4. FICA COMIGO
A noite passou entre risadas e todos comeram até não aguentarem mais. O peito bovino que passou tantas horas defumando estava macio e suculento, o que arrancou elogios dos convidados por Gustavo saber fazer churrasco melhor que muitos churrasqueiros de restaurantes.
Quando a festa acabou e todos foram embora, só restaram os meninos jogando videogame no quarto enquanto Gustavo tentava convencer Cristina a ficar aquela noite. Ele a abraçou pela cintura de um jeito que ela gostava mais do que queria admitir, e começou a beijá-la nos lábios e queixo, deixando rastros quentes por sua pele em todo lugar que tocava.
— Fica comigo, Cris, por favor.
— Por que você quer tanto isso, Tav? Se é para provar que pode me deixar derretida como antes, você pode, só que eu não sou mais a garota que perdeu a virgindade com você, estou muito diferente agora.
Ele afastou seu rosto do dela, porém acariciou-lhe os lábios carnudos.
— Você acha que me deixa menos atraído por não parecer mais a Cristina de dezoito anos que foi minha namorada?
Ela abaixou a cabeça. Estava ainda muito ferida pelas palavras de Jonas, mesmo que tivesse passado meses desde aquela noite infernal. Por mais que tentasse superar, sua autoestima foi muito esmagada, então não conseguia se sentir bonita, principalmente tendo Gustavo na sua frente, todo sarado e sexy.
— Eu nunca fui popular por minha beleza, mas naquela época eu tinha uma cintura fina e os cabelos compridos que te deixavam maluco. Agora eu sou uma mãe de trinta e quatro anos cheia de celulite e estrias, cicatrizes da vida, Gustavo.
Ele não respondeu imediatamente. Em um gesto ousado, pegou a mão dela e arrastou para baixo em sua barriga dividida e mais abaixo na bermuda, onde se via um volume substancial. Cristina arfou ao sentir o membro duro como pedra sob seus dedos.
— Acha que meu corpo está assim por causa de uma lembrança distante e inalcançável? — Sugou o lóbulo de sua orelha, fazendo-a estremecer. — Acha que eu me importo com estrias e celulites? — Apertou sua cintura com força e mordeu delicadamente seu pescoço. — Toda mulher tem isso, e se algum homem diz que não gosta, é porque ele não gosta de mulher como quer que os outros acreditem.
Ele tomou a boca da morena em um beijo selvagem, suas línguas dançando em um ritmo envolvente, completamente sensual. Cristina gostava da pegada forte, sentia falta disso, adorava como Gustavo apertava sua cintura, ainda que ficasse incomodada com o fato de ter gordura ali.
As mãos fortes de Gustavo deslizaram da cintura para as nádegas, onde ele apertou de um jeito que a fez gemer. Ela deslizou os dedos por entre os fios de cabelo dele, puxando e acariciando ao mesmo tempo, então ele desceu a boca para seu queixo, pescoço, ombros, depois acima dos seios, onde massageou com suavidade, sentindo os picos enrijecidos.
— Ah.. Tav... — ela arfou. — Estamos na sala.
— E daí? — Ele baixou as alças do vestido dela e deslizou a roupa até o sutiã de renda preta aparecer.
— Os meninos...
— Estão jogando no quarto, eles não vão descer agora — ele a interrompeu antes de abaixar as taças do sutiã e abocanhar seu seio esquerdo, depois o direito, fazendo-a gemer alto.
— Aaaah! Os empregados...
— Se recolheram depois de arrumarem a bagunça da festa, mas se continuar gemendo alto assim, eles vão ficar tentados a vir nos assistir.
Ela arregalou os olhos e ele riu.
— Relaxa, amor, ninguém vai nos incomodar, a não ser que você não queira ficar comigo. — Ele deu um beijinho em seus lábios e olhou em seus olhos. — Se disser que não me quer, eu não vou insistir hoje. Não sou o tipo de cara que não sabe receber respostas negativas.
Cristina ficou em dúvida. Ele estava lhe pedindo uma noite de sexo apenas?
