Um Natal e tanto
P.O.V. Takeoshi
Noite do dia 24 de dezembro, família toda na sala, Simone tocando no volume máximo, o cheiro de peru assado no ar, os presentes em baixo da árvore, resumindo, só mais um Natal normal... se não fosse a minha família.
Se você leu a minha introdução você já conhece o básico deles, uma grande e bagunçada mistura de anjos, humanos, demônios e coisas assim, mas por incrível que pareça nós temos um Natal relativamente normal. Bem.. chega de enrolação, eu vou contar logo como foi esse ano.
Eu acordei na véspera de Natal com meu pai, Kira, gritando que todo mundo tinha que levantar logo pra arrumar a casa porque o resto do pessoal iria chegar logo:
-ACORDA CAMBADA! TÁ NA HORA DE ARRUMAR A CASA!
Eu levei um susto, levantei de uma vez e acabei batendo a minha cabeça no estrado da cama de cima.
-Ai!
O rosto de Dakota surgiu de ponta cabeça
-Você tá bem, cara?
-To sim. Que horas são?
Foi meu pai quem respondeu:
-Oito e quinze.
Eu ouvi o resmungo do Hirako vindo da parte de cima da beliche à minha esquerda:
-Tá muito cedo...
-Cedo? Temos que fazer a ceia, tirar o pó da casa, limpar o jardim e vocês tem que arrumar essa bagunça que vocês chamam de quarto!
-Por que você está tão preocupado com a ceia? Você nem vai comer nada mesmo.
-Mas os convidados vão, anda logo e levanta dessa cama.
A voz de Evan, abafada pelo cobertor veio da minha direita:
-Quem vem hoje?
-Lester, Harume, Yako, Hyruke, Jónatani e Jôana- respondeu meu pai.
Ouviuse um gemido baixo, dessa vez da cama acima da de Evan, era Charlie.
-Qual é o problema, Charlie?
-Tia Jôana? É sério?
-Claro que é! E andem logo, tem muita coisa pra fazer e eu já separei as tarefas de todos. E deem um jeito de acordar o Tyler.
Eu me levantei e me adiantei para o banheiro, já que nós eramos seis e os banheiros eram um pouco concorridos por aqui. Ouvi um grito enquanto tomava banho, quando eu voltei ao quarto eu me deparei com um Tyler encharcado e tremendo na cama e um Hirako rolando de rir no chão, ao lado dele estava um balde.
-O que demônios aconteceu aqui?
Hirako parou de rir um pouco, tomou fôlego e respondeu inocentemente:
-Eu só acordei ele. Não foi isso que o pai nos mandou fazer?
Tyler olhou com raiva para ele:
-Não dava pra fazer isso de outro jeito?
-Dava, mas eu não quis fazer- Hirako sorriu maldosamente.
-Vai se fuder.
Tyler se levantou e saiu do quarto, Hirako voltou a rir, eu simplesmente dei meia volta e saí do quarto, desci as escadas e fui para a cozinha, onde meu pai Akio, um Evan com cara de muito sono, Charlie e Dakota estavam, Dakota e um pai discutiam sobre o que comeríamos na ceia. Eu me sentei e peguei uma tijela de Sucrilhos, já estava quase na metade quando Hirako e Tyler entraram na cozinha, Hirako ainda ria por causa da história do balde de água, atrás deles vinha meu outro pai, segurando um pedaço de papel, ninguém prestou muita atenção nele, estavam todos conversando, ele se posicionou em frente à pia, pigarreou e falou:
-Pessoal.
Ignorado, ele chamou um pouco mais alto:
-Pessoal!
Ignorado novamente, dessa vez ele gritou:
-VOCÊS QUEREM PARAR DE CONVERSAR E PRESTAR ATENÇÃO EM MIM?!
A cozinha ficou em silêncio.
-Melhor. Eu já separei as tarefas de cada um- ele disse sorrindo.
Ele olhou para o papel e disse:
-Eu e Akio vamos cuidar da ceia, Evan e Hirako vão tirar o pó, Tyler e Charlie vão lavar os banheiros -Charlie gemeu, ele odiava limpar os banheiros- e Takeoshi e Dakota vão lipar o jardim, depois que acabarem, vocês vão arrumar o quarto.
-Por que temos que arrumar o quarto? A ceia vai ser lá por acaso?- Perguntou Evan
-Não, mas Harume, Hyruke, Yako e Lester vão dormir lá.
-Todos eles? Não é muita gente?
-Vocês tem um quarto grande, agora chega de enrolação e vão ao trabalho.
(...)
