Capítulo 18.


— Onde estão as comédias românticas de verdade? — Logan questina pela décima vez enquanto eu assisto atentamente Maria declarar seu amor profundo e impossível para Tony.

Eu rio, tentando parecer brava e ao mesmo tempo focar minha atenção nas palavras profundas e românticas da personagem. — Shhiu. — Sinalizo para ele. — Há mais no mundo cinematográfico que filmes de garotinha.

— Onde eu fui me meter? — Ele graceja. — Uma garota que nunca viu As Patricinhas de Bervely Hills? Isso é impossível!

Logan me cutuca com os dedos e eu empurro uma almofada em seu rosto. — Me deixe assistir!

— Mas eu estou entediado. — Ele grunhi com o som abafado pela almofada. — Dez coisas que eu odeio em você?!

Balanço a cabeça negativamente enquanto enfio um punhado de pipocas na boca. — Já assisti. Gostei, mas ainda prefiro Casablanca.

— O que?! — Logan bufa, olhando-me de solaio. — É chato. Não acredito! Gatinhas e Gatões? Regina George? Ela é demais?!

Reviro os olhos, empurrando-o de leve. — Eu já assisti! Mas não gostei. De nenhum! — Minha careta deve ser visível, porque ele parece horrorizado. — É meio estranho que você conheça tantos filmes adolescentes. — Eu cruzo os braços arqueando as sobrancelhas de forma maliciosa para ele. — Há algo que eu deva saber, senhor pernas bonitas?

Logan ri, jogando a cabeça para trás. — Querida, já vi muitos e muitos desses filmes porque simplesmente são os meus favoritos! — Sua voz soa afinada e infantil aos meus ouvidos. Eu gargalho e ele me puxa para um beijo. Eu me deixo envolver pelo seu perfume e seu calor. As mãos que seguram minha cintura com firmeza me causam um arrepio e uma sensação maravilhosa de segurança. — Isso te faz duvidar da minha masculinidade? — Ele questiona de repente, afastando-me um pouco de mim.

— Bem, talvez. — Digo dando de ombros teatralmente. — Acho que vou precisar de uma prova.

Um sorriso malicioso se espalha em seu rosto bonito e eu estremeço. — Uma prova?

Assinto silenciosa e Logan me puxa para ele com uma rapidez que me surpreende, eu enrosco minhas pernas em sua cintura e sua mão faz um carinho envolvente em meu cabelo, enquanto posso sentir a outra deslizando pela minha pele desnuda. Foi uma ótima ideia que eu resolvesse usar um vestido tão fino e curto, ou talvez não.

É difícil pensar com sua boca trilhando beijos em meu queixo, pescoço... Colo. Tudo parece que está mais quente do que as temperaturas comuns. Logan faz com que minhas mãos se tornem inquietas e tudo que eu quero é livrá-lo de suas peças de roupa e aproveitar a sensação maravilhosa de beijá-lo e me deixar ser beijada.

— Ará! Eu sabia! — O grito e a luz da sala sendo acesa imediatamente fez com que eu me assustasse. — Você, sua mentirosa traiçoeira! — Georgio grita e eu me desequilibro do colo de Logan, caindo com o tronco para trás, minhas pernas para cima, meio abertas e Logan tão surpreso quanto eu. A maldição da Virgem de Verona ataca novamente. — Feche as pernas! — Ordena meu irmão e eu abro a boca chocada, mas cruzo as pernas instintivamente.

— Georgio! Você... O que... Georgio! — Logan me estende a mão e eu dou um tapa involuntário em sua palma que faz um estralo alto e assustador. — Ai meu Deus, desculpe! Eu... Nervosa... Eu!

— Seu safado! — Georgio está apontando para Logan. Ele bufa, se levantando do sofá e estendendo as mãos de novo para me ajudar a levantar-me também. Sorte que o tapete era almofadado ou eu e minha dignidade estaríamos seriamente machucadas. Bem, ela ainda está.

