Capítulo 03
Dez anos depois, 2015.
Eu acordei já atrasado para uma reunião muito importante na minha empresa. O dia hoje está muito ensolarado, sinto que a semana vai fazer muito calor e a única vontade que tenho, é de ir para uma bela praia. Acho que vou comunicar a minha Baixinha, vai que ela quer ir comigo, estou muito afim. Acabo de me arrumar com meu terno cinza, feito especialmente para mim, e saio correndo sem nem ao menos tomar café. Vou direto para a garagem e entro no meu Audi Q7. Hoje é o dia que Chloe vai me matar pelo meu atraso. Falando nela, olha quem está me ligando.
— Bom dia, My Love — saúdo, rindo. — Antes de você me falar alguma coisa, já estou saindo da garagem. Daqui a pouco estou chegando, Baixinha.
— Eu ainda não sei o que eu vou fazer com você, Breno, daqui a pouco os representantes estão chegando e o CEO da empresa ainda não chegou — fala ela, muito irritada comigo.
— Vou chegar em tempo, eu juro, daqui a pouco estou aí. Só segura as pontas para mim — falo, ainda dando risada.
— Fica rindo, dê bastante risada — ela reclama. — Não te digo nada, fui! — ela diz rindo também. Chloe não aguenta!
Desligo o telefone e presto atenção no trânsito caótico aqui em Salvador, assim não vou chegar hoje!
Minha vida com a Chloe está caminhando tudo como queríamos há dez anos, quando saímos para o exterior para estudar. Quando chegamos, não foi fácil, o ensino lá não é graça. Mas nos ajudou muito ao crescimento profissional e pessoal também, a vida na Califórnia foi regada de muito trabalho, um lugar que não sabíamos de nada, a não ser a língua que aprendemos logo cedo, mas os costumes aprendemos tudo lá. Fizemos amigos, mas nenhum que seja inesquecível, eram mais de curtição, tanto que não temos muito contato com quase ninguém, a não ser minha tia, que nos acolheu como fossemos filhos dela.
Chego na garagem do prédio Andrade&Muniz Publicidade, que hoje em dia é uma das melhores e mais reconhecidas no Brasil, eu quero que chegue ao mundo inteiro, mas ainda falta muito chão para correr.
— Bom dia, Cíntia! — falo com a recepcionista
— Bom dia, Senhor Andrade! — responde ela, dando um breve suspiro, se ela soubesse da minha preferência, não estaria assim.
Às vezes, eu dou muita risada com essas mulheres que vêm para meu lado, todas achando que vão conquistar meu coração, sem saber elas que eu prefiro coração masculino. Só minha família, alguns amigos e poucos chegados sabem da minha sexualidade, não é uma coisa que eu tenha que ficar expondo para Deus e o mundo.
Sou um homem muito bonito, graças principalmente a Chloe, que me deu um choque de realidade. Passamos os dois a ir academia fazer exercício, então digo com todas as letras, que sou um homem muito bonito. Meus olhos verdes que chamam a atenção, corpo muito bem distribuído, com músculos. Tenho 1,85 e peso uns 90 kg, meus cabelos castanho com o corte rockabilly, que meu amigo Jojo falou que é o corte do momento, não sei se vocês conhecem, mas é aquele que deixa cortado dos lados e um topete em cima, (ficou uma graça!), uma barba por fazer muito bem cortada, que me deixa com o ar de homem másculo, e fora as roupas de todas as novas coleções, que estou por dentro graças a minha Baixinha, não deixamos passar nada.
Caminho até minha sala e está uma Vanessa, toda esbaforida, correndo ao meu encontro com meu café nas mãos e trazendo as notícias de tudo o que aconteceu por aqui. Ainda nem começou a manhã direito, mas ela é uma fofoqueira que só.
— Bom dia, Senhor Andrade — diz ela, recuperando o folego. — Senhora Muniz já está te esperando na sala de reuniões, quer agora sua agenda, Senhor?
— Calma, mulher! — digo a ela. — Bom dia para você também, Van. Eu já sei que a Chloe está me esperando, não se preocupe. E quando sair da reunião, eu peço minha agenda — aviso-a. — Me deixe ir, senão, vou ser um homem morto hoje — falo rindo e indo ao encontro de minha amiga.
Chego a sala de reuniões e está Chloe, conversando com os representantes da marca que querem os nossos serviços.
