Capítulo 16 Amor de tia
Emanuelle
O sol filtrava-se pelas cortinas da casa de Sofia, espalhando um brilho dourado pelo ambiente. Eu ajeitava Heitor nos braços enquanto tocava a campainha. Meu pequeno de seis meses agitava as mãozinhas no ar, ansioso. Ele sabia que estava prestes a ver a tia. Assim que a porta se abriu, os olhinhos dele brilharam.
— Meu amor! — Sofia abriu os braços e me lançou um sorriso caloroso antes de pegá-lo do meu colo.
Heitor soltou uma gargalhada gostosa, batendo as mãozinhas no rosto dela. Seu corpinho pequeno se sacudia de alegria.
— Ele te ama tanto, Sofia. É impressionante.
— E eu amo ele mais ainda. — respondeu, rodopiando com Heitor no ar. — Quem é o bebê mais lindo da titia? Quem é?
Ele gritava, empolgado, os pezinhos chutando o vento. Eu ri, me sentindo aliviada por vê-lo tão feliz. Era sempre assim. Bastava Sofia aparecer, e Heitor virava outra criança, tomado por uma animação quase incontrolável.
— Vamos entrar. — Sofia disse, segurando o bebê contra o peito e beijando sua testa.
Passei pela sala e me acomodei no sofá, observando minha irmã brincar com ele. Heitor esticava os bracinhos, tentando segurar os cachos dela, enquanto ela ria. Era uma conexão indescritível.
— Você devia morar mais perto, Emanuelle. Assim ele ficaria comigo todo dia.
— Ah, sim. — sorri. — E quem disse que você ia me devolver?
Sofia jogou a cabeça para trás numa risada sincera.
— Eu ia roubar mesmo!
Heitor, alheio à conversa, balbuciava palavras sem sentido, tentando se comunicar. Sofia respondia, como se entendesse cada sílaba.
— Ah, é? Titia te ama também, meu amor!
Ele gargalhava outra vez. Eu nunca tinha visto um bebê tão apaixonado por alguém que não fosse a mãe. Talvez fosse a energia de Sofia, sempre vibrante, sempre disposta a brincar e dar atenção a ele.
— Vou pegar um suco para nós. — disse, levantando-me.
— Traz um biscoito também!
Caminhei até a cozinha e me permiti relaxar. A casa de Sofia sempre me passava uma sensação de paz. O cheiro de lavanda, os móveis de madeira clara, tudo tão acolhedor. Peguei os copos e quando voltei, encontrei Sofia sentada no chão com Heitor no colo. Ele segurava um dos dedos dela, fitando-a com uma adoração pura.
— Você viu como ele me olha? — perguntou, derretida.
— Ele realmente te ama.
— Acho que ele sente que é recíproco.
Sentei ao lado deles e entreguei o copo para minha irmã. Heitor observava atentamente, como se estivesse absorvendo cada movimento.
— Ele é especial, sabia? — Sofia murmurou.
— Eu sei. Desde que ele chegou na minha vida, mudou ela completamente.
Ela afagou a cabecinha dele, os olhos brilhando.
— Você é uma mãe incrível, Emanuelle. Ele tem sorte.
Senti um nó na garganta. Muitas vezes, eu me questionava se estava fazendo tudo certo. Mas ouvir isso da minha irmã me trouxe um conforto imenso.
— Obrigada, Sofi.
Por um momento, ficamos em silêncio. Heitor bocejou e esfregou os olhinhos.
— Aí está. — ri. — Ele se empolga tanto que acaba ficando exausto.
— Deixa que faço ele dormir. — Sofia se ofereceu.
Entreguei meu bebê para ela, e Sofia começou a embalar, cantarolando baixinho. Heitor repousou a cabecinha no ombro dela, entregue ao cansaço.
Fiquei observando aquela cena, o coração transbordando. Ver meu filho nos braços da minha irmã, cercado de amor, era uma das maiores bênçãos da minha vida.
O silêncio tomou conta da sala, quebrado somente pela melodia suave que Sofia cantarolava. Heitor se acomodava cada vez mais em seu colo, os olhos piscando lentamente até se fecharem por completo. Meu coração se aquecia ao ver essa conexão tão forte entre eles.
