One-shot| "Anatomia."
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Co-autor: PurpleGalaxy_Project
Designer: oppaxwang
Betagem: pipoca77poca
Trailermaker: @dreams_storm_dark
Trailer ☆.
Sinopse:
"No inverno, Dakota passou as férias na Coreia do Sul, onde se apaixonou por um dos funcionários do lugar onde estava hospedada. No entanto, tudo se desfez ao descobrir que ele mantinha um relacionamento com ela e outra garota. De coração partido, ela terminou tudo e voltou para casa.
Com o fim das férias, começaram as aulas na faculdade, e Dakota estava animada para dar início à sua jornada na carreira de moda. Mas não imaginava que seu nome seria direcionado para o dormitório masculino, que seu ex-ficante das férias estaria no final do corredor e que, ao tentar escapar dos rapazes que lotavam o corredor, acabaria no quarto que lhe foi designado — onde encontraria seu colega de quarto nu.
Jimin nunca imaginou que a decidir ir para a Escócia para aprender a especialidade mais renomada em medicina teria um resultado tão impactante. Ele teria que aguentar seu supervisor no seu pé, tentando impedir que ele trabalhasse, além de lidar com um idiota que gostava de provocá-lo e uma garota que não podia mudar de vestiário por conta dos boatos.
Mas... O engraçado é que ela ainda queria fingir um relacionamento falso para provocar o cara que a odeia.”
Capítulo Um:
O primeiro dia de aula é realmente empolgante. A ansiedade aflorando, arrepiando cada célula do meu corpo, enquanto minha respiração ficava irregular e a felicidade de finalmente realizar um dos meus sonhos. Estranho que nessa hora do dia os corredores estejam extremamente vazios. Não havia chegado tão atrasada assim, mas logo me lembrei; as aulas só começariam amanhã.
— Quarto... — Olho para o papel em minhas mãos. — 22b.
Atravesso o corredor em direção ao próximo bloco. Meus passos são lentos o suficiente para que eu possa decorar os detalhes ao meu redor. Alguns panfletos sobre aulas extracurriculares, bilhetes aleatórios colados, de pessoas ridículas. Li um que me fez rir.
Mas meu riso prendeu na garganta quando avistei, no final do corredor, um grupo de garotos amontoados sem camisa. Somente de toalha e alguns até mesmo de cueca. Meus olhos se arregalaram quando um especial me chamou a atenção. Ele estava rindo de alguma coisa que um dos caras estava fazendo. Dei um passo instintivo para trás.
Era o Hyunjai.
Dias atrás...
Era o meio das férias de verão. Estávamos na Coreia do Sul, curtindo no resort em Jisan. Era tão aconchegante, lindo e divertido.
Mas ali... Havia encontrado o meu amor de verão — ou melhor — achei que havia encontrado.
Eu estava andando pela neve densa, passando pelas pequenas casas dos hóspedes. O Hyunjai costumava ir ali para cortar lenha, para poder espalhar pelo resort, já que à noite o frio era mais tenso. Mas, naquele dia, quando coloquei meus pés onde ele deveria estar sozinho e trabalhando, vi algo que não esperava.
Hyunhai beijando outra garota.
[...]
Fiquei paralisada. Três garotos perceberam minha presença e, claro, ele também. Mas antes que nossos olhos se encontrassem, abaixei o rosto. Agradecia mentalmente por ter colocado um moletom de capuz.
— Wow, chegou mais um, manos, vamos dar as boas-vindas? — Alguém perguntou, e meu coração acelerou entrando em pânico.
Então, como uma grande pessoa esperta e nada boba, corri para a primeira maçaneta que vi. Entrei rapidamente, fechando a porta atrás de mim. Minha respiração se fez difícil enquanto minhas costas estavam encostadas na madeira. Fechei meus olhos e não ousei abri-los até que minha respiração se acalmasse. Encostei a testa na porta, ouvindo as risadas do lado de fora.
— Oh, ele deve ser tímido — lamentou aquele que teve a ideia ridícula de me dar as boas-vindas.
— Você assustou ele, Jason — avisou o garoto que eu tanto odeio. Reviro os olhos antes de buscar mais fôlego para meus pulmões.
Finalmente consegui abrir a porta. Fiz isso enquanto movia meu corpo até ficar de frente pro quarto. Quando minhas íris focaram, elas se arregalaram novamente. Antes que eu pudesse soltar o que provavelmente seria o grito mais potente da minha vida, meus lábios foram cobertos por uma mão masculina.
Os olhos negros me encaravam seriamente, com uma intensidade que me deixava nervosa. Não era apenas o susto que quase fez minha garganta soltar um grito potente. Era o fato de que ele estava pelado no meio do quarto. E ainda está.
Tentei me debater para que ele soltasse meu rosto, encarando-o com seriedade. Mas ele me olhou ainda mais sério. O brilho em seus olhos transmitia uma dúvida imensa, provavelmente se perguntando por que eu estava ali, no quarto dele, e o vendo completamente nu.
— Por que essa reação? Nunca viu um homem nu antes? — perguntou com calma, enquanto eu franzia a testa. Ele deu um passo para trás, finalmente soltando meus lábios.
— Se meus primos mais novos, de uns três anos, forem considerados homens... então sim — murmurei, também calmamente. Mas, ao perceber o assunto, minha mente voltou ao fato de que ele ainda estava sem roupa. Virei de costas rapidamente. — Pode se vestir? Por favor.
Engoli em seco, nervosa, tentando a todo custo não pensar no que havia acabado de ver: sua bunda branca, invejavelmente durinha e bem redonda. Soltei um grunhido, acompanhando um xingamento baixo, e ouvi uma risada soprada atrás de mim.
— Vejo que faltou a muitas aulas de anatomia — ele caçoa atrás de mim.
— Nunca fui boa em biologia, mas tenho certeza que os professores não mandaram observar nossos colegas nus — respondi, olhando para cima.
