0.5. Dia D, plano JK em ação e, finalmente, namorados

Dia do baile

Seul, capital da Coreia do Sul; 14h00min da tarde
Park Jimin

Sabe aquele dia que você tem um compromisso marcado e não consegue evitar toda a ansiedade enquanto o espera? Então, eu também sei! Esse dia é hoje. Até tinha marcado no calendário, poxa. E parecia que quanto mais eu esperava, mais o dia demorava a chegar. Dessa forma, fora bem difícil lidar com todo o estresse do Jin-hyung, que realmente havia dado tudo de si para organizar o evento planejado pela coordenação da escola.

Com um pouco de insistência, acabamos conseguindo mudar o pensamento do diretor e nosso baile seria num salão de festas aberto. Apenas o hyung havia visitado o lugar, mas vi por fotos e posso afirmar, com toda a certeza, que é um dos salões de festa mais bonitos que havia visto. Não vejo a hora de poder admirar o resultado de toda a preparação do Jin.

Estava tudo lindo e maravilhoso, com exceção do meu rolo com o Jeongguk, ou o que quer que seja que tínhamos. Confesso que eu não estava colaborando com as investidas do garoto, mas tinha certos motivos, e essa última semana foi bem chatinha. O Jeon parecia bem ocupado com os outros hyungs e quando tinha um tempinho para ficar comigo, preferia revisar os assuntos das provas com as garotas da sala.

Só ladeira abaixo, amigos.
E pra completar, eu acabei dormindo até tarde. Jin-hyung e o TaeTae já estavam no salão de beleza ficando lindinhos de morrer e eu estava fazendo cosplay de desgraça em cima da cama.

Riam comigo de mim mesmo.

Resolvi, por fim, levantar e pegar meu celular conectado ao fio do carregador. Um leve suspiro escapou por meus lábios ao ver as várias chamadas não atendidas e mensagens dos meninos brilhando no visor. Não demorei a responder o Taehyung, pedindo para o mais novo mudar meu horário de atendimento para depois do almoço, porque quem nasce sem precisar de um trato no cabelo e maquiagem é só privilegiado mesmo e eu não estou incluso nisso.

Estava saindo da cama e bagunçando levemente meus fios claros quando o celular vibrou em minhas mãos e eu não consegui evitar um sorriso ao ver o ícone do Jeongguk aparecer em minha tela. Junto a um emoji triste, o mais velho mandou uma mensagem avisando que não poderia vir me buscar para irmos juntos ao baile.

O sorriso, antes brilhando em meu rosto, desaparecera em instantes. Mas ele não precisava saber disso. Não enviei nada mais que um "ok" e ele apenas visualizou. Ódio, 'haha. Eu só queria ficar bem com o carinha que eu gosto, mas se nem ele está fazendo questão de estar ao meu lado, quem sou eu pra insistir em algo?

Isso mesmo, ninguém.

Largando o aparelho no colchão macio da cama, comecei a retirar minhas roupas e deixá-las sobre o cesto no canto do quarto. Não tardei em ir ao banheiro com uma box escura e uma toalha nova. A temperatura da água continuou mínima e eu continuava resmungando baixo, desistindo de pensar numa forma de me resolver com o arroba e aproveitando o banho para despertar de uma vez. Afinal, o dia estava só começando.

(...)

Sentado em frente à um enorme espelho, ao lado de algumas atendentes educadas, eu esperava ansioso que o produto em meu cabelo fizesse efeito logo para que a cor castanha se fizesse presente ali. A mulher que cuidava, atenciosamente, de mim parecia animada com a mudança de visual, diferente do Taehyung que me olhava surpreso e desacreditado.

- Tem certeza que não vai se arrepender, anjo? - ri nasalado. O, atual, loiro, seguia questionando a mesma coisa inúmeras vezes.

- Absoluta, TaeTae. - iria entrar em outro assunto com o mais alto, porém, a atendente foi mais rápida ao avisar que iríamos tirar o produto dos meus fios.

Ok, pulando a parte sem graça da coisa toda, tudo ocorreu bem. A moça cuidou dos meus cabelos, agora castanhos, fez uma leve maquiagem na minha pele, destacando os olhos e eu pude, enfim, sair dali com o Taehyung - que, não sei porquê, fez questão de continuar ao meu lado e insistir que devíamos nos arrumar em minha casa e chegar juntos no local do baile.

- Eu não ia perguntar... mas não consigo ficar sem reagir ou pensar no que está acontecendo. - chamei a atenção do Kim quando estávamos caminhando de volta à minha casa.

