30 de Dezembro de 2017.

8:26 pm.

-Precisa jantar. -Kat diz, ao sentar à borda da cama. -Papai perguntou o porquê de não ter ido almoçar. Tive de mentir. Disse que estava com dor de cabeça, mas se não aparecer ele vai vir até aqui.

Me reviro na cama, e a encaro.

-É o que ele queria desde o início. Me prender aqui para sempre. -Murmuro. -Foi tudo planejado.

-Gal, não precisa escolher. Ele não vai te obrigar! -Kat tenta me confortar.

-Como não?! -Levanto como um solavanco. -Ele disse para para a mamãe. Provavelmente disse para todos!

-É, mas se você não estiver aqui... -Kat diz e logo sorri. -Certo. Vá dormir. -Ela se levanta.

-Espera. -A seguro, impedindo que vá. -Eu não sei o que faria sem você irmãzinha. -Digo, e é verdade. Kat, desde que nasceu se tornou minha melhor amiga. Não havia nada que eu fizesse sem ela, ou que ela não soubesse. Ela era, simplesmente. Incrível!

-Bom, provavelmente, ficaria louco! Mas, se eu tivesse no seu lugar, acho que também. Claro, tenho só doze anos e sei metade do que você passa, mas você é bem mais forte do que aparenta ser, Gal. -Ela então envolve seus braços pelo meu pescoço, me abraçando com força. Demoro apenas dois segundos para retribuir. -Obrigada por ser meu irmão. -Ela sussurra no meu ouvido.

Trinco a mandíbula para não fraquejar.

-Obrigado por ser minha melhor amiga, maninha. -Sussurro de volta.

Kat se afasta.

-Não chore ainda. E me agradeça amanhã! -Ela fala. -Você sabe que eu tenho um preço! -Ela caminha em direção a porta.

Reviro os olhos.

-Que pilantra! -Murmuro e ela ri.

-É sério. -Ela para de rir. -Sua sobremesa. Um mês. Sem negociação.

-Fechado. -Falo e ela sai, batendo a porta atrás de si.

Me jogo na cama e fico encarando o teto. Sem sono. Desejando, de todo o coração, que o amanhã não chegasse...

mas chegou!

320 palavras.