Capítulo 2

Não consigo manter o controle do volante a cada flash do passado que vinha na minha mente a cada farol alto que passava na pista e batia nos meus olhos. Tudo girava, tudo ficava embaçado. Estou tentando ficar com os olhos abertos e encontrar um acostamento para conseguir parar o carro, mas não há por aqui. Entro em um lado da estrada que estava mais deserta. Essa sensação ruim só piorava, e minha visão ficava cada vez mais embaçada, até que perco o controle do volante e bato em um barranco.

O airbag do carro abriu e isso impediu que eu batesse a cabeça no volante, mas eu estava com um mal-estar horrível e aquelas sensações ainda estavam bem presentes. Quando olho para o lado, vejo alguém correndo na minha direção. Nunca vi ninguém correr tanto assim para me ajudar, e ele parecia preocupado. Era Kim Taehyung e eu finalmente conheci alguém totalmente maluco. Assim que ele chega, abre a porta e me tira de dentro do carro.

— Jennie, você consegue ficar de pé? — pergunta ele. Eu estava em seus braços e mal consigo ficar de pé, mas forço os pés no chão tentando conseguir resultado.
Ele olhava fixamente nos meus olhos, todo preocupado, checando se eu estava machucada. A forma como ele corria em minha direção era como se ele se importasse. Mas como ele saiu tão rápido de lá e já veio atrás de mim? Ele talvez soubesse de algo. Mas isso não muda como ele me tratou hoje mais cedo: — Jennie, por que você entrou na minha sala? — ele pergunta, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Ele ainda está vivo? O que você… Por quê? — pergunto, confusa, e caio nos braços dele, sentindo tudo se apagar.

Algumas horas depois...

Acordo em uma cama de hospital e medicada. Kim Taehyung estava em uma cadeira ao meu lado, segurando a minha mão e com a cabeça em um pedacinho da cama. Ele estava suado e, pelas suas reações, parecia estar tendo um pesadelo. Solto minha mão da dele e ele acorda, se levantando da cadeira depressa.

— Como está se sentindo? O que aconteceu com você? Você não parecia bem e quem te deu a bebida que você jogou fora? Por que entrou na minha sala sem permissão? — ele pergunta, procurando respostas. Eu mal acordei e ele já está me enchendo de perguntas. Ele é completamente maluco, um cara chato.

— Eu estou bem, e como posso saber se não conheço ninguém de dentro da sua empresa? Não há câmeras de segurança? — pergunto, sarcástica. Ele sorri, passando a mão pelos cabelos e umedecendo aqueles lábios lindos. O doutor chega, me olhando espantado.

— Senhorita, tenho perguntas para você, então serei bem direto — o doutor diz e Taehyung já volta sua atenção para ele. — Você usa drogas? O seu exame de sangue apresenta drogas no seu organismo — ele diz e me sento na cama, passando a mão pelos meus cabelos. Taehyung aperta os olhos, franzindo a testa. Nunca me senti tão constrangida com uma pergunta. Como eu posso ter drogas no meu organismo se eu nunca usei isso? — Senhorita Jennie, eu sinto muito, mas vamos ter que contatar a polícia — ele diz e começo a falar antes que ele saia.

— Não, eu nunca… Eu nunca usei ou ingeri drogas. Pode ter dado algo errado, por favor, tente novamente. Tem que ter algum erro, eu não usei drogas — digo preocupada e Taehyung coloca sua mão sobre minhas costas. Assim que o doutor vira as costas, ele vai atrás do doutor.

— Doutor Kim, espere, podemos conversar? — ele sai perguntando. Que merda, como isso aconteceu? Eu não usei drogas. Como vou sair dessa agora? Ainda nem consegui respostas sobre o meu pai e estou aqui em uma cama de hospital, correndo risco de ir presa e me sentindo uma maluca. O que foi que aconteceu?

— Senhorita Jennie, você acordou. Está se sentindo melhor? — uma enfermeira entra na sala dizendo. Preciso de um telefone, preciso falar com minha mãe. Talvez ela possa me ajudar, mesmo não sendo próximas, ela ainda é minha mãe.

— Eu estou bem. Me desculpe, você pode me emprestar um telefone? Preciso contatar minha família — digo para a enfermeira e ela me dá o celular dela.

— Pode usar o meu. Vou fazer minha última visita e volto para pegar — concordo e ela me entrega o celular. Disco o número da minha mãe. Ela atendeu na terceira tentativa.

Ligação on...

— Alô — Ela diz e sinto um aperto no coração. Por que ela mentiu para mim? Sinto quando meus olhos começam a lacrimejar e minha voz é abafada pelo choro. — Mãe, você mentiu para mim? — pergunto, mas ela não responde. — Por que mentiu para mim? Depois de tudo que passamos, nós prometemos uma à outra dizer apenas a verdade. — digo cabisbaixa. Ela fica em silêncio por alguns segundos.

