Capítulo 15.
— Enzo! — Eu dou um safanão em sua cabeça quando meu irmão tenta tirar a própria cueca pela terceira vez. — Eu já disse que é melhor se comportar ou chamarei vovô e que Deus o ajude a se explicar quando ele vier da Villa até aqui.
Meu monólogo raivoso pareceu surtir algum efeito, já que meu irmão soltou o ar e se deixou levar para o chuveiro. Eu abri a ducha em sua potência máxima e mais gelada, enfiando-o lá dentro com rapidez. É melhor que ele fosse logo antes que eu perdesse a minha pouca paciência.
Encontrar Enzo completamente bêbado, bagunçado e chorando por Antonella é tudo que precisava para acabar com essa noite que foi o maior desastre da minha vida.
Eu o apoio no chuveiro, encarando a expressão desolada do meu irmão. Nunca o tinha visto assim, parecendo tão triste e frustrado. Enzo jamais chegou em casa nessa situação e meu coração se aperta em pensar que duas pessoas que amo estão sofrendo tanto por amor. — Vai ficar tudo bem, Enzo. — Eu consolo inutilmente. Mesmo que quisesse dizer "Bem feito, você foi um bundão com minha melhor amiga".
Era melhor me manter imparcial, afinal.
— Está mulher é o diabo! — ele aponta o dedo para mim, a voz está embolada e eu reviro os olhos. — e você é a assistente dele, irmã.
Até dou risada, quando vejo que ele já está mole eu o puxo para fora do chuveiro e entrego uma toalha em suas mãos. Enzo se seca mais ou menos e eu o acompanho até seu quarto. Deito-o como uma criança e puxo as cobertas até seu pescoço para que não pegue um resfriado, apesar da noite quente.
— Vou ficar com você até que durma, Enzo. — Faço um carinho em seus cabelos molhados. Meu irmão me olha longamente quando me sento ao seu lado da cama.
— Me perdoe, Alessia.
Eu faço um gesto de mãos. — Eu só estou retribuindo o favor, Enzo.
Sorrio para ele porque não foram poucas as vezes em cheguei em casa trancando as pernas após uma aventura adolescente ao lado de Tony. Enzo, o durão, sempre cuidou de mim com amor e carinho, deixando as broncas para o dia seguinte, quando eu lamentaria a ressaca para que ele dissesse com gosto 'eu avisei'.
— Não é por isso. — Enzo retruca. Os olhos estão fixos no teto e percebo que sua bebedeira já está o abandonando. — Me perdoe por não ser um bom irmão.
— Enzo...
— Só saiba que nunca vou deixar nada te acontecer. — Ele fecha os olhos e não tenho chances de responder porque logo ouço seu ronco repuxado.
É, homens bonitos também roncam feito tratores. Tony vai ficar satisfeita em saber disso.
Suspiro me abaixando e deixando um beijo em seu rosto, ajeito seus travesseiros e fecho as cortinas. Eu me adianto indo buscar uma aspirina e coloco em seu criado-mudo. Amanhã é provável que Enzo acorde com uma dor danada.
É provável que eu também acorde com uma, penso enquanto observo a foto de Logan na tela do meu celular. Meus dedos coçam para mandar uma mensagem, um pedido de desculpas. Nesse momento, enquanto me deito, só posso me condenar por ser tão ridícula e infantil.
O dia seguinte amanhece quente, como quase todos os dias. A primeira coisa que vejo quando abro as janelas, é Logan. Infelizmente, ele não está prestando a mínima atenção em mim.
Está usando uma camisa de mangas longas e moletom. O bumbum bonito bem exibido no tecido fino. Me repreendo mentalmente quando o vejo se abaixar para recolher o jornal, evidenciando aquela coisinha maravilhosa em sua parte de trás.
Não é justo esse homem ser tão bonito e ainda ter essa bela bunda.
Bufo para mim mesma, fechando as cortinas antes que ele se vire.
Na sala de jantar, a mesa de café da manhã já está posta. Tem poucas coisas, e sinto falta de vovô na ponta da mesa. Ultimamente temos tido poucos café da manhãs em família e fico ainda mais contrariada quando vejo Bernardo entrar com uma bandeja de queijo e se sentar ao meu lado.
