A semana passou voando, agora já estamos na sexta-feira, uma loucura para terminar a arrumação da festa de formatura do 3° ano de 2005, da Escola Luís Dávila. Uma coisa de louco, Chloe está em tempo de ficar maluca e com isso me deixar também, mas é normal ficamos assim para que tudo ocorra muito bem e a festa saia do jeito que planejamos. E claro, para que não falte nada. Hoje como é a correria danada para que amanhã nem precisemos colocar os pés aqui, a não ser para a festa e pronto! Amanhã como nós já programamos, vamos vir os dois juntos, eu e minha baixinha vamos fazer tudo que temos direito no salão, para ficarmos perfeitos.

O tema da festa vai ser baile de primavera, tudo muito lindo e ornamentado, árvores artificiais, jardins floridos, caminhos de pedra, com várias luzinhas que deu muito trabalho para conseguir, mas cada trabalho vai ser muito bem compensado. Amanhã, quando tudo estiver ligado e cada coisa em seu devido lugar, pelo o que eu estou vendo, vai ficar tudo muito perfeito. A festa vai ser na quadra de esporte da escola, estamos aqui todos reunidos, já arrumando tudo no seu devido lugar e não podemos deixar ninguém ver como está ficando, então, tudo é secreto, vai ser surpresa para todos. Quando estamos terminando, a Diretora Magna vem falar com a gente.

— Gente, está tudo muito lindo. Essa festa vai ficar guardada para sempre na mente e nos corações de todos nossos alunos e professores — diz a mulher, com um sorriso largo. — Breno e Chloe são os melhores, de onde veio esse talento todo? Com certeza vão se dar muito bem com a profissão de vocês — fala a diretora, olhando para nós dois.

— Que é isso, diretora! Nós fazemos nosso melhor, essa sempre foi nossa vontade e queríamos mostrar a todos, mas sem cada um desses que estão aqui, a festa não seria possível — digo a ela.

— Podemos até fazer eventos, mas nosso sonho já está garantido, diretora. E vamos nos dar bem, né amigo? — diz a baixinha, toda cheia de orgulho, olhando seu trabalho impecável.

— Mas com toda certeza vai ser a melhor formatura de todos os tempos e todos vocês estão de parabéns! — fala a diretora, com o ar de impressionada, olhando para todos os lados.

— Então, já está tudo indo nos conformes, temos que ir embora, né Breno. — Chloe olha para mim. — Amanhã é dia de se arrumar, deixar as caras das inimigas queimando de inveja — fala a baixinha, olhando diretamente para a coordenadora, não sei o problema dela com essa mulher, só rindo com essa criatura.

— Vamos sim, meu bem — falo a ela. Até amanhã galera, se faltar alguma coisa não deixem de me ligar, que eu venho aqui correndo ver tudo o que aconteceu.

— Nada disso, se acontecer alguma coisa, vocês resolvam correndo, porque vou fazer o dia de beleza com meu amigo amanhã, não quero ninguém me importunando. — Todos caem na gargalhada com as preciosidades de Chloe, ela é demais!

Com isso, saímos da escola já mais para de tardinha, nós dois estamos mortos de cansados e sem nos alimentarmos direito, em uma correria de louco, mas o final vai valer a pena. Porém, parece coisa do inimigo, não basta a gente estar podre e todo acabado, cheia de cola nos dedos, ainda com a farda da escola, temos que nos bater com Noah, que está vindo de que buraco não sei.

— De onde é que vocês dois estão vindo umas horas dessas e ainda por cima com a farda da escola? — questiona ele, todo desconfiado.

— Tivemos coisas para fazer, esqueceu que estamos organizando a festa? — diz Chloe. — Vai ser o arraso, por isso estamos aqui, esgotados, destruídos, muito acabados — fala a baixinha, com o ar de muito cansada.

— É verdade, eu soube que vocês hoje passaram dia inteiro com a diretora. Ela não está deixando ninguém passar para o estádio, mas pelas coisas que vi chegando, vai ser muito lindo — ele comenta. — Amanhã estarei lá e vou dizer a vocês como ficaram — diz ele, feliz, não sei por que.

— Pois é, meu caro. — Chloe suspira. — Vai ser muito babado essa festa e agora estamos indo, porque eu ainda não comi direito e vou dormi na casa de Breno, não é verdade, meu fofo? — diz a baixinha, me abraçando de lado.