— Bom dia, pessoal! — Os saúdo com alegria. — Meu nome é Breno Andrade, um sócio da empresa e o CEO, vamos começar a reunião — informo, me sentando com a maior cara de dono de empresa que já se viu. Negócios são negócios, meus caros!
A reunião transcorre tudo muito bem, eles adoram as nossas ideias e não querem ninguém, a não ser eu e Chloe, para fazer a companha da marca deles. Mesmo sabendo que todos as pessoas aqui na empresa são bem capacitadas, prefiro mesmo fazer, porque essa empresa é muito conhecida e isso vai fazer nosso nome crescer mais e mais. Quando olho o relógio, já está quase na hora de ir almoçar.
— Então, estamos todos acertados, semana que vem vamos marcar mais uma reunião para averiguar e mostrar o nosso esboço para o trabalho — digo a eles, louco para terminar essa reunião.
— Estamos realmente acertados, Senhor Andrade, adoramos tudo o que nos mostrou. E semana que vem estaremos aqui, como já acertamos — fala Fábio, um dos representantes da marca, um homem muito bonito. Mas pelo que eu estou vendo, é casado. Assim enfraquece a amizade, não dá!
— Nos vemos semana quem vem então, muito obrigada por preferir a nossa empresa, sei que vocês não vão se arrepender — diz a Baixinha.
Depois de nossa pequena conversa com os representantes, vamos nos encaminhando para terminar de nos despedir deles próximo ao elevador. A Baixinha está muito mudada, ela continua a ser a mesma maluca de sempre, mais está mais centrada, organizada, disciplinada e muito mais muito bonita do que era antes.
Depois que me deu um choque, ela me ajudou e acabou se ajudando também, continua fortinha, mas seu corpo está muito mais definido e cheio de curvas, tudo durinho, resultado da academia cinco vezes por semana. Sua cor do pecado chama muita atenção, seu sorriso que ilumina minha vida sempre, se veste absurdamente maravilhosa, só com coisas que estão em alta na moda, sempre será minha Baixinha. Ela nunca vai deixar de ser um abalo cósmico de mulher!
— Não vou mais ficar segurando sua onda. Está me ouvindo, Breno? — diz a Baixinha, tentando parecer séria.
— O que é isso, minha Baixinha mais linda que já vi nessa vida. — Vou logo dando um abraço nela. — Bom dia para você também, não tive nem como falar com você direito hoje — falo, dando meio sorriso.
— Nem me invente de ficar me chamando de baixinha aqui na empresa, imagine se alguém vê isso. Adeus credibilidade da mamãe aqui, eles têm que ter medo de mim — fala, querendo rir
— Deixa disso, as pessoas te respeitam pela pessoa que você é, a patroa arrasadora de corações fracos.
— Não me faça rir quando estou chateada com você, seu Puto! — falou seu puto, ganhei ela! — E vamos logo almoçar, que estou morrendo de fome.
— Vamos sim, porque hoje eu não tomei café, estou morrendo de fome — falo, levantando da cadeira e indo em direção a Vanessa.
— Van, pode ir almoçar você também, tem alguma coisa importante na minha agenda depois do almoço?
— Não, senhor Andrade, está tudo tranquilo! — diz Vanessa
— Então, qualquer coisa pode me telefonar, acho que não vou voltar depois do almoço, meu celular estará ligado.
— Pode deixar, ligarei para o senhor se for preciso! — confirma ela.
Depois de pegar uma distância considerada, já caminhamos em direção ao elevador, eu sei que não vou poder escapar do interrogatório de minha Baixinha.
— Você está pensando em ir onde? — questiona ela. — Está de namorado novo eu não estou sabendo? — Chloe me olha de soslaio. — Olha, já bastou aquele traste! — diz ela, lembrando daquele sujeito ordinário que foi o Rodrigo na minha vida.
— Quem diz que eu vou, você conjugou errado, baby — falo, olhando para ela. — Nós vamos, minha querida, você já viu o dia que está fazendo? Precisamos urgentemente de um banho de mar, amiga!
— Agora que eu estou me fazendo! — Ela me encara. — Tu ficas me colocando nas suas jogadas, temos uma empresa para dar conta, querido — responde ela
— Eu sei, Baixinha! — exclamo. — Vamos, só hoje, eu prometo! — Faço minha melhor cara de gato do Shrek.