— Cadê os outros? — eu enfio um pedaço de pão na boca enquanto observo Bê cortar uma fatia generosa do queijo amarelado e colocar em meu prato.
— Enzo acordou cedo e foi para a Villa. Fabrízio e Georgio saíram tem uns dez minutos.
— E você?
Bê me olha com jeitinho. — Fiquei para te fazer companhia irmãzinha. Você se lembra que dia é hoje?
Eu franzo o cenho, repuxando em minha mente a imagem do calendarinho em meu quarto. Não me lembro de nenhum compromisso para hoje, por isso encaro Bê com uma interrogação na testa. — Domingo?
Bernardo revira os olhos. — Hoje começa o festival do queijo, Sissa. Temos que ir para a Villa.
— Oh! Mas não está cedo?
— Vai terminar no feriado de 08 de dezembro este ano. — Bê responde. — Não querem tumultuar o natal.
Minha mente se ilumina. A Semana do Queijo é uma tradição em San Pietro. Além de nós, D'angelos, há outra fazenda que também trabalha com laticínios. Vovô e Senhora Stefania sempre organizam uma feira. Uma tradição que tem quase cinquenta anos e já vem desde a época de juventude de ambos os velhinhos. É um festival lindo e cheio de sabores. Tem todos os melhores e mais saborosos queijos de toda a Verona, além dos melhores sabores de vinhos. A vinícola vizinha sempre produz os mais específicos vinhos que combinam com os queijos. Todos adoram e o centro da cidade fica lotada de turistas e moradores locais que saem de suas fazendas na semana do queijo. É uma tradição de interior para pessoas de interior.
— Porque não convida o estrangeiro? — ele questiona chamando minha atenção. Percebo então que estou encarando a comida com mais atenção que o necessário.
— Fui uma idiota com ele. — eu digo a Bernardo como quem explica uma coisa crucial. — É melhor não.
Meu irmão revira os olhos, tirando o guardanapo do colo e colocando sobre a mesa.
— Não sou eu quem vai abrir seus olhos, irmãzinha. — ele sorri minimamente, pousando a mão sobre a minha em cima da mesa — Mas se você não convida seu namorado, eu convido meu amigo.
— Ah, Bernardo, não faça isso! — Eu praticamente gemo segurando suas mãos para mantê-las na mesa.
— Sissa, se você não está apaixonada, isso não vai ser difícil. — Ele abre um sorriso sugestivo.
Estreito meus olhos para ele. — Porque você é um irmão tão ruim?
Bernardo dá uma risadinha e se abaixa, beijando minha bochecha com carinho. — Me agradeça depois, tudo bem. — Ele se afasta e eu reviro os olhos.
Amigo. Penso com desdém. Desde quando Bernardo e Logan tem alguma amizade? Bufo irritada, encarando a mesa enorme e sentindo uma certa preguiça de tirar tudo.
Meu irmão tem razão, porque nós não temos um mordomo e uma empregada nesta casa? Somos ricos!
Bufo, me levantando e recolhendo as peças de louça para levar até a pia. Lavo cada uma delas sentindo uma pitadinha de raiva. É bom que elas ficam limpinhas com o tanto que esfrego.
Porque eu tive que ir falar aquilo para Logan? Agora estou aqui, sozinha. Tudo bem, eu posso ir até lá pedir desculpas. Mas porque é tão difícil dar esse passo? Porque parece que estou carregando tijolos nos pés e que há um mutirão de borboletinhas em meu estômago.
Nunca pensei que fosse tão orgulhosa e tão burra.
Eu termino de lavar a louça e quando volto, Bernardo já está na sala com uma bolsa gigantesca aos pés.
— Só estamos te esperando. — ele diz com um sorriso maroto.
— Você o chamou? — sussurro raivosa, Bernardo assente e eu resmungo. — Isso é traição, Bernardo!
Para meu desgosto, meu irmão só ri da minha cara.
— Vou esperar o tal agradecimento. — Ele pisca. —Tudo bem, lindinha. Agora sobe e pega suas coisas, vamos te esperar na caminhonete.