— Tenho certeza de que os alunos não pediam permissão pra isso — ele disse com ironia. Isso me fez pensar um pouco demais na possibilidade.
Mas... Por que estamos conversando tão casualmente enquanto ele ainda está pelado?
— Pode se virar — avisou, e eu obedeci. Quando o fiz, arregalei os olhos e engoli em seco.
— Não se assuste. Tenho certeza de que na praia você vê homens assim o tempo todo — disse, agora de cueca. Ele piscou para mim. Piscou. Meu coração disparou.
ELE PISCOU PARA MIM?
Qual é o problema desse garoto?
— Olha aqui, me respeita, tá legal? — soltei.
— Quando te desrespeitei? — perguntou enquanto vestia as calças. Fiquei tentando encontrar um motivo, mas nada saiu.
— Só... veste logo essas roupas! — mandei, perdendo a paciência. Ele deu um sorriso ladino e obedeceu.
— Agora a questão é: o que você está fazendo aqui? É namorada do Dakota? — perguntou, colocando a camisa. Franzi o cenho.
— Por quê?
— Porque acho que vocês vão terminar depois do que aconteceu aqui.
Arqueei as sobrancelhas.
— E por quê?
— Porque tenho certeza de que já se apaixonou por mim — falou cheio de si.
Eu ri, incrédula.
— Você é um idiota — xinguei, tirando o capuz e passando os dedos nos meus cabelos cacheados. — Não, eu não sou namorada dele.
— Então é irmã? Nesse caso, nada de melhores amigos. Respeito com as irmãs e tal. Melhor não ficar perto de mim, vai que rola um clima.
— Não, eu não sou irmã dele! — explodi.
— Ah... Stalker? Vocês são meio parecidos com serial killers, sabia?
— Eu sou o Dakota! — declarei, quase gritando, e me joguei na cama.
Suspirei fundo, tentando pensar no que fazer. Algum problema na matrícula me colocou na ala masculina. É isso que dá mandar sua prima, que te odeia, resolver sua inscrição.
De repente, o rosto do cara apareceu acima de mim. Olhei para ele, sem acreditar.
— Dá pra sair de cima de mim?
— Não até me explicar o que está acontecendo!
— Me colocaram na ala masculina. Meu nome é unissex e, pelo visto, confundiram no sistema.
— E não tem mais nenhum Dakota na sua família?
— Tem. Mas, se eu não tivesse colocado pó de mico no vestido da minha prima, talvez isso não tivesse acontecido.
— Então foi ela?
— Provavelmente — respondi, soltando o ar. — Não posso sair daqui.
— Como assim?
— Se alguém souber, vão espalhar boatos sobre mim. Não quero ser o centro das atenções. Nunca gostei disso. Por favor, me ajuda.
Ele me olhou por longos segundos antes de suspirar.
— Não vai me trazer problemas?
— Vou fazer de tudo pra não trazer! — prometi. Ele grunhiu, saindo de cima de mim. Levantei rápido.
— Vou deixar, mas não me cause problemas. É sério.
— Não vou, prometo! — garanti, cruzando os dedos como um juramento.
— Acho bom — disse, pegando algo na escrivaninha. — E nem pense em abrir a porta. Aqui é dormitório masculino. Se te virem, vai sobrar pra mim, e como você mesma disse, vai ser mal falada. Então, nada de abrir a porta, entendeu?
Concordei imediatamente. Ele se virou e estendeu a mão.
— Sou Park Jimin. Prazer em te conhecer, Dakota.
Ele deu aquele sorriso de lado de novo, e eu senti meu rosto pegar fogo.
— Prazer — respondi, apertando sua mão.
— Preciso trabalhar. Até mais tarde — disse antes de sair apressado.
Voltei a me jogar na cama, soltando mais um suspiro.
Que loucura foi essa?
[...]
Depois de passar duas horas organizando tudo no lugar e de abrir a porta para um dos caras do corredor que trouxe minhas duas malas cheias de roupas femininas — correndo o risco de ser pega e dele espalhar meu segredo por toda a faculdade —, finalmente consegui respirar. Claro que não sem antes encapuzar o rosto inteiro para evitar ser reconhecida. O garoto se despediu com um descontraído "Até amanhã, cara". Revirei os olhos para a porta, pensando repetidamente em maneiras de me vingar de quem me colocou nessa situação.
Primeira suspeita: Scarlett.
Minha prima.
Quando a noite chegou, comi algumas barrinhas de proteína e, após trocar de roupa, me deitei para dormir. Mais tarde, acordei e peguei um dos livros acumulados na minha lista de leitura. Eu estava rezando para o Jimin aparecer com o jantar, já que sair do quarto era arriscado demais. O tempo foi passando, e, imersa nos últimos capítulos, me emocionei com as cenas finais. Nem percebi quando Jimin entrou no quarto.
— Que livro é esse pra te fazer chorar tanto? — ele perguntou, segurando sacolas que exalavam um cheiro delicioso. Meu estômago roncou na mesma hora. — Trouxe o jantar... ou melhor, o lanche da meia-noite.
Franzi o cenho, confusa, e olhei para o relógio na escrivaninha. Meus olhos se arregalaram ao ver 00:24. Como o tempo passou tão rápido?
— Nossa, nem vi o tempo passar — murmurei, marcando a página e fechando o livro. — A Culpa é das Estrelas.
— Bem depressivo — ele comentou, começando a tirar a camisa. Baixei o olhar para o chão imediatamente. Dividir um quarto com um homem seria um verdadeiro teste de paciência. E o que eu poderia fazer? Se alguém descobrisse que eu estava no dormitório masculino, os boatos se espalhariam rápido. Minha única desculpa plausível seria: “Eu não vi as placas indicando o dormitório masculino. Estava focada apenas nos números do quarto.” Nunca me passou pela minha cabeça que iria ser mandada para um corredor cheio de garotos cheio de testosterona.
Uma desculpa fraca, convenhamos.