— Você vai dormir na casa de Breno? — Noah nos encara. — E seus pais não falam nada demais não? — Juro que não entendo a pergunta. — Filha minha não dorme na casa de namorado não — diz ele, todo sério e olhando para ela

— Noah, meu querido, meu lindo. Não mais lindo que Breno, já até disse isso a ele. Você está achando que eu e Breno namoramos, é isso mesmo, boy? — diz ela, se acabando na gargalhada e eu com minha cara de interrogação.

— Mas vocês não são não? — questiona ele. — Olha, eu achei que fossem, porque vocês vivem juntos, sempre grudados — diz ele, relaxando na expressão e olhando para mim.

— Oh filho! — Chloe gargalha. — De namorados não temos nada não, querido. Será que você não sabe a sexualidade de Breno não? — Ela o observa. — Estamos mais para amantes, só que não transamos, somos marido e mulher, só que sem os problemas, somos as duplas sertanejas todas juntas, somos irmão acima de tudo — fala Chloe de um jeito sério, olhando para ele. Noah fica todo sem graça, só a baixinha para deixar todos assim, quando quer.

— Me desculpa por pensar essas coisas, me desculpe Breno — fala ele, cheio de vergonha. Me dá vontade de dar um abraço, coitadinho!

— Tem nada não, de boa — digo a ele. — Vamos querida, estamos mortos de cansados e amanhã é um grande dia, hein Noah. — Tento parecer um pouco animado.

— Vamos sim e até amanhã, Noah — fala a baixinha, tentando me arrastar.

— Até amanhã, meninos! — responde ele, olhando para mim ainda sem graça.

Pegamos uma distância considerável de Noah e Chloe já solta os cachorros:

— Quem ele pensa que é, para vir perguntando se nós somos namorados e se eu posso dormi na sua casa? — Minha baixinha se mostra indignada. — Isso de Noah está me cheirando muito estranho, sei lá, ficou muito esquisito não achou, amigo?

— Aí, deixa de bobeira, com certeza alguém comentou que somos namorados e ele veio tirar a dúvida, não sabe como esse povo adora falar da gente? — questiono a ela. — Coitadinho, você deixou o pobre do menino cheio de remoço — digo rindo.

— E você trate de não ficar derretido para o lado dele, Breno. Você também não tem coragem de falar nada para ele e fica cheio de amor para doar ao rapaz. Vamos aproveitar nossos momentos finais de ensino médio e vamos fazer por merecer — fala a minha baixinha, tentando parecer empolgada.

Vamos no caminho para minha casa rindo e falando cada coisa. Falamos muito mal da coordenadora, que eu tenho certeza de que implicância com minha amiga não é normal, essas duas se odeiam muito. Com isso, eu também vou pensando que está na hora de pegar o que eu sinto pelo Noah e deixar bem guardadinho no esconderijo bem profundo do meu coração, como minha amiga falou. Precisamos fazer por merecer esse final de ano, vamos ter que nos divertir, chutar o pau da barraca. Estamos precisando muito liberar o que não liberemos esses anos todos que estamos na escola e vai ser nessa festa. Chegamos em casa pouco tempo depois e minha mãe já está esperando nos dois.

— Nossa, que demora de vocês, meus amores — diz ela, assim que abro a porta. — Eu estava aqui aprontado um lanche, pois, sabia que vocês iam chegar aqui cheios de fome, então adiante o lado logo, para comerem alguma coisa — fala minha mãe, tem como não amar essa mulher gente?!

— Oi mãe, estamos morrendo de cansados, foi demais a arrumação de tudo para a festa de amanhã. A senhora vai ver como ficou lindo, mãe. Está muito perfeito, a diretora foi falar com a gente, amanhã vocês vão ver só — eu digo, abraçando minha mãe.

— Tia, estou morta de cansada, sem a gente lá não adianta nada, a senhora sabe como eu sou, né? A eficiência mora em mim, sou demais, tia — fala a baixinha, cheia de si.

— Imagino, agora vão logo subir para tomar um belo banho e desçam, viu. Anda logo, correndo! — Minha mãe enxota a baixinha, que já está deitada no sofá.

Saímos correndo nas gargalhadas e vamos ajeitar nossas coisas, deixo Chloe no meu quarto e vou para o quarto de meu irmão, para não ter que ficar esperando ela sair do banho para tomar o meu.

Meu irmão não está em casa, deve estar com os colegas dele aqui na cidade. André é só 5 anos mais velho que eu, me protege demais, apesar dessas brincadeiras que todos os irmãos mais velhos fazem. Ele sempre me fala que se alguém tripudiar em cima de mim só por causa da minha sexualidade, é para eu contar para ele, que ele mesmo resolve o problema. Teve uma vez que um colega meu da escola, que estudava no fundamental, começou a me abusar me chamando de menina, eu não aguentei e contei para meu irmão, ele foi na escola e só faltou dar uma surra do menino, esse nunca mais olhou para minha cara ou falou ou fez qualquer coisa para me machucar, depois de toda bagunça que meu irmão fez com o podre. Eu me senti muito protegido pelo meu irmão mais velho. É muito bom ter uma família linda como essa, eu agradeço muito pela felicidade de ser amado e ser aceito.

