Capítulo 07.


Se tiver algum errinho, por favor, me avisem gente. <3 Espero que gostem. Esse cap tá cheio de mistérios. Haha Deixem suas opiniões. 

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O casamento foi lindo, os noivos eram um casal divorciados e todos os seus sete filhos estavam juntos no altar, eu me derreti durante a cerimônia, igual vovô que estava todo emocionado com os detalhes. A decoração estava linda e parecia uma cena de filme, acho que o jardim do hotel nunca esteve tão bonito para um casamento.

Quando fomos felicitar os noivos, ambos nos agradeceram e elogiaram o hotel até ficarmos ainda mais emocionados.

Eu amo o balé, mas não posso negar que também tenho um amor especial por essa terras em San Pietro. O hotel e a fazenda, nossos animais, eu tenho uma admiração incrível pelo império que bisavô Vincenzo criou, nossos produtos são em seus noventa porcento naturais, vindos da fazenda em que estamos agora. Tudo é um verde até onde os nossos olhos podem alcançar e eu sempre vinha para cá quando criança para me sentar embaixo do maior limoeiro que existe em San Pietro. Ele está por aqui muito antes que eu nascesse e suas raízes são tão altas que é possível até se sentar sobre elas. É bem impressionante um limoeiro crescer tanto assim e toda a cidade cuida para que ele permaneça saudável e forte.

Eu me aproximo do estábulo, onde se encontra Malhado — meu garanhão que é negro mas peculiarmente tem a crina branca como leite — com quatro anos eu não era muito original, mas o nome, de qualquer forma ficou esse, mesmo depois de adulta.

— Oi Luca. — Eu aceno para o cowboy que está mexendo em alguns dos cavalos. Luca é um pouco mais velho que eu, lindo, sexy e deixa todas as mulheres da fazenda de pernas bambas. Meus irmãos não gostam muito dele, mas é de se supor que eu e Tony apreciávamos muito da sua companhia, uma pena que o coração de Luca sempre teve dona. A melhor amiga de infância que cresceu junto de nós aqui na fazenda.

— Oi Sissa! — Ele se aproxima, tirando o chapéu e me dando um beijo no rosto. — Não sabia que estava por aqui. — Os olhos castanhos me encaram com carinho e eu sorrio abertamente. Luca nunca se importou quando eu e Tony dávamos risadinhas na adolescência, observando-o descaradamente — ainda que achávamos ser discretas. Acho que o homem sabe que é bonito e entende que nem todas as mulheres podem lidar com isso.

— Chegamos tem pouco tempo. Vovô veio ver o casamento do hotel.

Luca abre ainda mais o sorriso.

— Ah sim! A cidade está uma loucura. O casal estava enlouquecendo todos.

Eu rio, aproximando-me da baia de Malhado e fazendo um carinho em suas orelhas — Verdade? Puxa! Ainda bem que tudo deu certo. Gostei deles.

— São boas pessoas. — Concorda o cowboy. — Quer que eu o prepare pra você?

— Por favor, Luca. — Eu peço me afastando e prendendo os cabelos em um rabo de cavalo. Eu ganhei Malhado quando tinha quatro anos, vovô o trouxe para mim ainda quando era um potrinho, bem bravo por sinal. Meu cavalo não gosta de muitas pessoas, somente eu e Luca talvez. Eu e ele sempre tivemos uma ligação especial e diferente, e já Luca por ser seu cuidador na maior parte do tempo.

Eu agradeço a Luca quando ele me ajuda a montar em Malhado e começo a cavalgar lentamente, para depois ir ganhando velocidade.

Há muita coisa para se ver na fazenda e na vila, algumas casinhas ao norte, onde moram os empregados da lida diária, outras maiores no sul, ao lado da mansão, os galpões de produção de laticínios no oeste e onde eu estava indo agora, onde só existia o verde puro e o vento no rosto. O meu cavalo adora a sensação tanto quanto eu, é libertador, indescritível.

Penso em Logan, que havia me deixado esperando e sem nenhum tipo de aviso. Será que ele me procurou? Teve algum imprevisto e não pôde me acompanhar? Ou será que só não quis? Minha mente se enche de dúvidas e eu não gosto muito disso. Não gosto da forma como minhas mãos suam perto dele ou de como eu fico meio lerda, não sei, tem algo de diferente nele, mas também tem algo estranho. Ele acabou de sair de um noivado, é certo que se arrependeu do quase beijo. E fico feliz por ter sido quase, acho que eu ficaria de fato chateada se houvesse sido um beijo de verdade e no dia seguinte Logan não me desse nenhuma explicação ou notícia.

Me repreendo mentalmente, eu não sou esse tipo de garota que perde tempo pensando baboseiras sobre um cara que eu mal conheço. Já tive exemplos suficientes com os idiotas dos meus irmãos.

