✭O Jantar✭
Enquanto seleciono minhas roupas, mal consigo acreditar que tive a audácia de convidá-la para sair. É uma jogada arriscada, especialmente considerando o risco de ser descoberto e causar um escândalo no final da turnê. Contudo, ao lembrar dos seus olhos tristes, meu coração se aperta de novo; estou intrigado com o que aqueles olhares podem esconder, então quero ter um momento com ela. Após pedir ao meu manager que encontrasse um local privado, mesmo com a voz interna insistindo que aquilo era um erro, ele me surpreende ao garantir um restaurante no último andar de um edifício, prometendo um encontro discreto.
O local já está acostumado a receber pessoas famosas para encontros discretos e, dessa forma, me manterei longe de escândalos. Eu sabia que podia contar com meu manager para isso, não é a primeira vez que Gunsun mexe seus pauzinhos para conseguir um local apropriado para um encontro. Eu sou idol, mas acima de tudo sou um homem adulto, e gosto de sair e ter momentos com alguém, desde uma boa conversa até mesmo em quatro paredes - não que eu ache que a noite vai acabar assim, mas... por meio das dúvidas, coloco uma camisinha na carteira.
Diante do espelho, busco uma aparência casual, mas cuidadosa. Opto por uma camisa preta com estampas de desenhos, sobreponho uma jaqueta e finalizo com jeans e coturnos. Satisfeito, a ansiedade toma conta de mim.
Changbin estava no meu quarto, deitado na cama de I.N e comendo um snack junto ao maknae. Eles percebem minha inquietude, pois mesmo depois de pronto, continuo me movendo e procurando algo em mim para arrumar, nem eu sei porque estou tão nervoso assim.
— Você precisa ficar calmo, é só uma garota. Não é como se você não tivesse saído com nenhuma — Changbin comenta, e I.N concorda.
— É uma situação completamente inusitada. Ela não sabe que sou cantor e famoso. Não sei qual será a reação dela — Exponho minha preocupação, esperando que ela não desista e que possamos desfrutar de uma noite agradável.
— Tenho que concordar. Só espero que ela não queira se aproveitar do fato de você ser famoso e buscar uns minutos de fama — I.N acrescenta, mas descarto essa possibilidade, pois ela não parece ser alguém assim.
— Preciso ir, crianças, falo com vocês mais tarde — Despeço-me, coloco meu boné e caminho com pressa até a recepção, onde um carro já me espera.
Sentado no veículo que me leva em direção à farmácia, minha inquietação só aumenta. Não sei se ela realmente iria, o que me deixa mais extasiado. Nenhum de nós se conhece, somos um total mistério para o outro, mas encontros são para isso afinal.
O motorista estaciona o carro e eu procuro no mesmo instante a imagem da garota. A vejo através do vidro: Clara está lá, vestida de maneira similar à minha — calça preta, coturnos, camisa da série "Friends" e uma jaqueta. Um sorriso irônico surge em meus lábios pela casualidade de nossos trajes combinarem, embora ela esteja visivelmente mais encantadora. Seus cabelos soltos e cacheados lembram uma princesa escocesa da Disney, são enormes.
Ela percebe o carro e eu, sem hesitar, abro a porta e saio para encontrá-la. Seu olhar confuso se volta para mim enquanto tento decifrar se ela me reconhece ou se está se arrependendo por não ser bem o que esperava. Notando o rubor de seu rosto, provavelmente ainda afetado pelo café quente, pergunto preocupado:
— Seu rosto ainda dói muito?
— Ah... mais ou menos... você não é o vocalista daquela banda que vai se apresentar este fim de semana? — Ela questiona, e eu sorrio timidamente, confirmando sua pergunta.
Seu semblante passa de confuso a chocado, aproveito a deixa e tiro o boné, deixando meu rosto totalmente a vida.
— Nem fodendo! — Sua reação me espanta, não costumo ver mulheres falarem palavras de baixo calão. Ela mexe em seu celular e coloca uma foto minha, das redes sociais — Como assim? Você é mesmo esse cara?