- O que houve? - ele perguntou com um pequeno bico brincando em seus lábios.

- Eu sinto falta do Jeonggukie. Admito que fui bem chato e enchi o saco dele com aquela coisa toda de namoro, mas agora ele nem me dá atenção e fica estudando com as meninas da sala, Tae. - choraminguei batendo o pé no chão. Me julguem, faço drama quando o assunto é Jeon Jeongguk.
Suspirei cansado quando a risada do mais novo adentrou meus ouvidos e ele me abraçou de lado, voltando a andar comigo.

- Jiminie, meu amor, não quero que pense nisso. Hoje é o nosso dia de arrasar naquele salão de festa! Estávamos animados, uh? Você está lindo e vai ficar ainda mais incrível quando estiver todo de branco, acha mesmo que o Jeongguk não vai morrer de amores e tentar se resolver com você? - pensei um pouco e neguei com a cabeça, arrancando outra risada do Tae.

- Sou eu quem devo chegar nele pra conversar. Eu agi como uma adolescente bobinha e desesperada por namorado. - admiti cabisbaixo.

- Ya, Park Jimin! - dei um leve pulo devido ao susto e o encarei. - Trate logo de pôr um sorriso nesse rostinho lindo. Vai dar tudo certo. Confia em mim.

- Confio...
Taehyung voltou a sorrir e segurou minha mão para seguirmos caminho até minha casa, o que não demorou muito. Minutos depois já estávamos muito bem acomodados em meu quarto, comendo alguns biscoitos que minha mãe havia feito e decidindo quais acessórios iríamos usar.

O conceito do baile para os alunos do terceiro ano fora escolhido pelo próprio Jin-hyung. E ele não perdeu a oportunidade de fazer todos aqueles desesperados do último ano irem ao baile vestidos de branco dos pés à cabeça. Não protestei, havia adorado a ideia e já tinha tudo em casa. Com exceção dos acessórios exagerados que o Tae trouxera em sua mochila.
Estávamos discutindo sobre quem usaria qual anel quando o celular do mais novo começou a tocar e ele teve que parar de surtar para atender a ligação. O olhar desconfiado do garoto pesou sobre mim e ele levantou, levando o aparelho à orelha.

- Oi, Ggukie. - deixei a necessaire de lado quando ouvi o loiro falar e o olhei, atento à conversa. Ele parecia ansioso e não parava de intercalar o olhar entre eu e qualquer lugar do quarto. - Sim, já estamos em casa. Sim, sabemos que devemos chegar antes das cinco, mas você deveria saber que os noivos são os últimos a chegarem e atraso é ideal para fazer um suspense gostosinho. - Taehyung riu, provavelmente pela resposta do Jeon. O observei revirar os olhos ainda rindo e mexer em alguns fios de seu cabelo. - Certo, vai dar certo e você sabe. Uhum, ele está bem e com saudades. - arregalei os olhos quando Tae me olhou divertido. - Ok, ele sabe que você está com saudades também. Ah, se resolvam logo! Vocês são mais que um casal adolescente em crise, por Deus! - desviei o olhar ao vê-lo prender a risada e dizer mais algumas coisas ao Jeongguk antes de finalizar a ligação.

- Vamos usar qual anel? - questionei após suspirar baixo e ajeitar minha postura.

- Cancela. Você vai usar um colar e uma pulseira, no máximo. Eu uso os anéis. - sorri sem graça e ele se aproximou rindo nasalado. Seus braços rodearam meu corpo e ele me encarou. - Venha, vamos trocar de roupa. Você precisa estar irresistível hoje à noite e se o Jeongguk não te pegar, eu pego. - acabei não evitando a risada.

- O Yoongi não aprova essa ideia.

- Só ele? - o mais novo se aproximou, ainda mais, fazendo um bico em minha direção. Ri empurrando seu ombro e saindo da cama. Com o humor um pouco mais restaurado, dei uma última conferida nas minhas roupas antes de vesti-las e admirar o reflexo no espelho. Estava me sentindo bonito e, extremamente, confortável com tais roupas.

A camisa branca com alguns detalhes combinaram com a calça social justa, também branca, que marcava um pouco os músculos de minhas pernas. O tom escuro de meu cabelo me caiu bem e eu estava satisfeito com a maquiagem leve em meu rosto.
Ri sem graça quando Taehyung saiu do banheiro, já vestido, tendo mais um de seus surtos enquanto me olhava admirado.

