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Estava quase escurecendo quando ela aparatou em frente à casa simples, mas aconchegante. Apressada, caminhou os poucos metros que faltavam até a porta. Havia perdido a hora. Sua mãe provavelmente estaria preocupada, pensou enquanto entrava em casa e anunciava sua chegada.

- Até que enfim! Já estava preocupada! - Lucy Flint exclamou, exatamente como previra.

- Desculpe-me. Eu me distraí na Floreios e Borrões - Hope explicou enquanto depositava os livros que comprara na mesinha de centro.

- Por que isso não me surpreende? - Lucy ergueu as mãos e voltou para a cozinha sendo seguida pela filha.

- Porque a senhora me conhece - Hope disse sorrindo. - Papai ainda não chegou?

Hope sentou-se à mesa e observou Lucy franzir a testa preocupada.

- Não. Gostaria que ele estivesse aqui. Estou com um mau pressentimento - disse voltando-se para olhar o ensopado que deixara cozinhando. Acenou a varinha e apagou o fogo. Estava pronto.

- Eu deveria ter passado na Artigos para Quadribol. Mas quando vi a hora, resolvi voltar imediatamente para casa. Imaginei que estivesse preocupada.

Lucy assentiu.

- Não se preocupe, querida. Realmente não era preciso passar por lá. Matt sempre diz que sou preocupada demais. Deve ser apenas bobagem minha.

Matt havia ido a Bulgária negociar vassouras para a Copa Mundial de Quadribol que aconteceria no ano seguinte há três dias. Como as negociações já estavam avançadas, ele havia dito que não demoraria muito a voltar.

- Papai disse que a previsão era chegar hoje, mas com tudo o que tem acontecido, - disse indicando o jornal deixado em cima da mesa. - não é fácil entrar e sair do país.

- É verdade - Lucy concordou olhando para o Profeta Diário com tristeza.

Hope sabia o motivo da tristeza de Lucy. Há poucos dias o jornal noticiara a morte dos Mckinnon. Myrian Mckinnon e Lucy haviam estudado juntas em Hogwarts e sido grandes amigas. Por isso, a notícia de sua morte a abalara muito.

- Eu vi Severo hoje - Hope contou tentando distraí-la.

Conforme esperava, Lucy desviou os olhos do jornal e olhou para a filha com curiosidade.

- E você falou com ele?

Uma leve coloração surgiu no rosto da mulher mais jovem.

- Não - disse desviando o olhar.

- Por que não? - Lucy perguntou sentando-se ao lado da filha.

Hope cutucou uma manchinha na toalha de mesa.

- Ele sempre foi apaixonado pela Evans.

- Mas ela está casada com o Potter. Lembro de Myrian me contar que a filha foi dama de honra no casamento deles.

- É bem provável. Marlene e Lílian sempre foram melhores amigas.

- Eu ainda não entendo porque não falou com ele.

- É complicado, mamãe.

- Não é, não. Você poderia cumprimentá-lo por ter conseguido uma vaga como professor em Hogwarts. Saiu no Profeta Diário e eu sei que você leu.

- E ele provavelmente me ignoraria.

- Hope...

- Mamãe, eu sempre fui invisível para ele. Nós estudamos juntos por anos, mas nunca conversamos - a não ser que você considere conversa pedidos de ingredientes quando passamos a fazer duplas nas aulas de Poções!

- Ele não seria tão grosseiro de ignorar você.

- A senhora não o conhece.

- Então por que você gosta dele? Já se passaram quatro anos e seu sentimentos não mudaram....

- Os dele também não.

- Mas vocês são livres e desimpedidos. Lílian Potter, não. Além disso, se você não conversou com ele, como pode ter certeza que ele não mudou?

Hope franziu a testa. Lucy segurou as mãos de Hope entre as suas e encarou os olhos castanhos.

