| Capítulo 25 | O quão alto pode voar com as asas quebradas?
Subitamente, os olhares curiosos voltaram-se para mim. O silêncio dominou o cômodo, como se aguardassem que minha voz fosse o ponto de partida. Engoli seco. A angústia instalou-se como uma névoa, obscurecendo as palavras que deveriam compor meu discurso.
Respirei fundo.
— Eu sei que vocês sempre confiaram em mim... mas eu preciso dizer que... — minha voz vacilou, carregada de incerteza.
Minha mãe franziu o cenho, o rosto carregado de preocupação.
— Filha, você está me assustando — disse, hesitante.
— Eu menti pra vocês. Me perdoem — as palavras escaparam trêmulas, quase abafadas pelo nó em minha garganta.
Meus olhos começaram a marejar. Fechei-os com força, numa tentativa de impedir qualquer lágrima de se rebelar.
— Vocês sempre se dedicaram tanto a mim e à Flavia... Mas eu falhei. Sei o quanto foi difícil para o pai conseguir minha bolsa integral, mas, no final, joguei tudo pelos ares. Juro que tentei encontrar minha vocação: fui às aulas, fiz as atividades. Mas foi em vão — minha voz fraquejou. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, lenta e inevitável. — Só prestei o vestibular para Relações Internacionais porque me sentia pressionada a escolher algo para o futuro. Não queria ficar para trás.
Minha mãe levantou-se de imediato, cruzando o espaço entre nós.
— Não queríamos que você carregasse esse peso, minha filha. Sempre te apoiamos, em tudo. Essa fase é turbulenta, mas passa. — Ela me envolveu em um abraço firme, acolhedor. Permiti, então, que minhas emoções fluíssem livremente. — Lembre-se: não é o fim do mundo. Você só tem dezessete anos — murmurou com doçura.
Nos desvencilharmos, e meu pai arrastou a cadeira antes de se levantar.
— De que adiantaria cursar algo que você não gosta, só para dizer que entrou na faculdade? Chegaria um momento em que desistiria, filha.
— Eu tinha certeza de que vocês ficariam desapontados comigo. Sempre me incentivaram a me dedicar nos estudos — confessei, limpando os olhos com as costas das mãos.
— Mas você passou nos vestibulares das universidades privadas...
— Mas reprovei na primeira fase da pública! — interrompi, com a voz carregada de frustração.
— Ei, me escute — pediu minha mãe. — Ainda temos o resultado do ENEM. Quem sabe até lá você não se identifica com alguma área? Talvez consiga usar os programas do governo para ingressar na universidade.
Meu pai suspirou e ajeitou os cabelos pretos antes de falar:
— Mesmo que você escolhesse o curso dos seus sonhos, sabe que nossas condições financeiras não estão boas. Ontem à tarde, sua mãe e eu fizemos as contas com o valor do seguro-desemprego. A quantia só nos sustenta por mais alguns meses. E o salário dela, infelizmente, não é suficiente para arcar com tudo.
— Ele está mandando currículos para outras empresas, mas, até agora, nenhuma resposta — acrescentou minha mãe, ajeitando o nó do robe rosa-claro.
Uma espécie de alívio começou a se espalhar pelo meu peito, amenizando a tensão que me consumia. Contudo, a situação financeira da família reacendeu meus pensamentos em uma coreografia que, lenta no início, logo se agitava.
— Talvez minha indecisão ainda não tenha fechado todas as portas — murmurei.
— O que quer dizer com isso? — indagou minha mãe.
— Assim que eu fizer dezoito anos, em abril, vou procurar meu primeiro emprego. Quero ajudar nas contas.
O passar dos dias parecia suavizar as expectativas para o ano que estava prestes a começar. 2017 surgia como uma promessa velada, um futuro a ser pavimentado, uma linha de largada que se aproximava lentamente, pronta para ser cruzada. E lá estava eu, encarando minha nova trajetória, carregando a certeza de experiências inéditas e o receio que vinha embutido na bagagem.
Meus primeiros passos nessa jornada foram marcados pelo resultado do ENEM, que me abriu apenas uma porta: uma bolsa de 50% pelo ProUni em uma universidade privada. Porém, o valor restante da mensalidade ainda estava além das condições da minha família.
