Fight for the Truth

>>>Chapter 22

Alek estava sozinho na biblioteca da Arch estudando para um teste que haveria dali um mês. A biblioteca estava vazia e havia somente uma luz acima de sua cabeça iluminando o livro e o caderno que estava usando para estudar. A senhora, que tomava conta daquele local, já havia saído à tempos, deixando-o encarregado de trancar tudo, visto que o Roberts já era conhecido por ela e o tinha em grande estima por sua competência.

Uma rápida olhada no relógio de pulso que carregava constatou que já eram 20 horas. Não estava tão tarde na perspectiva do moreno, então debruçou-se novamente em cima dos livros.

Minutos depois, ouviu vozes no corredor. A escola estava vazia e escura àquela hora e ele não fazia ideia de quem poderia estar ali. Levantou e andou até a porta de entrada principal e olhou para os dois lados no corredor. Nada.

-Provavelmente foi na casa do lado. -Deu de ombros e voltou a sentar-se.

As vozes continuaram, mas Alek ignorou-as o máximo que pôde, porém tinha que admitir que estava ficando realmente alerta, para não dizer com medo.

De repente a porta lateral abriu-se com um estrondo e três pessoas passaram por ela. Três meninas. Inclusa no trio: Mercedes Baker.

-Alek!?

-Mercedes!? O que diabos você está fazendo aqui a essa hora da noite? Quer me matar do coração!?

-O que VOCÊ está fazendo aqui a essa hora da noite? Não sabe que é perigoso e proibido?

-É o seu namorado, Mer? -A ruiva ao seu lado disse.

-É sim, Lacey, esse é o Alek.

-Finalmente nos conhecemos, Alek Roberts! -Disse a loira com um forte sotaque britânico. -Não faz ideia o quanto o tópico "você" apareceu nas nossas reuniões.

-Pauline! -Reprimiu Mercedes pondo a mão no rosto e Lacey riu enquanto Alek olhava tudo com um ponto de interrogação no rosto. -Meninas, vão procurar aquele livro que eu preciso falar com ele.

-Você sempre estraga tudo, Baker! -Reclamou Lacey bufando e andando para as prateleiras mais ou longe com Pauline.

Mercedes riu e andou até o namorado fazendo menção para que ele sentasse novamente. Alek piscou um pouco e sentou, nem mesmo lembrando o momento em que havia levantado.

-Vai me explicar o que está acontecendo? -Perguntou olhando de relance pras meninas.

-É que eu faço parte do comitê né? -Ele assentiu. -E não tem tempo para reuniões, na verdade, não era nem para haver reuniões. Então, eu, Lacey e Pauline criamos o CPLM.

-CPLM?

-Clube Pauline Lacey Mercedes. Ainda não aperfeiçoamos o nome e a sigla fica mais bonito. -Ela riu e Alek concordou. -Nós pagamos o zelador para deixar a porta dos fundos aberta todas as quintas feiras e quando saímos à noite deixamos a chave escondida embaixo do tapete. Tem dado certo.

-Porque nunca me contou?

-Porque é contra as regras... E se fôssemos descobertas, não queria que você se envolvesse... -Ela disse e ele sorriu beijando levemente seus lábios.

-É importante para você?

-Muito.

-CPLMA.

-Hã?

-Clube Pauline Lacey Mercedes Alek. Seu segredo está bem guardado comigo. -Ele sorriu.

-Sei que está. -Ela sorriu e o abraçou. -E você? Porque está aqui?

-Estudando. -Ele deu de ombros.

-Que sexy. -Ele gargalhou e ela sorriu.

-ACHEI! -Gritou Pauline levantando o livro acima da estante. -Quem guarda a constituição em receita!?

Mercedes e Alek se entreolharam e começaram a rir.

-X-

O hotel onde Healey ficaria era um quatro estrelas. Ela já estava ali à três dias e estava extremamente entediada. Theo não queria que ela saísse para não ser vista.

