Está tudo bem
Capítulo 8 da fase
"Reviravoltas"
Seguindo pelo corredor Ryan logo alcançou Stephanie. Ela caminhava calada enquanto pensava se poderia estar apaixonada por ele. Se perguntou em desespero se nunca deixou de ama-lo ou apenas se convenceu de que sim. Anos atrás disse a si mesma que ele era um canalha e repetir isso desde então, como mantra, até que sem demora, começou a acreditar. Porém tornar a ve-lo, ouvir sua voz e conviver com ele foi como um tiro certeiro para tira-la de sua ilusão.
- Quando esquece o quanto me odeia, Ste, fica muito parecida com a garota que conheci há três anos atrás. - ele jogou todo seu charme como se nunca tivesse existido desentendimento entre eles. - Por isso um casamento não está fadado ao fracasso como prefere crer. Tudo o que tem a fazer é baixar a guarda.
- E ser magoada por você de novo? - a boca dela formou uma linha obstinada e ele soltou um suspiro profundo.
- Eu é que ainda deveria estar declarando guerra, já pensou nisso?
- É verdade. - confusa Stephanie concordou que ele estava certo, mas não iria baixar a guarda como ele sugeriu, nem lhe permitir notar o quanto ainda gostava dele. Seu coração acelerou um pouco, mas, agora que admitiu o fato, não podia recuar.
- Decidiu aceitar a proposta? - Ryan insistia com uma teimosia desafiadora.
- Aceito. - ela prosseguiu relutante. - Você não me deu opção. Deu?
- Se eu tivesse dado, você teria saído correndo assim que esta cirúrgica acabasse, levando meu filho junto. - ele passou por ela, ficando a frente. - O fato é que eu não confio em você, Stephanie. Acho que não falará sobre mim ao Justin. Se eu não estiver por perto, como saberei que não o jogará contra mim?
- Claro que eu nunca faria isso. - ela tentou, desesperada convence-lo. - Confie em mim, eu vou contar de você pra ele quando voltarmos pra casa.
- Confiar em você? Não me faça rir! Já me fez de bobo uma vez, escondeu meu filho de mim e ainda espera que eu confie em você? - Ryan gargalhou de mentira. - Prefiro confiar em Átila o rei dos hunos.
Stephanie apertou os dentes frustrada. Ele não mudou nada. Deve estar louca ao esquecer o quanto ele é dominador e aceitar casar-se. Desce que Holden o contou sobre o menino, Ryan assumiu o controle e ela nada pode fazer além de correr atrás dele, tentando recuperar um pouco da serenidade que a acompanhava nos últimos anos.
- Você vai ficar aí, parada? - ele teve a audácia de perguntar por sobre o ombro ao que ela reagiu se aproximando com raiva, as mãos no quadris. - Se ficar um pouco mais zangada, vai explodir.
- E espero fazer uma tremenda bagunça nesta sala requintada pra você ter que se explicar. - ela retrucou, áspera.
- Quando foi que seu temperamento apareceu? Era bem humorada quando a conheci. - sem se abalar com o comportamento dela, ele deu-lhe passagem e ela se adiantou. Não suportava mais andar atrás dele como um cachorrinho. Ele que a seguisse só para variar.
- Meu bom humor você evaporou. - seguiu pelo lado errado do corredor e regougou quando Ryan a encaminhou pela direção correta. - Não quero sua ajuda.
- Até parece que desposar um dos solteirões mais cobiçados desde país é um sacrifício. - ele a puxou para junto de si.
- Eu te odeio! - assim que seus corpos se tocaram, ela teve a sensação de fraqueza e lutou contra.
- Ódio pode ser um sentimento passional, Stephanie. - sua boca se apossou da dela com força.
O impacto jogou-a para trás e Stephanie se rendeu num misto de desespero, quando os lábios dele desceram até seu pescoço e as mãos deslizou sobre seu corpo. As investidas dele estavam ficando mais ousadas e ela percebeu com horror que a batalha era contra a própria vontade. Contra o impulso que a invadia, dizendo para retribuir o beijo, pois era isso que queria. Ouviram passos se aproximando e ele a soltou, num gesto abrupto se virou. Stephanie permaneceu onde estava, trêmula, incapaz de ir embora.
- Você não entende. - ela conseguiu finalmente falar algo depois que as pisadas parou.
- O que eu não entendo, Stephanie? - ele se virou devagar para encara-la.
- É um homem rico, sim, e cobiçado, também, mas destrói minha estrutura. - ela falava com sinceridade.
- É muito conveniente esquecer que minha vida também foi virada de cabeça para baixo.
