Capítulo Dezoito - Penelope
"EU NÃO ACREDITO!", DISSE REVOLTADA, voltando a bater na porta com força, sem me importar mais em ser educada. "Como ela pode ter nos jogado aqui e não ter feito nem o mínimo esforço para ajudar?!"
Eu estava com raiva, frustrada e chateada. É verdade que não esperava grandes coisas da minha primeira tentativa de encontrar minha mãe, mas também não conseguia acreditar que todo aquele esforço tinha dado em nada.
"Penelope, não adianta." Ouvi Sebastian sussurrar atrás de mim. "Ela não vai ajudar. Vamos sair daqui primeiro e então pensamos em um outro jeito de encontrá-la. Calma, a gente não vai desistir fácil assim."
Eu me virei para Sebastian, tentando em vão controlar a onda de desânimo e impotência que me invadiu. Eu esperava tanto encontrar alguma coisa, qualquer coisa...
Nós estávamos no meio do corredor quando ouvi a porta do escritório se abrir novamente. Eu me virei, esperando ver aquela mulher detestável e rancorosa de novo, mas suspirei desapontada quando o garoto que estava limpando as estantes surgiu, tropeçando sem jeito no esfregão que carregava.
Ele se endireitou, coçou a cabeça envergonhado e abriu um sorrisinho para mim. Eu retribuí, mesmo morrendo de vontade de deixar algumas lágrimas escaparem, e me voltei para acompanhar Sebastian.
"Não, esperem!", ele gritou e eu ouvi seus passos vindo em nossa direção. Sebastian e eu nos viramos para ele, que parou na nossa frente ofegante. "Eu... Eu escutei o que estavam falando com a minha tia. Não devia, eu sei disso, mas não consegui evitar." Os olhos dele foram de mim para Sebastian e de volta para mim. Ele parecia inseguro. "Escutem, sei que não tenho nada a ver com isso, mas é que eu acho que posso ajudar vocês."
"Pode?", ouvi Sebastian perguntar, descrente, mas meu coração deu um pulo no peito assim que ouvi as palavras do garoto.
"Como?", perguntei, dando mais um passo na direção dele.
Ele – Hugo, se eu não estivesse errada – encarou os próprios tênis encardidos, falando apressado:
"Ontem tia Judith me despachou para organizar alguns papéis antigos que ficam numa salinha do prédio. Aquele lugar devia estar abandonado há uns mil anos e eu duvido muito que ela se importa de verdade se a sala está limpa ou não. Sei que ela me mandou para lá só para ficar sem ver a minha cara por algumas horas, mas acontece que eu também gostei de ficar um tempo longe dela, então enrolei o máximo que consegui arrumando todas aquelas caixas e arquivos." Hugo ergueu os olhos para nós, sorrindo e parecendo muito satisfeito consigo mesmo. "Eu fiquei um tempão lá, passei o tempo limpando tudo e parando vez ou outra para ler alguma coisa, já que não queria voltar para perto de tia Judith tão cedo. Acontece que quando você mencionou o nome daquela mulher agora a pouco, eu o reconheci. Se não estiver enganado, li alguma coisa sobre uma tal Amelia Gordon ontem enquanto estava na sala."
A animação fluiu pelas minhas veias como fogo quando ouvi aquilo. Precisei me controlar para não abraçar Hugo e agradecer por sua existência.
"Sério?!", perguntei, mal parando quieta no lugar. "Você pode nós levar até lá? Nos mostrar onde viu o nome dela?"
Ele assentiu várias vezes com a cabeça, endireitando-se no lugar e me olhando de uma maneira meio abobada.
Ah, agora eu tinha entendido o motivo pelo qual ele queria tanto ajudar... Contive o impulso de revirar os olhos e abri o meu melhor sorriso para ele.
"Eu levo vocês até lá", ele disse no mesmo instante, piscando para mim com um sorriso enorme. "Eu ajudo."
Atrás de mim, ouvi Sebastian soltar a respiração de forma rápida, provavelmente achando toda a cena bastante ridícula. Eu lhe dei um chute disfarçado, esperando que ele entendesse o recado e ficasse quieto.
Hugo nos guiou pelo primeiro andar do prédio até a tal sala. Ele abriu a porta devagar, que rangeu e gemeu tanto que mais parecia que a estávamos torturando. Eu entrei na sala primeiro, sendo seguida de perto por Sebastian. Prendi a respiração por um segundo quando percebi que aquele lugar era ainda mais apertado e abafado que o escritório de Judith. As paredes estavam todas cobertas por altas estantes de metal, cheias de caixas de papelão e fichários antigos. Não havia uma única janela.