- Ai, Jimin, credo! Não aceito que tenha toda a beleza do mundo para você e apenas você. Me dê um pouco dessa bunda, amigo. - rimos alto quando ele parou ao meu lado, nossos reflexos admiráveis nos encantando no espelho.

- Obrigado por ter ficado comigo, Tae. Provavelmente, teria desistido de ir, caso não tivesse você aqui. - sorri fraco recebendo um singelo selar em minha bochecha.

- Não tem que agradecer, neném. - os próximos passos do garoto foram objetivos. Não tínhamos mais tanto tempo, então, ele não tardou em colocar uma corrente prata delicada em meu pescoço e me emprestou algumas de suas pulseiras que combinavam com a roupa. Me banhei com um perfume doce que adorava enquanto o Kim retocava sua maquiagem, com os dedos repletos de anéis que, estranhamente, combinavam com ele.
Juntei minhas coisas na mochila do Taehyung, deixando uma roupa extra para algum caso urgente e rolei os olhos ouvindo o loiro avisar que o uber já estava virando a esquina da minha casa.

- Venha, princesa, não temos mais tempo. - me permiti ser arrastado pelo Kim e apenas tiramos uma típica foto pré-baile que minha mãe insistiu em registrar em seu celular de última geração. Finalmente, a mulher estava com um celular digno de uma câmera boa. A universidade de seu querido filho estava, enfim, servindo para alguma coisa. Meus pais tinham dinheiro em casa e o hyung colaborava com algumas coisas. Em breve serei eu quem irá ajudá-los, fé.
Ah e, é, eu realmente não preciso detalhar o caminho até o baile, certo? Repetir as falas trágicas e tentativas falhas do Taehyung de seduzir o motorista do uber é o auge do fracasso.

Não passaram-se ao menos vinte minutos até o carro parar em frente a um muro enorme decorado com grama sintética e várias luzes coloridas. Um arco, também enorme, tinha o suporte do muro para que ficasse ali, expondo uma frase muito bonita que até servia como tema do baile. Quando fomos notados pelo inspetor que vestia um terno azul, muito bonito por sinal, pudemos entrar e morrer de amores pela decoração do local.

- Jiminie.

- Hum?

- Me lembre de pedir ao Jin-hyung para decorar meu casamento assim, também - ri da fala alheia e voltei a observar cada cantinho lindo da festa.

Caminhamos pelo tapete vermelho até o salão com paredes de vidro e deixamos que o fotógrafo tirasse uma foto nossa. Ok, foram mais de uma. O Taehyung insistia em fazer várias poses e o homem com a câmera parecia adorar fotografá-lo. Instantes depois voltamos a correr os olhos pelo local, dessa vez em busca dos meninos.
Sentia meu coração falhar algumas batidas. Tinha total noção do nervosismo e ansiedade que corriam pelo meu corpo, fazendo-me arrepiar e querer culpar o clima frio quando, na verdade, quem causava isso era o Jeongguk, de fato.

- Achei eles! - ergui a sobrancelha seguindo o olhar do mais novo e sorrindo ao ver os garotos próximo à uma mesa no canto do local.
Estavam todos lindos. Tão lindos que eu podia passar a noite babando nos penteados e tons de cores de seus cabelos que combinavam com as roupas brancas que usavam.

- Vocês estão tão lindos, aigoo - comentei ao me aproximar de vez deles.

- Olha quem fala, né - Yoongi sorria para mim ao passe que se aproximava do Taehyung, passando seu braço pela cintura alheia.

- Jimin! Seu cabelo, garoto! - ri da surpresa do Jin-hyung. - Sabia que não devia te deixar sozinho com o Tae. O produto passou quanto tempo no seu cabelo? Tem certeza que não vai cair? - Namjoon me acompanhou nas risadas.

- Anya! Eu escolhi a cor, hyung. Você não gostou?! - fiz bico vendo sua expressão mudar de imediato.

- Claro que eu gostei, meu lindo. Sabia que continuaria com a mesma feição de anjo mesmo quando desse adeus aos cachinhos de ouro - Namjoon voltou a gargalhar e acabou por levar um tapa do namorado. Ri. - Tá, mas e a decoração, o que acharam? - ele sorriu orgulhoso.

- Eu amei, e o TaeTae quer que você decore o casamento dele assim também - ri dando de ombros ao sentar em uma das cadeiras vazias. Notei o celular do Jeon posto sob a toalha branca da mesa e direcionei meu olhar ao Namjoon. - Hyung, onde está o Jeongguk? Ah, e o Hobi-hyung?