— Porque não vamos de helicóptero? — eu coloco as mãos na cintura.
Bernardo revira os olhos.
— Porque faço questão de submete-los a seis horas de viagem. — meu queixo caí para sua sinceridade e meu irmão faz um gesto de mãos indicando-me a escada. — Não se esqueça das lingeries. A Villa é um lugar muito romântico!
— Bernardo! — Eu grito da escada, apontando para a porta. Meu irmão solta uma gargalhada que parece mover as paredes da casa e eu não deixo de dar um sorrisinho.
Arrumo minhas coisinhas básicas em uma necessaire pequena e desço as escadas. Bernardo já não está mais no hall, então tranco todas as portas e janelas sozinha. Quando coloco os pés na porta de entrada, eu o vejo.
Logan está muito bonito e sinto uma pontinha em algum lugar dentro de mim. Parece arrependimento.
É isso, estou totalmente arrependida. Mas não vou dizer para ele.
Ele está de óculos escuros e usa uma camisa de mangas curtas branca. O jeans é preto e os cabelos estão totalmente desordenados. O homem é muito sexy, suspiro fechando a porta e ativando o alarme da casa.
Enquanto caminho para fora, Logan me olha profundamente, mas não diz nada. Tenho vontade de agir como uma garota mimada e o mandar embora. Dizer que ele não é bem vindo. Mas ele é. Preciso fazer as palavras verdadeiras saírem da minha boca. Ao invés disso, passo mais de duas horas calada trocando mensagens com Tony. Ela está se recusando a ir no festival desse ano e preciso convence-la que independente de Enzo, ela é da família também.
Eu me deito, sento, estico as pernas, olho para fora, abro o notebook, leio um folheto que achei no banco de trás. Mas não consigo me concentrar em coisa alguma. Quando Bernardo para o carro pedindo para que Logan dirija, ele me empurra para o banco da frente alegando precisar de espaço para esticar as pernas.
Eu o olho enviesada, mas tomo meu lugar no banco do carona. O silêncio entre nós é desconfortável e pesado. Procuro em minha mente qualquer coisa que eu possa dizer, mas estou sem palavras.
Pede desculpas. Diz a vozinha em minha cabeça. Mas essas palavras também não querem sair.
— Sinto muito se te deixei desconfortável. — Logan quebra o silêncio e o encari surpresa. — Eu só estou indo pelo vovô.
Essa doeu.
— Tudo bem. — eu digo debilmente. — Não estou desconfortável com você. Você é... A única pessoa com quem nunca me senti desconfortável.
Logan solta o ar, me olha e volta para a estrada. Não obtenho nenhuma resposta sua. Então o imito. Olho para a paisagem da estrada que passa por nós. Ainda temos duas horas no carro. Em silêncio. Bernardo ronca falso no banco de traz e eu sinto uma vontade de bater em meu irmão como nunca tive.
Silêncio.
É tudo que tenho e nesse momento, é tudo que não quero. Logan está me ignorando e mesmo quando chegamos a província e ele não sabe o caminho, tudo que temos são breve conversas indicatórias. Quando Logan decide que é melhor que eu dirija, nem isso temos. Eu dirijo em silêncio, ele permanece em silêncio e Bernardo atrás finge dormir ou dorme agora também em silêncio.
San Pietro está lotada, como o imagino. Há muitas pessoas e a via principal está interditada com um longo caminho de barracas e tendas.
— Me desculpa! — eu solto frustrada, como um lamento. Olho para Logan e ele parece surpreso com meu rompante. Provavelmente me acha uma louca nesse momento. — Fui uma idiota e eu não devia ter duvidado de você. Eu não deveria ter dito aquelas coisas e você não me incomoda.— eu olho para a estrada e suspiro. As primeiras casinhas começam a surgir novamente e esse lado de San Pietro estava muito mais calminho. Em seu fim de tarde, havia muitas crianças brincando e idosinhos fofocando na rua. — você mudou tudo para mim também, Logan. — olho para ele rapidamente e ele me observava com atenção. Continuo a falar, ainda que com um pouco de vergonha. — Eu... Nunca senti essas coisas por alguém antes. E é horrível passar cinco horas com você sem conversar, eu sinto muito Logan, eu só estava...