Embora essa etapa não correspondesse às minhas expectativas, um consolo teimoso se instalou, sustentando o pouco de esperança que me restava. Não havia como esconder por muito tempo a revelação sobre minha nova jornada. Logo, as novidades começaram a ser compartilhadas entre os colegas que, como eu, haviam se formado no terceiro ano.
Diante da tela do notebook, participava de uma chamada de vídeo com a Lu e o Marcelo. Nossa conversa se estendeu pela tarde, cheia de lembranças e risadas, frutos de uma amizade sincera e encorajadora.
— Caramba, nem acredito que amanhã vou embarcar para Portugal! — comentou Marcelo, com um sorriso que transbordava empolgação. — Parece que os meses passaram num piscar de olhos.
— E assim seguimos trilhando nossos caminhos. O que não podemos fazer é perder contato — Lu alertou, com um olhar firme.
— Claro que não! Por mais que nossa rotina mude, não deixaremos isso ser motivo para abandonar a amizade — ele garantiu.
— Ah! E daqui a quatro anos, não se esqueça de voltar para o Brasil. Quero você na minha formatura e na da Lana, viu? Né, amiga? — chamou-me, esperando minha resposta.
Suspirei, tentando relaxar os ombros tensos.
— Lana, tá tudo bem? Você não parece animada — Marcelo notou, seu tom de voz carregado de preocupação.
— É que... não vou fazer faculdade este ano. Na verdade, nem sei quando — desabafei, sentindo o peso das palavras finalmente saindo de mim.
Lu arregalou os olhos, e Marcelo ficou visivelmente surpreso.
— Como assim?! — minha amiga disparou, perplexa. — Você disse que as aulas do Gael te ajudaram e que iria cursar Relações Internacionais!
— Eu ia contar na festa, mas a música começou, fomos dançar e depois disso tivemos pouco contato por causa das festas de fim de ano. A verdade é que não encontrei minha vocação. E, pra piorar, meu pai foi demitido da empresa. Sem escolha e sem grana, não tem como.
— Isso é tão injusto... — lamentou Marcelo, balançando a cabeça.
— Sinto muito, amiga — disse Lu, com um olhar compassivo. — Mas um dia você vai descobrir do que gosta, e tenho certeza de que se sairá muito bem.
Sorri diante da tela. Àquela altura, o peso no meu peito começava a se dissipar.
— Assim que eu fizer 18 anos, vou procurar um emprego. Quero ajudar nas despesas de casa e guardar dinheiro para a faculdade.
— É uma boa alternativa. Pelo menos você vai ganhar experiência — concordou Marcelo.
— No início, fiquei muito chateada, mas agora já me conformei. Essa pressão para decidir o futuro é horrível, principalmente para nós, adolescentes.
Ambos assentiram em concordância.
— Lana, você não é obrigada a fazer faculdade agora. A vida não é uma corrida, e ninguém está atrasado. Lembre-se disso — Lu aconselhou com firmeza.
Soltei uma risada leve.
— Vocês e meus pais sempre me surpreendem com os conselhos.
A conversa continuou, desdobrando-se em outros assuntos e prolongando nosso encontro virtual. Quando a chamada finalmente terminou, permaneci olhando para a tela do notebook por alguns segundos, absorvendo o que havíamos compartilhado. Cada riso, história e plano pareciam uma despedida silenciosa daquilo que fomos no ensino médio.
Ao mesmo tempo, uma pontada de saudade atravessou meu coração — não apenas do que vivemos, mas da segurança de saber que sempre estaríamos juntos.
Fechei o notebook com um sorriso melancólico. É estranho sentir tantas coisas ao mesmo tempo: tristeza pela despedida, gratidão por tudo o que construímos e um desejo ardente pelo que está por vir. E, por mais que sigamos caminhos diferentes, as memórias criaram raízes profundas, eternamente entrelaçadas.
