07

Deslizei os dedos pela camisa azul em meu corpo em um movimento costumeiro de nervosismo, à minha frente Elle chorava desesperada. Suas mãos deslizaram por seus cabelos e logo seus braços abraçaram seu próprio corpo.

Respirei fundo enquanto encarava a cena, eu sabia que ir até a casa da garota não seria fácil, no entanto, não esperava que ela fosse deixar tudo mais difícil.

— Hero, me escute! Nós temos uma história juntos, temos planos e um casamento pela frente. Você não pode simplesmente acabar tudo por causa daquela garota! – gritou. — Você enlouqueceu? Você não tem mais quinze anos, Hero, você não é mais um adolescente! Que futuro Amelie pode dar para você?

As mãos de Elle disparavam no ar mostrando sua indignação, as lágrimas caíam por seu rosto depressa e sua voz saía embargada.

Me aproximei da mulher calmamente, sentindo minha garganta queimar.

— Elle, escute. – pedi. — Você acha que seria justo me casar com você, não te fazer feliz e não ser feliz? – perguntei. — Você merece mais do que isso, você merece alguém que vai te amar de todo o coração, alguém que vai dar o mundo por você... – suspirei. — E eu juro, Elle, eu queria ser essa pessoa, mas eu não sou!

— E o que você irá fazer então? – questionou. — Vai surgir com Amelie de uma hora para outra? Você não pode fazer isso!

— Não importa o que irá acontecer, Elle, não tem a ver com você! – esclareci.

— Não tem a ver comigo? – voltou a gritar. — Você por acaso se esqueceu que há alguns dias eu era a porra da sua noiva, Hero?

As mãos de Elle se ergueram em minha direção e ela tentou me atingir – segurei os braços da mulher à minha frente e a puxei para mim, afagando o seu corpo em um abraço apertado.

— Para, Elle, me perdoa! – pedi.

Não consegui conter as lágrimas que se formaram em meu corpo e, quando percebi, estava chorando junto com Elle. Suas mãos agarraram o tecido fino da minha camisa e ela começou a puxá-lo.

— Eu amo você! Por favor, não faça isso!

Antes que eu pudesse impedir, as mãos de Elle seguraram o meu rosto e ela se impulsionou em minha direção, alcançando meus lábios em um beijo desesperado.

— Elle...

— Você me deve essa, Hero, você me deve uma última vez. – sussurrou.

Tentei afastar o seu corpo do meu, porém a mulher intensificou o beijo, me envolvendo. Segurei sua cintura e a impulsionei para cima, trazendo-a para o colo.

Suas mãos agarraram os meus cabelos e sua boca deslizou para meu pescoço – não tardei em tirar a roupa em seu corpo e, quando notei, já estávamos sob os lençóis, perdidos em uma nuvem inebriante de adeus.

Quando estacionei o carro em frente à minha casa, a rua estava tomada pelo breu e silêncio. Peguei o meu celular e notei que já se passavam das onze – joguei-o sobre o banco do passageiro e deslizei sobre o assento, colocando o rosto sobre as mãos e apoiando o cotovelo sobre o volante.

Assim que fechei os olhos, o peso me atingiu e senti meu corpo todo doer. Levantei a cabeça e, num impulso, fechei minhas mãos em punho, chocando-as sobre o volante diversas vezes enquanto um grito angustiante escapava por meus lábios, que imediatamente foi cortado pelo ressoar da buzina do carro.

Recuei meus movimentos e levei as mãos até os cabelos, puxando alguns fios enquanto tentava respirar fundo. Poucos segundos depois, passei as mãos pelo meu rosto suspirando e, então, decidi sair do carro.

Caminhei até a porta da minha casa e, antes que eu pudesse entrar na mesma, olhei para trás por sobre o carro, avistando a luz acesa do quarto de Amelie do outro lado da rua, e de relance vi sua sombra na cortina.

Respirei fundo e balancei a cabeça negativamente, depois praticamente corri para dentro de casa quando as cortinas do quarto da garota se abriram.

Tranquei a porta atrás de mim e me apoiei contra ela, passando novamente a mão pelo rosto.

— Que merda você fez dessa vez?

Dei um pequeno salto de susto, levando a mão até o peito e respirando mais devagar quando avistei Brianna.

— Você quer me matar? Está fazendo o que acordada a uma hora dessas? – questionei.

Os braços de Brie se cruzaram sobre o seu peito e ela pendeu a cabeça para o lado, me encarando.

— Por que disse para Amy que tinha viajado com o papai? – questionou. — Onde você estava, Hero?

Passei a mão sobre o cabelo enquanto caminhava e dei um passo em direção a garota à minha frente.

— Não é da sua conta! – disse.

Passei por ela e segui em direção às escadas enquanto tirava a camisa para fora do meu corpo. Ouvi os passos da minha irmã atrás de mim, porém não me virei.

Abri a porta do meu quarto e, antes que eu pudesse seguir para o banheiro, a porta se fechou com um pouco de força atrás de mim, fazendo-me virar e encarar Brie. Cruzei os braços e me apoiei próximo a janela.

— Hero.

Suspirei irritado e soltei os braços, esfregando uma mão na outra em nervosismo.

— O que quer que eu diga? – perguntei.

— Qualquer coisa, menos que mentiu para Amelie para poder se encontrar com Elle. – diz.

Um sorriso irônico escapou dos meus lábios e me afastei da parede, indo em direção à minha irmã.

— Que droga é essa, Brie? O que eu devo dizer? Não devo explicação da minha vida para você e muito menos para Amy. – disparei irritado. — Nós não temos nada! – gritei.

A boca de Brie se abriu em perplexidade e imediatamente arrependi-me do que acabei de dizer – porque não era verdade, eu e Amelie não tínhamos nada. Nós tínhamos absolutamente tudo.

— Uau! – a voz de Brianna saiu em um sussurro.

— Brie, eu... Eu não quis...

— Eu já entendi, Hero. – me interrompeu. — Mas da próxima vez, lembre-se de deixar claro para Amy que vocês não têm nada, assim ela não precisa ficar igual uma idiota esperando por uma mensagem sua.

— Brie, me escuta! – pedi.

A mão da garota se ergueu em minha direção em sinal para que eu não falasse nada, e então se virou e caminhou para a porta, abrindo-a – mas, antes de sair, ela se virou para mim e suspirou.

— Toma banho e tira esse cheiro de Elle de você, babaca!

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