- Filha, não é justo, nem para você nem para ele, guardar esses sentimentos só para você. Já conversamos sobre isso - Lucy apressou-se a dizer quando Hope fez menção de interrompê-la. - Conheço seus motivos para não revelar o que sente, mas falar pode ser libertador. Mesmo que ele não corresponda, ele tem o direito de saber. E é um sentimento tão belo para ficar guardado apenas aqui - disse tocando no coração dela.

- Acha que eu realmente deveria falar? - perguntou insegura.

Lucy sentiu vontade de revirar os olhos, mas apenas respondeu sorrindo:

- Sim.

Hope mordeu o lábio inferior.

- Não sei onde ele mora nem...

- Mas sabe onde ele estará a partir de amanhã - Lucy percebeu que filha ainda hesitava, então completou: - Querida, estamos em meio a uma guerra. Você Sabe Quem está no auge do seu poder e ninguém parece ser capaz de detê-lo. Não espere ser tarde demais para tomar coragem.

Hope sabia que a mãe estava certa. A cada dia, o Profeta Diário noticiava mais desaparecimentos, torturas, mortes... Não adiaria mais. Não era mais a adolescente tímida que tinha medo de ser rejeitada. Procuraria Severo Snape e lhe contaria os sentimentos que, durante tantos anos, nutria por ele.

E se ele a rejeitasse ou ignorasse? Se fosse o caso, isso a ajudaria a esquecê-lo.

- Tem razão. Amanhã vou a Hogwarts - afirmou decidida.

Lucy sorriu. Então levantou-se e beijou a testa de Hope.

- Excelente decisão, querida. Vamos jantar? Já deve ter esfriado.

Durante o jantar, Lucy narrou como foi o dia no Orfanato trouxa onde ainda trabalhava e Hope contou o que viu e quem viu no Beco Diagonal. Apesar da conversa agradável, Lucy não conseguia relaxar.

- Está tudo bem? - Hope perguntou acenando a varinha para que os pratos fossem limpos quando terminaram de comer.

- Não sei. Estou com uma sensação ruim. Acho que vou escrever para seu pai e perguntar quando ele volta.

- É uma boa ideia - Hope concordou.

Enquanto Lucy foi até o quarto buscar pena e pergaminho, Hope pegou a sacola de compras da livraria para escolher qual livro leria primeiro. Lucy voltou poucos minutos depois e começou a escrever a carta enquanto Hope lia.

Talvez se as duas não estivessem tão distraídas em suas atividades, elas tivessem ouvido o som de aparatação ou então teriam reagido mais rápido quando três Comensais da Morte invadiram a casa. Hope pegou a varinha primeiro que Lucy e tentou dar-lhe tempo enquanto duelava com os três.

Naqueles poucos minutos que lutava contra os encapuzados um medo terrível a assolava. Não apenas temia pela vida de sua mãe, mas tinha medo que um deles pudesse ser ele. Nunca contara a Lucy suas suspeitas de que ele pudesse ser um Comensal. Sabia que ele deseja poder e vingança e se tornar um Comensal era um caminho fácil para conseguir isso.

Quando seus rostos foram enfim revelados, Hope sentiu-se parcialmente aliviada ao reconhecer os três: Mulciber, Avery e Rosier. Mas isso não as deixava em situação melhor. Pelo contrário. Os três eram sádicos e elas literalmente estavam batalhando por suas vidas. Feitiços voavam para todos os lados e, em pouco, tempo a cozinha tão bem cuidada estava completamente destruída.

- Chega! - Mulciber disse irritado quando as chamas que saíra da varinha de Lucy quase o atingiram. Então apontou a própria varinha para Lucy e exclamou: - Avada Kedrava.

Ao ouvir o corpo de sua mãe cair ao chão sem vida, uma raiva desmedida invadiu Hope.

- Crucio! - gritou apontando para Mulciber.

O Comensal berrou de dor, mas seus comparsas apenas olhavam para ele com um leve sorriso.

- A pantera negra tem garras - Avery comentou com ironia.

- Faça... p-parar... - Mulciber berrou.

Antes que Avery pudesse mirar, Hope gritou:

- Estupefaça!

