✭Em Paz✭
Decidimos cortar um pouco do meu cabelo. A cabeleireira fez a tal da selagem, demorando um bom tempo, e por fim, fez um corte, criando uma franja despojada que combina meu rosto. Como tenho muito cabelo, o corte valorizou ainda mais minha aparência. Não satisfeita, decido fazer uma bela limpeza de pele. Passei pela dolorosa pinça para fazer as sobrancelhas e depilei com cera. No final, já eram quase cinco da tarde, e tudo que havia comido foi o que pedi em um aplicativo, pois passei o dia todo no salão.
A cabeleireira que me atendeu se chama Esther, mas tem o nome coreano de Lee Suljin. Conversamos a tarde toda, ela é tão agradável que foi fácil fazer amizade. Eu precisava de laços que fosse fora do círculo de amizade do Bang Chan, então decidi perguntar se ela queria ir comer algo depois desse dia intenso e ela aceitou.
Fomos para um "shopping" que não é bem um shopping, mas um aglomerado de lojas e uma praça de alimentação. Compramos comida e fomos caçar um lugar para sentar, felizmente achando um bem rápido. Comecei a comer, e Suljin fica me observando, como se tivesse algo de errado comigo. Eu a encaro de volta, e ela logo fica sem graça:
— Desculpa, é que estou aqui admirando meu trabalho. Você ficou muito linda, e eu não estou te cantando, fica tranquila — eu rio, e ela continua — sabe o que acho mais fascinante nos ocidentais? Cada um tem uma beleza muito única, cada traço é muito diferente e exerce uma beleza singular. Não estou dizendo que nós asiáticos somos feios. Olha só para mim, sou bonita pra caramba, mas nossos traços se assemelham, enquanto no ocidente tem todo tipo de gente de todas as cores, de todos os lugares. Isso é muito legal. Queria ter puxado um pouco mais os traços da minha mãe.
— De onde você é? — Pergunto curiosa, já sabia que ela era estrangeira. Seu comportamento não condiz com as coreanas que tive contato.
— País de Gales. Meu pai é coreano e vivia lá com minha mãe, mas ela faleceu, e ele decidiu voltar comigo. Achei legal, já que sempre fui muito fã de kpop. Aproveitei bastante indo em todos os shows e stages que vi pela frente — ela diz enquanto toma seu milk-shake, fazendo aquele barulhinho irritante de que está acabando.
— Então para você, o processo de adaptação foi mais fácil.
— Fácil? A galera daqui é terrível — não consigo nem descrever a sua cara agora, mas já deu para perceber que não foi nada tranquilo só pelo olhar dela — meu coreano não era muito bom, e nem todo mundo estava disposto a conversar em inglês comigo. Fora que meu inglês, até um tempo atrás, era carregado de sotaque britânico. Então, até em inglês, o pessoal ficava confuso pra conversar. Mas fiz um cursinho e treinei um inglês mais "americano", e deu tudo certo.
— Bom... sinto que todo mundo me odeia aqui — digo, colocando mais uma grande quantidade de comida na boca.
— Você tem que pôr limites para essas surtadas. Sabe por que estão fazendo isso? Porque sabem que você está se intimidando. Se você se impor em cima dessas doidas, elas vão parar.
Solto um riso nervoso, se fosse fácil eu já teria feito isso. Mas existem várias restrições que tive que concordar quando saiu a noticia sobre o namoro e uma delas é: nunca interagir com o fandom. Bang Chan sequer me avisou sobre o namoro, disse que não imaginava que fossem soltar a nota tão rápido, pois estava tentando preparar o terreno para que eu aceitasse. Apenas tive que engolir e, de quebra, mais restrições. Se essas garotas soubesse o pesadelo que é ter a vida toda controlada, iam parar com essa coisa de querer namorar idol.
— Não é tão simples assim e, sou eu contra um monte de gente, me parece perda de tempo, quando tem tantas pessoas para me atacarem.
— Meu amor, só de você estar do lado do Bang Chan, já está na frente — ela pisca para mim, mas nego com a cabeça, visivelmente ficando nervosa com toda essa conversa.