Eu engoli em seco e fechei as mãos em punho, tentando me concentrar. Aquele lugar era o meu pior pesadelo ao mesmo tempo em que era a minha única esperança de encontrar algo que me fizesse encontrar minha mãe.
Eu precisava aguentar. Só um pouco.
Atrás de mim eu ouvi um baque surdo. Olhei para trás a tempo de ver Sebastian empacado no lugar com uma pilha de caixas que tinha derrubado sem querer ao seu redor. Ele olhava para os lados confuso, como se não entendesse o que tinha acontecido.
Corri até ele para ajudá-lo.
"Meu irmão tem sérios problemas de visão", eu disse para Hugo com um sorrisinho amarelo. "É quase cego o pobrezinho, vive derrubando coisas por aí."
"Puxa, deve ser um saco."
"Você não faz nem ideia...", Sebastian sussurrou, ajeitando os óculos escuros como se quisesse tacá-los longe.
"Eu sei que está por aqui", Hugo disse depois que ajudei Sebastian, se virando para uma estante a esquerda e revirando uma caixa de papelão. Eu enxuguei o suor da testa com o braço, lembrando-me de puxar o ar para os pulmões devagar. "Era uma folha muito antiga, escrita a mão, acho que foi isso que me chamou a atenção, inclusive."
Eu fui até ele e o ajudei a procurar. Havia pilhas muito grandes de papéis ali, o que me fez ficar um tanto desesperada. Eu não sabia quanto tempo conseguiria ficar naquele lugar sem enlouquecer e meus pensamentos me dominarem por completo.
"Tracy, me dê uma pilha, por favor. Eu quero ajudar", ouvi Sebastian dizer, e demorei um tempo para entender que ele estava falando comigo. Eu sabia que ele não conseguiria enxergar muito bem os papéis, mas me sentia mal por deixá-lo sem fazer nada, por isso fiz o que ele pediu.
Ficamos ali por minutos a fio em completo silêncio. Cada segundo pesava para mim, fazendo meu coração bater acelerado quando olhava para aquelas paredes que pareciam me comprimir em um único ponto.
"Aqui, encontrei!", Hugo exclamou para o meu alívio, sacudindo uma folha de papel no ar. "Estava mais no fundo, mas eu achei. Veja, Tracy."
Com o coração aos pulos eu peguei a folha das mãos dele.
A primeira coisa que notei foi que se eu não tivesse cuidado com aquilo, corria o sério risco de ver o papel se desintegrar nas minhas mãos, de tão antigo que era. A folha estava manchada e as letras escritas em uma caligrafia caprichada estavam bem claras, sumindo em alguns pontos.
Eu engoli em seco quando vi o nome dela, da minha mãe, escrito no topo da folha. Ela havia escrito aquilo. Em algum dia, há muito tempo, ela tinha tocado aquele papel assim como eu o estava tocando agora.
No fundo eu sabia que aquilo era ridículo, mas mesmo assim não conseguia deixar de pensar que aquela era a ligação mais forte que eu já tivera com ela durante toda a vida.
"É uma folha de currículo", eu disse quando percebi aquilo, passando os olhos apressada pelo o que ela tinha escrito. "Veja, ela diz onde trabalhava e tem até o endereço de onde vivia na época..."
Não consegui dizer mais nada, minha cabeça dava voltas e era difícil raciocinar direito.
"Ela deve ter preenchido essa folha quando tentou conseguir um emprego aqui", ouvi Sebastian falar. Não conseguia desgrudar os olhos do papel.
"Bom, sorte que o meu avô era do tipo acumulador", Hugo disse, parecendo muito orgulho de si mesmo. "Minha mãe me contou que uma vez a casa dele quase pegou fogo, de tanta tralha que ele juntava lá dentro."
Finalmente eu tirei os olhos do papel e me virei para Hugo.
"Você se importa se ficarmos com isso?", perguntei. "Pode ser de grande ajuda, entende? Talvez com isso meu irmão e eu possamos encontrar nossa prima."
"Pode ficar, é claro", Hugo falou, sorrindo para mim. "Não vai fazer falta. Como eu disse, minha tia não dá a mínima para o que tem aqui."
Eu agradeci e juntos nós saímos da sala. Por mais que o corredor escuro não fosse ainda do meu agrado, pelo menos agora não estava mais cercada por quatro paredes e uma única saída.
"Hugo, nem sei como agradecer", eu disse, me virando para o garoto que eu nunca poderia imaginar que seria de tanta ajuda. "Sério, se não fosse por você nem saberíamos por onde procurar."