-Porque mesmo eu tenho que ficar trancada aqui?

-Estou esperando a hora perfeita para você aparecer. -Disse pela milésima vez girando os olhos.

-Você está estragando minhas férias, Theo! Eu sei que disse que ver ao menos uma pessoa ao invés de rochas já valia a pena, mas acho que me expressei mal.

-Seu estágio não é em Yellow Stone?

-Sim.

-Isso é bem irado.

-E foi, nos primeiros 5 meses. Depois passou a ser monótono.

-Se você não gosta mais da geologia, porque não sai?

-Não! Eu amo o que eu faço, o problema é a saudade... -Healey estava deitada na cama com as pernas apoiadas na parede atrás da cama e ficou olhando fixamente pro teto. -Você passa muito tempo sozinha colhendo amostras, cavando, analisando, catalogando... E isso faz você pensar sabe? Pensa na sua vida, nos seus amigos, nas suas escolhas... -Suspirou tristemente. -É uma ótima terapia, mas também deixa você para baixo na maioria das vezes.

-Entendo. -Theo ficou longos minutos em silêncio e parou de mudar a TV de canal para perguntar. -Você ainda pensa nele?

Ela ficou em silêncio por alguns minutos e virou a cabeça para o lado oposto a ele.

-Todo dia...

Theo sabia que Healey sofria pelo que tinha acontecido entre ela e Alonso Kingsley. Para ela, era um assunto delicado. A Portgrass não era de todo uma pessoa ruim. Ela era meiga e sensível. E, à vezes, lhe lembrava o jeito da sua pintora.

Healey pensava no passado. Um passado feliz e nostálgico.

"-Feliz 3 anos! -Disse Alonso no seu ouvido fazendo-a acordar com um sorriso no rosto.

-Feliz 3 anos amor! -Ela disse o puxando para um beijo. -Eu nunca fui tão feliz Alonso...

-Você é a minha felicidade, Healey. Por você eu sou e faço tudo."

As cenas daquele dia encheram a Portgrass de tristeza e saudade. E logo mais uma cena passou-lhe pela mente.

"-Alonso... Preciso conversar com você.

-O que foi? Algum problema?

-Eu fui aceita no estágio de geologia...

-Healey! Isso é incrível amor! Você conseguiu! Eu sabia que conseguiria! Você... -Alonso notou que o único a comemorar era ele. Quando olhou para a namorada, viu lágrimas que desciam pelo rosto da loira.- Porque essa cara? Porque está triste?

Healey forçou-se a continuar.

-Eu fui aceita no estágio de geologia... Em Yellow Stone.

Alonso ficou parado absorvendo as informações por alguns segundos.

-N-Não... Você estava tentando um estágio aqui... Não era?

-Era! Era sim! Mas apareceu a oportunidade e meus professores me incentivaram. Não achei problema, então fiz a prova, mas já em mente que não passaria... Mas eu passei... Eu passei Alonso!

-Healey... Eu desisti de Harvard... Eu desisti de Oxford...

-Alonso... Eu já aceitei."

-X-

Trent estava sentado na cama quanto Lauren andava de um lado para o outro intrigada. Murmurava baixo e de vez em quando parava para olhar para o teto com a mão na cintura, porém logo voltava a andar pelo quarto.

-Será que dá para me dizer o que te perturba? Estou ficando tonto com você aí girando.

-Estou nervosa.

Trent esperou que continuasse mas Lauren só continuou andando.

-Só isso?

-É.

-E não vai me dizer o que está te deixando nervosa?

-Trent... É complicado! -Disse jogando o corpo na cadeira do computador. -Estava adiando isso por causa da viagem, mas agora que voltamos, eu preciso fazer alguma coisa!

-Fazer alguma coisa quanto ao que!? -Disse Trent já ficando com raiva. -Lauren, você me acordou cedo, disse que era importante, e agora só fica girando aí! Ta pior que frango no espeto!

