19


Chiara

Depois de tudo que ele disse, sei que não é isso que queria ouvir. Mas estou condicionada a falar assim, mesmo que, raramente, meus pensamentos ultrapassem a linha de minha boca.

— Sei que é meu direito, Chiara... Mas, quero que o seja por sua vontade também. Quando eu a toco, o que sente? Tem vontade de ser mais íntima comigo? Ou tem nojo?

Meus olhos arregalam. Falar sobre isso... era muito difícil para mim. Mas, na mesma medida, eu não sabia mentir.

— Não tenho nojo.

— Me fale quais reações físicas você sente...

— Eu... eu não sei... Calor?

Apesar de não estar olhando para ele, sei que sorriu pela forma como sua respiração exalou no meu pescoço.

— O que mais?

— Eu fico... fraca...

Beniamino inclinou-se mais perto. Seu corpo colou no meu. Eu senti suas partes de baixo duras na minha bunda, seu cheiro de canela e laranja entrando nos meus poros. Ele beijou lentamente mais um pouco meu pescoço, cada beijo derretendo uma barreira após a outra. Quando ele me girou para si, eu não conseguia sustentar o olhar em sua direção.

— Essa noite — repeti o que ele disse. — Essa noite iremos consumar o casamento? — indaguei.

Precisava ter certeza.

— Sim. Se não se opor. Se não desejar, não vou forçar.

A minha vontade era dizer que precisava de mais tempo, mas que escolha eu tinha? Atrasar o inevitável, estar sempre à espera de que desse uma merda e eu fosse enviada novamente para Montreal. Me tornasse a vergonha da família Romagna?

Uma parte de mim achava que era rápido demais. Outra, dizia que nenhum outro homem teria esperado tanto. Sei que não estou pronta para fazer sexo, porque Beniamino ainda é estranho para mim. Ele é meu marido, mas mal o conheço. E, acima de tudo, eu queria que minha primeira vez fosse com um homem me amasse.

Eram fantasias tolas que não aconteceriam nunca. Nenhum homem era capaz de me amar. Homens gostam de aparência, Beniamino mais que a maioria. Eles gostam de mulheres troféus, para invejar outros homens. Mas, ao menos ele, acredito, seria gentil comigo.

Respirei fundo. Olhei para ele, pronta para responder, mas quando a abri a boca as palavras morreram entre meus lábios. Não conseguia dizer que sim, nem que não. Quando mais eu atrasava a resposta, mais intimidador meu marido ficava.

— Diga, esposa.

— Como quiser — foi tudo que conseguir exalar.

— Droga, Chiara... Quero a garota que me enfrentou minutos atrás. Quero que ela rebata o que eu estou pedindo. Me responda com sinceridade.

Assenti.

— Eu preciso de um pouco mais de tempo.

Cada centímetro dele não escondeu a decepção.

— Por quê?

— Porque eu... eu tenho medo...

— De mim?

— De tudo.

Balançando a cabeça, Ben olhou para o chão. Eu podia ver seus lábios se retorcendo.

— Quanto tempo para se preparar?

Ele realmente estava me colocando contra a parede. Eu o encarei, assustada, porque imaginei que ele dissesse "Ok, deixa para lá, então" e tudo terminaria. Mas, de repente, ficou real. Ben me deu um prazo.

— Preciso de uns dias...

— Quantos dias?

— É... — minha cabeça começou a girar. — Uma semana.

— Então, em uma semana iremos transar. E depois disso, não vamos parar até que engravide. Quero um filho. E quero afundar meu pau em você. Já devia ter feito isso há dias. Mas, serei generoso e lhe darei o prazo que pede.

Acreditei que isso encerrava o assunto, quando repentinamente as mãos de Beniamino me cercaram de novo. O calor dele adentrou minha pele, arrepiou cada poro do meu corpo, tirou minha consciência, e uma onda de desejo se instalou entre minhas pernas.

— Você vai gostar, Chiara. Sei que está com medo agora, mas eu sei fazer bem gostoso... E quando eu foder você, sentirá tanto prazer que não vai querer parar nunca mais.