Terminamos de tomar nosso banho e descemos para encontrar minha mãe, que está nos esperando com a mesa repleta de coisa para nós dois comermos, cada coisa mais deliciosa que outra. Tem o bolo de cenoura com calda de chocolate que Chloe é apaixonada, minha mãe mima a gente demais e ficamos conversando. Até que o mundo da minha pequena se desmorona, ela fica de queixo caído quando meu irmão entra em casa sem camisa, porque acaba de sair de um jogo de futebol com os amigos.

— Olá, família! — André fala com alegria. — Poxa, tem comida para mim aí também, gente? — pergunta ele. — Estou morrendo de fome — diz meu irmão, vindo pegar alguma coisa da mesa.

E minha pobre amiga quase engasga, coitadinha! Meu irmão é um safado, mas é muito lindo. Ele tem cabelos castanhos e olhos verdes também, que puxou a mamãe, o resto puxou ao papai, ele é a cópia fiel. André malha, diferente de mim, e o porte dele é muito mais másculo que eu, eu puxei mais a minha mãe.

— Tem sim, mas faça o favor de subir e tomar um banho, ninguém aguenta você ficar em cima dos outros fedendo, seu nojento — diz minha mãe, dando um tapa na mãe dele.

— Pode deixar, vou subir e daqui a pouco eu desço. E vocês dois me esperem, que vamos jogar! — André fala com empolgação. — Estou sentindo que vou ganhar muito hoje — ele diz isso dando um beijo na testa da pequena, que só falta morrer quando o vê subindo as escadas.

— Querida, disfarça — mamãe diz a ela. — Um dia desses você vai ter um ataque. — Ela está rindo demais da cara que Chloe faz.

— Ninguém mandou a senhora e meu tio fazerem as duas coisas mais lindas que eu já vi nesse mundo. O que é isso, Brasil? — Minha baixinha suspira. — Ele vem assim, sem camisa, quer matar as pobres pessoas tímidas que existem aqui. — Chloe se abana, parecendo uma louca.

— Eu to dizendo que ela não é normal, mãe — gargalho. — Eu sempre digo, mas ninguém me leva a sério. — Caio na risada com minha mãe, essa menina eu não sei não, viu!

— Quem não é normal é seu irmão, isso sim, um dia ele vai ser meu! — diz ela.

Depois das loucuras da Baixinha assanhada, ficamos aqui embaixo, rindo de cada loucura que essa menina me conta. Não sei como minha mãe consegue não ter um ataque das coisas que ela fala. Pouco depois, meu irmão desce para poder comer também. E fomos jogar vídeo game, duas pessoas que não sabem perder, é esses dois. Eu me pergunto como uma coisa dessas pode acontecer e eu sempre fico rindo e vendo como eles dois só faltam se matar. Tenho culpa, eu sei jogar muito bem, claro que não, né meu povo! Entre muitas risadas, a noite vai terminando e temos que ir dormi, que amanhã vai ser o dia da nossa produção.

***

Acordo pela manhã, olhando para ver se encontro minha baixinha dormindo na cama em baixo da minha, mas logo vejo que ela já acordou e deve estar conversando com minha mãe na cozinha, se eu bem conheço essas duas. Vou no banheiro, faço o que tenho que eu tenho que fazer, tomo meu banho e coloco uma roupa para passar o dia inteiro rodando com Chloe. Nunca vi pessoa que adora comprar, eu também gosto, mas ela é pior que eu. Desço as escadas e já escuto risadas vindo da cozinha.

— Bom dia! — digo as duas. — Nem me acordou, Dona Chloe. Desceu logo e nem me esperou, está vendo você? — eu digo, depois que dou um beijo de bom dia em minha mãe.

— Bom dia para você também, boy magia! — diz minha baixinha. — E pode acabar com esse chilique, que eu acabei de acordar. Você estava tão lindo dormindo, não tive coragem de acordar. E que horas vamos na rua mesmo? — pergunta ela, vindo me abraçar.

— Vamos tomar nosso café da manhã e logo vamos, porque temos que chegar primeiro que o pessoal, pois, vamos ver como está ficando ou se está faltando alguma coisa na arrumação de lá. Mas acho que está tudo perfeito — digo, me sentando na cadeira para tomar meu café.