Eu e Dakota já tinhamos terminado de limpar o jardim, estávamos limpando o quarto junto com Charlie e Tyler quando este último perguntou:
-Por que a gente comemora o Natal afinal?
-Por que você está perguntando isso?-Indagou Dakota
-Por que não tem sentido demônios comemorarem o nascimento de Jesus, e nós temos três demônios e meio na família.
-Talvez porque o Natal não seja só isso, o Natal é uma data para ficar junto da família, independente de quem ou o que eles sejam.- Respondeu Charlie.
-Eu não tinha pensado nisso...
Charlie deu de ombros e continuou organizando o que quer que fosse tão bagunçado dentro do armário dele.
(...)
Já eram ums seis e meia da tarde quando a campainha tocou, eu estava deitado no sofá da sala assistindo um daqueles filmes de Natal.
-Takeoshi, atenda a porta.- meu pai, Kira, gritou da cozinha.
-Por que eu?
-Porque você não está fazendo nada!
-Ok, esse argumento é válido.
Eu levantei do sofá e abri a porta quando eu fui praticamente sufocado pelo abraço que recebi do Harume:
-TAKEOSHI! Senti sua falta!
-Uff... tá, mas nós nos vimos três dias atrás.
-Oxe, me deixa falar que senti sua falta!
-Ok...
Ele me soltou e eu pude ver Yako, que segurava uma travessa de vidro coberta por papel alumínio, Lester, que segurava uma tijela de alumínio e Hyruke, que trazia uma grande sacola com presentes dentro. Todos carregavam mochilas nas costas.
-E aí, cara? Tudo certo?- disse Hyruke.
-Nós trouxemos comida!-disse Lester, animadamente.
-Espero que goste de pavê.-disse Yako
-Entrem, pessoal.-eu disse- E sim, nós gostamos de pavê.
-Mas é...-Lester começou a dizer.
-Agora não!- cortou Yako- Só na hora de comer.
Os três entraram, os meus irmãos já estavam na sala de estar, Charlie soltou um suspiro aliviado:
-Que bom que não era a Tia Jôana...
Meus pais entraram na sala e cumprimentaram os garotos, eles disseram pra eles colocarem os presentes junto com os outros em baixo da árvore, as mochilas no quarto e a comida na geladeira. Nós ouvimos o barulho de um carro e depois o som da campainha, Tio Jónatani e Tia Jôana tinham chegado, Charlie suspirou e disse:
-Eu tinha esperanças de que ela não vinha...
Meu pai atendeu a porta e ouvimos o grito da Tia Jôana:
-Kira! Continua igual sempre!- ela o abraçara, uma tipica atitude de tia.
-Humm... obrigado?
Tia Jôana soltou meu pai e se viroupara o outro:
-Akio! Você continua fofinho como sempre!- Tia Jôana apertou as bochechas dele com força.
-Obfrigado...
Ela o soltou e se virou para Charlie, enquanto isso Tio Jónatani se aproximou da porta carregando uma mala e duas sacolas, ele estendeu a mão para meu pai que continuava parado à pota,
-Oi Kira, como vai?
-Tudo bem, e com você?
-Tudo certo.
-Entra aí.
Tio Jónatani entrou e cumprimentou todos com um aceno de cabeça, diferente da sua irmã, que cumprimentara cada uma das pessoas na sala e agora chegara a minha vez.
-Takeoshi! Faz tanto tempo que eu não te vejo! Um mês! E os namoradinhos?
-Você acabou de cumprimentar ele, é o Harume.
-Quem?
-O com a auréola.
-Que bom!
Ela se afastou, Harume se aproximou de mim e perguntou:
-Sua tia é doida.
-Nem me fale.
-Ela é irmã de quem?
-De ninguém, eu não tenho a mínima idéia de onde ela veio, mas a gente chama ela de tia mesmo assim.
-Sua família é doida.
-Eu sei, mas é legal fazer parte dela.
Harume asentiu.
(...)
Já era quase meia noite, nós estávamos sentados na sala assistindo algum filme, Lester reclamava que estava com fome, Tia Jôana conversava sobre alguma coisa com meu pai, Akio, que não estava prestando muita atenção, ele apenas concordava com o que ela estava falando, Hirako reclamava porque aparentemente Evan se sentou encima do rabo dele, acredite em mim, isso dói, Dakota, Hyruke e Harume cantarolavam alguma versão maluca de "Jingle Bells" que eles tinham inventado, Charlie estava concentrado no celular e eu estava ajudando meu pai, Kira, a colocar a mesa. O relógio marcou 00:00, Lester se levantou de um pulo e disse:
-Partiu comer, cambada!