— Não estou com Bang Chan, como poderia? Ele só está cumprindo seu papel... — digo, olhando para minhas mãos e percebendo que acabei falando demais.
Olho para ela, droga, e se ela perceber?
Suljin ficou em silencio e terminu seu milk shake, pensando no que dizer em seguida. Acabo de dar informações pessoais minhas e do Bang Chan pra uma estranha que poderia muito bem querer ganhar mídia em cima disso.
— Você está grávida, não é? Apesar da sua camisa larga, é perceptível... — Suas feições se mantêm sérias e eu gelo. Se isso cair na mídia agora, não saberei como lidar.
Não consigo responder. Uma hora todos saberão, e o ódio vai piorar. É por isso que não posso viver na Coréia, não é seguro para mim e nem para meu filho. Vou voltar para o Brasil, quando criar coragem de contar aos meus pais e de me desvencilhar do Bang Chan. Suljin continua me olhando, esperando por uma confirmação, quando não sai uma palavra da minha boca. Ela acaba assentindo, como se eu tivesse dado a resposta e diz:
— Quer saber? Vem. Hoje é seu dia de rainha, então vamos acabar de torná-la uma — ela diz se levantando.
— O que? — Pergunto confusa.
— Vamos comprar umas roupas pra você.
Não sei se devo confiar, depois do que houve com meu braço, não me parece muito racional... mas me levanto e vou atrás, já estou aqui mesmo e ela já sabe, não vai fazer diferença alguma recusar e ir embora.
Há muito tempo que não desfruto de um dia assim, dedicado somente a mim. Suljin me levou a uma loja, onde adquirimos três belos vestidos. Mais tarde, ela escolheu uma sandália para completar o visual. Agora, estou vestindo um vestido lilás de alcinhas e uma sandália nude com um pequeno salto. Para finalizar, Suljin insistiu que eu passasse um lip tint, para dar um ar saudável.
Suljin foi gentil e me ajudou a carregar as coisas, já que um dos meus braços está inutil por hora e me garantiu que ninguém ficará sabendo assim como ninguém me reconheceu nas lojas. Preciso concordar que foi um dia tranquilo, ninguém se recusou a me atender, ninguém apontou dedos e disse "olha a namorada do Bang Chan", mas ainda sim preciso pensar na hipótese de que Suljin já deve ter falado horrores para algum paparazzi e em breve vem ai um exposed. Eu fui muito idiota e Chris vai ficar uma fera.
Mas, enquanto estou no elevador a caminho de casa, não consigo evitar admirar meu reflexo no espelho e pensar o quanto estou bonita. O cabelo ficou lindo, já estava precisando acabar com aquelas pontas duplas e ressecadas a séculos, minha pele está uniforme, a sobrancelha bem feita, só faltou fazer as unhas pra completar o pacote. Além disso, o vestido é delicado e rodadinho, bem menininha, combinando com a sandália branca, até deu um ar de mulher rica. Um dia eu chego lá.
Chego em meu andar e me preparo para as várias perguntas que vão me fazer, mas fez muito bem pra mim passar um dia longe disso tudo. Ao abrir a porta, deparo-me com Hannah em estado de pânico e Somi ao telefone, aparentemente com Bang Chan. Assim que me veem, Somi exclama:
— CARAMBA, VOCÊ ESTÁ MUITO... LINDA!
Não posso acreditar que elas tenham ligado para Chris para preocupá-lo. E eu não sumi totalmente, deixei um bilhete e respondi uma mensagem da Hannah dizendo que estava bem, só não queria dizer aonde eu estava. Seguiu-se uma discussão até Somi desligar o telefone. No balcão da cozinha, vejo o queijo que pedi. Elas conseguiram.
— Você acha que tem graça dar um perdido na gente? — pergunta Hannah, visivelmente irritada.
— Eu deixei um bilhete avisando que iria sair, não é como se tivesse sumido — digo deixando as sacolas em um canto.
— Não sei se esse braço enfaixado te lembra, mas você esta assim porque saiu e...