— Desculpa. — Peço outra vez pegando suas mãos, a palma está vermelha, mas Logan está sorrindo calmamente.

— Tudo bem, Sissa. — Ele passa os dedos pelos cabelos e me empurra delicadamente para ficar a sua frente. Meus olhos se arregalam e eu estremeço um pouco quando sinto a proeminência que toca meu corpo. Isso faz um comichão nascer em mim e Logan grunhi, segurando minha cintura com força. — Fique parada. — Ele ordena com a voz rouca em meu ouvido. O que só faz com que eu core como um tomate. O que obviamente não passa despercebido aos olhos do meu irmão.

Ele estava gesticulando e falando sem parar sobre alguma coisa que não consegui prestar atenção o suficiente, mas quando percebe nossa interação, praticamente marcha para nós.

— Seu mentiroso! Está se aproveitando da minha irmãzinha!

— Georgio. — Eu o empurro para longe de Logan. — Eu sou adulta! — Grito ultrajada e meu irmão bufa como se eu fosse uma mosca incômoda. — Será que como parar de agir como se eu tivesse quinze anos?

— Mas Sissa! Vocês iam fazer sexo na sala! Vocês iam fazer sexo!

— Claro que não! — Eu aponto o dedo para ele e balanço negativamente. — Nós íamos subir para o quarto. Acha que eu sou tão pervertida assim?

— O que?! — O grito que escapa de Georgio em faz rugir em irritação. — Venha aqui americano! Eu vou socar a sua cara! Vou cortar o seu Jeremias! Você nunca vai enfiá-lo em minha irmã!

— Jeremias?! — Logan me empurra delicadamente abrindo os braços para Georgio e parecendo indignado. — Você colocou um nome no meu... — Ele me olha e em seguida suspira. — Georgio! — Cruza os braços parecendo genuinamente irritado. — Será que pode ser menos ridículo?

Não posso rir. Não posso rir. Não devo rir. Não ria.

— Coloquei, claro! Agora você jamais vai colocá-lo na...

— Não ouse dar um nome! — Interrompo-o e Georgio revira os olhos. — Nós não íamos fazer sexo. Ainda estávamos vestidos!

— Ainda. — Resmunga Logan cruzando os braços com um bico formando em seu rosto. É tão adorável que preciso ignorar meu irmão para beijá-lo rapidamente. Georgio grunhi um resmungo.

— Logan! — Chamo sua atenção, mas soa mais como um ronronado, também estou também frustrada com a interrupção irritante do meu irmão. Eu empurro Georgio quando ele vem para cima de Logan dando alguns pulinhos e de punhos fechados. — Agora será que você pode dar o fora Georgio? Ou vou deixar Logan quebrar sua cara!

— Aham, tá! — Georgio revira os olhos. — Até parece que esse cara pode me bater! — Ele espia por cima dos meus ombros, os olhos parados nos braços fortes de Logan e balança a cabeça. — Mas eu vou, porque não quero quebrar a cara do seu namorado, Sissa. — Ele se afasta de nariz em pé. — Mas eu estou de olho. — Indica os próprios olhos e em seguida aponta para nós. — Sem sexo para você estrangeiro!

Logan assente, erguendo a mão e acenando até Georgio nos dar as costas e escancarar as portas duplas da sala. — Vou ter que lidar com os outros irmãos? — Ele questiona com uma risadinha e eu bufo.

— É provável que sim!

Ele me puxa para ele e eu sorrio apoiando minhas mãos em seus ombros. Os dedos de Logan fazem um carinho suave em meu rosto e eu fecho os olhos aproveitando a sensação.

— Por você, querida? — Ele sorri beijando meus lábios suavemente. — Bem, eu enfrento o mundo inteiro!