-Não é hora pra gracinhas!

-Tem razão. Que tal falar sério agora e me dizer porque me acordou... 7 horas da manhã num sábado!?

Lauren suspirou. Ele tinha razão. Ela havia ido até ali e sabia que lhe devia uma explicação do porque.

-Trent... Você sabe que sou contra a Annie ficar com o Theo, não sabe?

-Pude notar, só não entendo o porque.

-Bem... Faz 1 ano hoje que a Healey foi embora.

-Portgrass? -Trent crispou os lábios. Por um segundo quase lhe disse que ela estava em Nashville, mas resolveu esperar até onde a narração iria.

-Sim. Foi uma época difícil aquela... Alonso sofreu muito e nós sofremos com ele.

-Eu sei o que aconteceu. Healey foi embora e ela e o Alonso terminaram o namoro. -Disse girando os olhos, todos conheciam aquela história.

-Sim... Mas você não sabe o lado dele. -Disse levantando e indo até a janela. -Você sabia que o Alonso foi aceito em Oxford? E em Harvard?

-O que!? Sério!? E porque ele não foi? São as melhores Universidades! Sonho de qualquer um!

-Com certeza! E Alonso não era diferente, era o sonho dele ir para Harvard. -Disse virando se encostando na janela e cruzando os braços. -Mas ele estava tão apaixonado pela Portgrass que eles fizeram um acordo... Eles iriam passar aqui em Nashville, para que não se separassem. Só que a Healey não cumpriu o pacto. -Ela suspirou lembrando. -Ela foi para Yellow Stone sozinha, e quando ela o avisou que iria, ele já havia mandado as cartas negando sua admissão nas Universidades.

-Não acredito que ela fez isso...

-Ela foi e ele ficou. Alonso sofreu muito. Annie foi a primeira pessoa a ficar com ele depois do que aconteceu... Ela fez bem à ele. -Disse olhando para Trent agora. -Entende porque eu quero que Annie continue com ele? Ela o faz se sentir vivo de novo. Mas a verdade... É que ele nunca conseguiu esquecer a Healey.

Trent ficou em silêncio por um tempo absorvendo aquelas informações. Então esse era o plano do amigo. Juntar Healey e Alonso novamente para deixar a Brontë livre para ele. Agora tudo fazia sentido.

Na época antes da partida de Healey, Theo a encontrou em uma boate e eles acabaram dormindo juntos naquela noite. A única pessoa que sabia disso além dos dois era o Sullivan. Depois disso, Theo ficou amigo de Healey e ela lhe contou que namorava Alonso Kingsley, mas os detalhes da história, ela nunca contou. E agora ele sabia o porque.

-Mas Lauren... A Healey está longe não está? -Disse cauteloso. -Porque está nervosa afinal?

-Porque estou sentindo que algo está acontecendo com a Annie. Ela anda evitando o meu irmão e tenho medo que tenha dedo do Clarence nisso.

-Não, o Theo está longe dela desde que os dois assumiram o namoro. -Disse tentando defender o amigo.

-Sei que são melhores amigos, mas tem coisa que nem para você o Theo conta.

-Lauren, ele me conta tudo. Nós crescemos juntos. Ele não tem segredos comigo.

-Eu não posso arriscar. -Disse mordendo a unha. -Tenho que ameaçá-lo de novo...

-Ameaçá-lo!? Lauren você enlouqueceu!? -Disse Trent levantando exaltado.

-Não posso deixar que ele estrague tudo!

-A vida deles não lhe diz respeito! -Gritou indignado com a namorada. -Você já parou para pensar que vai ser mais doloroso pro Alonso? Quando a Annie se tocar que o que a mantêm afastada do Theo não é a indiferença dele, mas sim você! Não pensa na amizade de vocês!? Não pensa nos sentimentos que ele nutre por ela!?