— O que trouxe? — perguntei.
— Hambúrguer, camarão empanado, algumas fritas e refrigerante — descreveu, me deixando com água na boca. Levantei os olhos para ele no mesmo instante em que minha língua lambia os lábios. Ele arqueou as sobrancelhas, questionando minha atitude. — Eu sei que sou gostoso, mas não estou no cardápio.
Era minha vez de arquear as sobrancelhas, mas dessa vez o desafiei. Só porque ele estava de shorts na minha frente, tinha que ser tão atirado? Tsc.
— Estou com fome, de comida, não de macho — rebati, estendendo a mão para as sacolas que estavam na cama dele. Ele me entregou de bom grado enquanto sorria. — Sinto muito.
— Pelo quê? — perguntou, confuso.
— Não vou ser médica — respondi, abrindo as sacolas. Ele franziu ainda mais a testa. — É que eu não vou ser dentista, e você já está sorrindo demais pra mim.
Ele suavizou a expressão e riu, balançando a cabeça.
— Você é péssima em fazer piadas — recriminou. Dei de ombros enquanto roubava um dos empanados de camarão. — Qual curso você vai fazer?
— Moda — respondi, terminando de mastigar e começando a organizar as embalagens na minha cama. — E você?
— Medicina — respondeu, me impressionando. Ele se inclinou para pegar um dos empanados que eu acabara de engolir. — Se você não vai ser médica, eu serei por você — disse, piscando. Não consegui segurar o riso e sorri para ele.
Pelo resto da noite, conversamos bastante e nos conhecemos melhor. Mas, em determinado momento, acabamos separados por uma pequena distância. Ele foi estudar sobre cardiologia, enquanto eu terminei de ler minha “depressão”.
Na manhã seguinte, acordei cedo para tomar banho antes de todo mundo. Quando olhei para a cama do meu colega de quarto, só vi cobertas bagunçadas. Procurei pistas pelo quarto até encontrar um bilhete na cabeceira. Ao lê-lo, descobri que ele tinha saído para correr e traria nosso café da manhã.
Enquanto ele se exercitava, fui tomar banho. Precisava urgentemente lavar os cabelos, cuidar do corpo e hidratá-lo para enfrentar um dia inteiro das primeiras aulas. Ainda estava pensando em qual aula extracurricular faria. Talvez eu escolhesse desenho, já que desenho muito bem.
Meus pensamentos estavam a mil enquanto lavava os cabelos. Pensei nos meus problemas, no próximo livro que iria ler, e tentei adivinhar que café da manhã Jimin traria para nós. Não iria ao refeitório hoje. Prometi a mim mesma que caminharia pelo colégio para inspecionar o local. Se algo acontecesse, eu saberia como fugir.
Sou bastante precavida.
Assim que desliguei o chuveiro após o banho, enrolei-me na toalha e me preparei para sair. No entanto, alguém entrou abruptamente na minha cabine. Arregalei os olhos, prestes a gritar, mas minha boca foi rapidamente tampada. Meus olhos se fecharam instintivamente, e senti minha cintura ser agarrada. A pessoa me levantou com um só braço e pressionou minhas costas contra o azulejo molhado.
— Abra os olhos — ordenou uma voz rouca. Reconheci de imediato: era Jimin. Um arrepio percorreu meu corpo enquanto nossos olhares se encontravam. Ficamos imóveis, como se o tempo tivesse parado. Meu corpo parecia estranhamente quente, as pernas bambas, o coração acelerado, e minha pele, toda arrepiada.
— Por que eu sempre me meto nessas situações? — ele reclamou, a expressão misturando irritação e cansaço.
Ergui as sobrancelhas, incrédula com sua grosseria, e afastei sua mão dos meus lábios bruscamente. Estava pronta para repreendê-lo quando notei algo: havia dois pares de pernas visíveis sob as cortinas das outras cabines. Ele seguiu meu olhar e percebeu o mesmo. Ficamos desesperados, mas sua reação me surpreendeu. Sem aviso, agarrei seu pescoço com os braços e envolvi sua cintura com minhas pernas.
— Jimin, libera a cabine, cara — uma voz chamou do lado de fora. Ofegante, olhei para ele, nervosa.
— Já vou, Jungkook! Só preciso lavar meu cabelo — respondeu calmamente, mas me lançou um olhar significativo.
"Quem é?"
"Meu amigo."
"Manda ele sair!"
"Vai parecer estranho."
"Dane-se, eu não vou ficar assim em você!"
"Não parece tão ruim pra mim."
Conversávamos apenas com expressões, até que ele abriu um sorriso malicioso. Dei-lhe um tapa no ombro.
— Tá se batendo por quê? — perguntou Jungkook.
— Tinha uma barata aqui — Jimin respondeu com desdém, me fazendo segurar o riso.
— Barata? Credo! Vou te esperar lá embaixo — Jungkook anunciou, aliviando a tensão momentaneamente.
Meu alívio evaporou ao perceber algo: minha intimidade estava pressionada contra sua barriga, e só uma toalha nos separava. Engoli em seco e desci rapidamente de seu colo. Olhei instintivamente para sua barriga e suspirei de alívio ao vê-la seca, mas Jimin percebeu e sorriu com malícia novamente.
— Para de me olhar assim e pensa em um plano pra eu sair daqui! — resmunguei, cruzando os braços.
— Espera aqui — murmurou, saindo da cabine. Após alguns minutos, voltou. — O corredor está vazio, mas temos que correr.
Peguei minhas coisas e saí apressada com ele. Ao olhar para os lados, perguntei sem som:
— Tem mais alguém no banheiro?
— Só o Taehyung, mas ele está distraído lavando o cabelo. Vamos logo — respondeu, estendendo a mão para mim. Mas ao chegarmos à saída, ele parou. — Espera, Dakota. O corredor tem câmeras. Como você veio para o banheiro?
— Me encapuzei — murmurei, nervosa.