Estaria mentindo se dissesse que não o desejava tanto a ponto de ser doloroso se afastar dele, contudo, não era o tipo de mulher acostumada a aventuras sexuais sem importância. Além do mais, Gustavo não era um desconhecido, era um homem por quem foi muito apaixonada no passado e seria estranho conviver com ele depois se ela fosse uma transa ruim. Estava com medo de se machucar.
Respirou fundo e disse:
— Eu quero você, Gustavo, mas já faz tanto tempo e eu não sei bem como agradar um homem, eu...
— Ei... — Ele a fez olhar em seu rosto. — Quem disse que você não sabe agradar um homem?
Ela desviou o olhar, sentindo uma lágrima molhar seu rosto. Lembrou-se da noite em que flagrou Jonas e se sentiu humilhada de novo.
Gustavo ficou com raiva ao vê-la chorando, pois tinha uma boa ideia de quem foi tão desprezível com ela.
— Escuta, Cris. Olha pra mim, por favor.
Ele enxugou a lágrima no rosto dela com o dedo polegar e se recostou no sofá, erguendo-lhe o queixo para que olhasse em seus olhos.
— Você não me contou toda a história, mas eu nem preciso saber pra entender que o teu ex-marido é um lixo da pior espécie. Ele não soube cuidar de você, não soube te dar o amor que você merece, por isso foi idiota o bastante pra te perder. Não tô reclamando disso, é melhor pra mim que você esteja solteira, mas seja lá o que ele te disse, esquece, tudo não passa de mentiras.
Ela balançou a cabeça negativamente.
— Você não entende.
— Não entendo o quê? — ele falou em tom sério. — Me explica.
— Eu não sou gostosa nem boa de cama. Nem sei o que fazer para seduzir alguém...
Ela mordeu o lábio inferior, constrangida e chateada consigo mesma. Sequer percebeu o olhar de Gustavo para a sua boca e o pequeno gemido que ele soltou apenas por ver o gesto simples dela.
— Não acredito. — Ele tocou seu lábio, fazendo-a parar de morder. — Você não faz ideia do quanto é sensual, não é? Mesmo quando não pretende ser.
Antes que ela pudesse responder, ele a beijou de uma forma que a fez perder toda a razão. Era um beijo tão profundo que Cristina sentiu de novo o fogo da libido se alastrando por seu corpo. Ele abriu o fecho frontal do sutiã e admirou os seios fartos da morena antes de tomar cada um na boca novamente, sugando faminto os mamilos eriçados.
Cristina gemeu e puxou o cabelo dele, tomada pelas sensações que passavam por seu corpo como corrente elétrica.
— Sabe o que me seduz? — ele murmurou, lambendo seus mamilos. — Esses sons que saem da tua garganta quando está excitada.
Ele a deitou no sofá e baixou seu vestido até a cintura, deixando beijos quentes e lambidas em sua barriga, o que a fazia estremecer. Puxou o vestido para o seu quadril e o passou pelas pernas, deixando-a só de calcinha.
— Sabe o que eu acho gostoso? — Ele beijou seu pé e subiu, deixando a trilha por toda a sua perna, e depois fez o mesmo na outra. — Essas pernas torneadas, os seios lindos, o traseiro carnudo. — Beijou a parte interna de suas coxas até chegar à calcinha. — É gostoso como você é macia em todos os lugares certos.
Cristina gemeu alto quando ele massageou sua intimidade por cima da calcinha e fechou os olhos quando ele afastou o tecido fino para o lado e lambeu de baixo para cima. Ela segurou com força o tecido de seda que cobria o sofá enquanto ele começava a massagear seu clitóris, o dedo quente circulando a entrada úmida da mulher que se contorcia de prazer, pedindo mais.
— Mas nada é tão gostoso... — Chupou seu clitóris e penetrou um dedo em seu interior. — Ou tão sexy quanto a expressão no teu rosto... — Subiu para beijar sua boca, mas manteve o dedo se movendo para dentro e para fora em seu canal cada vez mais escorregadio. — ... quando você sente prazer.
Ele introduziu mais um dedo e Cristina se arrepiou inteira.
— Uma mulher é tão boa de cama quanto a pessoa com quem ela está.