— Vamos almoçar, pelo amor de Deus, depois resolvemos isso. Mas sabe que eu não aguento uma a praia — fala ela, fazendo cara de fome.
— Vamos sim, querida, vamos naquele restaurante que abriu, lá na Barra, soube que é muito bom.
— Então, vamos correndo! — diz ela, me puxando.
Saímos da empresa direto para a garagem, cada um no seu carro. O dia está tão lindo, que uma praia cairá muito bem. Vamos ao restaurante e realmente a comida é muito boa, falamos sobre o nosso trabalho e concluímos como vamos fazer essa campanha nova.
Quando voltamos da Califórnia, fomos muito bem recebidos por nossos amados pais, que absurdamente sentia muita falta deles. Eles viram que eu e a Chloe estávamos cheios de planos do que fazer depois que nós nos formamos. Para a nossa alegria e pura felicidade, nossos pais se juntaram e deram de presente para nós dois uma boa quantia, para que assim realizássemos o sonho de abrir nossa empresa. Sendo assim, saímos do interior onde morávamos e viemos para a capital, aqui em Salvador, onde abrimos Andrade&Muniz Publicidade. Não foi fácil, com muito trabalho e suor diário, conseguimos o nosso sucesso, mesmo sendo uma empresa nova o reconhecimento é muito grande.
***
Saímos do restaurante e vamos para casa, a Baixinha não está muito bem, a bendita dela resolveu dar as caras logo hoje (coisas de mulher), está com uma TPM que só Jesus. Ela reparou nisso quando voltou do banheiro, ficou logo irada, porque sabemos como ela fica quando a bendita dá as caras. Então, o melhor para minha vida é deixá-la sozinha. Como não estou muito afim de voltar para empresa, vou para casa procurar o que fazer.
Chego em casa e a primeira coisa que faço, é procurar a outra mulher da minha vida.
— Maria, você está aí, mulher? — grito Maria, ela é minha ajudante aqui em casa, está mais para uma babá, já que ela é muito amiga de minha mãe, cuida de mim muito bem.
— Oi, Seu Breno — diz ela. — O que foi? — pergunta. — Já chega assim, dando susto nos outros, quer me matar, menino?! — Chega ela na sala, correndo.
— Foi nada não, só queria te dar um beijo, que hoje de manhã eu sai e nem te vi, estava cheio de pressa — digo a ela. — E pode parar de me chamar de Seu, sou praticamente seu filho — falo rindo e abraçando minha Maria.
— Você que me matar do coração, isso sim. — Ela me encara. — E desculpe a formalidade, é o costume. Vou tentar para com isso — diz, envergonhada.
— Poxa Maria, queria tanto ir à praia hoje, mas a Baixinha ficou naqueles dias e não rolou para mim! — reclamo.
— Logo eu vi que você veio cedo para casa! — diz Maria. — Tadinha da Chloe, ela fica um porre com essas cólicas dela, mas tarde liga para ver se ela precisa de algo. — Maria faz uma cara de que sabe o que a Baixinha está passando.
— Pode deixar, vou ligar sim! Ela deve ter ido tomar um banho e dormir um pouco, conheço aquela ali — suspiro. — Bem, vou tomar um banho.
— Vá sim, meu filho — diz Maria, me dando um beijo no rosto e se afastando em seguida.
Sigo para meu quarto, tiro minha roupa e vou tomar um belo banho. Logo que termino, vou dar uma olhada nos meus e-mails, hoje eu não tive tempo de olhar. O que me deixa mais irritado é que tenho um e-mail do traste do Rodrigo, isso me tira do sério, ele é um canalha fora do comum, com muita cara de pau.
De: Rodrigo Sampaio
Para: Breno Andrade
Assunto: Quero um jantar com você!
Olá, querido, tudo bem?
Nós precisamos conversar, você não atende meus telefonemas, não consigo falar com você! Estou morrendo de saudades de nós dois juntos, sei que você ainda gosta de mim, vamos esquecer o que aconteceu! Vamos sair para jantar, qualquer coisa você me liga, me responde, lindo!
Te amo muito, sinto sua falta!