— Você está bem exposta agora — comentou, olhando para a toalha que cobria meu corpo. Resmunguei, ansiosa.
— Não fica nervosa, eu tenho uma ideia — disse, entregando-me a bolsa. — Prenda tudo contra a barriga e segure a respiração. Eu vou te carregar até o quarto.
— Como assim?
— Você é baixinha. Acho que consigo te carregar de frente.
— E as câmeras no corredor? Não tem nenhuma apontando para o nosso quarto? — perguntei, como se fosse óbvio. Ele bateu na testa.
— Droga, pior que tem — murmurou, e eu neguei com a cabeça diante da sua lerdeza. — Coloca a toalha na cintura e deixa os seios expostos.
Fiquei tímida com a sugestão e os cobri imediatamente com as mãos.
— Vamos, não temos tempo.
— Mas eles vão ficar pressionados contra você.
— E onde seu íntimo estava pressionando há alguns minutos? — provocou, me deixando sem palavras e ainda mais constrangida. — Já temos intimidade suficiente. Agora anda logo.
Suspirei fundo, entreguei minhas coisas a ele e levei as mãos até o cós da toalha, no meio dos meus seios. Porém, parei ao perceber que ele ainda estava me olhando.
Ele pigarreou, percebendo o deslize, e virou de costas. Finalmente, expus meus seios e amarrei a toalha firme na cintura.
— Fecha os olhos, eu vou até você — avisei, pegando minhas coisas de volta e me posicionando bem colada a ele. Senti sua respiração prender, o que só deixou o clima ainda mais tenso.
— Jimin, me dá a toalha? — gritou alguém do chuveiro, aumentando ainda mais minha agonia.
— Foi mal, cara, mas meu colega de quarto tá passando mal, e vou levá-lo pro nosso quarto — gritou de volta. Antes que eu percebesse, ele me carregava pela cintura e saiu do banheiro. Afundei meu rosto na sua clavícula, paralisada, enquanto ele me carregava.
— Estamos chegando, aguenta firme — disse ele, e eu concordei levemente.
De repente, ele parou, e senti meu nervosismo triplicar.
— Droga, o Hyunjai tá saindo do quarto com os amigos — murmurou, fazendo meu coração disparar de pânico.
— Ratinho de laboratório, tá virando pro lado dos garotos agora? — provocou Hyunjai, rindo como um idiota preconceituoso. Uma chama de raiva começou a crescer em mim.
— Desculpa, não entendo língua de boi — rebateu Jimin, me fazendo morder os lábios para não rir, enquanto ele se movia novamente.
Ouvi uma porta abrir e fechar, e logo fui colocada no chão. Olhei para ele e finalmente comecei a rir.
— Alguém chifrou ele?
— Sim, a ex dele ficou com metade dos hóspedes nas férias — murmurou Jimin, rindo junto comigo. Mas logo abaixou o olhar, e seu semblante se fechou antes de virar de costas repentinamente.
Segui seu olhar e arregalei os olhos ao perceber meus seios expostos. Cobri-me depressa e grunhi.
— Que maldição é essa? Qual vai ser a próxima coisa a acontecer entre a gente? — perguntei, indignada com tanta intimidade inesperada.
— Talvez uma transa?
— Park Jimin! — repreendi irritada, batendo nele enquanto ele ria. — A gente se conheceu ontem!
— Eu sei, eu sei. Desculpa. Se veste logo, temos que descer para os exercícios matinais — lembrou-me, e fui até meu armário.
— Eu não participo, por causa da minha asma — avisei, vestindo as peças íntimas rapidamente.
— Então nem chega perto do Taehyung. Ele faz moda também e vive coberto de perfume. Pode te causar uma crise — aconselhou ele enquanto eu vestia minha calça jeans preta, pulando para ajeitá-la.
— Há quanto tempo você é asmática?
— Faz um tempo. Tive minha primeira crise aos cinco anos, quando corri sem parar atrás da minha mãe que me abandonou — disse, deixando o clima pesado, enquanto vestia uma regata. — Não, não preciso do seu “sinto muito”.
Jimin ficou em silêncio por alguns minutos enquanto se arrumava, e eu apenas me cobri com um moletom de capuz. Passei algo básico no rosto com a ajuda do meu espelhinho e peguei o café embalado que ele havia trazido.
— Vou dar uma volta. Te vejo mais tarde — despedi-me, quebrando o silêncio constrangedor, e saí do quarto com cuidado, olhando para os lados.
Entrei numa área restrita e comecei a vagar pelas redondezas da faculdade.
As primeiras aulas foram tranquilas, com apresentações dos alunos para o professor. Conheci Taehyung, o melhor amigo do Jimin, e logo estávamos sentados lado a lado na mesa do refeitório. Era horário do intervalo, e eu ansiava por um sanduíche fitness, depois da porção absurda de calorias que comi ontem à noite.
— Dakota, tem uma competição de moda chegando. Pensou em participar? — O coreano de cabelos rosa ao meu lado perguntou, e eu o encarei.
— Competição? Já? Ainda estamos no início, não seria um pouco precipitado?
— Mulher, eu arraso nas costuras, e você arrasa nos desenhos. Somos a dupla perfeita para andar juntas e sonhar grande.
— Não acha que está exagerando? — perguntei insegura, e ele me olhou como se eu fosse uma tola.
— Só vejo o óbvio e falo verdades. Agora, vamos falar de uma coisinha — murmurou, inclinando-se para perto do meu ouvido, como se fosse contar uma novidade. — Tá vendo aquela garota perto do Jimin de jaleco?
Ele apontou para uma garota morena ao lado do Jimin. Ela parecia bem tímida, encolhida entre dois coreanos — um deles tatuado, e o outro, o Jimin. Apesar dos traços marcantes, os óculos escondiam sua verdadeira essência.
— O que tem ela?
— Quero que ela seja nossa modelo — afirmou com determinação, e eu o encarei desconfiada. — O quê?