Dizendo isso, ele voltou a descer sua boca pelos seios e barriga até abocanhar sua intimidade com tal intensidade que Cristina temeu enlouquecer com as ondas de prazer se acumulando em seu ventre, cada vez mais fortes, vindo em pequenos espasmos até explodir em uma chuva de sensações.
Gustavo continuou chupando e lambendo enquanto sentia o interior dela agarrando seus dedos com força. Vê-la gozar daquele jeito só o deixava mais excitado, porém antes precisava convencê-la, fazê-la ver que não era só uma transa.
Ele admirou o corpo enrubescido da morena, esparramado no sofá, relaxado depois do potente orgasmo, e só conseguia pensar em como conseguiu viver tantos anos longe dela. Encaixou seu corpo no dela, abraçando-a com firmeza.
Cristina suspirou, contente, ao sentir que Gustavo a abraçava e beijava seu rosto. Estava relaxada depois do que ele a fez sentir.
Fazia tanto tempo que já nem se lembrava mais, pois mesmo quando ainda estava casada, Jonas só se importava consigo mesmo. Ele nem fazia nela o que Gustavo acabara de fazer, se recusava a fazer isso desde que ela ficara grávida.
— Você fica ainda mais linda quando goza — ele murmurou, beijando seu pescoço e espalmando seu seio.
Ela gemeu e o puxou para um beijo, a timidez quanto ao seu corpo esquecida por hora. Desceu a mão pelo peitoral forte, a barriga sarada e abaixo do cós da bermuda, sentindo o quanto ele estava excitado. Começou a massagear seu membro por cima da roupa, no entanto, ele segurou seu pulso, impedindo-a de continuar.
— Estou no limite, mas você tá muito exposta aqui. Que tal ir pro quarto? Lá nós vamos ter mais privacidade, e eu preciso conversar com você.
A expressão dela ficou atordoada. Tinha esquecido onde estava e, de repente, sua vergonha voltou. Tentou pegar seu vestido para se cobrir, porém ele não permitiu.
— Gosto de te ver sem roupa, você tem curvas deliciosas.
— Isso não tem graça, Gustavo. Preciso me vestir para ir chamar meu filho.
— Por que, Cris? Eu te chamei pro quarto, quero mais tempo com você, só preciso esclarecer algumas coisas antes.
Ela se irritou e puxou o vestido das mãos dele, afastando-se do sofá.
— Se vai me dizer que não quer se envolver, que isso é só uma noite de sexo, não precisa se dar ao trabalho, eu já sei.
— Como é? — ele perguntou, chateado com o que ela disse.
— Você me ouviu.
Ele se levantou e segurou os ombros dela.
— Aquele desgraçado te feriu de verdade, né?
— Não se atreva! Você não sabe de nada!
Gustavo a abraçou enquanto ela tentava se afastar, querendo chorar. Ele se sentou, trazendo-a para o seu colo.
— Eu estaria louco se quisesse só uma noite de sexo com você, Cristina. Não, uma noite é pouco, eu preciso de muito mais.
— Não precisa mentir pra mim.
— Não tô mentindo. Era disso que eu queria falar antes de você começar a surtar.
Ela levantou a cabeça, fuzilando-o com os olhos. Ele não resistiu e sugou seu lábio inferior, recebendo um tapa forte no ombro em resposta.
— Adoro quando você fica zangada, sabia?
Sim, ainda se lembrava de como ele a provocava até que ela perdesse a paciência e batesse nele. Dizia que ficava excitado com a raiva dela, porque a deixava mais selvagem no sexo.
— Minha baixinha brava — murmurou, lambendo sua orelha.
Cristina gemeu, tentando pensar direito, mas só conseguia se concentrar nos lábios dele sobre sua pele, fazendo aumentar o calor de seu corpo.
— Tenho que te contar uma coisa: eu já sabia quem você era quando liguei para pedir permissão para trazer o Juliano até aqui.
Ela o olhou, espantada.
— O quê? Como assim?
— O menino é você todinha na aparência, Cris. Quando eu te conheci, você tinha dezessete anos, ele é todo você em uma versão infantil. Na verdade, o Vitor não o convidou para vir ao meu aniversário, ele o convidou para vir passar o sábado aqui, pra tomar banho de piscina e jogar videogame. Eu não ia aguentar esperar mais dois dias pra te ver, então tive a ideia de convidá-lo para o churrasco hoje, e convidar você também. Não sabia se aceitaria vir jantar, mas sabia que viria buscar o Juliano, então eu poderia te ver de perto depois de tanto tempo.