— O que está acontecendo? — pergunta ela, fugindo do assunto.

— O papai está vivo, não está? Por todos esses miseráveis quatro anos você esteve mentindo para mim? Você sabe o que eu vi aquele dia? Aqueles homens que estavam atrás dele, todo aquele sangue, armas e aquele… Aquele garoto com aquela arma. Depois, quando eu mais precisava de você, você mentiu para mim e construiu tudo à base de mentiras? — digo chorando.

— Fique longe do seu pai — ordena ela.

— Se importou em pagar psicóloga para mim, mas não se importou de me contar a verdade? — pergunto e ouço apenas a respiração dela através da linha telefônica. — Por favor, me… Me responde — imploro. — Por favor, me fala a verdade — insisto. Minha voz estava dominada pelo choro.

— Eu sinto muito — ela lamenta.

— Você o que? Por que fez isso? Me fala o que aconteceu naquele dia, pare de esconder a verdade — digo e ela desliga o telefone. — Não, não, por que fez isso? Por quê? Por quê? — Acabo elevando o tom de voz e o choro toma conta de mim. Kim Taehyung entra correndo pela porta, o doutor e a enfermeira atrás dele. Taehyung me abraça e além de estar encrencada, agora não posso contar com a minha própria mãe.

— Jennie, se acalme — diz Taehyung, tentando me acalmar, mas não consigo. Talvez seja efeito das drogas.

— Eu preciso sair daqui, eu preciso achar ele — começo a tirar o soro do meu braço. Kim Taehyung tenta me segurar, e a enfermeira pega um Maleato de Midazolam e aplica em mim. Sinto quando começa a fazer efeito.

— Isso é culpa minha — diz Kim Taehyung, me deitando na cama e acariciando meus cabelos. Apago. Depois de algum tempo, acordo e ele ainda estava no quarto.

— Taehyung, eu não usei drogas. Eu não sei o que aconteceu, eu apenas fiquei confusa quando vi o papel na sua pasta e fiquei me questionando. Eu precisava sair de lá, de dentro da empresa, para esfriar a cabeça. Logo depois que saí da sua sala, uma mulher me deu uma bebida. Eu só peguei e agradeci. Depois, continuei andando e fui para o carro. Quando fui puxar o cinto, o copo caiu do lado de fora e eu não catei. — Ele parecia me olhar interessado enquanto eu falava.

— Continue — diz ele, cruzando os braços.

— Quando saí na pista, comecei a me sentir mal. Sentia uma dor de cabeça horrível e alguns flashes do passado começaram a vir na minha cabeça, coisas que eu nem me lembrava. Depois, me senti fraca e… — Ele não me deixa acabar de falar e me faz tal pergunta como se já tivesse descobrindo algo.

— Você falou que uma mulher te deu a bebida. Quem era ela? Como ela era? — pergunta ele.

— Era a mesma que mandou esperar você na sua sala. Ela era coreana, dos cabelos pretos e curtos, usava óculos e não tinha um crachá — afirmo. Ele coloca as duas mãos na cabeça, como se já soubesse o que aconteceu. — O que foi? — pergunto, curiosa.

— Vou levar você para casa e, por favor, não volte à empresa e nem me procure mais. Sairemos logo daqui, vou preencher uns papéis e quanto ao exame de drogas, fique tranquila, o doutor cometeu um erro — diz ele, indo em direção à porta. O que deu nele? O que tem de errado com ele? Eu precisava desse emprego, mesmo tendo ido embora hoje mais cedo.

— Espere — falo, tentando impedir que ele saia, mas ele continua andando em direção à porta.

— Quanto mais tempo eu ficar na sua vida, pior será para você — conclui ele.

— Hoje não foi a primeira vez que nós nos vimos, não é? Há quatro anos atrás, você estava na festa do campo. Eu não sei direito o que aconteceu naquele dia, porque atiraram um daqueles pinos de calmante em mim, mas eu vi algumas coisas nos flashes… — ele olha para trás e me interrompe.

— Jennie, não mexa nas coisas do passado. Apenas esqueça — diz ele.

— Era tanto sangue e uma das vítimas que estavam lá naquele dia era o meu pai. Eu estava caída no chão e, em meio a toda aquela bagunça, você foi quem me tirou de lá, mas quem era você naquele dia? Você era uma pessoa que simplesmente estava lá na hora errada ou você foi quem atirou em mim e começou tudo aquilo? Você era o garoto com a arma, não é, Kim Taehyung? Eu tenho essas memórias sobre você. Você era o mocinho ou o vilão? Quem é você, Kim Taehyung?

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