— Só como modelo ou tem mais coisa aí?
— Tá tão na cara assim? — Ele riu, surpreso, e eu neguei com a cabeça.
— Até demais — respondi, fazendo-o resmungar.
Meus olhos foram até a mesa onde estava o coreano intimidador. Vi Hyunjai aparecer de repente atrás dele, acompanhado de seus amigos. O moreno parecia ignorar as provocações, mas aquele idiota não cansava de arranjar confusão.
— Esse idiota fica provocando o Jimin desde que chegamos no dormitório — resmungou Taehyung, insatisfeito, ao meu lado. Eu o encarei.
— Só o Jimin?
— Sim, com os outros ele é legal. Até comigo e com o Jungkook — respondeu coçando a nuca.
— Então ele deve se sentir ameaçado.
— Provavelmente. Até porque a ex-namorada dele beijou o Jimin nas férias. Mas o Jimin não sabia que ela estava namorando. Acho que ela enganou metade da cabana durante as férias — explicou, e eu comecei a ligar os pontos.
— Estávamos na mesma cabana, mas eu nunca vi o Jimin. Não acho que o Hyunjai deveria ficar tão irritado. Ele me traiu com ela — rebati, apontando para mim mesma, e Taehyung arregalou os olhos.
— Menina, que babado! — exclamou, animado, e eu acabei rindo.
Ouvimos um barulho alto vindo da mesa vizinha. Ao olhar na direção, vimos Jimin sendo segurado pelo colarinho da camisa. Ele sorria de maneira provocante — certeza que tinha falado algo para irritar Hyunjai.
Levantei-me da mesa e marchei até os dois. Posicionei-me ao lado dos corpos masculinos e, quando o loiro me percebeu ali, arregalou os olhos, visivelmente assustado.
— Dakota?
— Em carne e osso — respondi com ironia, exibindo um sorriso falso. — Agora, posso saber o que está fazendo com o meu Jimin?
Hyunjai me olhou ainda mais surpreso, enquanto Jimin arqueou as sobrancelhas e sorriu de forma exibida. Mordi levemente meus lábios para não rir ao ver a cena.
— Seu Jimin? Está namorando esse idiota? Você sabe que sou melhor que ele, né? — disse Hyunjai, em um tom que beirava o patético. Seu olhar implorava por atenção, mas eu só consegui sentir pena.
— Desculpa destruir seu ego, mas não estou aqui para discutir quem é o mais gostoso entre vocês dois — respondi, puxando Jimin pela mão para trás de mim. Senti os dedos dele tocarem minha cintura, e meu sorriso se ampliou ao perceber sua surpresa. — Até porque, sejamos sinceros: Jimin ganha de dez a zero de você sem nem precisar se esforçar.
Hyunjai ficou sem reação, seu semblante desmoronando. Eu sorri com presunção.
— Foi bom ver você, Hyunjai — finalizei, levando Jimin comigo.
Caminhei em direção oposta às mesas e empurrei a porta de saída, conduzindo Jimin para fora. Quando me virei para ele, notei que ainda havia um sorriso brincando em seus lábios.
— Seu Jimin? Não sabia que eu era sua posse — provocou, arqueando uma sobrancelha.
Revirei os olhos, segurando o riso.
— Não enche, tá? Só queria te tirar daquela situação.
— Não vai adiantar muito. Ele nunca vai parar de me provocar. Acho que ele ainda não superou os chifres dele. E o mais engraçado é que ele também traiu a ex com uma garota da cabana.
— É, eu sei... Porque essa garota sou eu — confessei, balançando a cabeça como quem diz "pois é". O choque no rosto de Jimin era evidente. — Talvez ele seja apenas um garoto inseguro.
— Ou ruim de cama mesmo, e quer culpar os outros — rebateu, coçando o queixo.
Dei de ombros.
— Uma possibilidade válida também — murmurei, concordando.
Jimin riu, mas logo assumiu um tom mais sério:
— O que vamos fazer se os meninos descobrirem sobre você no dormitório? Quase nos demos mal hoje de manhã.
Suspirei, pensativa.
— Eu não sei. Tá tudo muito confuso.
Antes que pudesse continuar, tomamos um susto quando alguém apareceu de repente atrás de Jimin. Ele se virou instintivamente, assim como eu.
— Meu mozinho, que saudade de você! — disse uma voz melosa.
Fiz uma careta, sentindo vontade de vomitar.
— Neide, me solta — mandou Jimin, sério, mas ela parecia ignorá-lo. — Eu mandei você me soltar, droga! — disse ele de forma grosseira, livrando-se dela com uma expressão de nojo. Em seguida, posicionou-se atrás de mim, como se eu fosse seu escudo.
Ela me olhou de cima a baixo quando percebeu minha presença e sua expressão se contorceu, carregada de deboche. Mas, sinceramente, o que eu sentia era nojo daquela cara estranha.
— Quem é essa garotinha sem graça? — perguntou, apontando para mim de forma desprezível. Eu arqueei as sobrancelhas, desafiadora.
O coreano que estava atrás de mim me puxou para perto.
— Não é da sua conta. Vamos — disse ele, segurando minha mão e me arrastando pelo extenso gramado.
— Ela me parece familiar — murmurei, tentando me lembrar.
— É a ex — ele respondeu, me ajudando a lembrar.
— Ah, entendi. Ela caiu de amores por você.
Ele fez uma careta.
— Me arrependo até hoje de ter beijado ela.
Fiquei surpresa.
— Espera aí... Você só beijou ela?
— Para você ver como sou irresistível — gabou-se, com um sorriso provocador.
Revirei os olhos.
— Me poupe. Não deve ser tão bom assim.
Ele me lançou um olhar desafiador.
— Quer experimentar? Posso mostrar o quão habilidosa é minha língua — disse, com um sorriso cheio de segundas intenções. Dei-lhe um tapa no braço, repreendendo-o.
— Para com isso!