— Hannah eu não sou um animal de zoológico pra ficar aqui enjaulada enquanto vocês me observam. Eu odeio isso aqui! Odeio estar presa nesse lugar, odeio estar nessa situação, odeio saber que essas malucas me chamam de tudo que é nome! Odeio como a minha liberdade foi tirada de mim! Sabe como é injusto tudo isso? Eu tô tão estressada, se te irritou, tanto faz, não me importo — falo rápido, tentando manter firmeza na minha voz.
Hannah apenas fica me olhando, sem saber o que dizer, e não há o que ser dito. Perdi toda a vida que lutei para construir quando aceitei ficar aqui. Somi se aproxima e aperta meu ombro, com um sorriso solidário:
— Calma, quer um chá pra relaxar?
— Tira a mão de mim! — digo mais ríspida do que gostaria e dou um passo para trás, ato esse que assustou a loira.
— Tá vendo o que você fez? — ela apontou o dedo para Hannah — Eu disse que você estava fazendo uma tempestade num copo d'água.
— Aí garota, não começa! — Hannah responde.
— CHEGA! — falo tão alto que as duas se calam e me olham, respiro fundo e decido acabar logo com isso — Olha... eu sei que não sou tão bonita quanto vocês ou a Sowon, mas não estou tão acabada assim. Você tem razão Hannah, seu irmão sente pena de mim assim como você Somi, não faço o tipo de idol nenhum. Mas eu não vou aceitar ter a minha vida controlada dessa forma, vocês não me conhecem, não podem ficar querendo me ditar regras.
Elas trocam olhares e Somi rapidamente diz:
— Talvez você tenha ouvido eu mencionar a Sowon... Mas nunca disse que você é feia, Clara. Eu também não a conheço, e antes de você chegar aqui, Channie estava saindo com uma garota totalmente diferente, o que me fez questionar. É a primeira vez que o vejo namorando alguém que não é uma idol ou algo do tipo...
— Você não está ajudando, Somi — diz Hannah, beliscando o braço da loira.
— Desculpe, não foi minha intenção ofender — Somi se curva em sinal de arrependimento, alisando o braço.
— Não se preocupe. Ele pode sair com quem quiser. Não me arrumei assim para ele. Eu estava incomodada com minha aparência e decidi cuidar um pouco de mim. Que se dane ele, se quiser pode correr pra essa Sowon.
— É isso aí, que se dane ele. — concorda Somi, enquanto eu olho para o queijo.
— Não sejam injustas com meu irmão. Não acho que ele faria tudo que tá fazendo se não rolasse algum sentimento. Ele é um cara cheio de princípios? Sim, mas não é pra tanto.
Me aproximo do balcão e pego o queijo, analisando a qualidade. Uma ideia surge em minha mente.
— Por acaso tem polvilho doce e azedo nessa casa?
— Pra quê? — Hanna questiona, arqueando a sobrancelha.
— Vou preparar algo para nós.
O queijo foi suficiente para duas receitas de pão de queijo, então decidi fazer uma e guardar a outra, afinal o queijo não vai estragar mesmo. As meninas comeram mais do que eu e adoraram, mesmo sem terem provado o da minha avó, que é o estereótipo de avó que faz biscoitos, bolos e tudo que se pode imaginar em um fogão à lenha.
Ter feito o pão de queijo me fez lembrar da minha casa, dos meus pais, e como eu estava sendo injusta com eles ao esconder toda a situação. Eu precisava conta-los, mas não queria desaponta-los. Não queriam que pensassem que fui burra e agora estou nessa situação.
Minha mãe sabia que eu estava na Coreia, afinal a mídia brasileira fez questão de expor a notícia do namoro, mas eu menti os motivo. Hoje, eu contarei a verdade.
Coloquei o telefone para uma chamada de vídeo e fiquei um tanto nervosa, aqui era pouco mais de sete da noite, o que significa que lá é manhã. Logo vejo o rosto da dona Magda na tela, e ela sorri:
— Clara, querida, como você está?
— Oi mãe, bença.
— Deus te abençoe minha filha. Quê saudades, você deveria me ligar todo dia.
— Me desculpa mãe, andei meio ocupada — dou um meio sorriso. Me sentindo uma péssima filha — e o pai?
