✭Sasaengs✭

Pare de criar expectativas.

Ele comprou calcinhas para você, ele realmente se preocupa.

Caramba, para! Qual é o meu problema?

Seu problema é que você está apenas se vitimizando e querendo ser difícil.

Não preciso de verdades, consciência, preciso esquecer que Christopher está sendo  um fofo, preciso esquecer o cuidado dele comigo, preciso esquecer a forma como ele me olha. Eu... preciso... esquecê-lo. Como Geovana faz falta para colocar meus pezinhos no chão e me dizer que sou uma tremenda iludida. Aliás, já faz um tempo desde a última mensagem que ela enviou avisando que ela e Kate chegaram, que iam entrar em um estado de hibernação e que eu não deveria me preocupar se elas desaparecessem nas próximas horas.

Tomo meu banho e experimento uma das calcinhas que ficou larga, o que me fez rir. Visto a calça rosa e a camisa do Central Perk e saio do banheiro. Deixei as sacolas em um canto do quarto e voltei para perto de todos. Han ainda lutava com a letra da música em português no sofá, enquanto os outros três discutiam algo em coreano.

De repente, ouvimos batidas na porta. Hyunjin vai atender e são Felix e os outros, carregados de caixas de pizza. Han se levanta e vai ajudá-los. O garoto pãozinho (como me disseram que poderia chamá-lo) carrega os refrigerantes junto com Minho. Minho foi o único entre eles que não fez nenhuma questão de ser amigável e, de onde eu venho, fui ensinada a tratar as pessoas do jeito que elas me tratam, então eu também não fazia muita questão.

— Clara, tem pizza — diz Changbin. Seu inglês deixava muito a desejar, então ele se referia a mim apenas pelo básico, mas já é suficiente.

Me aproximei timidamente, e os meninos destampavam as caixas, exibindo vários sabores diferentes de pizzas e algumas que eu conheço . O cheiro é apetitoso e o queijo parece derretido. Como toda boa mineira, minha boca salivava ao ver tanto queijo.

— Pensamos em te agradar, para que você se sinta melhor. Sabemos que os americanos amam pizza, então... noite da pizza — diz Felix. É muito fácil reconhecê-lo entre os demais. Além da voz grossa, que me deixou em choque quando o conheci, ainda tinha as sardas que chamavam atenção.


*Lee Felix, main dancer and sub rapper of Stray Kids*

— Nova-iorquinos são loucos por pizza. Não tinha muito dinheiro para gastar com pizza e, no Brasil, meu forte era fazer bolo e pão de queijo — comento, enquanto pego um pedaço da pizza de pepperoni e dou uma boa mordida.

— Já ouvi falar de pão de queijo, é muito famoso. Vários idols comem em desafios de iguarias — comenta um garoto de cabelos pretos, destacados por mechas loiras na franja.

Para mim, sempre foi bizarro as pessoas considerarem o pão de queijo uma iguaria. Eu comia isso todos os domingos na casa da minha avó ou comprava congelado no mercado. Continuamos a comer, e eu já me sinto satisfeita no meu terceiro pedaço; rodízio de pizza nunca foi a minha praia, pois não consigo comer muito. Mas não quero deixar a mesa e todos ali. Não sei como é aqui, mas de onde eu venho, não é muito educado levantar-se cedo demais, então opto por observá-los.

O garoto pãozinho e seu companheiro de franja descolorida parecem mais reservados quando o assunto é dar opiniões, então presumo que são os neutros do grupo. O menino pãozinho, que se chama Jeongin ou I.N, tem um sorriso lindo, com covinhas que se destacam muito mais que as do Christopher; ele me lembra uma criança. Já o da franja descolorida é Seungmin, que possui um sorriso largo. Ele gosta de implicar com Changbin e com Bang Chan, parece ser seu passatempo.


*Yang Jeongin "I.N', lead vocal and maknae of Stray Kids*

*Kim Seungmin, main vocal of Stray Kids*

Felix e Hyunjin conversam bastante sobre tudo, e notei que ambos usam o mesmo anel nos dedos. Será que são um casal? Para mim, isso parece um anel de compromisso... mas acho que essas coisas talvez não sejam comuns na Ásia; deve ser algo relacionado à amizade. Changbin fala muito alto; se ele estivesse na casa dos meus pais, minha mãe já teria quebrado uma vassoura nele. Apesar de sempre pegarem no pé dele, é notável que ele é bastante protetor, principalmente com os mais novos. Também percebi que Changbin não é uma pessoa de masculinidade frágil, devido às suas brincadeiras e gestos com os outros, o que é legal.