— Com toda certeza! Minha mãe vai trazer meu lindo vestido, só falta você ir ver seu smoking e vamos ao salão, temos hora marcada, meu filho! — diz Chloe.

Eu concordo e terminamos nosso café, então vamos escovar os dentes e ajeitar nossas coisas para poder sair.

***

E assim, depois de um tempo, chegamos ao centro. A primeira coisa que vamos fazer é ir atrás de meu smoking, que infelizmente eu deixei para a última hora. Rodamos algumas lojas, até que eu encontro um que fica perfeito no meu corpo esbelto. Chloe adora tudo isso, diz que eu vou ser o homem mais lindo dessa festa, não sei onde ela viu isso, mas minha amiga me coloca nas alturas, o que eu posso é fazer aceitar, não é?

Logo estamos com fome, paramos para comer algo, se não vamos cair duros no chão, pois, ainda temos que ir a um salão de um amigo da mãe de Chloe. Descansamos e vamos ao salão de Jojo, diz Chloe que ele é um gay muito legal.

— Olá, como vai? — Minha amiga se direciona a moça que está no balcão da recepção. — Eu tenho dois horários marcados com Jojo. Os nomes são Chloe Muniz e Breno Andrade, verifique, por favor! — diz a baixinha, de lá dentro já se ouve uma voz que eu acho pertencer ao tal do Jojo.

— Olha quem já chegou, minha Borboletinha? — diz ele. — Como você está, minha sobrinha querida? — questiona ele. — Quem é esse lindo boy do seu lado, não vai me dizer que é seu namorado? — Jojo vem em nossa direção.

— Que nada Jojo! — diz a baixinha. — Esse é meu irmão do coração, Breno. Nós viemos, pois, hoje é a nossa formatura e quero algo especial, para fechar com chave de ouro esse ciclo e iniciar um novo, Então, meu caro, capricha, porque hoje quero deixar queixos jogados no chão.

— E você, meu lindo Breno, vai querer fazer o quê? — ele questiona a mim. — Ou vai deixar em nossas mãos? — fala Jojo, me analisando.

— O que você achar que vai fica legal, eu estou aceitando — digo tranquilamente. — É um prazer te conhecer, Jojo! — falo, apertando as mãos dele.

— Quanta formalidade, meu querido. Sendo amigo de minha Borboletinha, você também passa a ser meu sobrinho — exalta Jojo, me abraçando.

Ficamos entregues nas mãos de Jojo e seus ajudantes, que fazem nossas unhas, limpeza de pele, cabelo, baixinha faz até maquiagem. Em resumo, fazemos tudo que temos direito e o que não temos direito, nosso dia é repleto de muitas risadas, casos e acasos, com direito as várias fofocas. Quase no final da tarde, estamos caminhando para casa para terminar de nos arrumar, vou para o quarto de meu irmão e dou privacidade a minha amiga no meu quarto.

***

Quando terminamos de nos aprontar, já está em cima da hora de sair. Quando eu coloco meus olhos na minha amiga, vejo que ela está uma DIVA, como a própria gosta de se classificar. Está com um vestido preto, colado no seu corpo suculento, com uma sandália matadora, preta também, com seu cabelo caindo em cascata do lado, está muito linda.

— Nossa, você está arrasando, minha pequena. Os homens vão morrer quando você chegar, o que é isso? — falo, colocando o meu braço para ela segurar.

— E você, meu puto lindo. Que cabelo é esse que Jojo fez em você, meu filho? Está com uma cara de mais velho, amigo. — Ela sorri para mim. — Se hoje o Noah não olhar para você, ele é cego — diz ela, me admirando.

Realmente, meu cabelo está muito lindo com o corte diferente, meus olhos parecem que estão mais verdes e o smoking caiu perfeitamente no meu corpo, hoje eu estou podendo!

— Esquece esse cidadão, amiga! Você mesma falou novos ciclos e que se comecem hoje — eu falo.

— Então vamos, vamos esfregar nossas conquistas na cara dessas pessoas — fala a baixinha, adorando o que eu disse.

Descemos as escadas lado a lado, meus pais e meu irmão nos esperando não faltam elogios quando colocam os olhos sobre nós dois. Ficamos muitos cheios de si, é tão bom ser notado, a Chloe já nem se acha, aí você já deve sabe como ela ficou, né! Mas falando sério, de verdade, nós estamos muito lindos.