— Não gosta de beijos? — perguntou, ainda provocando.
Passei à frente, puxando-o. Na verdade, quase me matando de tanto esforço para fazê-lo me seguir.
— Cala a boca! — ordenei.
Ele começou a fazer barulhos de beijos, e eu acabei rindo da atitude ridícula. Ele me acompanhou na risada.
Continuamos nos provocando até o sinal da aula tocar. Mais tarde, naquele mesmo dia, Jimin entrou no quarto todo suado e ofegante. Eu estava sentada na cama, vestindo roupas confortáveis e lendo um livro mais picante. Olhei para ele, surpresa.
— Por que está tão ofegante? — perguntei, fechando o livro e me sentando melhor.
Ele respirou fundo antes de se jogar na cama, de barriga para cima.
— Estou fugindo da Neide. Se eu soubesse que esses dois idiotas também estudavam aqui, teria pedido transferência — reclamou, exausto, de olhos fechados.
Franzi os lábios, compreendendo a situação.
Depois da aula, Neide veio até mim, soltando suas possessões sobre Jimin. Disse que ele era dela, que eu devia ficar longe, e que, se não fizesse isso, me arrependeria de ter nascido. Obviamente, com meu jeito, debochei e segui meu caminho, deixando-a falando sozinha.
Mais tarde, aconteceu algo parecido com Hyunjai, mas a diferença era que ele queria que eu voltasse para sua vida.
— Hyunjai e aquela garota vieram me perturbar depois da aula — resmunguei, me jogando ao lado dele e encarando o teto do quarto.
— O Hyunjai triplicou o nível da perturbação. Era ele de um lado e a louca do outro, se bicando comigo no meio.
Imaginei a cena, ridícula e cômica, e acabei rindo.
— Tenho certeza de que foi uma cena patética.
— Você não faz ideia — murmurou, rindo baixinho. Ficamos assim até o silêncio tomar conta do ambiente.
— O que poderia amenizar isso? Ou até fazer parar? Porque, do jeito que vai, só vai piorar — questionei, pensativa.
— Um namorado falso. Mas isso não faz sentido pra mim, não sou de namorar — respondeu ele, casualmente.
Foi quando tive uma ideia. Mal prestei atenção no que ele disse depois disso.
— É isso! Podemos fingir que estamos namorando — sugeri, sentando-me na cama de repente. Ele fez o mesmo, mas sua expressão era de pura incredulidade.
— Você ficou maluca? Por que faríamos isso?
— Para nos livrarmos deles!
— Já não basta essa confusão do quarto? E agora você quer me meter em mais problemas? Esquece, Dakota. Não vou entrar nessa — respondeu ele, meio irritado.
Olhei para ele, surpresa, enquanto ele pegava algumas coisas e saía do quarto. Engoli em seco, me sentindo pequena.
Apertei os dedos uns contra os outros, insegura e arrependida. Será que eu realmente o estava incomodando? Minha cabeça baixou, fixei os olhos no chão e não consegui evitar. A primeira lágrima escorreu, e logo as outras vieram.
Na manhã seguinte
Acordei às 3h da madrugada, tentando evitar repetir o desconforto do dia anterior. Dormi novamente e só me levantei na hora do café. Troquei de roupa rapidamente, já que Jimin provavelmente estava em seus exercícios matinais, e saí do quarto calmamente, com o capuz do casaco cobrindo meu rosto.
Olhei para os lados antes de sair do prédio e caminhei em direção ao refeitório.
Poucos minutos depois, estava sentada sozinha, tomando café. O local estava vazio, exceto pelos funcionários. Parecia que eu era a única a não participar dos exercícios matinais, ou talvez a única com coragem de comer cedo assim. Mas esse silêncio durou pouco; logo, o lugar encheu de alunos suados e famintos.
Foi quando vi Jungkook, o tatuado que estava com Jimin ontem, acompanhado de Hannah, a suposta paixão do Taehyung, o próprio Tae, e Jimin, vindo em minha direção. Sorri para eles, mas evitei olhar para Jimin. Ainda estava chateada.
De repente, senti um braço pesado ao redor dos meus ombros. Virei para o lado vazio e me deparei com o sorriso falso de Hyunjai.
— Pode me soltar? — pedi, desconfortável, tentando afastá-lo.
— Solta ela, cara. Não seja insuportável logo cedo — disse Jungkook, cansado, mas direto.
Hyunjai, no entanto, ignorou.
— Só solto se ela me der um beijinho de bom dia — murmurou, fazendo um biquinho nojento.
Me afastei, sentindo nojo, mas, antes que pudesse dizer algo, uma bandeja pousou diretamente em seus lábios. Olhei para o dono da bandeja: era Jimin.
— Que tal beijar meu pé? Os lábios dela só podem encostar nos meus — disse ele, estendendo a mão para mim.
Olhei nos olhos dele, hesitante. Ficamos nos encarando por longos segundos. O brilho em seus olhos dizia que toda a irritação do dia anterior tinha desaparecido. Ele ainda me devia desculpas, e, de alguma forma, prometeu isso silenciosamente, apenas com o olhar.
Aceitei sua mão e saí da mesa enquanto todos nos olhavam atentamente. O braço de Jimin envolveu minha cintura, e seus dedos pressionaram minha costela. De repente, ele deu um selinho nos meus lábios, deixando-me totalmente paralisada. Senti-o se afastar ao meu lado.
— Ela só beija a mim — disse com um tom possessivo. Ouvi Hyunjai se levantar bruscamente, e já sabia exatamente o que viria a seguir.
— Eu demorei um mês e meio para conseguir segurar sua maldita mão, e na primeira oportunidade você deixou que ele te beijasse? — perguntou indignado, chamando a atenção de metade do refeitório. Levantei meus olhos para os dele. Mesmo que eu não tivesse dado liberdade para Jimin, Hyunjai não sabia disso.
Ainda tentando digerir o beijo, meus lábios formigavam com a novidade.