Minho, bem, não sei muito sobre ele, pois, como percebi que ele não gosta de mim, evito olhá-lo, mas sei que ele gosta de gatos. No entanto, percebo algo mais ali. Han olha para Minho de um jeito diferente, é evidente que Han tem, no mínimo, uma paixonite pelo 'velho dos gatos'. Ele fica várias vezes buscando atenção, o que é bem triste.


*Lee Minho "Lee Know", lead vocal and main dancer of Stray Kids*

Quando eu estudava, havia um garoto, Gustavo, que era o crush de toda adolescente hétero da escola. Fiquei três anos apaixonadíssima, me humilhando feito uma idiota por nada, porque ele nunca foi muito educado comigo. Ver Han assim, tendo que lutar por um lugar ao sol, realmente me incomoda.

Quando todos finalizam a refeição, o grupo se dispersa e cada um se dirige para um canto diferente do ambiente. Bang Chan, acompanhado de Felix e Hyunjin, parece distraído, seus olhos desviando-se repetidamente em minha direção. Contudo, continuo mais interessada na situação de Han, que não merece ficar mendigando atenção dessa forma. Impulsionada por um ímpeto de fazer algo, decido intervir.

— Han, podemos conversar em particular? — pergunto, atraindo olhares curiosos dos demais, inclusive do próprio Han. Ele assente com a cabeça e caminha em direção ao corredor; eu o sigo.

A uma distância segura da sala, ele inicia a conversa:

— O que foi, Clara?

— O que está acontecendo entre você e o Minho? — indago diretamente.

— Ah, é sobre isso? — Ele cora, o deixando mais fofo, e minha vontade de protegê-ló só aumenta — Não é nada demais.

— É evidente que há algo. Você estava à procura da atenção dele como um cachorrinho. Isso não é legal.

Imediatamente me arrependo de minhas palavras diretas; a expressão de Han se transforma em pura surpresa. Embora ele tenha sido amigável comigo, não somos próximos o suficiente para eu ser tão franca:

— Desculpa, é que...

— Eu não entendo ele, Clara. Sabe, a gente já ficou algumas vezes, mas ele continua agindo do jeito que você viu, e isso me machuca. Por que só pode ser quando ele quer e nunca quando eu quero? E o pior, toda vez que ele diz que quer ficar comigo, eu penso em dizer não, mas acabo dizendo sim — as palavras de Han fluem como se estivessem presas há muito tempo.

— Porque você está apaixonado, e gente apaixonada é boba assim mesmo — respondo, e ele solta uma risada abafada — mas para sua sorte, eu vou te ajudar com isso. Você precisa fazer ele entender que seus sentimentos também importam, que ou ele está com você, ou não. Aqui não aceitamos meio termo.

— Tá, mas como posso fazer isso?

— Simplesmente pare de correr atrás e dê um gelo nele, isso deve bastar. Conheço esse tipo de gente; só dão valor quando perdem. Como dizem os grandes pensadores contemporâneos brasileiros, Jorge e Mateus... Ou some ou soma.

Han me observa, pensativo, aparentemente levando meu conselho a sério. De repente, ouvimos passos atrás de nós e sei que é Minho porque ele chama por Han e diz algo em coreano. Han me olha antes de responder. A resposta claramente não agrada Minho, que murmura algo de forma ríspida e se afasta. Han pisca para mim e eu sorrio, satisfeita. Não faço ideia do que ele disse, mas já me sinto orgulhosa do pequeno progresso.

Sozinha no dormitório, enquanto os meninos trabalhavam, me encontro jogada no sofá, imersa na televisão. Embora pouco compreendesse do que era transmitido, aquilo parecia a única opção de entretenimento. O que deveria ter sido apenas uma noite prolongou-se por cinco dias.

Problemas na entrega de móveis no apartamento eram aparentemente a causa desta minha estadia prolongada. Chris, sempre sendo cauteloso, insistia para que eu permanecesse no dormitório e evitasse sair sozinha, uma precaução que considero um exagero. Aqui estou eu, referindo-me a ele pelo apelido, algo que me irrita. Embora tentasse resistir, era difícil ignorar seu charme protetor e irresistível.