- Saíram há pouco tempo para dar uma volta, logo estarão conosco novamente. - ele sorriu aberto em minha direção. - Você e o Jeon estão bem?

- Ainda não...

Aceitei a bebida avermelhada que o garçom ofereceu ao se aproximar da mesa e passei a beber gole após gole, tentando afastar qualquer pensamento sobre o Jeongguk de minha mente. Percebendo minha reação e falta de palavras, Namjoon-hyung voltou a falar enquanto o Jin discutia com o Taehyung e o Yoongi por não assumirem um relacionamento sério de vez.

- Aigoo, não criei vocês assim. - ao desviar o olhar, chateado, Namjoon acabou erguendo as sobrancelhas. - Oh, falando no filho rebelde, lá está ele. - sua risada soou divertida ao ver o moreno caminhar em nossa direção com o Hoseok e uma garota que eu não conhecia.
Hum, haha, a partir de agora não me julguem e vivam esse clichê junto comigo.

A música calma e vibrante que soava nos alto-falantes do ambiente parecia trilha sonora para a perfeição que era a cena do Jeongguk mexendo em seus fios negros enquanto andava em minha direção. Seus olhos focados aos meus faziam-me sentir uma manada de elefantes disputando uma corrida em meu estômago.

Minhas mãos transpiravam e o frio que eu sentia devido a ansiedade tornara-se maior. Ele estava absurdamente lindo. A calça social escura marcava muito bem suas pernas torneadas, junto a uma camisa social branca que ele usara sem gravata ou qualquer outra coisa. As mangas estavam presas na altura de seus cotovelos e alguns botões estavam abertos. Ele sabe que é lindo e se aproveita disso para matar qualquer pessoa do coração.

Nem percebi a pequena movimentação que o Tae e o Yoongi fizeram ao se afastar de nós e as vozes do Namjoon junto ao Jin pareciam bem longe quando toda a minha atenção estava focada no moreno, que agora sorria para mim. Incapaz de evitar um sorriso ou qualquer reação boba, deixei a bebida de lado, fingindo mexer na pulseira presa sob meu pulso enquanto o mais velho se aproximava de mim.

- Posso saber o porquê da pessoa mais linda do baile estar sozinha aqui? - ri nasalado quando a voz aveludada adentrou meus ouvidos.

- Discuti com o príncipe encantado e o que me resta é passar a noite bebendo no baile. Sofro. - suspirei antes de fitar o rosto do moreno tão próximo à mim. Praguejava mentalmente por sentir as batidas mais fortes a cada instante que passava tão perto do Jeon. Um sorriso lindo permanecia nos lábios vermelhinhos do mais velho e os fios negros caíam numa pequena quantidade sob sua testa.

- Não seja por isso. Dou-lhe a honra de ter a minha companhia até o final da noite. - direcionamos um sorriso travesso um ao outro, mas em meus lábios logo formou-se um pequeno bico.

- Só até o final da noite?

- Como sua companhia... após isso, você é quem decide o que serei seu. - franzi o cenho confuso e Jeongguk riu baixinho sentando na cadeira vazia à minha frente.
Fugi de seu olhar penetrante ao me sentir envergonhado perante o sorriso bobo direcionado à mim.

- Jiminie, poxa, você está tão lindo, príncipe. - Hoseok sorria para mim junto a garota bem vestida ao seu lado.

- Obrigado, Hobi. Você é maravilhoso e sabe disso. - rimos.
Conversamos por algum tempo até ele me apresentar a morena não tão baixa, que segurava seu braço de maneira leve, e sair dali para dançar. Eram fofos, mas não havia nada demais ali. Palavras deles, não minhas.

- Não planejou me contar que iria pintar o cabelo? - voltei a fitar o moreno à minha frente após varrer o salão com os olhos, observando os alunos dançando, conversando, divertindo-se. Seokjin-hyung havia feito um ótimo trabalho.

- Eu ia mandar foto...

- Por que não mandou?

- Achei que estivesse ocupado com os hyungs ou... estudando, algo assim. - dei de ombros pegando outra bebida quando o garçom passou próximo à mesa novamente.

- Estava esperando você falar comigo. - fiz careta ao ter a taça retirada de minhas mãos. Jeongguk dizia com a feição decepcionada.

- Estava esperando a timidez ir embora. - toquei a perna coberta do maior, deixando um leve aperto ali para que ele me olhasse.