A boca dele deslizou pela minha tez, e depois ele me deixou.

Enquanto seus passos ficavam cada vez mais distantes, eu me dei conta de que ainda estava parada à entrada da mansão, visível a qualquer um. Lupe podia ter ouvido o que ele disse. Um dos guardas, também. Eu estava com tanta vergonha que precisei correr até a escadaria diante da antessala, para me segurar no protetor de madeira ao lado dela.

Eu tinha uma semana para me preparar. A verdade é que eu não pensava que teria um prazo. Mais uma vez, ele foi gentil o suficiente para me dar um prazo. Mas, como eu me prepararia? O que eu faria? Eu não tinha experiencia, nem tinha com quem conversar sobre isso.

O que me esperava?

A verdade é que ele devia ter me tomado agora, não me dado tempo de raciocinar. Ele devia ter aproveitado meu coração acelerado, meus sentimentos quentes, meu corpo anestesiado pelo erotismo.

Eu preferia resolver isso de uma vez. Dessa forma, decidida, caminhei para onde acreditei que ele tivesse ido. Subi as escadas, cheguei ao corredor dos quartos. Defronte a porta dele, bati. Uma... duas vezes... Nada.

Munida de coragem, abri.

O quarto era enorme. Maior que todos os outros que eu havia visto. Mas, também era estranhamente impessoal. Não havia nenhum ornamento. As paredes eram cor de areia claras, os tapetes ao lado da cama eram marrons. Tudo era impessoal.

Como se ele pouco ficasse aqui.

Entrei no quarto.

Sabia que não havia ninguém, e eu devia girar de costas e ir embora, mas decidi ficar. Aguardá-lo. Dizer que estava bem se fizéssemos agora. Sentei-me na cama, era muito macia e grande. O colchão de molas balançou quando sentei. Olhei para o criado mudo ao lado do leito, e vi um porta-retratos. Sei quem é a figura ao lado da cama, porque já a vi nas coisas de Gianni algumas vezes.

E também já a vi quando éramos adolescentes.

— Caterina... — murmurei seu nome.

Ela estava com um menino nos braços. O filho de seu estupro. Um gosto amargo veio na minha boca quando me lembrei que um dos motivos dos Carbone quererem se unir aos Romagna foi por vingança a Vincenzo. Unir as famiglias para lutar contra o poder do primo deles, o responsável pelo que aconteceu a irmã.

Estou com vergonha agora por estar aqui. Ben nunca me desejou, e foi capaz de se casar comigo apenas para atentar contra seu inimigo. Ele não me quer, e estou prestes a me oferecer a ele.

Eu me levanto de imediato, pronta a sair, tentar salvar o resto da minha dignidade, quando a porta abre e vejo a figura de Lupe surgir ali com alguns cobertores dobrados nos braços.

— Senhora? O que faz aqui? — ela pareceu assustada. — Don Ben não gosta que ninguém entre no quarto dele. Quando ele for ter com a senhora, a procurará no próprio quarto — ela emendou, rapidamente.

Fiquei com vergonha de contar a verdade para Lupe. Ela se aproximou da cama e colocou os cobertores sobre o leito. Tentei ser gentil enquanto respondia.

— Desculpe, só estava bisbilhotando um pouco... A porta estava aberta — menti.

— Você não deveria estar aqui — a desaprovação estava clara em seu tom. — Não quero ofendê-la, mas Beniamino odeia que qualquer pessoa invada seu espaço. Eu mesma só venho para limpar.

— Sinto muito... Vi a foto de Caterina — contei enquanto me aproximava da porta de saída. — Acho que a conheci brevemente quando éramos adolescentes. Ela está muito bonita agora.

A criada me ignorou. Saímos. Lupe fechou a porta atrás de mim.

— Não quero ser chata. Apenas intento evitar que Don Ben fique zangado com a senhora.

Assenti mais uma vez.

— Obrigada Lupe. Você é uma boa amiga.


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n/a spoiler: não vao aguentar uma semana kkk


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