— Com medo.
Eu o olhei, surpresa e ele me dá um sorriso pequeno, reconfortante.
— É, eu senti medo... De confessar estar apaixonada. De... me apaixonar.
Eu pego a estrada que vai para a Villa e enquanto passamos em frente a construção gigantesca do hotel, eu viro a estrada paralela para irmos direto para a mansão.
— Sissa...
— Aqui fica o hotel D'angelo. — Bernardo surge atras de nós, assustando a nós dois. — Desculpem, eu estava bem satisfeito com a interação de vocês, mas estamos chegando. É melhor não deixarem vovô perceber o clima. — ele dá um sorrisinho e eu bufo irritada.
— Bernardo você tem que parar com isso.
— Sou seu irmão favorito. — alega ofendido levando a mão ao coração.
Ouço o riso de Logan e não posso deixar de sorrir. Entro pelo portões majestosos da Villa, pegando a entrada principal. Logan está de boca aberta observando ao redor.
— É lindo, não é? — eu digo enquanto estacionado em frente a casa, entrego minhas chaves para um dos empregados e outro pega as malas dos meninos. — Ali fica a produção dos laticínios. — eu aponto na direção dos galpões gigantescos. — Há muito tempo que produzimos leites, queijos e outros produtos. Tudo natural e de melhor qualidade. — conto orgulhosa. — nosso queijo é o melhor que você vai experimentar. E ali, ficam os animais, temos uma variedade linda de cavalos. Vovô sempre gostou e sempre quis cuidar dos velhinhos, pegou muitos animais que foram abandonados a própria sorte, e cuidou de seus filhinhos também.
Logan sorri e eu também. — Isso é a cara do Lorenzo.
Eu rio e assinto. As cadelinhas vem até nós e eu sorrio me abaixando. Logan também se abaixa e elas se apresentam toda bonitas lambendo-o e pulando ao seu redor.
— Essas são as mais novas mamães da fazenda. Jojô e Lily. — Eu apresento e aponto para mais uma direção. — Ali ficam a casa dos empregados. E aqui na frente, onde estamos, é a casa principal. Vem, entra.
Eu pego sua mão, puxando-o para o interior da mansão, Logan olha ao redor admirado e eu sorrio para que ele se sinta em casa. Na porta da mansão, Logan olha para as nossas mãos e eu entrelaço os meus dedos ao dele.
Ele sorri também e meu coração acelera, meu sorriso aumenta. Então isso quer dizer que eu estou apaixonada?
Bem, se for. Eu gosto.
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Oi gente! Tudo bem com vocês? ♥
Dei uma pausa no estudos (pra quem não sabe, eu estou na semana de provas e não tá fácil haha) mas eu vim aqui postar o capítulo para vocês. Devo dizer, ele não tem grande coisa, mas eu espero que vocês gostem mesmo assim. O próximo tem muito romance da Sissa e do Logan na linda Villa D'angelo. ♥
Me desculpem pela demora, prometo que vou tentar voltar antes do sábado que vem para compensar!
Meninas, vocês às vezes comentam nos capítulos para que eu as adicione no grupo, porém, o wattpad parece comer esses comentários e quando eu vou procurar, nunca acho! Por favorrrr, quando quiserem entrar no grupo, mandem mensagem no privado para mim. Eu respondo rapidinho e coloco vocês lá. ♥
Ps: Me desculpem por não responder os comentários. Vou pegar um dia e responder todos. Mas saibam que eu leio e amo o carinho de vocês por essa história. Bem, é por vocês que eu escrevo. Todo esse amor e incentivo me faz ver que eu posso realmente fazer algo que as pessoas gostem. E fico muitíssimo feliz de ver que vocês se sentem lendo essa história, como eu gostaria que se sentissem. Uma dose de amor para esquecer todos os problemas. ♥
É isso, muito obrigada de verdade!
Fico muito feliz porque estamos em 34K. Só que mais que um número, isso quer dizer o carinho das leitoras. Obrigada a todas (os).
Ps²: Entrem no grupo, amores. ♥♥
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