***

E assim, seguimos nosso caminho para o estádio da Escola, quando chegamos e vemos a fachada, ficamos maravilhados. Ficou muito perfeito, tudo em ordem, todo nosso trabalho de meses. Com toda certeza valeu realmente a pena, deixamos nossos familiares no local onde eles têm que ficar, em uma mesa estará minha família e a da Baixinha todos juntos.

— Nossa, isso aqui está muito lindo, as luzes fizeram um trabalho maravilho na arrumação, de dia não dá para ver direito, mas vendo de noite, está uma perfeição, Baixinha — eu falo, admirando o lugar.

— Está muito lindo mesmo, Breno! — ela exclama. — Eu nem acredito que fomos nos dois que fizemos essa ornamentação toda, acho que vou sentir falta desse lugar, e você? — pergunta ela.

— E como eu não vou sentir falta desse lugar, Pequena? — Olho para ela. — Foi aqui que nossa amizade começou, eu me apaixonei, mesmo que não seja correspondido, valeu a pena. Fiz novos amigos, sentirei falta do Fernando, da Bárbara e o Matheus. Falando neles, olha eles vindo ali. — Aponto para os três, que estão vindo na nossa direção.

— Gente, vocês dois estão de parabéns, que festa é essa? Está tudo lindo, nossa formatura está maravilhosa! — diz Bárbara, vindo dar um beijo em cada um de nós.

— Eu estou me achando naquelas escolas do exterior, daqueles filmes que tem aqueles adolescentes que cantam, eu esqueci o nome, mas deixa para lá! Nunca imaginaria que ficaria assim — parabeniza Fernando, com o jeito louco que só ele tem, vou sentir falta dele.

— Vocês estão aí, se acabando de falar da festa, mas não repararam como Breno e Chloe estão muito lindos. A festa está digna, mas vocês com toda certeza estão fazendo jus a ela, estão exuberantes — fala Matheus, com todo o charme que só ele sabe usar, quem sabe não dou um beijinho nele, está tão lindo hoje.

— Muito obrigada, Matt — diz Chloe. — Até que enfim alguém teve a decência de falar, passamos os dias todo atrás de tudo isso aqui. Gente, não é brincadeira ser linda desse jeito não e vocês estão muito lindos também. Até o traste de Fernando está jeitosinho. — Minha baixinha fala com empolgação.

— Oh, minha linda! É claro que eu vi como você está mais gata do que já foi um dia, quem sabe hoje você não me dá uma chance. — Fernando banca o galanteador, na tentativa de ser sexy. Só que, isso é algo meio impossível dele ser.

— Obrigado Matt, eu estou muito feliz e grato com tudo o que nós já passamos juntos aqui na escola — digo a ele e aos outros. — Foram coisas boas que vivemos aqui. E vou levar com todo meu coração onde eu for, cada loucura, cada conversa, tudo que vocês me proporcionaram, eu vou guardar na minha existência. — Abro meu coração. — Tenho que falar, porque daqui a pouco cada um vai caminhando com sua vida. Enfim, resolvi agradecer a cada um por fazer parte da minha vida e eu tenho certeza que falo por Chloe também — acrescento. — Vocês sabem como nossa amiga não é muito boa com coisas melosas, como ela mesmo fala — digo isso já com lagrimas nos olhos, lembrando de como foi nossa vida aqui na escola, não tenho o que reclamar.

— Vem, gente — diz Fernando. — Vamos dar um abraço coletivo, vem logo, Chloe! — Ele vai nos puxando e abraçando todos de uma só vez.

— Chega de viadagem, meu povo! — diz Chloe. — Estão amassando minha roupa e se eu borrar minha maquiagem, vocês vão ver só, seus putos! — A baixinha arranca gargalhadas de todos nossos amigos.

— Pronto, acabou o momento emotivo e vamos curtir a festa! — eu falo, rindo alto.

Seguimos para encontrar o resto da nossa turma e o todos os 3° anos, para fazer a preparação da arrumação em ordem alfabética, para a entrega de nossos respectivos diplomas de conclusão do ensino médio. Quando estamos conversando e brincando uns com os outros, eu olho para a entrada e vejo Noah vestido impecavelmente, deixando meu coração enlouquecido de tanto amor que eu sinto. Ele está a coisa mais linda que já vi nessa noite de comemoração, com seu smoking preto feito sobre medida, seus olhos azuis acinzentados então muito mais brilhantes que qualquer um nessa festa, ele está contemplado a arrumação e conversando com a Roberta. Eu não suporto essa menina, mas tenho que admitir que ela está muito bem arrumada, eles se encontram com seus respectivos amigos e lá ficam.

— Vamos logo, a Diretora está chamando para cada um sentar nos seus respectivos lugares — chama a coordenadora, com sua cara enfezada de sempre.