-Você não entende! -Gritou de volta levantando. -Ele é meu irmão!

-E ele é o meu melhor amigo!

-Ele é um delinquente! Ele tem a ficha suja! Estou pensando nela também! Na Annie! Ela merece alguém melhor, não acha?

-Não existe ninguém melhor para ela que o Theo! -Ele disse gritando de raiva e só depois notando o que ela falou. -Como você sabe sobre isso?

-Eu entrei escondida na sala da diretora e vi a ficha escolar dele. Ele não presta, Trent! Dirigir alcoolizado, furto, porte de arma... Esse é o seu melhor amigo!?

-Você não faz o ideia do que ele passou... Você não conhece os motivos dele!

-Talvez eu tenha uma noção! Que tal seguir os passos do pai delinquente!?

-Olha aqui Kingsley... Não OUSE falar dele desse jeito na minha presença... Porque eu NÃO vou tolerar isso! O Theo é diferente do pai dele! Ele é meu amigo!

-Não era isso que a ficha dele mostrava! Tal pai tal filho...

-CHEGA! Sai da minha casa agora Kingsley! Chega para mim...

-Para mim também. -Disse Lauren ofegante. -Acho que já deu.

-Saia e não volte.

-Com prazer, Sullivan.

-X-

-Alonso, tem alguém querendo falar com você!

-Eu to estudando, mãe!

-Não era um pedido!

Annie sorriu para a Senhora Kingsley que colocou a mão no ombro dela.

-Ele já vai descer querida, vou deixá-los à sós, espero que se resolvam.

-Também espero. -Disse sincera segurando firme a alça da bolsa.

Não demorou muito para ouvir os passos de Alonso na escada. A mãe passou por ele sem dizer nada, e quando ele olhou para a porta de entrada, viu Annie ali. Ela lhe deu um pequeno aceno e um sorriso fraco.

-Oi...

-Oi.

-Precisamos conversar... Podemos?

Alonso assentiu e fez menção à sala. Annie se dirigiu à ela e sentou no sofá, onde tiveram sua primeira conversa.

-Você ainda o tem?

-O que?

-O desenho. Das estrelas...

Alonso sorriu lembrando e apontou por cima do ombro lá para cima fazendo menção ao seu quarto.

-Está no espelho junto da nossa foto...

Annie sorriu e, naquele comentário, soube que a conversa que teriam seria positiva e sentiu-se esperançosa.

Annie pensou muito, na solidão do seu quarto, sobre os últimos acontecimentos em sua vida envolvendo tanto o Kingsley quanto o Clarence. Na maior parte do tempo ansiava pelo loiro, mas era só ver o moreno que toda sua cabeça ficava uma bagunça de tal forma que ela não sabia nem mesmo o próprio nome. Quando passava pelo quarto e o via do outro lado da varanda... Era quase enlouquecedor a vontade de pular a divisa para sentir os lábios dele nos seus novamente.

Mas ela sabia que era errado.

Sabia que aquilo só podia ser algum tipo de ânsia pelo que não se pode ter. Ela já havia lido sobre o assunto e chegou à conclusão que as coisas que não se pode ter, são aquelas que mais são desejadas. Tudo em Theo tinha cheiro, sabor e som de algo errado, perigoso, provocante... Algo que causava desejo e uma atração tão forte que lhe atormentava só ao lembrar daqueles olhos azuis penetrantes.

-Isso é bom... -Ela sorriu.

-Annie eu... Só fiquei preocupado com você.

-Eu sei... Desculpa. -Disse baixando a cabeça. -É que eu não estou muito bem esses dias...

-Só queria que você me dissesse... Para eu tentar ajudar.

Annie suspirou e foi até a janela.

-Não tem nada que você possa fazer...

-Se você não for sincera comigo, não tem mesmo. -Disse Alonso cruzando os braços. -Annie, olha para mim. -Ela o olhou ainda com os braços cruzados. -Eu só quero saber se tem motivo para eu me preocupar.