— O próprio — Respondo, segurando o riso ao ver sua expressão de espanto — Bem, vamos?
Abro cuidadosamente a porta do carro, convidando-a a entrar. Ela hesita por um momento, parecendo relutante, mas finalmente se acomoda no assento. A sigo, entrando no veículo, e dou partida. Um silêncio constrangedor se instaura entre nós. Enquanto o carro segue seu caminho, um turbilhão de pensamentos me assalta, mas desejo que a conversa flua naturalmente, o que não acontece, ela parece estar chocada demais e eu sem jeito de iniciar um papo.
O carro, rapidamente, nos leva até o restaurante. Descemos e caminhamos em direção ao elevador, mantendo o incômodo silêncio. Sinto uma ansiedade crescente, ansiando por algum tipo de comunicação da parte dela, mas pelo visto terá que partir de mim.
Ao chegarmos ao andar do restaurante, dirigimo-nos à recepção onde uma funcionária nos aponta nossos lugares. Seguimos e nos sentamos. O garçom se aproxima e nos entrega dois cardápios. Ela pega o seu, um tanto nervosa. A observo por um momento e decido quebrar o gelo:
— Você bebe?
Ela se sobressalta um pouco, como se eu a tivesse acordado de algum devaneio, antes de responder:
— Am? Ah, não! — responde ela, com pressa.
— Então, vou querer uma taça de gin, e para ela...
— Água já está bom — ela sorri, de forma simpática.
O garçom se retira e noto que ela continua tensa, folheando o cardápio com mãos trêmulas. Decido tentar aliviar a atmosfera:
— Desculpe não ter dito antes... entendo que esteja surpresa. Mas quero que a noite seja agradável, hm? Pode me olhar, não vai te matar e nem te transformar em pedra.
Percebo um leve sorriso em seus lábios, embora ela ainda mantenha o olhar fixo no cardápio. Estava prestes a fazer outra brincadeira quando ela finalmente fala:
— Kate, antes de sair de casa, me mostrou uma foto sua e disse que as pistas apontavam que você era o tal do Bang Chan quando falei seu nome e eu ri da cara dela e era você mesmo... Que ódio, ela sempre está certa.
— Novamente, desculpe não ter dito antes.
— Também, com aquelas fãs surtadas que você tem, eu também iria querer me esconder — ela comenta, me encarando. Uau, Clara já era linda quando a vi ali de touca e tudo, agora, com todo esse cabelo solto e esse olhar descontraído, está ainda mais deslumbrante.
Solto uma risada, pois, apesar de amar meus fãs, reconheço que, como em todo fandom, às vezes eles desconhecem o significado de limites.
— Vamos começar de novo então. Meu nome é Christopher Bahng, mais conhecido como Bang Chan. Prazer.
— Certo, eu sou Clara, mais conhecida como Clara, prazer — ela responde com um riso contagiante, que me faz rir junto. Finalmente, ela parece começar a relaxar.
— Pensei que seria Clair — Arqueio a sobrancelha para ela, não me esquecendo do seu apelido.
— Clair somente para os mais íntimos — Ela responde, com muita firmeza.
— Uma barreira a ser quebrada.
— Boa sorte.
— Me sinto desafiado.
Nos encaramos e eu pisco para ela convencido, desencadeando uma risada compartilhada entre nós. As bebidas chegam, mas ela mal toca na água, limitando-se a brincar com o copo. Escolhemos o que vamos comer e a conversa começa a fluir. Clara é uma pessoa fascinante; tudo nela me atrai: seu sorriso meigo, seus olhos brilhantes, seus cachos vermelhos e volumosos, sua voz gentil que carrega um leve ar de inocência. No entanto, à medida que conversamos, fica evidente que de ingênua ela não tem nada, mostrando-se uma garota extremamente madura com diversas responsabilidades sobre si.