Ainda faltava um mês para que eu chegasse à maioridade, e decidi aproveitar esses dias. Tinha acabado de concluir o ensino médio, e o que me restava era esperar para dar o primeiro passo na minha nova trajetória. Durante esse tempo, mantive contato com Elisa por mensagens e até fomos ao shopping algumas vezes. Afinal, precisava me certificar de que seu progresso estava constante. As respostas que ela me dava eram sempre positivas, e suas fotos nas redes sociais mostravam uma transformação admirável.
Passar o dia todo em casa tornava minha rotina monótona. Logo percebi que precisava me ocupar de alguma forma, então me dediquei à leitura, assisti séries e explorei algumas videoaulas sobre empregabilidade.
O dia 14 de abril finalmente chegou, trazendo a tão aguardada maioridade e com ela as felicitações pela chegada dos meus dezoito anos. Cada gesto e palavra de apoio que recebi aqueciam minha motivação, prometendo fazer faíscas cintilantes surgir à medida que eu avançava.
Afinal, eu só queria continuar brilhando.
Uma semana depois, ao final do dia, decidi verificar as vagas de emprego disponíveis num site. Foi então que minha concentração foi interrompida pela chegada da minha mãe.
— E não é que você está empenhada mesmo? — ela comentou, sorridente.
Virei a cadeira giratória para encará-la.
— Encontrei algumas vagas que se encaixam no meu perfil, mas a maioria exige experiência... e eu não tenho. — Bufei, insatisfeita. — Será que vai dar certo?
Ela se sentou na beira da cama da minha irmã.
— Isso é normal, o primeiro emprego é sempre difícil. Mas existem muitos lugares que contratam sem experiência. Todo mundo precisa de um empurrãozinho para começar.
Me espreguicei na cadeira.
— É, vendo por esse lado, talvez não seja tão difícil assim.
— E aí, conseguiu encontrar muitas vagas? — indagou, curiosa.
Gesticulei para que ela se levantasse e fosse até a escrivaninha. Ela deu alguns passos e começou a visualizar a tela do meu notebook.
— Selecionei algumas que exigem o ensino médio completo. Se desse tempo, eu iria ao RH hoje, mas já está tarde. Vou deixar para fazer isso na segunda-feira.
— E seu currículo já está pronto?
Cliquei com o mouse e abri o arquivo no Word.
— Levei dias pra fazer isso. Bem que poderiam ensinar nas escolas... — admiti.
— As informações estão bem completas. A meu ver, estão de acordo com os padrões — ela constatou, observando atentamente a tela.
— Pelo que vi, é para levar o currículo, RG, CPF, Carteira de Trabalho e... — pausei, tentando lembrar de mais algum item.
— Falta o histórico escolar — ela completou.
Bati a palma da mão na testa.
— Cacete, como pude esquecer?
— Vá ao colégio na segunda-feira de manhã. Depois do almoço, você vai ao RH — sugeriu.
— Boa ideia. Vou fazer isso.
Ela colocou as mãos em meus ombros, num gesto de apoio.
— Vai dar certo. Agora, preciso ir, vou buscar sua irmã no colégio — avisou.
Suspirei e fechei a tampa do notebook, encarando-a.
— Tem que dar certo — murmurei.
O atendimento ágil facilitou a retirada do documento, diretamente da secretaria do colégio. Logo que deixei o bloco onde funcionava o setor administrativo, um sentimento de melancolia dominou minhas emoções, de modo que reprisava os momentos que foram construídos ao longo do ensino médio, enquanto caminhava vagarosamente pelas instalações da instituição.
Como as turmas estavam em horário de aula, o ambiente estava pacato. Apenas ouvia o misto de vozes ecoarem, vindo da quadra de esportes que ficava mais à frente. Até que, em certo momento, meus passos revelaram a presença de duas figuras conhecidas que estavam em frente à entrada do refeitório. Movida pelo anseio de interagir com elas, apressei o ritmo da caminhada até que pudesse alcançá-las.
— Lívia, Dani! Que bom ver vocês! — exclamei, animada.
As duas viraram para trás simultaneamente.
— Alana?! — Lívia indagou, surpresa. — O que faz aqui?
Cumprimentei as duas com um abraço repentino.
— Fui buscar o histórico escolar, pois vou procurar um emprego — expliquei.
— Que legal, te desejo muita sorte nessa etapa — Dani disse, sorridente.