Assim abafo todo e qualquer pensamento que venho a ter sobre o estrangeiro e aumento a velocidade da cavalgada, deixando que Malhado exercitasse os músculos e que o sorriso bonito de Logan Howell saia da minha cabeça.

Quando volto para a mansão, me surpreendo ao ver o carro de Enzo estacionado em frente a propriedade, eu entro procurando com os olhos onde eles estão e os gritos denunciam imediatamente que meu irmão está no escritório. As portas de vidro estão fechadas, mas ainda eu posso ouvir uma coisa ou outra. Me espremo contra a lateral da porta, longe dos olhos mas perto o bastante para ouvir uma coisa ou outra.

— Quero isso agora! — Grita Enzo e acho que está no telefone. Posso ver sua sombra andando de um lado para o outro do escritório. — Quero ele longe dela! — É o que ele diz, sem civilidade alguma. Meu queixo cai, já que nunca vi Enzo expressar muita coisa além do tédio e a impaciência. Principalmente, nunca o vi ser tão mau educado com ninguém, meu irmão exibia uma polidez até irritante. — Não, eu já disse. Não, quero ele longe. Não me importa, quero que você dê um jeito. Não, não sei que jeito você vai dar. Eu te pago para isso. Merda! Faça o que eu estou mandando. — Dou um pulo quando um estrondo alto soa do lado de dentro.

— Enzo... — A voz do vovô é até calma e fico ainda mais desconfiada. O que havia deixado Enzo tão irritado? E quem é essa tal de ela? Uma amante ou namorada será?

— Como você permitiu, vovô? Isso é sua culpa!

— Enzo D'angelo, ainda sou seu avô e exijo o devido respeito. — Outro barulho soa e quase posso ver vovô batendo as mãos na mesa de madeira. Poucas vezes o vi tão bravo, mas o Enzo aparentemente o tirou do sério de verdade. — Precisamos contar.

— Não. — Nega Enzo imediatamente e me espremo na porta para ouvir mais, mas Enzo começa a falar muito baixo. Bufo e reviro os olhos quando Mercia passa por mim lançando um olhar repreensor. Faço um sinal de silêncio para ela e volto a me espremer na porta.

Perco boa parte da conversa e quando as sombras se intensificam, eu corro para o sofá, me jogando de qualquer jeito e colocando o celular na orelha.

— Então, Tony... Enzo! — Eu me faço de surpresa. — Já te ligo amiga. — Enfio o aparelho no bolso e fico aliviada quando meu irmão nem desconfia. — O que faz aqui?

Enzo passa os dedos pelos cabelos, parecendo nervoso. Ele está só com a camisa social, só então reparo no terno jogado sobre a guarda do sofá, as mangas da camisa arregaçadas e a gravata esquecida em seu bolso direito. Tão estranho ver Enzo nervoso assim.

— Você deveria ter me avisado que saiu. — Ele diz me puxando para um abraço sem jeito e desesperado. — Fiquei preocupado.

— Eu... — O que?!

— Olhe, não quero que se alarme, mas vou pedir a Giovanne e Galieno para ficarem com você por um tempo.

— O que está acontecendo Enzo? — Meu irmão fica em silencio, solta o ar e nunca o vi parecer tão cansado. — Vovô?

Vovô abre a boca, mas Enzo lança a ele um olhar duro e vovô volta a fechá-la antes de dizer qualquer coisa.

— O que estão escondendo de mim?

Certo. A Ela era eu. Não sou nada burra e já entendi. Mas porque?

— Recebi algumas ameaças na empresa, só isso. — Responde Enzo em uma clara mentira. Enzo não sabe, mas ele enruga a ponta do nariz quando mente, só quem o conhece muito bem poderia saber disso, seus olhos não o traem de forma alguma. — Colocarei um ou dois com os meninos também. — Enruga a ponta do nariz novamente e eu assinto, desconfiada.

Se eu o confrontar, ele não irá me contar nada e só ficará mais esperto. Mas eu acabarei por descobrir o que está acontecendo e do que Enzo tem tanto medo por mim.

— Me liguem se precisar de algo... — Enzo pega o terno, afastando-se de mim. Olha ao redor e suspira novamente. — É bom que esteja aqui, pelo menos. — Deixa um beijo em minha testa e sai porta afora.

— Vovô? — Eu digo tirando meus olhos Enzo. — Desembucha.

— Escute seu irmão, Alessia. — É o que vovô Lorenzo diz, dando-me as costas também. — Ficaremos aqui mais hoje e amanhã voltamos.

Meu queixo cai vendo ele subir as escadas silencioso. — O que? — Digo para mim mesma. Que diabos estava acontecendo, afinal?