"Que isso", ele falou, passando uma mão pelo cabelo castanho e tentando se recostar na parede em uma posição relaxada, mas acabou se desequilibrando no processo. "Foi um prazer ajudar vocês."
Ele então se voltou para Sebastian e franziu as sobrancelhas de leve.
"Engraçado, agora que parei para pensar, tenho a impressão que te conheço de algum lugar..."
Antes que Hugo pudesse pensar demais, eu me inclinei para ele em um gesto desesperado e dei um beijinho em sua bochecha, o que o fez ficar congelado no lugar e voltar os olhos arregalados para mim.
"Foi um prazer te conhecer", eu disse, já me afastando dele e sorrindo amplamente. "E não deixe sua tia te tratar mal daquele jeito. Mostre para ela como você é incrível."
Hugo não respondeu, mas antes de me virar e seguir apressada com Sebastian pelo corredor, o vi levar a mão à bochecha e sorrir de uma maneira apaixonada. Eu ri baixinho e trouxe a folha para junto do peito, a segurando como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.
"Pobre Hugo...", ouvi Sebastian dizer quando saíamos do Empire Music Club depois de nos despedirmos de Deborah na recepção. "Você o enfeitiçou, sabia? Foi muita maldade sua."
Eu ri, tão feliz que o mundo de repente pareceu todo cor-de-rosa. Encontrar aquela folha, escrita pela minha própria mãe e que talvez acabasse me levando até ela, fez com que tudo parecesse perfeito por alguns minutos radiantes. Mal conseguia acreditar na minha sorte, quase era bom demais para ser verdade.
"Eu não enfeiticei ninguém", eu falei para Sebastian, enquanto voltávamos na direção de onde tínhamos estacionado o carro. "Mas tenho que admitir que me aproveitei um pouquinho da situação."
"Bom, ainda bem que todo o seu esforço não foi em vão, não é?"
"Ah, fique quieto."
Eu estava com os olhos novamente voltados para o papel que segurava quando senti alguém esbarrar no meu ombro sem querer.
"Desculpe", uma voz masculina disse, e eu ergui a cabeça para dizer que estava tudo bem quando olhos muito azuis me encararam.
O homem que eu nem conhecia não me olhou uma segunda vez, apenas continuou seu caminho pela calçada, mas o estrago já havia sido feito.
Minha mente não me ouviu quando tentei dizer que estava tudo bem. Que aqueles olhos azuis desconhecidos não eram os mesmos que me assustavam em pesadelos e me espiavam pelas ruas de Lyria. Nada daquilo adiantou, pois meu corpo reagiu como sempre, paralisando de medo.
"Penelope?", eu ouvi a voz de Sebastian chamar, mas não consegui responder. Minha boca estava muito seca e a realidade parecia distante, meu coração estava disparado e eu não conseguia respirar.
Por favor, agora não, implorei em pensamento, mas eu já não tinha o controle de mim mesma. Mergulhei em lembranças terríveis e o ambiente ao meu redor de repente pareceu esconder todo o tipo de perigo.
"Penelope, eu não vou te deixar nunca", a voz de Damien soou na minha cabeça, tão clara em pensamento como meses antes, quando eu tinha decidido terminar aquele relacionamento que pouco a pouco estava me matando sem que eu mal percebesse. "Você não sabe o que está dizendo, querida. Nós fomos feitos um para o outro. Como você pode esperar que tudo acabe assim? Não posso te deixar. Nunca faria isso."
Não sei como acabei chegando ao carro. Acho que Sebastian segurou minha mão e de algum modo fez com que eu entrasse na cabine. Não conseguia raciocinar direito. O mundo girava em uma espiral infinita, fora de foco, me levando junto. Pensei que iria morrer. Que aquele era o fim.
Minha parte racional tentava argumentar, tentava dizer que eu já tinha passado por aquilo muitas vezes antes e que tudo tinha ficado bem, mas a racionalidade sempre perdia aquelas batalhas.
"Penny, me escuta. Só me escuta, está bem?" Ouvi uma voz dizer bem próxima de mim. Meus olhos estavam fechados, tinha medo que se os abrisse tudo ficasse ainda pior. Senti mãos grandes e quentes segurarem as minhas mãos trêmulas. "Vai ficar tudo bem. Vai passar, ouviu? Se concentra em mim. Vai passar."
Eu engoli em seco e tentei soltar o ar. Era difícil. Eu parecia estar sufocando.