- Difícil me fazer acreditar que é tímido. - riu um pouco mais descontraído.

- Acredite, até eu me surpreendo com as coisas que sinto por sua causa. - suspirei baixando o olhar.
Com a mente vazia, voltei a focar na melodia suave que adentrava meus ouvidos e me foquei àquilo. Ao menos até o momento em que as mãos grandes e delicadas do Jeon tocaram meu rosto, levantando-o e me fazendo fitar seus olhos.

- Eu posso dizer o mesmo, porém, não é mais uma surpresa. Estava óbvio desde o primeiro dia de aula que eu acabaria todo apaixonado por você, Jimin. - as orbes negras brilhavam para mim e por mim e eu sentia uma vontade imensa de chorar. - Você está lindo. Você é sempre lindo, mas eu estou simplesmente fascinado nesse Jimin moreno todo neném aqui e eu não quero mais ficar longe de você, Jiminie, não quero. - assenti, as bochechas coradas e o sorriso pequeno e tímido nos lábios.

- Eu senti a sua falta. - minha voz saía baixa, quase como um sussurro.
A surpresa de ter seus lábios juntos aos meus foi grande, mas não chocante o suficiente para me deixar sem reação. Retribui ao selar com volúpia e desejo. Minhas mãos passeando pelos fios macios e a pele de minha cintura arrepiando-se ao ter os dedos ágeis do Jeon postos ali.

- Estamos bem?

- Estamos ótimos. - ri bobo deixando um selar nos lábios do mais velho. O diretor, em cima do pequeno palco, pronunciava algumas palavras que, no momento, eu não dava atenção.

- Mas eu preparei algo pra você por precaução. E mesmo que já estejamos bem, quero fazer isso pra você. - Jeongguk dizia animado e eu voltava a me sentir confuso outra vez.

- O que...

Não tive tempo para reagir quando o moreno segurou minha mão e me puxou até o meio de todos os alunos que ouviam as palavras do senhor arrumado que segurava o microfone e seguia ditando suas belas palavras. Arregalei os olhos, surpreso, ao ver o Jeon andar todo decidido até o palco e tirar o microfone das mãos do diretor. Tive que cobrir meus lábios para não me mostrar tão entregue a loucura que, talvez, ele estivesse prestes a fazer.

- Oi... ah, eu sou o Jeongguk e eu precisava fazer isso agora porque não aguentava mais toda a ansiedade. Me desculpem por interromper a festa de vocês, apenas me deem alguns minutos. - curvou-se à plateia que confusa, tanto quanto eu, batia palmas. O diretor não teve escolha senão afastar-se, cruzando os braços, bravo, para ver o que aquele aluno maluco faria.
Houve certa movimentação ao meu lado e logo meus amigos encontravam-se ali. Pude ver, claramente, quando o Jeongguk trocou um olhar com o Hoseok que digitou algo em seu celular e logo a melodia de uma música conhecida começara a tocar por todo o salão.

Não há nenhum limite no céu que eu não voaria por você

Não há nenhuma quantidade de lágrimas nos meus olhos que eu não choraria por você
A cada vez que eu respiro, eu quero que você compartilhe esse ar comigo


E aí eu chorei, meus pequenos amigos. Meu coração já batia de maneira descompensada e meu corpo tremia, não me surpreendi quando as lágrimas começaram a correr sob meu rosto, uma a uma.

Não há nenhuma promessa que eu não cumpriria

Vou subir numa montanha, não há nada tão íngreme
Quando se trata de você, não há crime
Vamos pegar as nossas almas e entrelaçá-las

A garganta fechando-se devido aos soluços que prendia, me deixando agoniado. O coração saltando em meu peito. O sentimento fluindo diante de meus olhos. As mãos dos meus amigos em meus ombros não me acalmavam e eu sentia que morreria, literalmente, de amores ali mesmo.

Quando se trata de você, não seja cego
Me veja falar do meu coração, quando se trata de você
Hmm... Quero que você compartilhe isso

Um sorriso triste se fez presente em meus lábios quando o Jeon balançou levemente a cabeça no ritmo da música. Os alunos ao meu redor o aplaudiam, chocados com o talento alheio. A voz aveludada preenchia meus ouvidos e seu olhar permanecia em mim.