-Não, não tem motivo. -Ela disse sorrindo fraco agora indo até ele. -A cirurgia não está muito longe. Logo esse problema vai sumir...

"Entretanto um que usa jaqueta e tem olhos azuis não..." Pensou.

-Então está certo. -Alonso sorriu abraçando-a. -Eu confio em você.

-Estamos bem?

-Sim, estamos bem.

-X-

Natasha e Phillip estavam sozinhos na casa dos Talahasse e ainda estavam conversando apesar de ser madrugada. Uma garrafa de vinho tinto já havia sido esvaziada e já estavam no fim da outra. Era um vinho tinto 1895, que Naty havia aberto para acompanhar a massa que havia feito para o jantar daquela noite, porém, depois que Stephen foi dormir, eles não pararam como haviam dito que fariam.

-Esse vinho está ótimo!

-Você já disse isso três vezes, Phillip! -Disse Natasha rindo.

-Estava com saudade desse sorriso... -Disse olhando-a. -Sinto sua falta, Naty... GoldWing não é a mesma sem você.

Natasha sorriu corando um pouco e bebendo um pouco mais do vinho.

-Também sinto sua falta... É diferente, sem vocês. -Disse lembrando da época do colegial. -Ei! Eu preciso te mostrar uma coisa!

A Talahasse levantou afobada e foi até a estante de livros do pai. Eram vários dispostos em várias prateleiras apinhadas de livros de todas as formas, tamanhos e cores. A ultima, e mais alta, prateleira foi observada cautelosamente por ela até que deu um gritinho de felicidade ao acha o que estava procurando.

-Phillip! Empreste-me sua altura e pega aquele livro de capa vermelha ali em cima, por favor.

-Sempre a mais baixinha né? -Disse levantando enquanto Natasha pôs as mãos na cintura e lhe mostrou a língua.

-Chato! Pega logo!

Phillip gargalhou e pegou o livro com certa facilidade, quando virou para ver a capa, seu coração quase parou.

Nele lia-se "Anuário da Turma de 2006".

-Não to acreditando! -Disse Phillip branco igual papel. -Porque diabos você guardou essa porcaria!?

-Ah! Deixa de ser chato, Dawson! -Disse rindo e puxando o livro de sua mão pulando no sofá novamente. -Só porque você odiou o colegial, não quer dizer que todos odiaram!

-Não Natasha! Me recuso a ver isso! -Disse sentando ao seu lado e cruzando os braços emburrado.

-Ah... Eu sei que você quer...

-Não!

-Para de besteira! Isso foi à anos, Phillip! -Disse lhe dando um cutucão com o cotovelo. -Teve coisas boas no colégio.

Phillip não conseguia suportar a simples ideia de ver aquele anuário. Ele tinha mudado da água pro vinho, isso era fato, mas aquele seu "eu" do terceiro grau, ainda lhe dava calafrios. Seu último ano fora um ano conturbado, recheado de complicações. Tanto problemas comuns de adolescentes, como problemas fora do comum: amor platônico por certa castanha, sua aparência, a falta de amigos, e, claro, O Enigma das Asas de Ouro, que além de lhe dar uma torta com recheio extra de problemas, lhe deu quatro amigos e a oportunidade de aproximar-se da quase intocável Natasha Talahasse.

Natasha havia sido seu amor platônico por toda sua estadia em GoldWing, porém com a aproximação deles por conta do Enigma, havia deixado de ser só um amor de vista, daqueles que você se apaixona sem mesmo ter trocado mais de duas palavras com a pessoa. A cada dia que passava, a castanha lhe dava mais motivos para que ele caísse de amores por ela. E está sendo assim desde então. Phillip cresceu e tornou-se neurocirurgião e Natasha passou a morar do outro lado do Atlântico para estudar gastronomia. O menino sem amigos tornou-se agora galanteador e motivo de suspiros dentre as médicas e enfermeiras do Hospital onde trabalhava, porém foi só vê-la novamente no concurso entre escolas, que pareceu que tinha 17 outra vez.