"Você consegue respirar junto comigo?", Sebastian disse. "Só respire junto comigo, ok? Vamos lá." Ele iniciou um lento processo de inspiração e expiração que eu me empenhei ao máximo para acompanhar. Nada mais importava naquele momento. Eu só precisava respirar. "Vai passar, Penny, vai passar..."
Não sei quanto tempo levou para que o mundo parasse de girar e o meu coração voltasse ao ritmo normal, só sei que quando abri os olhos, percebi que os nós dos meus dedos estavam brancos, tamanha era a força com que eu apertava as mãos de Sebastian.
Fraca, ergui os olhos para ele, que ao me encarar soltou um profundo suspiro de alívio e fechou as pálpebras por um momento.
"Graças a Deus", ele murmurou baixinho.
Sebastian tinha tirado o boné e os óculos escuros, vi que os tinha jogado de qualquer jeito no chão do carro. Tudo ficou muito quieto por um instante e eu fiquei grata por aquilo, porque era bom estar em silêncio depois de todo o barulho que a minha mente tinha provocado.
"Você está bem?", Sebastian perguntou depois de um longo momento, olhando para mim com atenção. Eu fiz que sim com a cabeça, tentando sufocar o nó na minha garganta. Queria chorar, queria derramar tantas lágrimas quanto fosse possível, mas não queria fazer aquilo perto dele.
"Eu... Eu não sei o que te dizer", eu disse por fim, porque eu sabia que tinha de falar alguma coisa depois do que tinha acontecido. Sebastian merecia aquilo. "Eu sinto muito."
"Penelope, está tudo bem", ele falou, voltando a segurar minha mão. Seus olhos castanhos estavam tão límpidos e pareciam tão verdadeiros que de algum modo aquele simples gesto fez o meu coração balançar. "Já passou e o que importa é que você está bem. Se tiver qualquer coisa que eu possa fazer por você..."
Eu não sei o que deu em mim naquele momento, só sei que quando ouvi aquelas palavras, foi como se a represa que segurava todas as emoções dentro de mim se rompesse. Eu solucei e as lágrimas vieram com força total, sem mais me pedir permissão.
Eu enterrei o rosto nas mãos, com raiva de mim mesma, me sentindo triste e impotente, desejando tirar todos os sentimentos ruins que cresciam como ervas daninhas dentro de mim. Eu tinha tanto medo. Ficava dizendo para mim mesma que iria passar, que Damien me esqueceria e que nada de mal aconteceria comigo, mas a verdade era que eu não tinha certeza de nenhuma daquelas coisas.
Deus, só de pensar no estrago que conhecê-lo causou em mim... Eu estava a centenas de quilômetros de casa, amedrontada pelo simples fato de por um segundo ter pensado que tinha me encontrado com Damien de novo, meu corpo ainda tremendo por um ataque de pânico que me fez pensar que estava prestes a morrer. E tudo aquilo por quê? Porque um dia eu tinha sido burra o suficiente para achar que aquele garoto de sorriso bonito e risada doce na casa de uma amiga era alguém com quem eu gostaria de me envolver.
Burra, burra, burra!
Meus soluços foram abafados quando senti braços quentes me envolverem. Abraçar alguém dentro de um carro não era tão confortável, mas naquele momento me trouxe toda a segurança e paz de que eu precisava.
Senti as mãos de Sebastian deslizarem pelas minhas costas e ouvi quando ele sussurrou baixinho no meu ouvido, dizendo que estava tudo bem, que eu podia chorar o quanto quisesse.
E, puxa, eu chorei mesmo. Molhei a camisa colorida que tinha comprado para ele e desejei que as lágrimas lavassem de vez a minha alma. Me refugiei nos braços daquele garoto que eu conhecia há pouco tempo, mas que já tinha me visto em momentos que nem a minha família conseguiu ver.
Quando nos afastamos, eu enxuguei as lágrimas com as pontas dos dedos e tentei me recompor. Não tinha orgulho para ser ferido, sabia que Sebastian não me julgaria pelas lágrimas nem pelo que tinha acabado de acontecer. Preferiria que ele não tivesse testemunhado tudo aquilo, é verdade, mas tinha acontecido e eu não podia fazer nada para reverter a situação.
"Penelope, se você quiser falar sobre o que aconteceu...", ele disse baixinho, olhando para mim. "Você pode falar comigo. Pode dizer qualquer coisa."
"Eu sei", eu disse, piscando rápido para tentar afastar mais lágrimas. "Eu só... Não sei se quero tocar nesse assunto agora. Sei que te devo uma explicação, mas..."
