8
O dia está perfeito para não fazer nada.
E quero passar esse dia direito, então escolho um livro que estava há um bom tempo esquecido na minha estante, pego uma grande taça de vinho e sento confortavelmente no sofá da sala.
Mal passei do primeiro capítulo, Noah Segundo veio sentar comigo. Como se soubesse que preciso de silêncio para ler, ele apenas encosta a cabeça no meu colo e eu deixo a taça de lado para ficar fazendo um carinho em sua cabeça peluda.
A leitura se perde quando olho para a parede da sala, onde fizeram questão de recortar e emoldurar todas as minhas exposições e menções nos jornais. Na sala já não há mais espaço para as minhas exposições, então usamos as paredes do escritório e também transformamos a garagem.
Meu pai também guarda algumas em sua casa. Sou feliz por encontrar minha renda e minha alegria na arte.
— Mamãe! Mamãe! — meu filho mais novo aparece na sala, segurando uma folha de papel, que continham seus desenhos. — Olha o que eu fiz! Está bonito? Eu consigo pintar que nem a senhora, e quando eu crescer, quero ser famoso e bom pra também ter uma parede cheia de recorte de jornal!
— E você pode ter todas as paredes que quiser meu amor — digo segurando a folha e sorrindo ao perceber que o desenho é meu, ali mesmo, sentada no sofá, com o Noah em meu colo.
— A senhora é mais bonita assim de verdade do que no desenho.
— Obrigada — digo abrindo espaço ao meu lado para que ele sente. E num pulo, ele já está do meu lado.
Eu sempre amei a arte, amei o que eu faço. Sempre fui descobrindo outras formas de amar, e quando eu me vi como mãe, descobri uma forma tão grande e tão inexplicável de viver o amor, que as cores ganharam um novo significado.
— Posso ficar aqui com a senhora e o Noah? Eu prometo que fico quietinho enquanto a senhora lê o seu livro...
— E porque não fazemos melhor? Que tal pegar um livro seu lá no seu quarto e trazer pra cá, para que possamos ler juntos?
— Oba! — ele sai correndo animado e volta quase que num piscar de olhos.
Sorrio ao ver o título que ele trouxe, O Pequeno Príncipe. Um dos meus livros favoritos quando criança, agora era o favorito dele também. Ele ficou responsável por fazer um carinho na cabeça de Noah, e eu limpei a garganta antes de começar a narrativa.
— Quando eu tinha seis anos, vi certa vez uma imagem magnífica...
Vamos lendo juntos, e cada sorriso que recebo dele é mais do que suficiente para alegrar meu dia. E quando os melhores olhos castanhos gentis também vem para o sofá, disputando um lugar no meu colo, tenho que me concentrar para continuar a leitura.
Esse é um momento simples. Um momento de paz. É reconfortante saber que se eu quiser explorar, continuar a aprender novos métodos de arte, eles vão sempre estar do meu lado para encher meu mundo de cor.
Porém é mais reconfortante ainda ter a certeza que tenho todas as cores que preciso bem aqui.
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