-Phillip? -Natasha lhe acordou dos devaneios e lembranças que o invadiram.

-Hã!? Desculpe, Naty... Estava lembrando...

-Não tem problema. -Ela riu abrindo o livro. -Olha o Ruben! Nossa como ele amava esse cabelo!

-Era quase sagrado!

Phillip se aproximou mais para ver Ruben De Lance com um sorriso sedutor enquanto mantinha as duas mãos nos bolsos da jaqueta dos GoldPiece que usava. Ruben era tão galã, que quase dava para ver o brilho que surgia no canto da boca quando sorria.

-Ruben sempre foi bonito... -Disse Natasha rindo de leve e Phillip fez uma careta.

-Olha o Blaine! -Disse tentando mudar de foco.

De braços cruzados, Blaine Winkler aparecia na foto sem sorrir, mas mesmo assim conseguia ser charmoso. Os cabelos pretos meio bagunçados e a jaqueta de couro lhe davam um ar de badboy que sempre fez as meninas caírem aos seus pés. Ele e Ruben eram os garotos mais desejados de GoldWing.

-Sempre um otário... -Disse Phillip franzindo o senho, afinal, Blaine sempre pegara no seu pé.

-Sim, mas inegavelmente bonito. Me lembra muito um aluno da Arch...

-Temível mesmo era a Megan! -Disse Phillip apontando para a foto da morena na outra página.

Megan Jones exibia uma cara de poucos amigos e os olhos pretos pelo delineador e nos lábios um batom vermelho provocante. Não sorria, porém mostrava o dedo do meio para a foto.

-Ela sabia causar! -Disse Naty. -Sempre a mais forte...

-Ela enlouquecia todos os meninos! -Disse o Dawson rindo. -Nunca vi alguém fazer o De Lance de besta como ela fez!

-Verdade! -Ela riu. -E acabou fazendo psicologia! Quem diria!?

-Com certeza! -Ele virou a página e apontou. -E olha você... Sempre a mais aplicada não é? -Disse sorrindo mostrando a foto da Talahasse.

Natasha sorria para a foto com os cabelos castanhos caindo em cascata pelos ombros no seu vestido floral alinhado. Usava óculos na época, não que tivesse deixado de precisar, mas agora usava lente. Uma maquiagem bem feita e leve a faziam ficar ainda mais bela. No canto da foto havia uma medalha, para mostrar que não havia tido notas abaixo da média.

-Você nunca pareceu ser das GoldenGirls. -Apontou Phillip.

-Eu era muito ingênua... E até um tanto boba. -Disse passando o dedo na foto lembrando dos seus dias em GoldWing.

-Mas mesmo assim sempre estava no Top das meninas mais atraentes de GoldWing. -Disse lhe empurrando de leve fazendo-a rir.

-Ninguém acreditava nessas listas mesmo...

"Eu acreditava", mas antes que pudesse dizer, foi interrompido pelo gritinho eufórico da Talahasse.

-OLHA VOCÊ! -Seguido de uma gargalhada.

-ME DA ISSO AQUI! -Puxou o livro das mãos da castanha que estava caída no sofá de tanto rir.

Tudo resumia-se a isso: Phillip queria morrer.

O Dawson estava com uma blusa de botões branca e uma gravata borboleta preta. Sorria tímido para a foto mostrando o aparelho que usava e o óculos preto quadrado. Em cima também havia uma medalha e em baixo lia-se: Phillip Dawson, melhor aluno da turma de 2006.

-O tempo foi bom pra você, Phillip! -Disse Natasha se recuperando da crise de riso. -Olha esses óculos e o aparelho!

-HÁ HÁ HÁ! Não achei nenhuma graça! -Disse entregando com raiva o anuário de volta para a castanha. -Eu DISSE que não queria ver esse negócio!