— Essa mulher está precisando urgentemente de um homem, nunca vi sujeitinha mais estressada — fala Chloe, fazendo todos rirem.

— Ainda bem que a senhorita já vai sair daqui, imagine se ficasse mais um ano. — Eu a observo. — Não ia sobrar nada da coordenadora, que implicância com a mulher, hein Baixinha? — falo, soltando uma gargalhada e chamando a atenção de todos.

— Que mané implicância! Você sabe mais que ninguém que essa mulher tem algum para o meu lado e pode ir parando de me chamar de baixinha, hoje estou de salto e estou nas alturas, meu amor! — diz Chloe, rindo demais.

Vamos sentar nos nossos lugares, para a diretora fazer os devidos trabalhos inicias, chamar os respectivos nomes e entregar o diploma para cada aluno da escola. De onde estou, consigo ver nitidamente meus familiares e os da Chloe, todos esperando a entrega dos nossos. Mas quando a Diretora Magna está falando, ela chama meu nome e o nome da Baixinha para ficar de pé e assim fizemos.

— Quero muito parabenizar dois dos nossos alunos do terceiro ano, Breno Andrade e Chloe Muniz — ela fala com orgulho. — Graças a criatividade de ambos, esse ano a formatura é uma da mais bela que tivemos na escola Luís Dávila. Graças a esses dois, que se dedicaram a esse trabalho que vocês estão apreciando. — Podemos ouvir vários aplausos, tantos dos nossos familiares e tanto dos outros alunos.

Olho em direção a Chloe e ela está muito emocionada, então eu solto um beijo para ela, já que nossos lugares são separados graças a ordem alfabética, e ela retribui com o sorriso lindo. Não me seguro e olho em direção a Noah, nossos olhares se encontram e ele me parabeniza de longe, com um sorriso largo. Eu retribuo e logo sinto que tem alguém me encarando também. É quando olho para Roberta, ela está me olhando com aquela cara de que sabe o que se passa na minha mente, faço logo de desentendido e volto ao meu lugar, esperando terminar com as apresentações.

Logo, a diretora vai chamando para subir ao palco, um de cada vez. Nossos amigos sobem, pegam os diplomas e é muita gritaria, muita felicidade de cada aluno, é uma diversão geral. Estou muito feliz com a sensação de dever cumprido.

***

Agora é hora da festa, com uma discoteca, comes e bebes, tudo como manda o figurino. Minha família e de Chloe nos parabenizam por tudo, pela organização da festa e sobre termos nos formados com louvor, com as notas mais altas em tudo. Eu estou me sentindo muito bem, tanto que vou ficar com meus amigos e logo vejo um certo alguém vindo em nossa direção.

— Oi, gente — diz ele. — Agora eu consegui sair um pouco para poder vim parabenizar e me despedir de vocês — diz Noah. — E como vai ser o futuro de cada? — pergunta ele.

Todos os meus amigos vão falando dos seus planos com ele, Noah ouve tudo bem atentamente e falando dos seus planos futuros, que é estudar Direito como seu pai e abrir um escritório para ele no futuro. Eu ouço isso vidrado na sua beleza, no meu amor impossível por ele, que vai ter que ser muito bem guardado no fundo do meu coração.

— E você, Breno. — Noah olha para mim. — Está caladão, o que foi? — questiona ele.

— Não tenho nada, Noah! Estou aqui pensando — digo a ele. — A Chloe já falou tudo, vamos fazer o mesmo curso superior e no mesmo lugar — falo, dando um meio sorriso. — Só estou aqui, lembrado como foi legal nossa vida nessa escola, tantas coisas que fizemos e que não fizemos, coisas que não tivemos coragem de falar enquanto estávamos por perto. — Vou expondo meus pensamentos, que já estão cheios de nostalgia. — Mas a vida é assim mesmo, quem sabe o futuro é só Deus, eu espero que você consiga tudo de bom na sua vida, cara! — Dou um abraço nele, coisa que eu nunca pude fazer, mas agora eu tenho a desculpa de que estamos no despedindo. É mais forte que eu, consigo até dar um beijo no seu pescoço e peço licença a todos em seguida, indo ao banheiro.

Com as lagrimas inundando meus olhos, eu ainda consigo ver na minha mente a cara de interrogação que ele fez ao separar nosso abraço, eu pelo menos pude deixar algo na cabeça dele. Quando estou passando pelo corredor para ir no banheiro, ouço alguém me chamando, viro e dou de cara com Roberta.