— Sabe qual é a grande diferença entre você e o Jimin, Hyunjai? Ele teve coragem de me assumir como namorada na frente de todos, enquanto você foi covarde e me fez ser seu segredo. Então, pare de querer algo de mim, porque nem o mínimo você merece — falei com firmeza, enfatizando cada palavra. Virei-lhe as costas e saí do refeitório.Senti passos me seguindo enquanto caminhava para fora, e sabia bem quem era.
— O que ele quis dizer? — perguntou, fazendo-me parar no gramado. O vento soprou no meu rosto enquanto eu reunia coragem para me virar e encará-lo.
— Eu sou toda virgem, Jimin — revelei, ficando de frente para ele. Vi seus olhos se arregalarem. — Ou melhor, era. Não sou mais BV graças a você.
— Me desculpa, eu realmente sinto…
— Não precisa — interrompi, levantando a palma da mão em sua direção e balançando a cabeça em negação. — Sei que você não sabia, mas, por favor, não faça mais isso — pedi, e ele assentiu. Enfiei as mãos no bolso do moletom e sorri ao olhar em seus olhos. — Tenho que ir para a aula. Até mais tarde.
— Até.
[...]
Já se passaram três meses, e desde então muita coisa aconteceu — coisas tão bizarras que seria difícil até contar. Por exemplo, duas pessoas mal-amadas que não saem dos nossos pés, um garoto que apareceu e acabou descobrindo meu segredo sobre o alojamento e o namoro falso. Mas o mais interessante nisso tudo foi que eu e o Jimin acabamos nos aproximando no meio dessa loucura.
Nos tornamos grandes amigos. Agora, toda vez que vou ao banheiro, ele insiste em me acompanhar, e acabamos nos provocando. Ele adora fazer brincadeiras maliciosas comigo, mas, curiosamente, isso não me incomoda. Porém, quando alguém mais tenta algo parecido, corto o assunto na hora.
Yeonjun é outro personagem nessa história. Ele é um cara legal, mas também é um belo fofoqueiro, sempre atento a tudo. O que mais me inquieta no momento, porém, é o fato de que amanhã será meu primeiro encontro com ele. Estou cheia de nervos e me perguntando o que fazer se ele tentar me beijar ou passar dos limites. Será que eu vou querer ou vou pedir para ele parar? Ao mesmo tempo, a ideia parece empolgante... e horrível.
— Por que você tá tão nervosa? — perguntou Jimin, sentado ao meu lado enquanto finalizava meu cabelo. Alguns meses atrás, ele ficou curioso sobre como eu cuidava dos meus cachos volumosos, e eu acabei ensinando a ele. Desde então, prometi que só ele cuidaria do meu cabelo — caso um dia ele namore ou se case com alguém de cabelo cacheado, estará mais do que preparado.
— O encontro de amanhã está me assombrando — respondi, apertando os dedos nervosamente.
Jimin afastou uma mecha do meu cabelo e ajeitou outra que caiu sobre o meu rosto.
— Por quê?
— Eu não sei beijar, Jimin. E se ele quiser me beijar? Ou me tocar?
— O importante não é o que ele vai querer, e sim você — respondeu, enrolando um dos meus cachos entre os dedos. Suspirei fundo. — Se ele te forçar, me fala, que eu meto um soco nele.
— Não precisa — sussurrei, mordendo os lábios e fechando os olhos. — Eu quero beijá-lo, caso ele avance... mas eu não sei como. Esse é o problema.
— Posso te ensinar, se quiser — propôs, enrolando outra mecha do meu cabelo, que caiu molhada na minha testa. Olhei para ele por cima do ombro, e nossos olhares se encontraram por alguns segundos.
Não falávamos sobre beijo desde aquele dia fatídico, quando ele me roubou um selinho e pediu desculpas pelo ato impulsivo. Desde então, mantínhamos nosso namoro falso com o mínimo de contato, o que funcionava bem até ontem.
Neide havia nos desafiado a nos beijarmos, gritando para todos que nosso namoro era uma farsa. Ela nos humilhou na frente de todo mundo. Jimin me puxou dali, deixando-a falando sozinha, mas eu fiquei mexida.
As pessoas estavam olhando. Um peso inesperado caiu sobre a minha consciência, e eu não sabia explicar o porquê.
— Ei... — sussurrou, segurando meu queixo e erguendo meu rosto até ficar na altura do dele. Eu nem tinha percebido que havia abaixado a cabeça. — Eu não vou te pressionar. Nunca faria isso. Você sabe disso, não sabe?
Concordei imediatamente. Se havia algo que eu tinha certeza nesses meses, era que estava em boas mãos. Sentia-me segura nos braços do moreno atrás de mim. Talvez eu tivesse me apegado demais a ele. Não conseguia imaginar meus dias sem vê-lo, sem ao menos observá-lo dormir ao meu lado após um dos meus pesadelos com minha mãe indo embora de casa. Ele ficou comigo durante todo o meu choro angustiado, dizendo que tudo ficaria bem e me garantindo que estaria ao meu lado.
Ele se tornou meu porto seguro.
Meus olhos desceram para seus lábios avermelhados e carnudos, chamativos como qualquer cor neon refletida ao sol. As linhas que contornavam seus lábios me hipnotizavam, e, sem nem perceber como, meu rosto já se inclinava na direção do dele. Meus olhos se fecharam instintivamente enquanto eu buscava seus lábios macios.
O toque dos meus lábios nos dele foi como um disparo de arrepios pelo meu corpo. Minhas mãos pousaram na lateral de seu rosto, e arfei ao sentir seus lábios se movendo contra os meus, firmes e viciantes, embora calmos. Não queria parar, mas a falta de ar nos obrigou a nos afastar.
— Me ensina — implorei, olhando em seus olhos brilhantes.
— Me imita — ele respondeu, fixando seu olhar no meu. Concordei em silêncio antes de fechar os olhos novamente, permitindo que ele avançasse em minha direção.