Agora eu dou tudo de mim a você, oh
Quando se trata de você, não há crime

Vamos pegar as nossas almas e entrelaçá-las
Me veja falar do meu coração, quando se trata de você


E ele continuou cantando maravilhosamente bem até o último verso, seguindo o ritmo da canção e sorrindo a cada reação minha. O refrão repetiu-se mais uma vez e logo teve fim, seguido das palmas dos alunos e um diretor bravo subindo ao palco outra vez para puxar o microfone das mãos do Jeon.

- Jeon Jeongguk, você pode me explicar o que aconteceu aqui? - o mais velho começara a reclamar, as palavras não causando efeito algum no moreno que intercalava o olhar entre mim e ele, parecia pensar em algo. - Eu acho bom você sair daqui agora antes que eu- - o diretor bufou ao ver o aluno ignorando-o ao sair rapidamente do palco e correr até mim, rindo divertido ao segurar minha mão, entrelaçando nossos dedos para corrermos em direção à saída do salão de festas.

Por mais surpreso que eu estivesse, fui incapaz de segurar a risada, correndo pelo gramado com o Jeon que vez ou outra olhava para mim, todo sorridente. Paramos apenas ao nos aproximar de uma cerejeira coberta por mais luzes. Agradeci mentalmente quando o mais velho parou de me arrastar, soltando minha mão e tentando recuperar o fôlego.

- E-espera. Me deixa respirar um pouco. - ri assentindo ao ver o moreno apoiar-se à cerejeira e sorrir cansado.

- Você é doido, Jeonggukie.

- Você gostou!

- Como pode ter certeza? - falei num tom divertido, cruzando os braços.

- Porque eu vi nos seus olhos o quanto gostou. - e lá estava o Jimin bobo e chorão de novo. - Talvez eu seja doido mesmo, mas é doido por você.

- Por que está me dizendo essas coisas? Sempre soube que não sei reagir... - falei baixo, descruzando os braços e admirando a visão que era o Jeongguk junto a cerejeira. Duas coisas que eu amava muito. Oi?

- Eu te amo.

- O que... Como posso reagir a isso? - arregalei os olhos sorrindo desacreditado enquanto meu coração pulava em meu peito.

- Me amando de volta. - não tardei em me aproximar do moreno, segurando sua mão estendida para mim.

- Eu amo. - sorrimos, um pouco envergonhados, de fato. - Eu amo muito você e sinto que não posso mais ficar longe de ti. - num surto com meus sentimentos intensos e à flor da pele, fui sincero.

- Não precisa ficar longe de mim, nunca mais. Vamos ficar juntos. - assenti fechando os olhos por alguns instantes, as lágrimas voltavam a molhar a maçã de meu rosto. - Eu poderia, e queria muito, te falar tudo o que eu estou sentindo, Jiminie. Mas eu sinto que você pode ver isso nos meus olhos, assim como eu consigo ver claramente o que sente apenas ao encarar seus olhinhos lindos. - as mãos do moreno acariciavam minha derme, afastando as lágrimas. - Não aguento mais ficar longe de quem eu tanto amo e eu, realmente, acredito que isso não é apenas um clichê de escola, Jimin. Eu quero namorar você e passar anos ao seu lado até o dia em que irei te propôr um pedido de casamento digno, porque quero que seja você pra sempre.
Solucei em meio a uma risada e funguei, arrancando um risinho do mais velho que continuava me acariciando.

- Você quer namorar comigo? - tive a certeza de que minha voz havia saído ainda mais manhosa que o normal quando o mais alto riu tocando a pontinha de meu nariz, murmurando um "Fofo" baixo.

- Amor, eu quero tudo com você, sempre que você quiser.

- Vamos namorar. - voltei a sorrir ao passar os braços pelos ombros do moreno e o ver sorrindo para mim.

- Vamos fazer isso direito, então. - observei, curioso, o Jeongguk ajoelhar-se em minha frente, tirando uma caixinha de veludo vermelha de seu bolso e colocando-a no meio de nós dois após aberta. - Park Jimin, aceita namorar comigo?

E foi abaixo da enorme cerejeira iluminada, com um Jeongguk emocionado e sorridente, que eu me entreguei de uma vez ao sentimento de amor pelo mais velho. Derramando lágrimas ao sentir meu coração bater, agora de maneira calma. Foi ali, no momento mais incrível daquela noite, que eu entrei de cabeça naquele relacionamento. Disposto a fazer o mesmo durar e ser bem mais que apenas um romance colegial clichê digno de Oscar e adaptação de série para a Netflix.

- Jeon Jeongguk, é claro que eu aceito.

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