Naquele momento, a televisão exibia "Bad" do INFINITE. Nunca imaginei que me tornaria fã de uma boyband coreana, mas após Han me enviar uma playlist deles, não conseguia mais parar de ouvir. Apesar de não entender uma palavra sequer das letras, a melodia cativante e as vozes harmoniosas eram suficientes para me conquistar. Os meninos, por outro lado, brincavam comigo por não preferir Stray Kids, mas meu coração já tinha sido capturado pelo INFINITE.

Desejando ser útil, dediquei-me a organizar o caos do lugar. No dia anterior, arrumei todos os sapatos por tamanho, limpei a sala, a cozinha e o banheiro, além de ordenar os armários da cozinha. Eles insistiam que não precisava fazer nada disso, porém, considerava justo contribuir de alguma forma, já que me permitiam ficar ali e estamos falando de quatro homens jovens morando junto, me surpreende que eles sejam apenas bagunceiros. Contudo, me mantive restrita aos espaços comuns, evitando invadir a privacidade dos quartos, exceto o de Christopher.

Conversei com Geovana e Kate sobre como me sentia patética por estar dependendo financeiramente de um homem em outro país. Solidárias, elas me enviaram dinheiro, o que me deixou grata e constrangida, sabendo que não estavam em condições de gastar tanto assim. Esperava ansiosamente por uma oportunidade de retribuir o gesto.

Me surpreende ainda mais a preocupação de Kate. Ela parece outra pessoa, sempre me mandando mensagem, me mandando textos sobre maternidade, me mandando coisas sobre a Coreia , tentando ser o mais útil que podia. O que ela planeja com isso? Ganhar minha simpatia? Ainda não esqueci que ela foi uma das piranhas que me atacaram massivamente na internet.

Enquanto mexia no celular, entediada, aguardava ansiosamente pela chegada de Jijico para conversarmos, quando uma notícia alarmante capturou minha atenção: "O líder e vocalista Bang Chan do Stray Kids está namorando com a brasileira Clara Dias Silva. A informação foi confirmada pela JYP Entertainment."

Me sento no sofá lendo e relendo aquela noticia. Como assim namorando meu Deus, meu pesadelo não vai ter fim?

Indignada com a falsidade do anúncio, sinto uma súbita vontade de devorar doces, talvez como uma tentativa de acalmar meus nervos exacerbados. Vasculho os armários em busca de algo apetitoso, mas nada que satisfará meu desejo. Frustrada, decido que preciso sair daquele apartamento sufocante. "Namorada do Bang Chan? Que absurdo!", penso, enquanto buscava um mercado nas proximidades.

O mercado, felizmente próximo, oferece uma variedade tentadora de guloseimas. Escolho alguns itens que se assemelhavam a marshmallows, chocolates e sorvete, e me dirijo ao caixa. A atendente, porém, me olha de forma estranha e não faz qualquer movimento para registrar minhas compras. Sua expressão é indiferente e, mesmo diante de minha insistência, permanecia imóvel.

— Você consegue me entender? — pergunto impaciente — pode passar minhas compras?

Sem resposta, resolvo utilizar o tradutor do celular, mostrando o texto à atendente, que lê, mas continuou sem reação.

— Qual o seu problema, hein? Passe logo minhas coisas... — exijo, incapaz de compreender seu comportamento incomum.

Aniyo — responde a caixa, negando-se com uma única palavra em coreano.

— Caramba, eu só quero pagar minhas coisas, passa logo isso aí — minha voz já transborda impaciência.

— Algum problema? — A pergunta vem acompanhada pela presença de um homem de vestes formais, provavelmente o gerente.

Taerok-ssi, i oegug-in-eun naleul hagdaehanda geulaeseo naneun geunyeoui gumae deunglog-eul geobuhabnida. — A caixa apela ao gerente em coreano, alegando algo que não tenho nem como me defender, pois não entendo uma única palavra.

O homem me avalia dos pés à cabeça, e sinto uma onda de humilhação me envolver. Estou vestida com uma das leggings que Christopher comprou, uma camisa larga demais e, sem o creme adequado para meu cabelo, fica parecendo pelo de poodle sem tosa, apesar de tentar domá-lo em um coque desleixado.

— Vou pedir que se retire — ele declara, seus olhos críticos fixos em mim.

— O que foi? Acha que eu não tenho dinheiro para comprar aqui? Qual o problema deste lugar afinal?

— Você está perturbando a paz do ambiente. Os outros clientes estão começando a se incomodar — ele responde enquanto lanço um olhar furtivo ao redor, notando que algumas pessoas me encaram com desdém, todas aparentando um nível de vida elevado.