Beijos de seu amor, Rodrigo
Eu ainda não entendo a cara de pau desse sujeito. Conheci Rodrigo em uma festa que eu fui com Chloe, uma inauguração de uma boate em Campo Grande. Estava uma noite muito divertida, regada de tudo o que foi coisa boa. De repente, me apareceu esse negro, o mais lindo que já tinha visto. Rodrigo é alto, tem 1,92. Corpo muito musculoso, mas com tudo bem distribuído. Olhos castanhos, não tem cabelos, pois gosta de raspar. O sorriso bem branco, cheios de dentes perfeitos. E um belo cavanhaque.
Quando eu olhei aquele negro, não aguentei e me derreti, ele veio com a fala mansa, muito másculo, ganhando o Breno aqui! Quando vimos, eu já estava na casa dele, nossa noite foi muito boa, não tenho o que reclamar. Rolou tudo de bom, com muito fogo e carinho, uma noite regada de um sexo maravilhoso. Como nada vida se resume ao sexo, com o passar do tempo estávamos namorando firme, ele é gay assumido e até conheci algumas das pessoas da sua família. A mãe dele é a maior onda, dava muitas risadas com ela. Ele conheceu meus pais, passamos um final de semana no interior, foi muito legal.
Assim, fomos seguindo nosso namoro, já estávamos quase fazendo três anos juntos, fazendo planos e mais planos com nosso futuro juntos. Um dia sai da empresa e resolvi dar uma passada na casa dele, apesar de falar com ele que eu ia sair tarde e que não poderia vê-lo naquele dia. Mas consegui terminar a campanha a tempo e resolvi fazer uma surpresa para o meu negrão. Quando cheguei ao apartamento dele, como eu já tinha a chave, não precisei chamar e fui logo entrando. A casa estava silenciosa, eu estranhei e logo tive a pior imagem que qualquer pessoa que está namorando pode ter. Peguei Rodrigo fodendo um ninfetinho na sua cama.
Eu quase morri do coração quando eu vi a cena, meus olhos encheram de lágrimas e eu não conseguia raciocinar direito, fiz uma pequena zoada quando notaram que tinha alguém vendo aquela barbaridade. Eles pararam o que estavam fazendo no ato. Rodrigo, quando me viu, arregalou os olhos e tentou ir atrás de mim. Eu não tive outra opção, a não ser me lamentar para ele, perguntava o por que ele fez aquilo. Como todo canalha tem as mesmas respostas, ele soltou o velho "Não é nada daquilo que você está pensando!". Hoje, quando eu lembro, me dá vontade de rir, porque a cena foi muito ridícula. Mas eu só quis sair correndo daquele lugar sujo.
Depois daquele dia fatídico, eu nunca mais vi ou ouvir falar de Rodrigo, ele sempre me procura, mas tento de tudo para ignorar. Não vale mais a pena, deixei esse safado livre e no passado, não quero nunca mais aproximação com ele. Claro que fui chorar pitangas com minha amiga quando aconteceu, contei tudo o que houve a ela. A Baixinha, nervosa como só ela mesmo, quis descer o braço no miserável, só que eu não deixei. Minha família e a dele aceitaram nosso término, mas não quis entrar em detalhes do que aconteceu. Rodrigo continua querendo voltar e como sei o que é bom na vida, nem FODENDO eu volto para ele.
Enfim, resolvo algumas coisas que estão faltando e termino de ver meus e-mails. Trabalhar com publicidade não é brincadeira, assim como tem seus dias de glória, é cada pepino, que só reza brava para ajeitar, só chamado por Deus. Depois de ajeitar tudo, resolvo dar uma volta na praça, preciso colocar minha mente para trabalhar e é lá que faço minha caminhada, onde eu posso relaxar. Mas antes, eu tenho que ligar para Baixinha, para saber como ela está e contar a novidade a ela.
— Baixinha, antes que desligue o telefone na minha cara, eu só quero saber como você está — digo, assim que ela atende. — E quero te contar uma novidade — falo rápido, antes que ela queira me matar.
— Oi, amigo. Estou bem, estou me sentindo depressiva nesse momento — diz ela, com a voz bem triste. — Qual o babado dessa vez?
— Tadinha de minha Baixinha, hoje à noite vou levar o kit TPM para você, minha flor — eu digo. O kit é basicamente filmes de romance, brigadeiro e sorvete de flocos, só para ela eu faço essas coisas.
— Eu vou adorar que você venha aqui em casa hoje, mas me conta logo o babado — diz ela, curiosa.
