Capítulo 1


30 de Dezembro de 2017.

9:32 am.

A mesa de jantar estava, particularmente, silenciosa. Eu ainda mexia nas torradas enquanto papai lia seu jornal, na cabeceira da mesa, mamãe lia suas listas de afazeres e se programava para o dia e Kateryn, minha irmã, estava absorta em seu próprio mundo. Ninguém sequer abriu a boca, se não para comer.

Eu devia ficar calado, mas eu conseguia! Era algo incrivelmente incômodo.

Hoje, não era um dia qualquer, era o dia do meu 18º aniversário. Lembro, desde muito antes de entender esse mundo, que eu queria estar lá fora. Naquele mundo! Queria, de coração ter um dia normal, mas, minha condição jamais deixou que isso acontecesse, ora porque meus pais eram superprotetores, ora porque eu era o príncipe e estava cercado o tempo todo!

-Er... –Abro a boca. A primeira a olhar foi Kateryn, minha confidente, vulgo irmã. Ela me lança um olhar surpreso querendo dizer "Não! Agora não é a hora". Ela tinha só doze anos, mas era muito inteligente! Mais que eu, pelo menos!

Mamãe então me olha e, em seguida, papai.

-Algo te incomodando? –Papai pergunta, baixando seu jornal vagarosamente e me encarando.

-Eu... –Engulo o seco. Sim. Tinha algo me incomodando. Porquê é tão difícil assim falar?

-Galahad! –Mamãe chama minha atenção. –Diga!

Todos os três olhares estão voltados para mim, e, em meio ao nervosismo, as palavras saltam da minha boca:

-E-eu gos-taria de ir para a festa de ano novo no centro da cidade. Amanhã. Comemorar. –Falo tão apressadamente que tenho dificuldades em entender. -Eu sei que falamos disso ontem, mas eu...

Paro. Há meramente cinco segundos de silêncio, até as vozes dos meus pais explodirem:

-Sem chance alguma!

-Já encomendamos sua festa de hoje!

-Todos seus amigos irão comparecer!

-Não há possibilidade de isso, algum dia, acontecer!

-Já conversamos sobre isso, Galahad. –Papai ressalta, sério.

E, diante dos olhares reprovadores e censuradores, apenas abaixo a cabeça e assinto.

-Claro. –Murmuro. –É uma péssima ideia mesmo.

Engulo meu desejo, assim como engulo o café, já tão sem sabor à essa hora.

 345 palavras.

Quem gostou, curte!

Quem não gostou, paciência!

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