Natasha estranhou a reação dele e decidiu que talvez tivesse pegado pesado demais. O viu levantar bufando em direção à cozinha.

-Ei! Espera! Não falei por mal... -Tentou e foi até a porta da cozinha ainda segurando o livro e apoiou-se no batente e o viu bebendo água. -Desculpa... Não sabia que ia ficar chateado.

-Eu só... Não gosto de lembrar disso!

-Mas você mudou... E, mesmo naquela época, você era incrível Phillip!

-Conta outra! -Disse revirando os olhos indo até a pia.

-Você era sim! Para mim você era. Você me salvou... Lembra? Mais de uma vez, inclusive. -Phillip parou um pouco. -Nos metemos em muita confusão naquela época por causa do Enigma, mas eu sabia que sempre podia contar com você.

Ele virou para ela recostando-se na bancada da pia e cruzou os braços.

-Mudou muito a gente, não foi?

-Sim... -Disse baixando a cabeça e apertando mais o livro contra o peito. -A gente quase morreu várias vezes, mas... Eu agradeço.

-Agradece!?

-Uhum. Sem o Enigma eu não teria conhecido você. -Phillip arregalou um pouco os olhos com a surpresa do comentário e Natasha logo viu o que tinha dito ficando corada. -E os outros, claro.

-É... Claro. -Disse à contragosto depois de alguns minutos em silêncio.

Mesmo sem admitir, o comentário adicional havia lhe causado certa dor.

-Phillip?

-Sim?

-Você tem pesadelos?

A aleatoriedade da pergunta lhe fez ficar atento, esquecendo o comentário anterior. Ele a olhou e viu que ela já havia aberto o livro novamente e olhava com pesar uma foto.

-Como assim pesadelos?

-Com ela... Com a Jasmine?

Phillip suspirou e andou até ela parando ao seu lado e vendo a página que ela encarava. Eram eles. Todos os cinco. Sentados sobre uma árvore no jardim. Megan fazia um sorriso estranho com Ruben deitado com a cabeça em seu colo sorrindo e fazendo "paz" com os dedos. Blaine estava sentado ao lado de Natasha com a mão por sobre o ombro da castanha sorrindo e ela também segurando um livro. Ele próprio estava sentado recostado no tronco da árvore olhando por sobre a página de um livro grosso que lia.

"O quinteto inseparável mais famoso de GoldWing"

-Sonho com ela quase toda noite... Pesadelos horríveis onde ela mata e tortura cada um na minha frente... E eu não posso fazer nada. -Lágrimas já se formavam nos olhos dela enquanto ainda encarava a foto. -Ela te torturava e e-eu não podia a-ajudar...

Phillip a puxou a envolvendo num abraço apertado enquanto ela chorava copiosamente em seu peito.

-Naty... O Enigma já acabou pra gente... Já passou... Calma...

-N-Não... Ele nunca deixa a gente. Ele n-nunca acaba...

Phillip a levou até o sofá fazendo com que se sentasse e logo ela o envolveu num abraço de novo com a cabeça em seu peito novamente.

-Você também tem? Pesadelos?

-Sim... -Admitiu. -Principalmente depois de um plantão ou depois da perda de um paciente...

-Com o que você sonha? -Perguntou o soltando para encará-lo.

-Na maior parte do tempo? -Disse enxugando as lágrimas dela. -Eu sonho que a Jasmine te torturava na minha frente... E eu também não podia fazer nada. -Ele olhou para ela com ternura e colocou uma mecha castanha atrás de sua orelha. -É bom ter você aqui, Naty... Comigo...

-Eu não vou à lugar nenhum...

Ela sorriu de leve e Phillip findou o espaço entre eles em um beijo demorado.

Beijo esse que era esperado por ambos à anos. Um beijo predestinado. Um beijo de confirmação de sentimentos. Um beijo... De amor.

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