Pego de surpresa, Avery tombou desmaiado. Então Hope tornou a virar-se para Mulciber e gritou:

- Experlliarmus!

Mulciber, que já estava fraco pela Maldição Cruciatus, desmaiou ao ser desarmado.

- Talvez você conseguisse se livrar se fosse só os dois - Rosier comentou pensativo. - Eles costumam subestimar as mulheres. Mas eu me lembro muito bem de você, mestiça. Sempre teve as garras afiadas.

- Não sei se sou mestiça, mas prefiro isso a ser sangue-puro de coração perverso.

Evan Rosier riu.

- Acha que os Comensais são perversos? Mas seu querido Snape também é um Comensal.

Hope olhou chocada para Evan. Não por Snape ser um Comensal, mas por ele ter falado querido.

- O quê!?

Rosier riu ainda mais.

- Meu colega estava tão obcecado pela sangue-ruim que nunca percebeu os sentimentos patéticos da mestiça - zombou.

Hope estava tão chocada que não reagiu a tempo. Quando ele lançou a Maldição Cruciatus, a dor foi tão intensa, e tão devoradora... Facas em brasa perfuravam cada centímetro de sua pele, sua cabeça, sem dúvida alguma, ia explodir de dor, ela gritava mais alto do que jamais gritara na vida...

Então ele ergueu a varinha interrompendo o feitiço e olhou para o braço esquerdo.

- Que pena. Tinha algo bem especial preparado para você, mas meu mestre me chama - disse com pesar. - Mas vou lhe deixar um presente do seu amado. Eu queria trazê-lo pessoalmente, mas o Lorde das Trevas precisa dele em Hogwarts. Ansiosa pelo presente? - perguntou sorrindo. Sectumsempra!

Hope sentiu como se uma espada cortasse todo o seu corpo. Ouviu Rosier aparatar levando os comparsas, mas não conseguiu se mover de onde caíra. Ela se sentia tão fraca. Mesmo assim olhou uma última vez para o corpo sem vida da mãe. Seu pai ficaria devastado quando voltasse para casa, pensou desolada.

Sabia que não resistiria. Os cortes haviam sido profundos. Sentia o sangue esvair de seu corpo. Lembrava-se vagamente de Severo ter usado esse feitiço em Hogwarts, mas ela não sabia o contrafeitiço.

Severo... ela nunca dissera a ele... lembrou-se de quando o encontrara na Floreios e Borrões... estava distraída com um livro e esbarrara em alguém... quando erguera os olhos foi consumida pelo par de olhos negros tão conhecidos por ela... seu coração havia disparado e qualquer pensamento coerente havia fugido de sua mente naqueles instantes... e agora percebia... havia perdido sua chance... desperdiçara o momento por bobagem... não teria mais uma nova chance... ele jamais saberia que ela o amara profundamente... mesmo que ele fosse um Comensal... mesmo depois de todo esse tempo...

- Eu sempre te amei, Severo...

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AVISO

Como muitos sabem, minha antiga conta no Wattpad foi excluída e, por isso, perdi tudo vinculada a ela. Fiquei arrasada e durante muito tempo fiquei sem saber o que fazer. Até que eu decidi criar o site Entrelinhas e Fanfics onde eu pudesse postar minhas histórias despreocupadamente.

Para evitar que esta nova conta do Wattpad seja excluída também, não vou repostar as histórias aqui. Vou postar apenas o(s) primeiro(s) capítulo(s) de cada história como degustação para vocês relembrarem sobre o que é cada uma. Mas não se preocupem: no meu site as histórias estão integralmente postadas até o capítulo que já escrevi.

Mais informações sobre o que aconteceu e os links de todas as minhas histórias estão no meu quadro de mensagens. Para relembrar todas as histórias que eu tinha postado aqui anteriormente, acessem a lista de leituras "Antigas - Entrelinhas e Fanfics". Para conhecer as novas fanfics que estou escrevendo, acessem a lista "Novas - Entrelinhas e Fanfics".