— Olá, veadinho ridículo — diz ela, com estupidez. — Agora que isso aqui já acabou, eu vou poder falar tudo que eu sempre quis para você. — Roberta me lança um olhar de ódio. — Você acha que eu não sei o que sente pelo Noah, mas vou bem deixar claro aqui, eu sei! — Ela quase grita. — Veadinhos como vocês deveriam morrer, acabam com nossa sociedade, estraga qualquer coisa de bom nessa vida, pessoas como você não deveriam existir!

— Por que você está falando essas coisas comigo, Roberta? — Estou surpreso com tudo de ruim que ela solta sobre mim. — Eu nunca te fiz nada! — falo, já não segurando o choro.

— É bem simples, eu nunca gostei do jeito que você olha para o Noah. Entenda de uma vez ele é MEU e não vai ser um verme como você que vai despertar qualquer sentimento nele. — Ela vem chegando perto com um sorriso diabólico. — E assim que ele souber como você é, um veadinho nojento, ele vai sentir pavor de você. — Roberta debocha. — Entenda que ele me AMA e você já está avisado.

Com isso, ela sai e me deixa atônito no lugar, sem saber o que fazer, a não ser chorar muito. Tudo o que eu estou sentindo, se transforma em algo muito maior, meu peito está doendo, minha lagrimas escorrem no meu rosto, está impossível até de respirar direito. A única coisa que está na minha cabeça, é o que ela falou. E se ela contar ao Noah, o que será que vai acontecer?

São tantas perguntas na minha cabeça, que nem ouço outra voz me chamando, levanto os olhos molhados e vejo que está na minha frente o meu anjo, minha Baixinha. Não aguento e corro para os seus braços, chorando mais.

— Pelo amor de Deus, Breno, o que aconteceu com você? — Ela me olha assustada. — Me conta, quem fez isso? — questiona minha pequena. — Noah ficou com uma cara bem estranha quando você saiu — diz ela, me abraçando muito forte.

Choro muito mais quando ouço o nome dele, Noah meu único amor, impossível amor. O medo está no meu coração e perguntas rondam minha mente. Quando me acalmo, com os abraços e beijos da minha Baixinha, eu conto tudo a ela, que aquela foi minha despedida do Noah e o que a infeliz da Roberta falou para mim, conto tudo com riquezas de detalhes.

— NÃO, BRENO! — Minha baixinha esbraveja. — Eu vou lá agora, mostrar a essa mulherzinha de quinta quem é o verme. — Uma irritadíssima Chloe toma voz. — Eu vou arrebentar a cara dessa mocreia, vou destruir com ela, vou dar uns chutes nela. Meus deuses, eu vou MATAR ELA! — diz ela, andando de um lado para o outro.

— Melhor não, amiga! — falo baixo, chorando. — Deixa Roberta para lá, Baixinha. Vai que ela conta para o Noah o que eu sinto por ele? — Fico ainda mais preocupado. — Eu quero levar as coisas boas que Noah me falou, o seu sorriso direcionado para mim.

— Assim não tem como ficar, Breno, pelo amor de Deus. Ela te insultou, te deixou mais baixo que o nada, amigo — fala ela, se agachando na minha frente. — Me deixa dar umas bifas na cara dela, para ela aprender que não se trata ninguém assim, ainda mais você, que não fez nada para ela. — pede ela, suplicando.

— Chloe, você sabe mais que ninguém o que eu sinto por ele, você sempre me ouviu, sabe de tudo o que eu já chorei, o tanto que ele significa para mim, não posso acabar com a imagem que ele tem de mim, não posso. — Eu respiro fundo e enxugo o rosto. — Ele me trata tão bem e isso enche meu coração de amor por ele, não suportaria ver ele me odiando, pelo simples fato de eu ser perdidamente, absurdamente, enlouquecidamente, apaixonado por ele amiga. — Quando termino de falar, minha Baixinha está chorando comigo, me abraçando, me dando o colo dela, que eu tanto preciso.

— Então, vamos para casa, essa festa já deu o que tinha que dar. Vou chamar nossos pais para irmos embora — fala ela, se levantando. — E você vai ajeitar essa sua cara no banheiro, ou quer que perguntem por que você estava chorando? — Ela me olha. — Vai meu amor. — Ela manda. — Olha para mim, Breno! — ela suspira e continua. — Eu quero que em nome da nossa amizade, pois é a ciosa mais sincera que temos, você vai fazer o favor de esquecer o que aquela mulher falou para você. — Chloe me diz. — Breno, você não é nada do que ela te falou, tem uma família que te ama muito, seus amigos, que tem maior orgulho de você ser o que é! — Minha baixinha tenta me dar forças. — Eu te amo muito, meu amor, e nada vai mudar o que eu sinto por você. Temos um futuro nos esperando, coisas boas e coisas ruins ainda virão, mas estamos junto nessa. Eu nunca vou te abandonar e eu sei que fará o mesmo por mim. Então, levanta sua cabeça e vamos, temos muito boys para paquerar nessa vida, gato! — Ela vem me abraçar muito mais apertado e vai buscar nossos pais.

