Capítulo 1 - Rock in Roll, baby
Era para ser mais uma noite de sábado onde eu colocaria meu pijama velho, prenderia meus fios castanhos em um coque mal feito, pegaria algumas latas de cerveja e me trancaria em meu quarto para afundar a dor de ser deixada pelo meu noivo, enquanto assistia uma série coreana e choraria horrores quando o casal de protagonistas finalmente dessem seus beijos sem sal.
Esse era meu ritual de todos os fins de semana, mas neste dia, Jess jurou não deixar-me nessa monotonia que tomam meus dias nesses quase dois meses ao qual aquele desgraçaco vulgo noivo me deixou.
Talvez você aí se pergunte, o que aconteceu para eu ter transformado meus dias em apenas vagar sem sentido pelos cômodos dessa casa e por que meu adorável e amável — contém ironia queridos — noivo tenha me deixado?
Estou dando os últimos retoques na maquiagem enquanto minha mãe ajusta a calda de meu vestido. Eu estava realmente linda, nunca me achei muito bela, mas neste momento encaro meu reflexo no enorme espelho e gosto do que vejo.
— Uau! — ouço a voz de minha irmã ao fundo, ela estava em um vestido rose longo, com uma fenda que vinha até sua coxa. — Você está linda, irmã.
— Você também — meus olhos se voltam para minha imagem. Eu preciso segurar minhas lágrimas, eu esperei tanto por este momento. São cinco anos sonhando com meu casamento, planejando cada detalhe.
Taehyung era o sonho de qualquer mulher, um homem tão doce e amoroso. Foi seu sorriso quadrado e seus fios encaracolados que me fizeram me apaixonar por ele quando cheguei naquela turma da faculdade de pedagogia.
— Ele era tão lindo!
Aquele filho de uma puta... não eu não deveria pensar nele e nem naquele maldito sorriso e suas covinhas — mas eu amo tanto elas — chega! Ele simplesmente me traiu com minha irmã e eu não posso ficar pensando nele assim. Vocês não estão loucos, eu disse isso mesmo, ele me traiu com minha irmã, sim aquela do vestido rose, a mesma que secou minhas lágrimas quando estava prestes a entrar na igreja e neste momento eles devem estar transando em algum quarto de motel barato.
Enxugo uma lágrima que escapa ao lembrar-me daquele dia outra vez. Eu nunca achei que esse tipo de coisa pudesse acontecer comigo, não comigo. Afinal eu achava que meu relacionamento era sólido e que existia amor verdadeiro entre nós, mas esse "amor" existiu apenas da minha parte, até porque eles me traíam há quatro anos.
Não sei como nunca notei.
Quantas foram as vezes que abri meu coração para ela, quantas vezes ela me aconselhou sobre Tae e no fim ela dormia com ele enquanto eu trabalhava. Ainda me lembro de suas palavras de como foi vulgar em suas palavras, em como as mesmas feriram minha alma.
Aquela vadia peituda, esfregou em minha cara o quão gostoso ele é, em como ela engole o pau dele até sentir sua garganta arder. — aquela... vagab... — melhor não pensar neles, não preciso estragar mais a minha noite do que já fiz, que eles faleçam.
— Pensando naqueles dois? — Jess me cutuca enquanto esperamos a fila diminuir para entrarmos no banheiro feminino do velho bar do Joe. — Eu lhe trouxe aqui para se divertir e esquecer aquele desgraçado.
— É inevitável e você sabe disso melhor do que eu mesma — Jess já havia passado isso com um ex-namorado a dois anos, talvez seja por isso que ela martela em minha mente a mesma frase todos os dias.
"— Ele só foi mais um na sua cama, desapega e pegue o máximo de homens gostosos que você puder antes de se amarrar de verdade com um idiota"
Esse era o seu lema de vida.
— Se é inevitável estando sóbria, então ao menos beba até esquecer o seu nome — enquanto ela sorri com seu "conselho" sinto meu bumbum arder com um tapa que a mesma me deu.
— Ai — reclamo levando a mão ao local que doía nesse momento.
— Você é gostosa, porra.
— Jess! — repreendo-a
— Que foi? Como se eu nunca tivesse tocado antes, você bem que gostou — sua sobrancelha esquerda é arqueada daquele modo sexy que só ela sabia fazer ao qual era fatal para qualquer ser humano.
— Nós estávamos muito bêbadas naquela vez — prefiro não ceder a suas provocações ou sei bem onde isso irá acabar.
— Eu te disse pra ficar comigo e não com aquele babaca, eu jamais teria quebrado seu coração e sei como realmente te dar prazer.
— Jess, por favor — eu olho para todos os lados, estou preocupada que as pessoas à nossa volta vejam essa doida falando essa coisas.
— Lia, porra eu amo chupar você, porque voc...
— Shiii — tapo sua boca quando um rapaz muito gostoso se aproxima.