"Você não me deve nada", ele disse antes que eu pudesse concluir. "Só quero que saiba que se quiser falar, que se precisar de qualquer coisa, eu vou ajudar. Sei que nós nos conhecemos há pouco tempo, mas isso não é importante. Eu... eu me importo com você."
Eu olhei para Sebastian e pisquei, surpresa e tocada pelas palavras.
"Eu também me importo com você", eu disse, e não falei só por falar. Aquela era a verdade pura e simples. "Me importo muito." Ele abriu um sorrisinho triste e eu suspirei, desviando os olhos dos dele por um segundo. "Quando esbarrei com aquele homem, pensei que ele fosse outra pessoa", disse por fim. "Pensei que fosse... um ex-namorado. Um ex-namorado de quem eu não gosto muito. Entrei em pânico como naquela noite em que você me encontrou nos corredores do palácio. Naquela vez eu me senti vulnerável porque pensei que estava perdida. Você já deve ter percebido que não me dou muito bem em lugares abafados. Mas hoje... Hoje não foi por me sentir presa nem nada disso. Foi porque eu pensei tê-lo visto, e isso vem me abalando muito."
Sebastian assentiu e seus olhos castanhos reluziram com um brilho diferente. Talvez fosse só impressão, mas ele parecia estar com raiva. Não achava que fosse comigo.
"Talvez você precise de ajuda, Penelope. Ajuda profissional", ele sugeriu, mas eu fiz que não com a cabeça.
"Não sei se adiantaria."
"Talvez você acabe se surpreendendo."
Eu engoli em seco e desviei o olhar. Por sorte Sebastian pareceu desistir do assunto, mas percebi que estava contrariado.
"Vamos para o palácio, tudo bem? Você vai querer descansar um pouco depois de hoje."
Eu assenti, mas antes que ele desse partida no carro eu falei:
"Você pode não contar sobre isso para ninguém? Sobre o que aconteceu?"
"Não vou falar", ele disse com veemência. "Você não precisava nem ter pedido."
Eu assenti e sorri para ele, me sentindo mais calma apesar do que tinha acabado de acontecer.
"Penny, você pode pegar meus óculos no porta-luvas?", ele perguntou então. "Não quero nos envolver num acidente de trânsito."
Eu soltei uma risadinha e peguei os óculos de Sebastian, que ele colocou no rosto com um suspiro de alívio.
"Agora você já está parecendo mais com você mesmo", comentei, porque queria que o clima entre nós ficasse leve de novo. "Só falta a camisa."
"É mesmo? Mas eu até que comecei a gostar dela..."
"Duvido muito." Eu soltei uma risada e coloquei uma mecha do meu cabelo falso atrás da orelha. Já estava louca para tirar aquela peruca. "É meio difícil te levar a sério usando esse negócio."
"Também é difícil levar a sério uma garota morena com sobrancelhas ruivas, mas eu decidi não comentar nada mais cedo porque me importo com seus sentimentos."
"Ei!"
Eu lhe dei um tapinha no ombro, mas Sebastian se esquivou e deu partida no carro, rindo.
Nós conversamos sobre coisas leves no caminho de volta até o palácio. Discutimos os nossos próximos passos em relação a busca pela minha mãe e deixamos o que tinha acontecido na calçada para trás, por mais que eu soubesse que Sebastian ainda não tinha esquecido totalmente aquilo. Dava para ver nos olhares que ele me lançava de vez em quando, preocupados e cheios de cuidado.
Mas eu entendia. Sabia que ele estava curioso a meu respeito do mesmo modo que eu estava curiosa a respeito dele. E tudo bem. Não havia mal naquilo.
Sentada ao seu lado no banco do carro, eu me sentia estranhamente segura, leve e confortável sendo eu mesma como nunca tinha me sentido com ninguém. Mais parecia que conhecia Sebastian há muito, muito tempo.
E aquela era uma sensação maravilhosa. Uma sensação que eu não queria perder.
______________________❤️__________________
Oii gente! Bom finalzinho de domingo para vocês!
Admito que não sei se a qualidade desse capítulo está muito boa, porque eu meio que terminei de escrever e revisar em cima da hora para postar para vocês, mas espero que tenham gostado!
Nossa, esse foi intenso, hein? Eu mesma estava suando enquanto escrevia e quero saber tudo o que acharam!
Me diverti muito com as teorias de vocês no capítulo anterior, e acho que agora elas mudaram um pouco, então fiquem à vontade para dizer tudinho aqui. <3
Por hoje é isso gente! Uma semana muito abençoada para cada um de vocês e até o próximo capítulo!
Beijos,
Ceci.
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