Ela o encarou, sem conseguir falar. Ele planejou vê-la de novo?
Gustavo acariciou seu rosto.
— Eu nunca te esqueci, Cris. Sei que a minha partida foi repentina e eu nunca mais te procurei, nossas vidas tomaram rumos diferentes. Dois anos depois de ficar viúvo eu voltei pra cá atrás de você, mas estava casada e com um filho, eu nunca iria atrapalhar tua vida. Só queria que você fosse feliz.
Ela suspirou pesadamente.
— Eu flagrei meu ex-marido transando com a professora do Juliano no sofá da sala. Nem sei como consegui me entregar assim aqui.
Ele sorriu de lado.
— Você conseguiu porque sentiu desejo e eu não sou teu ex-marido imbecil.
— Tem razão... Desculpa pelo que eu falei há pouco, eu... sei lá, você foi embora de repente, eu passei anos apaixonada e agora, depois de uma década e meia você aparece na minha vida assim...
Ele assentiu, decidindo que precisava esclarecer essa história e seus motivos para ir embora antes de qualquer outra coisa. Deixou-a se vestir e a conduziu ao escritório no primeiro andar, onde tirou uma pilha de documentos e deu os principais para que ela examinasse.
Cristina leu em silêncio, cada vez mais chocada com as informações contidas ali. Parecia coisa de filme policial. Vendo que ela começava a entender, Gustavo explicou em resumo os acontecimentos de tantos anos atrás.
— Eu fui embora com minha mãe porque ela descobriu que meu padrasto tinha um caso com uma colega de trabalho e pretendia matar nós dois pra ficar com o dinheiro dela, pois se eu fosse vivo, seria o herdeiro legal. Por isso nós fugimos e eu não tive tempo de falar com você, nem quis ser visto com você antes de partir porque tive medo que ele te fizesse algo por achar que sabia onde eu estava.
— Que coisa horrível, Tav. Seu Armando sumiu da cidade logo depois de vocês, por isso todos pensamos que tinham apenas se mudado.
— Antes fosse. Minha mãe namora um delegado de polícia. Foi ele que investigou o passado do Armando. Em resumo, ele descobriu uma série de crimes ligados ao Armando, entre eles, o assassinato planejado de duas esposas dele, ambas ricas e, adivinha? Ele herdou o dinheiro delas.
— Quanta crueldade. E o que aconteceu? Vocês conseguiram se livrar dele?
— Sim. Depois de dois anos morando em Curitiba, achamos que era seguro ir para São Paulo. O problema era que Armando e minha mãe ainda eram casados e ele ainda nos procurava para se livrar do problema. Fomos à delegacia procurando proteção, e foi assim que mamãe conheceu o Carlos, que se comprometeu a nos ajudar e abriu uma investigação formal contra o Armando. Quando as sujeiras dele começaram a surgir, Carlos usou todos os seus contatos para conseguir prender o desgraçado. Está preso e espero que não saia tão cedo de trás das grades. Minha mãe se divorciou e acabou surgindo um lance com o delegado, então eles estão juntos faz uns seis anos. Não se casaram, mas estão juntos.
Cristina estava chocada com tanta informação. Precisava processar os motivos de Gustavo, pois eram coisas realmente graves que o levaram a ir embora sem falar com ela tantos anos atrás. Não sabia o que fazer.
— Então é isso, Cris. Agora você sabe que eu não quis te deixar, precisei fazer isso para nos proteger. Sei que faz muitos anos, somos diferentes agora, mas quando eu te vi de novo, tive certeza de que ainda sinto a mesma atração, a mesma paixão de quando éramos jovens. Você não é só uma transa, passar uma noite com você não é o suficiente pra mim.
Ela o encarou, pensativa.
Estaria a vida lhe dando uma nova chance de ser feliz? Assim, tão de repente? Ela realmente poderia ser feliz com seu primeiro amor, seu primeiro amante?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top