Naquele dia vovô não apareceu para o jantar, também não solicitou que Mercia levasse para ele bandeja alguma. Se enfurnou em seu quarto e nem se quer me deu 'boa noite'.

— O que há com seu avô? — Ela questiona enquanto eu estava sentada na bancada comendo uma fatia enorme de torta de uva. Havia um vinhedo na vila vizinha e vovô sempre encomendava algumas caixas de uvas frescas para nós, então sempre tinha vinho, torta e sucos de uvas em casa.

— Ele e Enzo tiveram uma discussão hoje de tarde, pelo que eu vi. — Respondo entre uma garfada e outra. Meus olhos focam em Mercia, ela sempre sabe de tudo, mas é impressionante como parece confusa nesse momento. Talvez seja verdade de Enzo e seja algo que veio lá de Verona, do contrário, Mercia saberia. Ela sabe tudo sobre as fofocas de San Pietro e da Vila D'angelo. — Enzo até colocou Giovanne como meu segurança.

— Oh, isso é estranho. — Ela reluta. — Tempo integral?

— Pelo que eu entendi, sim. — Assento meio a contra gosto. — Odeio seguranças. Achei que Enzo tinha abandonado essa ideia de vez quando eu tinha quinze anos.

— Ah, querida! — Ela segura a jarra de leite, depositando mais um pouco em meu copo. — Para Enzo tomar essa decisão, deve ser sério.

— Sabe de algo, babá? — Questiono me inclinando para ela.

Mercia fica pálida, séria, mas se recompõe rápido. Dá de ombros e desvia os olhos. Mentirosa também.

— Não senhorita. — Nega de forma dura. — E não me meta em encrencas.

— Vou descobrir. — Decreto a ela enfiando outra garfada de torta na boca.

Minha babá suspira, parece lamentar por algo, fico com um verdadeiro receio de que fosse por mim. — É melhor não mexer nisso, Alessia.

— Porquê?

— Porque querida, quando está para chover... Despenca. — Ela me dá um beijo na testa e se vira saindo da cozinha.

Mercia sempre diz isso, quando algo ruim acontece, outras várias coisas ruins a acompanham. Suspiro, desistindo da torta e seguindo para o quarto.

A semana seguinte passou voando. Tive que dar alguns telefonemas para avisar a todos que estaria fora durante aqueles dias, mas foi bom. Pude dar atenção aos animais, Jojô e Lily, as duas cadelinhas que agora eram mamães de dezoito filhotinhos. Cada uma deu cria a nove bebês e eu só sentia muito por Brutos, que era o pai dos dezoito, fui junto de Luca para San Pietro, colocamos alguns anunciamos que estaríamos doando os bebês e as crianças adoraram. Preparei um evento de feirinha na fazenda e até Mercia gostou de ter a casa recheada de crianças. Elas se divertiram além da conta e escolheram todos os seus bebês. Tive tempo de sobra para ler livros, visitar os amigos e participar de alguns encontros beneficentes da comunidade, além é claro, de cavalgar e comer amoras nos jardins. Na sexta-feira, eu já estava com saudade de casa e sentia que era hora de voltar, por isso bati o pé e fiz vovô arrumar todas as malas, mas foi com surpresa que recebi a notícia que ele não voltaria.

— Agora o senhor está louco. — Eu resmungo cruzando os braços e encarando a vovô Lorenzo.

— Me respeite, viu menina? — Ergue o dedo em riste para mim. — Vou ficar mais essa semana, na próxima você volta me buscar.

Bufo, pegando minhas coisas e jogando-as no banco de trás da caminhonete. — Mando o motorista vir, vovô.

— Você, senhorita.

— Vovô! Não seja ridículo. O que está havendo?

Vovô Lorenzo revira os olhos, pegando minhas mãos. — Acho que precisamos todos voltar a estar mais próximos das nossas raízes, sim? Então todos vamos passar mais tempo aqui na vila.

— É muito contra-mão, vovô.

— Não ligo. Vá e quando voltar traga seus irmãos. — Ele me beija a bochecha e em seguida empurra-me para o carro. — Não sou criança. Vai.

— Mas vovô...

— Eu cuido dele, Sissa! — Pisca Mércia com um sorriso e tenho a impressão de ver vovô corar. — Pode ir.

Eu sorrio, encarando a vovô com malícia. — Hum, entendi agora vovô.

— Não seja besta. — Ele diz gesticulando novamente.

— Já entendi, já entendi. Estou indo. — Eu dou partida e aceno para ambos, saindo em direção a estradinha que leva a saída da fazenda. Pelo retrovisor, posso ver vovô brigar com Mércia e a mesma revirar os olhos e sorrir, beliscando sua bochecha.

Vovô sem vergonha, não é que tem mesmo bom gosto?

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