Comemos e a conversa continua fluindo de forma natural. Ser famoso muitas vezes dificulta ter conversas sinceras e espontâneas, ainda mais com alguém de um mundo muito diferente do meu. Já saí com algumas pessoas que não pertencem ao meu mundo de idol, mas Clara está agindo de maneira diferente do que eu esperava. Isso só me deixa mais instigado em conhecê-la melhor, embora eu saiba que não posso me dar ao luxo de me apaixonar.
Nossas vidas são muito diferentes e, além disso, minhas fãs surtariam ao primeiro sinal de que estou com alguém... Agora me questiono por que estou pensando na possibilidade de um relacionamento com Clara, sabendo que isso obviamente nunca se concretizará.
— Estava delicioso — ela comenta com um sorriso no rosto, enquanto também termino de comer.
— Também gostei. Já experimentou comida coreana? É muito saborosa.
— Nunca nem senti o cheiro — diz ela, e de repente seu sorriso se desfaz — É uma pena...
— O quê?
— Você é um cara muito, muito, muito legal, mas somos de vidas diferentes. É sempre assim, o cara nunca pode ser só perfeito, tem sempre um porém.
— Bom... eu estou aqui agora... a gente pode apenas viver o momento.
— Acho que posso fazer isso — ela diz, esboçando um sorriso e observando a varanda. Sinto uma súbita vontade de tocar seu rosto e dizer que a acho linda, mas me contenho. Talvez devêssemos ir até aquela varanda.
Peço a conta ao garçom. Ela insiste para dividir a conta comigo, mas recuso, querendo ser gentil, e pago pela refeição. Em seguida, a convido para ir até a área externa que ela tanto observa, e ela aceita. Caminhamos juntos, sob um céu adornado por algumas estrelas, cujo brilho é parcialmente ofuscado pelas luzes da cidade. O vento refrescante sussurra a proximidade do verão. Ela se aproxima da beirada, encosta no parapeito do prédio e contempla o horizonte. Observo o mesmo ponto, mas nada em particular se destaca.
— O que estamos olhando? — pergunto, movido pela curiosidade.
— Estou num momento de reflexão. Às vezes penso em voltar para minha cidade, sabe, cuidar dos meus pais. Sou filha única e eles só têm a mim. Mas, ao mesmo tempo, sinto que preciso viver minha vida, e isso me deixa ansiosa.
Ela compartilhou durante o jantar que sua família no Brasil passa por momentos difíceis. Sinto empatia por ela, pois sei que não é fácil estar longe de quem amamos, ainda mais quando envolve problemas de saúde.
— Imagino o quão difícil deve ser... eu também tive minhas dúvidas quando saí de casa, mas para mim foi mais fácil porque ainda tenho dois irmãos.
— Você já pensou em fazer algo diferente de ser cantor? — ela indaga, ainda com os olhos fixos no horizonte.
— Para ser sincero, nunca me imaginei fazendo outra coisa além da minha música. Criar canções é parte de quem sou. Além disso, tenho os demais integrantes do SKZ; somos uma família, e não consigo imaginar minha vida sem eles.
Isso é uma verdade incontestável. O SKZ não é apenas um grupo de oito jovens cantando e dançando no palco; somos amigos, irmãos, sempre prontos a apoiar uns aos outros. É quase impensável imaginar um caminho diferente para mim, um no qual o SKZ não existisse.
— É bom ter amigos com quem se possa contar — ela comenta, e então me fala um pouco sobre suas amigas.
Passamos um tempo considerável apenas conversando sobre nossos cotidianos. Ela descreve sua rotina entre trabalho e estudos, revelando ser uma jovem de grande resistência. Não é qualquer pessoa que consegue manter tal ritmo. Ironia do destino, ela me diz que não aguentaria a rotina de um idol, enquanto eu confesso que surtaria no primeiro dia se tivesse que trabalhar o dia todo e ainda estudar até tarde da noite. Quando a conversa começa a finar, ela confere as horas em seu celular:
— Já está bem tarde. Acho melhor ir para casa. Mas não queria encerrar a noite sem um beijo, para finalizar de vez esse encontro perfeito — diz ela, seus olhos castanhos encontrando os meus, fazendo-me perder na profundidade de sua beleza.