Sua boca se movia contra a minha, esmagando-a suavemente e provocando sensações deliciosas que faziam borboletas dançarem em meu estômago. Suas mãos apertaram minha cintura com firmeza, me deixando arrepiada e fraca da cabeça aos pés. A ponta de sua língua roçou na minha, pedindo passagem entre meus lábios curiosos. Sem hesitar, cedi e me esforcei para imitar seus movimentos.
Seus dedos ainda presos na minha cintura me puxaram para mais perto, colando nossos corpos. Num momento estávamos de pé, no outro eu já estava montada em seu colo, completamente entregue ao momento.
Mas ele parou de repente e, ofegante, nos olhamos. Seus olhos brilhavam como esferas, refletindo prazer e satisfação.
— Dakota… — sussurrou, ainda buscando fôlego, e eu o olhei da mesma forma. Abaixo de mim estava complicado; eu podia sentir o calor de seu corpo quase sobre o meu. — Nós não podemos…
— Por que? Não somos namorados? — perguntei, passando minhas unhas levemente em sua bochecha. Ele fechou os olhos e estremeceu com o meu toque.
— De mentira… — respondeu com um fio de voz.
— Podemos fazer isso sem precisar de rótulos, não? — perguntei, me deixando levar pela vontade de continuar de onde paramos, mas Jimin parecia receoso
.
— Mas você não é assim.
— Por favor, só continua. Só por hoje, me deixa ser sua namorada de verdade e me mostra o que sabe — implorei, olhando em seus grandes olhos castanhos escuros. Ele engoliu em seco, mordeu os lábios e suspirou. — Ji…
Antes que eu pudesse pedir mais, fechei os olhos para recebê-lo. Movi meus lábios contra os seus rapidamente; o beijo, antes calmo e dócil, agora estava urgente e cheio de desejo, mas sem doçura. Minhas costas estavam no colchão num piscar de olhos, meus tornozelos estavam ao redor de sua cintura, e ele estava entre minhas pernas, enquanto sua língua habilidosa invadia minha boca, girando e sugando minha língua, me deixando tonta.
O clima estava cada vez mais intenso, mas um barulho no corredor nos interrompeu.
— Park Jimin, onde você está? — gritou alguém. Ele olhou na direção do som, com os olhos arregalados. Eu empurrei seu peito e começamos a entrar em pânico.
— Entra no armário — ele mandou, apontando para o cômodo. Obedeci e me fechei lá dentro.
Não demorou muito para a porta do nosso quarto se abrir. Arregalei os olhos ao reconhecer quem estava entrando. Pela fresta da porta, comecei a ver e ouvir uma discussão entre eles. As coisas não pareciam estar favoráveis para o lado do coreano. Senti meu celular vibrar no bolso e o peguei.
Era uma mensagem do meu tio.
Minutos depois daquela interrupção, vesti minhas roupas rapidamente e saí apressada do quarto, sem dar nenhuma satisfação ao Jimin. Na verdade, acho que ele estava mais preocupado com o próprio problema do que com o meu. Quando cheguei ao estacionamento da universidade, vi meu tio encostado no seu carro.
— Oi, princesa — ele me cumprimentou, me recebendo de braços abertos, e sorriu ao me abraçar. — Que saudades do meu pequeno beija-flor. — Beijou minha testa e deu uma risadinha.
Meu tio sempre dizia que, quando eu estava aprendendo a andar, eu andava muito para trás e acabava caindo. Por isso, ele me chamava de beija-flor, pois os beija-flores também voam para trás.
— Oi, tio Patinhas — brinquei, fazendo ele rir, já que o caso dele, bem, era meio óbvio. — O que te traz aqui? Sei que me ama, mas eu ia para casa no final de semana.
— Tenho algo para te dizer — ele murmurou, preocupado. Franzi a testa e o olhei atentamente. — Sua avó teve problemas com sua prima insuportável — que não era filha dele — e vai te propor amanhã que se case para obter o ateliê dela e o seu direito como herdeira, ou seja, a herança que ela guardou para sua mãe e que ela te deu.
Ninguém se refere a ela como minha mãe.
— Essa idiota não podia esperar? — murmurei, me referindo à Denise, claro, para não haver confusão.
— Ela sempre foi assim, Dakota — ele esclareceu, com razão, e eu concordei. — Mas você sabe como ela é. Só vença essa batalha e ganhe sua herança.
— Mas como vou arranjar alguém tão rápido?
— Leve seu namorado — disse, como se fosse óbvio, e o olhei espantada. — Achou que eu não sabia? Seu nome circula pela ala médica. O bom é que você é namorada de um futuro bom cirurgião cardíaco, assim como o seu titio aqui — se gabou, me fazendo revirar os olhos. — Pena que não sei exatamente quem ele é, mas se o levar amanhã, vou descobrir.
Mordi os lábios, meio receosa. O que aconteceria se ele soubesse de tudo? E se, no meio disso tudo, o meu namorado fosse a pessoa que ele acabou de repreender por estar trabalhando fora de hora?
Sim, meu tio era a pessoa que invadiu nosso quarto.
Ao abrir a porta, encontrei Jimin terminando de se arrumar para o trabalho.
— Você ainda vai trabalhar, depois de tudo o que ele disse? — perguntei, ficando em sua frente.
— Eu não posso ficar totalmente dependente dele, Dakota.
— E se, por acaso, você não precisar?
— Como assim? — perguntou, confuso, me olhando atentamente.
— E se você não precisar mais trabalhar? E se ficasse rico?
— Por que? Ganhou na loteria e vai dividir a grana comigo? — perguntou, rindo, achando que eu estava dizendo uma tremenda besteira.
— Mais ou menos isso — murmurei, fazendo ele arregalar os olhos.
— Que loucura é essa?
— Case-se comigo, Jimin — disse, olhando nos seus olhos.
— O quê?
Próximo capítulo:
07/02.
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