curioso.
- Há um ano e meio, mais ou menos. Aqui foi o lugar mais barato da lista que encontrei para residir em Londres quando comecei a trabalhar. E um dos poucos lugares que ainda posso pagar o aluguel. - falou tímida. - Quem me dera ter condições de residir em Eaton Square, Drayton gardens, Prince Consort Road ou Cadogan Square. - estas eram avenidas próximas, porém mais requintadas.
- Que coincidência, eu também resido aqui em Kensington, sabia? - ele exitou e também se intimidou em falar o lugar. Trouxe Jéssica em casa algumas vezes e nunca mencionou morar próximo até agora para não deixar o clima constrangedor. - na Everton Crescent.
- Uau! - exclamou boquiaberta. - Não brinca. Um dos lugares mais caro para se viver na região de Chelsea, é preciso de milhões de libras para poder fazer parte do grupo seleto de vizinhos glamourosos. - Por isso ela nem mencionou tal parte quando descreveu sua lista dos melhores da vizinhança. Nem em sonho conseguiria pagar para manter uma residência lá. No fim quem ficou constrangido foi Holden.
- Sabia que posso financeiramente morar em qualquer um desses lugares que citou. - especulou e Jéssica assentiu. - Nada contra isso, certo?
- Creio que sabe como é ser pobre. E a diferenças entre as classes nunca nos interviu. - falou com respeito, ele a fascinava pelo fato de provoca-la e depois aceitar suas brincadeiras com aquele ar divertido. - E não fique constrangido.
- Não estou constrangido por isso, estou frustrado por que não sei como argumentar para que possa ficar mais tempo comigo.
- Essa não seria uma idéia ruim. - rindo Jéssica imaginava quão ótimo seria. Se encolheu quando Holden acariciou seus cabelos. - Você quer entrar? - perguntou e como resposta ele entrelaçou seus dedos com os dela.
- Claro. - a resposta a fez sorrir com timidez, e então ele a puxou com a mão que se encontrava livre, de leve pela cintura, pra bem perto de si. Após alguns segundos se encarando ele beijou-a ali com tranquilidade.
- Não estou dizendo que tenho algo maldoso em mente que quero fazer. Mas gostaria de passar a noite acompanhada por você. - comentou ela depois do beijo suave. Holden suspirou e ela desejou puxa-lo de volta, receber de seus lábios um segundo beijo e prolongar aquele momento maravilhoso.
- Será uma honra. - concordou e entraram.
Stephanie e Ryan também foram dormir. Ele ficou no quarto de Justin e ela no dela com o filho. Recostou sua cabeça no travesseiro depois que Ryan beijou o filho e saiu. Admitiu pra si mesma que ele seria um bom pai e Justin precisava de alguém como ele, com quem pudesse contar. Não, decidiu com uma pulga atrás da orelha, ela precisava dele junto do filho e ele estava de volta. Sua tia não errou de todo ao dizer que ele tem direito de estar ao lado do filho, mesmo tendo estado ausente desde seu nascimento.
Pela manhã quando acordou, Stephanie franziu o cenho pensativa. Onde estava todo mundo. Foi até a cozinha e só encontrou um bilhete de sua tia Edith pregado na geladeira.
"Vou almoçar na casa de Emile para o Justin brincar com o Dean um pouco. Ryan já foi logo cedo ao hospital. Aproveite a tarde sem preocupações. Beijos, tia Edith".
Ela sentou a mesa e se serviu de uma xícara de chá quente e doce com algumas bolachas de sal. Quando começou a comer o telefone tocou na sala e ela pulou para atender. Seu primeiro pensamento foi: e se fosse a tia ligando pra dizer que o Justin passou mal e não se sentia bem.
- Alô! - atendeu tensa e constatou que era Ryan. Sua voz profunda e agressiva atingiu-a como um raio, lhe deixando muda por alguns segundos, até que voltou a sua normalidade.
- Olhe, Stephanie, não posso falar ao celular porque estou dirigindo. Vou pra minha casa. Venha se encontra comigo.
- Pra quê? Não posso. - ela não pretendia ceder as exigências dele.
- Tem meu endereço em um pequeno cartão de visita que deixei na cômoda do Justin. Espero você em uma hora.
- Que... - ela o ouviu desligar. Olhou zangada para o aparelho. Iria sim, tentaria manter a paz, mas apenas até a operação se concluir. Aí ele veria o quanto estava enganado se achava que podia mandar nela.
Stephanie tomou um banho, apressada se vestiu e saiu de casa. Chegou no endereço que estava no cartão e abriu os olhos admirada quando avistou a casa. Tocou a campainha e o próprio Ryan abriu a porta. Estava só de short.
- Você poderia ao menos ter se vestido. - ela o censurou ao entrar e com esforço desviou o olhar dos ombros largos e bronzeado, do abdômen definido e cintura estreita. Ele notou o incoveniente e franziu a testa.
- Você foi mais rápida do que imaginei. - se afastou e fechou a porta. Foi até o bar, encheu duas taças de champanhe e lhe estendeu uma. Ela aceitou constrangida.
- Fiz os exames solicitados. - ele esboçou um sorriso radiante.
- Graças a Deus. - Stephanie tomou um gole do champanhe e estranhou um pouco o sabor.
- Espere aqui, eu voltarei já. Só vou me trocar. - imediatamente desapareceu na direção do quarto e ela se sentou na beira de uma poltrona com as mãos sobre os joelhos e os dedinhos tamborilando no copo.
Ficaria ali no máximo meia hora, tempo suficiente para combinar os detalhes da cirurgia e então voltaria para casa. Havia muito o que fazer. Tinha que preparar uma mala para a ela e Justin, organizar alguns documentos e o mais importante, sentar com o filho e explicar sobre a operação. Por um lado era bom que ele ainda não tivesse nem três anos. Assim o medo do desconhecido ainda não travavam suas garras nele e com alguma sorte isso ajudaria na hora da cirurgia.
Foi então que lembrou-se. O aniversário do garotinho era daqui a dois dias.
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