Não consigo esconder minha surpresa; é a primeira vez que uma garota é tão direta comigo. As coreanas, geralmente tímidas, preferem enviar sinais sutis a vocalizar seus desejos. Mas ali está Clara, desafiando todas as convenções ao pedir diretamente um beijo. As diferenças culturais entre ocidentais e orientais nunca foram tão evidentes.
— Dizem que asiáticos não beijam bem — ela comenta, um sorriso divertido iluminando seu rosto.
— Por que não descobre? — respondo com um sorriso malicioso.
Clara se aproxima e, com uma certa urgência, coloco minha mão em sua cintura. Ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço, e então nossos lábios se encontram. O beijo é intoxicante; suas mãos macias deslizam por minha nuca. Exploro cada canto de sua boca, determinado a tornar aquele momento inesquecível, consciente de que nossas vidas seguiriam caminhos distintos. A falta de ar se torna palpável, mas a vontade de manter nossos lábios unidos supera qualquer necessidade de respirar.
Quando nos separamos, nossos olhares se encontram. Ela é tão bela, tão perfeita — estou rendido. Clara deposita um último beijo demorado em meus lábios e encostamos nossas testas uma na outra. Acaricio seu cabelo, permanecemos assim até ela quebrar o silêncio.
— Mas que saco! Eu não quero que a noite acabe! É tão bom fugir um pouco da realidade e viver uma noite perfeita — ela lamenta, e eu acaricio seu rosto do lado que o café não a atingiu.
— A noite não precisa acabar agora...
— Definitivamente não quero que acabe agora.
Ela me beija de novo, e desta vez o beijo é ainda mais intenso. Sinto uma necessidade avassaladora desse contato, mas apenas o beijo já não é suficiente. Suas mãos exploram minhas costas enquanto nossos corpos clamam um pelo outro. Quase sem pensar, meus lábios encontram o caminho até seu pescoço, deixando rastros de beijos que a fazem arrepiar.
Naturalmente, as coisas evoluem. Entramos no carro e, ao chegar ao seu apartamento, subimos as escadas. Ela abre a porta de um espaço modesto, mas bem organizado. As luzes estão apagadas e ela me puxa em direção ao que presumo ser seu quarto. Clara se joga na cama e me arrasta junto, ficando por cima dela. Nossos corpos estão unidos enquanto continuo a explorar seus lábios.
Ela remove minha jaqueta e começa a erguer minha camisa e eu a ajudo tirá-la. O contato de suas mãos em minha pele me eletrocuta com uma mistura de emoções. Ergo meu tronco e a puxo para mim, fazendo com que ela se sente em meu colo. Tiro sua jaqueta, sua blusa e seu sutiã. Seus suspiros entrecortados enquanto meus lábios exploram seus seios intensificam meu desejo.
Quando finalmente contemplo todo o seu corpo, sinto-me perdido por poder tê-la dessa maneira. Preciso dela esta noite. Após muitos beijos, caricias ousadas e suspiros, ela afasta seu rosto, e diz manhosa:
— Me come...
— O que? — pergunto quase sussurando, surpreso por ela ser tão direta ao ponto.
— O que foi? Mulheres coreanas não falam assim? — Ela sorriu de lado, como pode ser tão atrevida?
— Não, elas não... — Eu começo a dizer, mas sou interrompido pelas mãos da garota que envolvem uma certa parte do meu corpo, fazendo meus olhos revirarem.
— Pro seu azar coreano, quando eu gosto de alguém, eu fico muito atiradinha.
— E você gosta de mim?
Ela ri, e seguro firme em seu corpo, unindo nossos corpos e me movendo em um ritmo perfeito. O prazer nos envolve, enquanto tudo em mim a deseja. Ouvir seus gemidos me deixam mais fissurado, e isso me transporta para o que parece ser o paraíso.
E assim nossa noite prossegue, com dois corpos se satisfazendo e, de alguma forma, duas almas se completando.
É, o clima esquentou por aqui.
Já sabe né, não esqueça a estrelinha, compartilhe com seus amigos e muito obrigada!!
BIG HUG
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