Eu abro um sorriso bobo e apaixonada volto a unir nossos lábios. Nós ficamos assim juntinhos até o celular de Logan tocar. Ele retira o aparelho do bolso e sua expressão se fecha consideravelmente.

— Tudo bem? — Toco seu rosto atraindo sua atenção para mim, mas Logan parece concentrado na tela do celular como se olhar para ela fosse fazer com que o aparelho simplesmente desaparecesse. — Logan?

Ele pigarreia. — Sim, é minha irmã. Me dê um minuto. — Ele pede com seu sotaque americano carregado. O que é um claro indício de seu nervosismo que já conheço bem. Ele beija a minha bochecha rapidamente e sai da sala de tevê, indo em direção ao lado de fora da casa em passos rápidos. Eu vou até a janela, onde afasto as cortinas e o vejo finalmente atendendo a ligação. Logan gesticula e conversa de forma agitada, o que me leva a acreditar que há algo realmente errado com essa ligação.

Não quero ser curiosa ou me meter em seus assuntos, quero dizer, estamos namorando há um dia e meio e ele precisa da sua privacidade, Logan pode ter os próprios problemas, mas apesar dos meus próprios pensamentos, não resisto e continuo observando-o. Seria muito útil se eu tivesse aprendido leitura labial quando Tony tentou me ensinar aos quatorze anos.

Eu continuo observando quando o vejo cruzar o gramado em direção a casa principal. Aperto meus próprios dedos de nervosismo e não consigo resistir ao impulso de segui-lo, então visto meus sapatos rapidamente e corro em direção a saída. Vejo o momento exato em que Logan entra no escritório de Enzo, ele parece realmente irritado e isso me deixa ainda mais curiosa.

O que pode ter naquela ligação que o deixou tão furioso? E que precisasse ser dividido com meu irmão?

Eu desisto quando fica claro que não conseguirei informação nenhuma sem parecer bisbilhoteira. O que seria absolutamente feio de acontecer na frente do meu namorado de um dia e meio.

Que desanimador. Eu volto para o chalé onde me acomodo na sala, ainda entre as almofadas e a pipoca. Agora, no entanto, a declaração de amor tão romântica de Maria não me atrai tanta atenção assim.




— O que tanto pensa, menina? — Babá coloca o copo de leite quente a minha frente com uma expressão preocupada.

— Eu nada. — Resmungo mordiscando uma bolacha.

Passei quase duas horas esperando Logan voltar ontem à noite, mas ele simplesmente não voltou a entrar no chalé, só pude supor que ele ficou na casa principal ou que se quer dormiu.

— Enzo dormiu em casa? — Questiono a babá e ela suspira, balançando a cabeça enquanto empurra o prato para mim outra vez.

— Não tem que se preocupar com seu irmão, querida, sabe disso, não é?

Eu suspiro. — Babá, ele dormiu?

Ela revira os olhos. — Não, Sissa. Seu irmão deve ter saído depois que eu me recolhi, ou muito cedo pela manhã. — Ela começa a colocar as coisas na mesa, distraidamente. — Quando fui no quarto dele essa manhã estava tudo em perfeita ordem.

— Hum.

— O que está acontecendo, menina?

— Nada.

Ela apoia as duas mãos sobre a bancada. — Alessia. Nunca escondeu coisas de mim antes. — Babá me olha magoada e eu solto a bolachinha que fingia comer.

É verdade. Nunca escondi nada dela antes e não é agora que começarei. Eu bato minhas mãos para tirar os farelos e finalmente encaro Mércia.

— Acho que Enzo, vovô e agora Logan estão escondendo algo de mim. Acho que até você está escondendo algo de mim, babá. E sei que tem algo que pode ser muito perigoso para mim nesta história. Ouvi vovô dizendo que eu tinha o direito de saber e ouvi Enzo se negando a me contar. Então agora ele e Logan estão cheio de segredos, eu percebo, babá. Tem alguma coisa errada.