Seu olhar sedutor, seu cabelo bem penteado para trás com algumas mechas, suas mãos são grandes como tudo nele. As veias a mostra me fazem suspirar fundo, sua jaqueta de couro com as mangas erguidas até o meio do seu antebraço compunha seu estilo de garoto mau, sua fragrância era marcante, o pirulito preso em seus dentes era o que quebrava aquela imagem de homem fatal.
Não sei quanto tempo fiquei ali parada olhando, creio que não foram muitos. Ele era ainda mais lindo de perto, mas foram suficientes para Jess notar e atormentar minha vida após aquele momento.
— Olhe só para você, finalmente está saindo da bolha — suas mãos tocaram meus ombros jogando-me para frente.
— Ei, pare com isso — protesto irritada por ter quase caído.
— Pare de reclamar feito uma velha e ande, não está na nossa vez?
Os minutos ali dentro, onde o silêncio reinava, foram de grande alívio para meus tímpanos que não estão nenhum pouco acostumados com aquele barulho todo do lado de fora dessa porta.
Jess está tentando fazer um penteado em seus fios ruivos há quinze minutos, em frente ao grande espelho manchado pelo desgaste do tempo.
— Não sei como ainda consigo usar o banheiro daqui — indago enquanto reviro a bolsa de Jéssica, à procura de uma goma de mascar, estou a muito tempo sem açúcar, o que está me deixando praticamente louca.
— O Joe é um mão de vaca — ela olha em volta para o piso amarelado. — Deveria reformar esse lugar se ainda deseja lucrar com essa espelunca.
— Merda!
— O que foi? — Jess corre ao meu encontro quando jogo sua bolsa sobre a bancada de mármore branco. — Lia, você está bem?
— Sim, estou é que... — Pela primeira vez notei seu olhar assustado e seu semblante preocupado. — Eu queria uma bala, mas você só tem maços de cigarro nessa droga.
— Meu Deus, eu achei que tivesse sentindo algo.
— NOSSA — meus olhos se abrem mais que o normal enquanto faço uma careta para ela. — Você precisa parar de achar que vou ter um ataque e morrer a qualquer momento.
Viro-me para o espelho encarando meu reflexo, o batom vermelho já estava deixando meus lábios então decido que vou o retocar, pego a bolsa de minha amiga e outra vez torno a revirar a mesma a procura do objeto que trouxe.
— Agora sim, vamos? — pergunto quando a observo perto da porta, enquanto eu dava o último detalhe em meus lábios.
— Me deixe tirar esse batom de seus lábios aqui mesmo, querida — suas mãos dançam por minha cintura fazendo-me rir de sua voz sexy um tanto rouca .
— Já chega, okay!
— Como você é má comigo — ela faz um enorme bico ao abrir a porta como uma criança.
— Vamos lá fora, eu preciso encontrar um lugar que venda goma de mascar.
— Eu quero fumar — ela declara passando por mim e levando com si uma mecha de meu cabelo. — Não adianta nem reclamar.
— E adiantaria eu protestar contra esse teu vício? — pergunto-lhe enquanto a sigo porta afora.
A brisa fresca do início da primavera beija-me como um amante, fico agradecida pelo ar puro que invade meus pulmões sem a neblina causada pelas centenas de cigarros sendo queimados dentro daquele local.
Abro meus olhos à procura de Jess e a encontro a alguns metros à direita encostada na parede do bar com seu cigarro aceso entre os dedos, mas havia alguém com ela, alguém que eu nunca havia visto.
Eu a observei por mais alguns segundos, preferi ficar de longe por um tempo pois Jess parecia encantada com o rapaz que lhe fazia companhia. Ambos fumavam seu segundo cigarro e o homem de fios mentolados com tatuagem pelos braços e pescoço dizia algo que fez Jess gargalhar com longos segundos. Ele era tão bonito, seus olhos puxadinhos e seu sorriso fofo em nada combinavam com a imagem de bad boy que o rapaz passava.
Vejo Jess caminhar até onde estou e em sua cola vem o homem que agora trazia em seu semblante um ar sombrio.
— Lia, amor — ela me chama ao se aproximar levando sua mão até minha cintura. — Quero lhe apresentar um amigo.
Não sei o porquê, mas o toque de minha amiga se tornou incômodo para mim naquele momento, não queria que aquele homem pensasse que éramos um casal ou algo assim.
— É mesmo?— pergunto-lhe enquanto me desvencilho de seu toque.
— Esse é Min, Min Yoongi — seus olhos claros brilham ao pronunciar o nome do homem que agora tinha as maçãs ruborizadas. — Ele é o baixista da banda que vai se apresentar aqui hoje.
Por longos minutos observei a troca de olhares entre os dois, me senti deslocada e quis correr para bem longe dali.
— É um grande prazer lhe conhecer — estendo minha mão em sua direção, chamando sua atenção para mim.