— E aí, como estão indo no terceiro ano? — perguntei, no intuito de prolongar a conversa.
— Até que tá de boa — a jovem mais alta respondeu, o tom de voz apático.
— Confesso que o começo desse ano não está sendo muito bom pra nós — Dani respondeu.
Franzi o cenho, confusa.
— Eu sei que pode assustar por causa dos conteúdos e da pressão para prestar o ENEM e vestibular, mas vocês vão se sair bem e...
— Lana, não é sobre o terceiro ano. É sobre a Elisa — Lívia me interrompeu.
Um aperto se instalou no meu peito. Arregalei os olhos.
— Como assim? O que aconteceu? — indaguei, preocupada.
— É muita cara de pau dela não contar pra você. — Dani bufou e cruzou os braços.
— Não sabemos muito bem o que aconteceu, mas de março pra cá ela se afastou da gente só pra ficar de amizade com a Beatriz e a Mariane.
— As ridículas de quem não gostamos — completou a jovem de cabelos cacheados. Depois, revirou os olhos.
— Sem falar que a falsa da Elisa ainda teve a coragem de discutir com nós duas, dizendo que falávamos mal dela pelas costas. Ela preferiu acreditar em um monte de baboseiras e agora está lá com suas novas amiguinhas.
— Certeza que foi por causa da nova aparência dela — Dani constatou. — Aquelas garotas não são flor que se cheire. São umas fúteis e interesseiras, só se aproximam de pessoas que são bonitas ou que ganham várias curtidas.
Fiquei boquiaberta com a revelação.
— Eu não esperava isso dela — murmurei, chateada.
— Lana, por favor, converse com ela — Lívia implorou. — Vocês também são próximas, tenho certeza que ela vai te ouvir.
— Estamos na aula de educação física, viemos até o refeitório para comprarmos as fichas dos lanches com antecedência. Elisa está no banco reserva com as meninas. — Dani apontou com o dedo indicador em direção ao local.
Assenti com a cabeça e me desloquei em passos urgentes.
Um turbilhão sacudia meus pensamentos, de modo que as palavras se tornaram escassas. Depois de tanta dedicação, não podia deixar que tudo fosse jogado ao abismo, e que a iluminação conquistada fosse coberta por sombras que levamos tempo para afastá-las.
Me aproximei da quadra de esportes e, por meio da rede de proteção, avistei sua figura, conforme Dani havia mencionado.
Elisa estava ali, com sua presença marcante, mas não era dela que eu estava preocupada naquele momento. Beatriz foi quem realmente me chamou mais atenção. Tinha uma estrutura corporal impecável, com traços que, apesar da juventude, exalavam uma força silenciosa. Seus cabelos longos, lisos e pretos caíam com precisão sobre os ombros, como um manto que acrescentava à sua presença algo de imponente. Mariane, por outro lado, chamava atenção com seus cabelos loiros impecáveis e a maquiagem pesada que acentuava sua beleza de maneira quase teatral. Seu rosto, realçado pelos tons fortes, parecia criado para impressionar, mas a superficialidade de sua aparência revelava pouco do que estava por trás.
Sem esperar muito, decidi chamá-la em voz alta. Assim que ouviu, seu movimento repentino fez seus olhos transparecerem uma empolgação imensa.
— Nossa, que surpresa encontrar você aqui! — exclamou, sorridente. Em seguida, levantou-se e saiu da quadra para me encontrar do lado de fora.
Optei por um cumprimento breve, pois sua atitude causou certo desgosto. Reparei na sua estrutura corporal, a qual revelava uma perda gradual de peso, mas optei por não comentar sobre.
— Ficou com saudades do colégio e resolveu fazer uma visita? — brincou.
— Só vim pra buscar o histórico escolar. Hoje mesmo vou ao RH para tentar conseguir um emprego.
Ela direcionou os olhos para a pasta personalizada do colégio. Em seguida, concordou com a cabeça.
— Preciso conversar com você. Vamos para um canto mais reservado — pedi.
Elisa arqueou as sobrancelhas e se recusou a dizer algo.
Um pouco distantes da quadra, encarei seu semblante e juntei as mãos, em busca de reunir as primeiras palavras.