- Podemos resolver isso de um jeito amigável, sem tomar nenhuma atitude drástica. - ela sugeriu com uma última ponta de esperança.
- Não! nada de direitos de visitas, nem lanches apressados nos fins de semana e nenhum outro para roubar o meu lugar na vida do meu filho. - Ryan contia a vontade de falar mais alto.
- Neste caso, tenho algumas regras a impor. - ficou seria. - A número um é não flertar como estava fazendo a poucos minutos.
- Do que está falando. - ele riu.
- De você! Flertou com aquela enfermeira. Como acha que me sinto com a ideia de um casamento cheio de seus flertes e namoricos?
- Pensei que não se importava com o que as pessoas pensam. - ouviram novos passos. - Beije-me!
- O quê? - perguntou confusa. Stephanie se desesperava enquanto Ryan estava esperando.
- Beije-me! Você agora é minha noiva e quero mostrar isso a todo mundo. - os passos se aproximou e ele passou a boca sobre a dela exigindo uma resposta sem muita dificuldade. Então levantou a cabeça olhou por sobre os ombros dela para confirmar a quem pertencia os passos.
- Fico dizendo pra ela que não haverá mais problemas. - Ryan falou ainda rouco.
- Ah, não, Sra Stone. - Addison tranquilizou-a. - Está tudo bem.
- Obrigado. - falou após um instante. Stephanie carregou o peso da doença do filho por um tempo que pareceu ser uma eternidade e se desfazer dela de uma vez parecia impossível. - Vou ficar com o Justin.
- Eu estarei aqui quando ele acordar. - ele tomou a mão de Stephanie com fervor desejando desfazer toda preocupação. - Os médicos nunca falam em sucesso sem ter certeza. Sempre preferem ser cautelosos.
Ela empurrou a porta devagar pra não acordar ninguém lá dentro. Becky também dormia ao lado da filha. Seu coração disparou ao olhar novamente o filho deitado com os olhinhos fechados e o rosto descorado. Foi até a cama e segurou seus dedinhos. Ficou ali naquele posição até adormecer.
Já deveria ser madrugada quando ouviu sussurros de Becky e outra pessoa, enrubesceu e fingiu ainda dormi alheia do que acontecia.
- Oh! - Becky acordou surpresa. - Não deveria estar servindo no Afeganistão?
- Eu estava, até nossa filha se operar. - a voz do homem era triste. - Eu tentei pedir um afastamento, mas vou ter que voltar ao departamento militar.
- O importante é que agora estar aqui. - se ouvia ruídos de beijos.
- Como está a Hattie? Nossa filha parece tão pequena e delicada.
- Dormindo como um anjo. O pior já passou, Amor.
- E você, metade de minha vida? - o soldado Jackson tinha a esposa e a filha como as duas metades de sua existência.
- Estou excelente. - Becky procurava ser bem humorada.
- Pequena mentirosa. - ouviu eles estalarem um beijo demorado. Havia algo na entonação deles que fazia Stephanie se lembrar dos tempos idos, três anos atrás, quando apaixonada também trocava palavras reconfortante com Ryan.
- Não sou, não. - Becky disse tímida.
- Vida, preciso que durma. Não quero te ver chorar. Então, prefiro ir quando vejo que não estão acordadas.
- Agradeço pela preocupação. - a voz dela era chorosa. - Em poucos dias voltamos pra casa.
- Eu farei o possível para ir visita-las em casa mais vezes. - minutos depois de ter tirado algumas fotos juntos para mostrar a Hattie que o pai esteve com elas quando a menina acordasse, Becky dormiu e o soldado deixou o hospital com olhos cheios d'água. Beijou a filha e a esposa amada e partiu.
Holden, Jéssica e Edith deixaram o hospital após conversar com a Dra Addison e fazer todo tipo de pergunta que ainda podia os amedrontar. Ryan foi o único que permaneceu na recepção a espera. Justin acordou sonolento, mas se estabeleceu bem depressa. Hattie já parecia bem alegre, apesar de exausta e com fome.
- Na próxima semana quero ve-los aqui pra tomar sorvete. - disse a Dra Addison a seus pequenos pacientes que voltariam para revisão.
- Está falando sério? - Hattie perguntou.
- É claro que sim. - Addison sempre servia sorvete na semana seguinte, depois da revisão pós operatória. - Qual sabores meus anjinhos gostam?
- Baunilha, chocolate e morango. - Hattie estava mesmo animada. - E você Justin?
- Flocos. - o pequenino riu.
- Então estamos combinados. - Addison segurou a mão de Hattie e Justin. - Sorvete napolitano e flocos.
- Obaaaa... - as crianças falaram uníssono.
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