— Que se dane essa merda — digo, descartando qualquer tentativa de polidez. Se não me tratam bem, por que deveria fazer o mesmo?

Para minha surpresa, a caixa interrompe em inglês:

— Bang Chan está cometendo um erro.

Então, é isso. Ela é uma dessas fãs dissimuladas. Ignoro seu comentário e saio do mercado, tremendo de raiva, mas continuo meu caminho até encontrar uma banca. Lá, pego alguns chocolates e um refrigerante, fazendo o trajeto de volta ao prédio sem passar pela rua mercado.

Quando estou prestes a entrar no prédio, meu celular toca e é Geovana. Atendo rapidamente, tentando mascarar a irritação em minha voz:

— Oi amiga!

Nossa, te falar viu, que viagem longa, mesmo que o avião tenha sinto confortável, ainda me sinto cansada.

— Normal, você passou treze horas viajando. Super compreensível.

Me fala, como você está? Eles ainda estão te tratando bem? Por favor, fala, começo a me sentir mal por ter deixado você ficar, mas ainda acredito que é melhor que seu pai esteja ao seu lado.

Começo a descrever detalhadamente quem estava sendo amigável e quem não, quando noto uma garota ao fundo do corredor observando o quadro de avisos. Ela volta sua atenção para mim assim que me vê. Chamo o elevador, que indica estar vários andares acima. Outra garota se junta à primeira e ambas caminham em minha direção com olhares fixos em mim. Claramente, estão me seguindo. Desligo o telefone e me dirijo para as escadas.

Subo dois lances e chego ao terceiro andar. Chamo o elevador e, desta vez, ele chega mais rápido. As portas se abrem e as garotas estão lá, o que me faz soltar um grito de susto. Elas saem do elevador e a mais alta diz:

— Você é tão feia, com certeza deve ser algum tipo de prostituta. Uma pena que ele desceu o nível assim.

— Quê?! Vai pro inferno! Eu não tenho que escutar isso — penso comigo mesma: Por que o Stray Kids tem tantas fãs doidas assim?

Já estava a caminho das escadas quando uma terceira garota surge. Recuo alguns passos, mas elas me encurralam contra a parede. Uma delas agarra meu cabelo, soltando uma risada carregada de desprezo. Outra critica minhas roupas e minha aparência, enquanto a terceira não para de me insultar, chamando-me de vadia e proferindo outros nomes ofensivos. A terceira garota arranca a sacola de minha mão e espalha seu conteúdo pelo chão, acompanhando seu ato com palavras vulgares e ameaças. Sinto uma vertigem tomar conta de mim; tudo o que desejo é que elas me deixem em paz.

Sempre imaginei que esse tipo de bullying fosse exagero cinematográfico, mas enfrentar a realidade é chocante. Tentando escapar, empurro a garota mais próxima com todas as minhas forças, mas outra revida, puxando meu cabelo. Em resposta, não consigo fazer nada além de gritar por ajuda.

Uma senhora abre a porta de seu apartamento e, ao presenciar a cena, começa a gritar em coreano. Aproveito a distração e me livro delas, correndo em direção à escada. Subo dois lances a toda velocidade. Ainda atordoada e nunca tendo sido parte de confrontos físicos antes, o medo me consome. Ao iniciar a subida do terceiro lance, minhas pernas fraquejam e me sinto zonza. Sem tempo para reagir, desabo nos degraus, sentindo meu corpo bater dolorosamente contra eles.

Quando finalmente paro, tento me mover, mas uma dor aguda irradia do meu braço. Impossível de mexer, e com dores lancinantes nas costas e no abdômen... Meu celular, que havia caído de meu bolso, jaz um degrau abaixo. Com esforço tremendo, alcanço-o e ligo de imediato para Bang Chan. O telefone toca apenas duas vezes antes de ele atender:

Clara?

— Christopher... eu preciso de ajuda...

Clara, você está chorando? Onde você está?

— No prédio, vem rápido por favor.

A dor é tão intensa que as lágrimas começam a fluir, incontroláveis, enquanto aguardo desesperadamente por socorro. Então sinto uma pontada de dor vindo do abdômen e sinto medo: a criança.

Infelizmente várias doidas sabem o endereço do SKZ e invadem o prédio. Esse tipo de fã nós abominamos, não precisamos desse comportamento maluco né

Até o próximo capítulo ❤️

BIG HUG

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