Quando ela sai, eu vou ao banheiro e ajeito minha roupa. Também arrumo meu cabelo, lavo meu rosto e estou pronto para sair, mas uma coisa me faz parar, uma coisa não. Um alguém.

— Breno, o que foi? — questiona Noah. — Por que saiu assim, do nada? — Ele me encara. — Está sentindo alguma coisa? — fala ele, sem nem ao menos respirar.

— Não foi nada, só não estava me sentindo bem e vim ao banheiro, mas já vou sair — eu digo.

— Então, está tudo bem mesmo? Eu pensei que foi alguma coisa que eu falei e te chateou de algum modo! — fala ele, aliviado.

— Você, falar algo que me chateie? — Ergo a sobrancelha. — Eu duvido muito! — falo, dando um meio sorriso. — Mas agora está tudo bem e eu preciso ir, minha família está me esperando — falo saindo, mas paro. — E Noah! — Ele vira para mim — Tenha uma ótima vida! Você merece só coisas boas, cara. E merece pessoas que te faça somar sempre, você é muito especial, principalmente para mim. Boa sorte! — Saio do banheiro, o deixando com isso na cabeça, e vou embora.

Faço um favor para mim e para meu coração, deixo o meu amor lá no banheiro. Minha vontade maior é de dar um grande beijo nele, provar o gosto daqueles lábios, de abraçar e sentir o cheiro maravilhoso que só Noah tem, quero poder ser amado. Mas como nada é tão simples que nem um passe de mágica, só sigo ao encontro de minha família e deixo o resto de lado. Eles estranham o fato de eu querer ir embora cedo, mas falo que não estou me sentindo muito bem e eles entendem, não ficam puxando assunto toda hora. Dou um beijo na minha amiga e ela me retribui com um belo abraço, fazendo com que eu ressalte mentalmente tudo o que ela disse antes.

***

Passaram uns dias e eu e Chloe fomos aceitos na Universidade da Califórnia, ninguém sabia que riamos sair do país, já estava tudo arranjado com os nossos familiares. Vamos apenas para estudar, depois voltamos para o Brasil, formados. Eu espero que nossa vida lá seja muito boa, conheceremos pessoas novas, vamos ficar na casa de uma tia minha. Vou fazer o que for preciso para dar orgulho aos meus pais, eles têm uma vida muito boa e quando eu falei desse meu desejo, não colocaram problema, sei que a vida não vai ser fácil e eu quero curtir o máximo que poderei com Chloe. Agora estamos nos despedindo dos nossos familiares na sala de embarque.

— Para de chorar mãe, vamos nos falar todo dia e daqui a quatro ou cinco anos estaremos de volta, fique tranquila — falo, abraçando minha mãe, que chora copiosamente.

— Eu sei que vocês vão ficar bem, meus amores. Mas vou morrer de saudades de vocês — diz minha mãe, abraçando Chloe.

— Tia, pode ficar na paz, esses anos vão passar rápido. Adoramos o Brasil, mas nada melhor que uma graduação fora, é muita ostentação! — diz a Baixinha, rindo e fazendo todos rirem.

Com isso, chamam nosso voo e temos que ir. Dou mais um braço nos meus pais e no meu irmão. Abraço e beijo os pais de Chloe, que são como tios para mim. Então, seguimos para nossas novas vidas. Conseguimos entrar no avião sem muita interrupção e olho a minha cidade, que tanto amo, pela pequena janela. Depois eu voltarei para casa e quem sabe eu conseguirei abrir minha empresa, que é o nosso maior sonho, deixo todo meu sentimento, tudo de bom e ruim nessa minha velha vida.

— E que venha uma vida nova para nós, amigo! Merecemos isso e muito mais, logo voltaremos e mostraremos quem são Breno Andrade e Chloe Muniz — fala minha Baixinha, acomodada na cadeira do avião.

— É isso mesmo, minha amiga. Ainda vão ouvir muito falar sobre nós! — eu digo. Me encosto na cadeira, fecho meus olhos e sigo minha viagem, indo em direção a uma vida cheia de mudanças, com toda certeza.

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Estarei disponibilizando os capítulos as poucos, espero que possam matar a saudade. 

Amo vocês e até!!