-Lester!- repreendeu Evan
-O que foi? Eu estou com fome!
-Você não tem jeito...
Lester se colocou frente a frente com Evan e deu um beijo em seu nariz, o que fez Evan corar. Lester disse sorrindo:
-Eu sei, agora vamos comer.
Todos nós estávamos sentados em volta da mesa, o cheiro da comida era maravilhoso, uma mistura de peru assado, batata assada, leitoa e bacalhau (ok, o cheiro do bacalhau não era tão bom). Antes que qualquer um pudesse se servir de qualquer coisa, Kira se levantou e disse:
-Antes de começarmos a comer eu gostaria de dizer que é muito bom ter todos vocês aqui esta noite, acho que todos nós sabemos que o Natal não é só uma data para trocar presentes e comer um monte de comida, o Natal é uma data para estar com a família, acho que nós nunca tivemos tanta gente nessa mesa, o que significa que a nossa família está cada vez maior e espero que cresça cada vez mais, não é, Hirako e Charlie?
A sala explodiu em risadas, Hirako fechou a cara e Charlie corou.
-Eu estou brincando, Hirako, para de ser chato.
-Bom mesmo.
Lester levantou a mão.
-Fala, Lester.
-A gente pode comer agora?
Evan deu um tapa na parte de trás da cabeça de Lester.
-Ai!
-Esfomeado.
Akio riu e disse que podíamos comer.
(...)
Acabamos de comer e chegou a hora de abrirmos os presentes, começamos com a Tia Jôana, ela pegou treze pacotes iguais e entregou um para cada um, nós abrimos e o que tinha lá dentro não foi surpresa para ninguém, meias, Tia Jôana sempre nos dava meias.
-Poxa Jôana.- suspirou o Tio Jónatani.
Nós estávamos terminando de trocar os presentes quando Harume veio até mim com uma grande caixa atrás das costas, eu peguei o presente que eu tinha escolhido para ele.
-Ei, eu tenho uma coisa pra você.
-Eu também.
Nós trocamos os pacotes, ele rasgou o papel e eu pude ver o brilho nos olhos dele, ele me abraçou e disse:
-Overwatch? Sério? Eu estava há meses querendo esse jogo!
-Eu sabia que você iria gostar.
-Você não vai abrir o seu?- ele perguntou fazendo um biquinho.
-É claro que vou.
Eu peguei a caixa e abri, lá dentro havia um pequeno animal preto, enroscado, quase adormecido, ele abriu os olhos, ergueu a cabeça e olhou diretamente para mim com aqueles grandes olhos verdes.
-Awnt, eu sempre quis um gato! Muito obrigado!
Eu tirei o gato da caixa e o acomodei em meu colo, Harume acariciou a cabeça do animal. Hyruke se aproximou e perguntou:
-Qual é o nome dele?
-Sebastian.
-Combina com ele.
O resto da família se aproximou para dar uma olhada no Sebastian, meu pai, Kira, acariciou levemente a cabeça do animal.
-São duas horas da manhã, está na hora de dormir.
-Pai, nós não somos mais crianças...
-E daí? Eu ainda sou seu pai e...
Nós sentimos cheiro de fumaça, olhamos para o lado e vimos que Hirako estava acendendo a lareira, de novo, o único problema é que ela era feita de papelão.
-QUE MERDA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?!- gritou Akio
-Acendendo a lareira, ué.
Akio saiu correndo para a cozinha.
-Tá pegando fogo, bicho!- Gritou Yako
-Cala a boca, Yako!- repreendeu Tyler
-Oxe...
Akio voltou correndo com uma tijela cheia de água e a atirou na fogueira que Hirako tinha chiado no meio da sala.
-Vai pro quarto agora?!
-Quem você acha que é?
-Eu sou o seu pai!
Hirako resmungou e foi para o quarto, Evan bocejou e disse que iria se deitar também, o resto de nós resolveu dormir também.
(...)
Eu já estava deitado na minha cama olhando para o estrado da cama de cima e fazendo carinho na pequena cabeça do meu novo gato quando meus pais abriram a porta do quarto, todos os que estavam acordados viraram o rosto para a porta, Akio estava com a cabeça apoiada no ombro de Kira.
-Feliz Natal-disseram ambos.
-Feliz Natal...
N/A: Finalmente! Eu falei que ia sair ontem mas eu não consegui acabar, mas é como diz o ditado, antes tarde do que nunca, hehe. Enfim, feliz Natal atrasado pra vocês, valeu, flw.
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