— Ele dormiu. — sussurrou Sofia, sorrindo.
— Você tem um dom com ele.
— Não é um dom, é amor. — respondeu, ajeitando melhor o corpinho dele em seus braços. — Ele sente.
Observei meu filho aninhado contra ela, e um pensamento me atravessou: como seria a vida dele sem Sofia por perto? Eu não queria imaginar.
— Você realmente deveria morar mais perto. — murmurei.
— Ei, eu falei isso primeiro. — ela riu baixinho, levantando-se com cuidado. — Vou colocá-lo no quarto.
Assenti e a segui pelo corredor. O quartinho de hóspedes de Sofia já era praticamente um espaço de Heitor. Ela tinha comprado um berço portátil, mantinha mantinhas cheirosas por perto e até alguns brinquedos.
Ela o deitou com delicadeza e ficou um tempo ali, observando-o.
— Sabe — comecei, encostando-me ao batente da porta —, às vezes me pego pensando que, se algo acontecesse comigo, você seria a única pessoa no mundo em quem eu confiaria para cuidar dele.
Sofia virou-se para mim, surpresa.
— Não fala assim, Emanuelle.
— Eu sei, eu sei. — suspirei. — Mas é sério. Você é como uma segunda mãe para ele.
Ela caminhou até mim e segurou minha mão.
— Você não precisa se preocupar com isso. Eu sempre estarei aqui.
Sorri, sentindo o peso de algumas inseguranças se dissolverem.
Voltamos para a sala, onde nos jogamos no sofá, finalmente relaxando.
— Como você está? De verdade? — Sofia perguntou, me estudando com atenção.
— Cansada, mas feliz. É um equilíbrio complicado.
— Eu imagino. Ser mãe não deve ser nada fácil.
— Não é. — ri. — Mas quando vejo o Heitor assim, sorrindo, dormindo tranquilo, eu percebo que tudo vale a pena.
Sofia me olhou com ternura.
— Eu admiro tanto você.
— Pare de me elogiar, ou vou acabar chorando.
— Pois chore. Faz bem.
Revirei os olhos e ri, mas, no fundo, sabia que ela estava certa.
— E você? Como está?
— Trabalhando de casa. Mas você sabe, minha prioridade é esse pequeno.
— Eu sei. E agradeço por isso todos os dias.
Ficamos ali por um tempo, aproveitando a presença uma da outra. Conversamos sobre a vida, relembramos momentos da infância, rimos de histórias antigas. A casa de Sofia sempre foi meu refúgio, e hoje não era diferente.
Depois de um tempo, um choramingo veio do quarto.
— Olha quem acordou. — Sofia se levantou rapidamente. — Vou buscar.
Assisti enquanto ela desaparecia no corredor e voltava com Heitor nos braços. Ele piscava sonolento, mas quando viu a tia, abriu um sorrisinho.
— Meu amor, dormiu bem?
Heitor balbuciou alguma coisa e se aconchegou nela.
— Esse bebê te ama de um jeito... — falei, balançando a cabeça.
— Porque eu sou a melhor titia do mundo!
— Modesta, hein?
Sofia riu, sentando-se ao meu lado com Heitor no colo. O tempo passou rápido demais, e logo percebi que precisávamos ir embora.
— Ele vai protestar quando tirá-lo do seu colo. — avisei.
— Eu sei. E confesso que também não quero soltar.
Suspirei e me levantei.
— Mas precisamos.
Tentei pegá-lo, mas Heitor segurou firme na blusa de Sofia, escondendo o rostinho no pescoço dela.
— Você está vendo isso? Ele não quer ir! — Sofia exclamou, divertida.
— Eu disse.
— Quer dormir aqui com a titia hoje, Heitor?
Ele não respondeu, claro, mas seu agarramento intenso dizia tudo.
— Você não presta. — acusei, rindo.
— Só estou testando a possibilidade.
Depois de algumas tentativas e muito choro, finalmente consegui pegá-lo de volta. Sofia o encheu de beijos antes que eu o colocasse no bebê conforto.
— Depois trago ele de novo. — prometi.
— Espero mesmo.
Nos despedimos e, ao sair, senti meu peito se encher de gratidão. Heitor tinha sorte de ter Sofia. E eu também.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top