— Adivinha quem me mandou um e-mail hoje? — Faço um suspense.
— Deixe de enrolação, diga logo. — Chloe suspira do outro lado da linha.
— Foi Rodrigo, ele não desiste e está me convidando para jantar, agora veja que eu vou perder meu tempo de ir para algum lugar com esse traste? — falo e respiro fundo.
— Como é que é? — Chloe fica surpresa. — Sério que esse energúmeno te procurou, Breno? — diz ela, levemente irritada.
— Quando eu vi o e-mail não acreditei, ele teve essa cara dura ainda, Chloe! — digo a ela, bem indignado.
— Ele está querendo tomar uma surra, só pode! Você não me deixou quebrar a cara dele naquela vez, isso que dá — diz ela.
— Não vale a pena, para mim ele já está morto e enterrado. Só espero que ele me deixe em paz.
— É o que eu também quero. Mas pelo que estou vendo, ele não esquece de você — fala ela.
— Ele faça o favor de me esquece. O que ele aprontou foi a maior sujeira. Porra, me trair assim e querer sair como se nada tivesse acontecido é o cumulo da cara de pau, doí né?
— E como doí, amigo! Você vai vir para minha casa agora? — pergunta ela.
— Não, vou dar uma volta na praça, preciso esfriar a cabeça — respondo. — À noite estou chegando. Te amo. até daqui a pouco!
— Te amo, gatinho. Até!
Saio de casa já me despedindo de Maria, sei que quando eu voltar ela não vai estar em casa. E assim caminho para a calçada, indo em direção a praça que tem perto de minha casa. Porque academia sem minha Baixinha não é a mesma coisa. Sento em um banco e fico olhando as crianças brincando, quando olho essas cenas eu sempre penso no meu futuro, quero ter um companheiro que queira uma família. Penso muito em ser pai, tenho os melhores do mundo e quero ser muito bom para meus filhos.
Entre todas as crianças que estão brincando, tem uma que chama a minha atenção, é uma menina, deve ter o máximo uns cinco anos. Ela tem cabelos loiros e ainda está com a farda da escolinha, correndo atrás de um balão que vem parar perto de mim. Me abaixo, o pego e entrego a ela. Quando olho os olhinhos azuis acinzentados, que são as coisas mais lindas que já vi, me apaixono por ela de primeira.
— Obrigada, tio — agradece a menina.
— De nada, minha flor! — Me perco nesses olhos.
— O vento está muito forte hoje, né? — pergunta a pequena. Fez meu balãozinho sair fugindo. — Ela está toda sorridente.
— Está sim, querida, como é seu nome? — pergunto, sorrindo para ela.
— Meu nome é Sofia, e o seu? — pergunta, me analisando.
— Sofia é um nome de princesa, você sabia? — digo a ela. — Me chamo Breno. — Estou com o maior sorriso do mundo, ela é muito linda! — Cadê seus pais, princesa? Você está aqui com quem? — pergunto, preocupado.
— Sabia sim, eu assisto a Princesinha Sofia — responde, envergonhada. — Eu vim aqui com meu papai, ele foi me buscar na escolinha.
— Ele deve estar preocupado, você saiu correndo assim, princesa!
— Olha ele ali, Tio Breno, ele veio me buscar — diz ela, saindo correndo ao encontro do pai.
O pai dela está de costa e abaixado, conversando com Sofia. Naturalmente, está reclamando por ela ter saído correndo. Dá para ver que é um homem com as costas largas, está usando um terno muito bem cortado, de longe eu posso ver que é muito bonito e que Sofia puxou a ele, com toda certeza.
— Sofia, minha filha, quantas vezes eu vou ter que te dizer para não sair correndo assim? E quem era o homem que estava com você. — Pelo seu tom de voz, percebo que ele não está brincando.
— Eu sei sim, papai — fala ela, envergonhada — Olha ele atrás de você aí, né Tio? — Aponta para mim.
Eu dou o meu melhor sorriso, mas assim que ele vira e vejo quem é a pessoa, meu sorriso morre. Não sabia que ele tinha uma filha, senhor, que mundo pequeno.
— Breno, é você mesmo? — questiona ele, surpreso.
— Noah!
Meus Deus, olha só com que eu fui me bater justamente hoje, Noah Albuquerque, minha paixão de adolescente, bem na minha frente, olhando para mim como se estivesse vendo um fantasma.
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