— Oh, Sissa. — Ela se senta passando a mão pela testa. — Isso é tudo que sabe?

— Bem, e um homem que tem me seguido em Verona.

— O que? — Babá me encara alarmada. — Seu irmão sabe disso? — eu nego com a cabeça e ela balança a cabeça. — Sissa! Isso é sério, tem que contar ao Enzo.

— Não quero seguranças atrás de mim, babá.

— Mas eles podem ser necessários, Sissa. — Ela pega minhas mãos entre as suas. — Eu não vou me calar, querida, você pode não ter saído do meu ventre, mas acredite quando digo que a tenho como uma filha. Você precisa contar ao seu irmão. Este homem... — Ela balança a cabeça. — Isso pode ser muito perigoso.

— O que você sabe, babá? — Estreito meus olhos. — Por favor, me conte. Quem é ele? É alguém que conhecia aos meus pais? É alguém que queria o mal deles? Tem feito algo com Enzo? Algum inimigo? Por favor, babá!

— Não posso, Alessia. — Ela me levanta passando as mãos pelo vestido nervosa. — Fale com o Enzo. Ligue para ele.

Eu suspiro. — Certo, babá.

— Desculpe, querida.

Eu assinto silenciosa e me retiro da cozinha, seguindo para o escritório do meu irmão. O cômodo sempre está trancado, então procuro entre as coisas da estante da sala uma caixinha antiga cheia de velhas chaves. A peça dourada e cheia de desenhos bonitos possui cerca de quinze pequenas chaves que são impossíveis de saber de onde pertencem. Quando era criança, eu sempre pensei que elas eram de algum tesouro escondido em nossas terras.

Eu vou até a porta do escritório e testo cada uma delas, até que na décima chave o trinco estrala e gira. A casa é tão antiga que isso se torna uma vantagem para qualquer um. Eu empurro as portas, fechando-as atrás de mim assim que entro. O escritório é uma bagunça de papéis, livros e cadernos de contabilidade antigos, tem muitas fotos da nossa família.

Um grande quadro do meus pais se encontra pendurado na parede. Minha mãe tem cabelos claros, assim como meu pai. Os dois sorriem e parecem felizes. Um casal bastante exemplar, eu acho. Mamãe está sentada sobre uma cadeira antiga, estilo renascença, meu pai ao seu lado, eles se olham apaixonadamente, como se todo o amor do mundo estivesse ali naqueles poucos centímetros que os separavam.

Um sentimento amargo cresce em meu peito ao pensar o quão injustiçada fui, privada de ter sua presença, seu amor, seu apoio. Nunca pude se quer ter uma chance de tê-los em minha vida. E a culpa sempre foi deles. 

Balanço a cabeça e me afasto em direção a mesa.

Tem muitos papéis, relatórios financeiros, contratos e muitas anotações na letra confusa de Enzo e de sua secretária Amanda. Eu reviro todos os papéis passando meus olhos por cima em busca de qualquer coisa que tenha meu nome ou algo minimamente interessante.

Para ser sincera, não faço ideia do que exatamente procurar, eu simplesmente reviro tudo. Até que encontro.

É ele. O homem do meu estúdio. Na foto ele usa um terno cinza claro, ele parece mais novo, além de olhos escuros e profundos, como os de uma serpente. As mãos estão para trás das costas e pela pose, ele parece um magnata.

Porque Enzo tem a foto deste homem? Quem é este homem? Eu viro a foto, e não tem nenhuma data, então eu vejo no papel em branco que a foto estava presa,  uma anotação pequena na letra de Enzo.

Ibrahin Tizziano.

E um endereço de Verona. Eu tiro uma foto com meu celular rapidamente e tento deixar tudo exatamente da forma como estava, provavelmente Enzo saberá que alguém mexeu em suas coisas, mas torço para que ele não perceba que essa pessoa fui eu.

Com um nome e um endereço, em breve eu teria as respostas. 

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