— A Lívia e a Dani me contaram o que aconteceu. Sério, tô muito desapontada com isso — confessei.
Ela suspirou e relaxou os ombros.
— E você vai acreditar nelas? — disparou. — A verdade estava debaixo do meu nariz fazia tempo, mas só eu é que não via. Às vezes me pergunto como pude ser tão burra a ponto de confiar nelas.
— Elas são suas amigas, não é justo o que está fazendo — retruquei.
— Você acha que é justo elas terem sido falsas comigo o tempo todo? Acorda, Lana! Foi até bom que a Bia e a Mari resolveram me alertar, e agora tenho amizades verdadeiras. Tudo está indo maravilhosamente bem, graças a sua ajuda que me fez ficar bonita, agora as pessoas estão me notando... pela primeira vez!
Minha mandíbula apertou. Tentei conter ao máximo o agito das minhas mãos.
— Não foi nada disso! — discordei, em voz alta. — Eu só queria que você fosse mais autoconfiante e com o amor próprio fortalecido.
— Como se eu precisasse dessas coisas. — Riu num tom de deboche. — Olha só pra mim, estou vivendo minha melhor fase, finalmente sinto que estou me encaixando em algo.
Senti um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras.
— Quer saber? Continue com essa escolha ridícula, que um dia você vai quebrar a cara. Está cometendo um erro terrível e nem percebe.
Elisa cruzou os braços e bufou.
— Achei que você fosse ficar feliz com a minha mudança, mas não passa de outra pessoa invejosa — rebateu.
Aquelas palavras provocaram um choque, uma incredulidade que fazia ecoar repetidamente em meus pensamentos, como se buscassem se fixar em um lugar já vulnerável. Minhas pulsações aumentaram, despedaçando de maneira tão amarga uma relação de companheirismo.
— Eu sempre busquei o melhor pra você — lamentei. — E no final de tudo, levou ao pé da letra... e agora você trata com indiferença as pessoas que te apoiam. Isso não é atitude da verdadeira Elisa.
Meus olhos umedeceram e respirei fundo, a fim de impedir o acúmulo da melancolia.
— Agora sou outra Elisa, e é melhor vocês se acostumarem com isso.
Era impossível rebater em algo que mostrava-se tão resistente. Por isso, resolvi guardar as palavras que prolongassem a discussão. Afinal, minha força não estava em condições para combater.
Nossas vozes se ausentaram e ela ainda permanecia imóvel. Em questão de segundos, o professor sinalizou em voz alta que a aula havia findado e orientou os alunos a voltarem para a sala.
— Só... pense bem no que você está fazendo — murmurei.
Não houve palavras por parte dela, apenas um gesto de retirada, e assisti ao seu distanciamento a cada instante. Fiquei cabisbaixa, suspirei e meus passos deram início a uma caminhada vagarosa e descontente.
Ter me deparado com sua nova imagem e atitude era como se fosse atingida por abalos ininterruptos, a ponto de causarem rupturas que não sabia se teria restauração. Apenas aceitei os estragos, enquanto o sentimento de mágoa dominava meu semblante. E em pouco tempo, minhas emoções também se reuniram em forma líquida, prestes a transbordar dos meus olhos.
— Espera, Lana! — gritou uma voz conhecida de longe.
Interrompi a caminhada e virei-me para trás, no aguardo dela me alcançar.
— O que deu a conversa? E aí, conseguiu convencer aquela teimosa? — Lívia perguntou, aflita e ofegante.
Minha resposta se recusou a escapar. Apenas meus olhos marejados ficaram encarregados de refletir o resultado de uma tentativa carregada de decepção.
E quando a melancolia não conseguiu permanecer no mesmo lugar, as primeiras gotas escaparam, anunciando o impacto sob o chão depois de uma queda brusca.
Notas da autora: É, leitor, eu te entendo... também estou profundamente chateada.
Ver Elisa tomando outras atitudes está preocupante. Vamos torcer para que Alana dê um jeito na situação, mesmo que não esteja ao lado da Elisa.
E aproveitando que a linha temporal do livro está em 2017, comentem algo que marcou o ano (pode ser uma música, filme, livro, série, entre outros).
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