— Digo o mesmo — ele faz um tipo de reverência.
— Lia, Yoongi nos convidou para beber com ele e os outros rapazes da banda, quando a apresentação terminar — ela parecia empolgada com a ideia de sair para uma bebedeira com o rapaz e certamente acabar em sua cama no final da noite.
Mas esses não eram os meus planos, eu não queria nem estar aqui, meus pensamentos estão confusos e mesmo com toda a raiva por Tae que ainda carrego comigo, eu ainda estou presa em nossos costumes, nas lembranças que ainda guardo comigo e tudo que desejo é afundar minha cabeça em travesseiro e deixar que as lembranças me levem para longe.
— Lia?
— Hã — o toque gelado me desperta. — Você disse algo? — pergunto confusa.
— Sim! Eu perguntei o que achava da ideia de sair com Yoongi e seus amigos?
— Você pode ir, eu irei para casa.
— Nem pensar, se eu vou, você também irá — ela me puxa daquele jeito outra vez. — Não combinamos que hoje você esqueceria aquele idota engomadinho do seu ex-noivo e a cadela da sua irmã? — meus olhos fuzilam os de Jess, como ela pode me expor desse modo na frente de um desconhecido.
— Jess, por favor — replico.
— Que isso Lia, ele não vai julgar você — sua mão bate no ombro do rapaz que nos observa enquanto traga seu terceiro cigarro. — Quem nunca foi traído?
— Quem foi o louco que traiu uma mulher tão linda como você, boneca? — sua voz sai arrastada enquanto seus olhos famintos engolem os meus causando-me um certo desconforto.
— O noivo dela sabe, dormia com a irmã dela e depois a abandonou no dia do casamento para fugir com a madrinha, vulgo irmã da noiva — ela vomita essas palavras como se tivesse falando da fofoca da novela das nove.
— Jéssica, eu ainda estou aqui..
— Benzinho, seu pé na bunda não é segredo para mais ninguém, cedo ou tarde todos que cruzam seu caminho saberão desse detalhezinho em sua vida e esse é o grande motivo de estarmos aqui hoje. Sabe Yoongi, hoje eu a trouxe aqui para conhecer um cara gostoso e esquecer aquele babaca.
— Sabe o que eu acho? — ele segura minha mão, seus dedos são longos e seu toque é quente. — Você precisa conhecer um cara legal, e bonito claro — ele finge jogar os fios longos invisiveis para trás e volta a falar. — Vou lhe apresentar um amigo, você vai gostar dele e quem sabe consiga esquecer esse idiota que quebrou seu coração.
Não consigo segurar o sorriso que escapa de meus lábios, fico feliz de algum modo por suas palavras. Algo naquele mentolado me trazia uma sensação boa, mesmo sua aparência sendo estranha.
— Ótima ideia — Jess se manifesta alegremente.
Bebemos algumas cervejas sobre o luar e ouvimos Yoongi falar sobre como foi superar um término recentemente, que seus colegas de banda ajudaram muito e compor foi a maneira que ele encontrou para lidar com aquilo. Era legal saber que não fui a única a levar um pé na bunda de alguém que acreditava me amar, ouvir o rapaz contar divertidamente sobre as traições que recebeu da pessoa a qual jurou amor eterno, me fez pensar que talvez eu também um dia possa rir de tudo isso.
Jess jogou seu último cigarro, finalmente pudemos voltar ao bar e aproveitar aquela noite como ela merecia ser curtida.
— É Rock n' roll, baby — Yoongi grita assim que passamos pelas grandes portas do estabelecimento ao qual o som era estridente com sua enorme nuvem de fumaça dada pelas centenas de cigarros que ali eram consumidos pelos clientes. — Até mais garotas.
O mentolado se despede indo em direção ao palco que tinha ao fundo do bar, ele foi de encontro ao seu grupo e lá estava o carinha que fez meu coração palpitar mais cedo, seus fios rosa claro se destacavam dentro os outros, o pirulito estava lá como sua marca registrada e agora seus braços definidos e tatuados estavam à vista.
Senti meu ar faltar quando seus olhos castanhos foram de encontro aos meus, e vi Yoongi sussurrar algo em seu ouvido fazendo com que o olhar do homem me penetrasse ainda mais. Essa noite não será como as outras, algo gritava em minha mente e tudo que desejei foi me entregar ao dono daqueles olhos, sem pudor algum eu apenas desejei sentir seus toque e pela primeira vez naquela noite decidi que iria aproveitar cada segundo ali, antes que aquela noite acabasse.
Notas do autor:
Essa fanfic também é postada no Social Spirit Fanfic, na minha conta lá como: @ SrtaTaehy
https://www.spiritfanfiction.com/historia/uma-noite-de-rock-and-roll
Capítulo betado por isnandss
Volto em breve com um novo capítulo, comente e dêem estrela nesse amorzinho aqui.
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