— Ele tá bem, voltou a trabalhar, eu te contei uai! Ele tá todo felizin.
— Que bom que ele tá feliz. A cirurgia foi mesmo um sucesso.
— Mas me conta aqui, minha filha, como tá aí na Coreia? Eu ainda não acredito que a minha filha tá namorando um cantor famoso. Que trem mais doido é esse! Até a dona Tita tá sabendo desse namoro.
Não posso conter o riso de imaginar a dona Tita, uma senhora na casa dos noventa anos, sabendo que a ex vizinha tá namorando com um famoso. Imagino que todos na minha antiga rua devem estar falando "ces viram a filha da dona Magda? Namorando um cantor famoso". É que no interior, todo mundo se conhece
— Filha, quero te perguntar uma coisa e quero que seja sincera.
Até fico mais branca do que já sou, e respondo com um "uhum". Minha mãe continua:
— Isso por acaso não tem haver com dinheiro né... igual essas meninas fazendo esse tal de Job...
— O que? Mãe! Eu não sou prostituta! — digo nervosa que a minha mãe levou pra esse lado as coisas.
— Você não pode me julgar, Clara! Você não me fala desse namoro, aparece na televisão namorando um cantor e nem sequer me contou que está vivendo na Coreia. Você pode não viver mais sob estes tetos, mas ainda me deve explicações!
Nego com a cabeça, não tem mais como evitar, eu preciso ser sincera com minha mãe:
— Eu saí com ele em Atlanta, nos conhecemos lá. E aí eu meio que... — não consegui dizer, as palavras sumiram da minha boca.
— Embuchou! — minha mãe diz, em negação e me olhando de forma seria — não é isso? Tá grávida né.
— Desculpa mãe... — as lágrimas vieram e imundaram meu rosto, enquanto senti o peso da vergonha cair em mim.
Dona Magda respirou fundo e disse:
— Oh filha, tem que ser mais responsável. Filho é coisa séria, não é só colocar pra fora e achar que o dinheiro resolve tudo. Você mal cuida de você amor, como vai fazer com um filho? Eu nem posso ir pra perto pra te ajudar...
— O Chris é um cara legal, ele tem me ajudado.
— E você vai confiar mesmo em homem? Eu amo seu pai, mas quem tomou as rédeas dessa família fui eu. Te criei pra ser uma garota inteligente, não dependente de homem.
— Eu não tive muitas opções, tá? Ou era ficar aqui com ele ou voltar pro Brasil.
— Antes viesse. Eu te ajudaria com essa gravidez, melhor do que ficar num país que você não conhece ninguém dependendo de homem. Mas sei que é cabeça dura, não vai me ouvir.
— Tá tudo bem mãe, além do mais o Chris...
— Meu Deus o que houve com seu braço?
Sem querer, deixei que o gesso em meu braço ficasse aparente e ali dona Magda surtou. Começou a insistir que voltasse para casa, não aceitou minhas explicações sobre o porque não posso voltar pra casa e quer saber os mínimos detalhes dá gravidez.
Ela me xingou horrores para no final me perguntar se eu já tinha nomes em mente. Palhaça!
Sinceramente, não faço ideia. Acho que deveria deixar Christopher escolher, afinal ele tem feito grandes esforços financeiros para me manter aqui. Além disso, se eu voltar para o Brasil, ele não poderá ver a criança sempre que quiser, então parece ser uma decisão justa por enquanto.
Demorei um pouco a conseguir desligar o celular e já está escurecendo. Somi teve compromissos na TV, Hannah foi procurar um macarrão instantâneo que estava com vontade de comer, e eu estou aqui, deitada no sofá, olhando para o teto e acariciando minha barriga pensando se um dia eu vou criar os mesmos instintos de dona Magda que sempre sabia o que estava acontecendo. Ouço a porta se abrir e pergunto falando alto:
— Hannah encontrou o macarrão?
Não recebo resposta. Quando estou prestes a me levantar, Bang Chan chega na beira do sofá e me encara. Estou apenas de sutiã, sem nada por perto para me cobrir, então coloco o braço bom na frente. Ele não diz nada, apenas observa meu rosto enquanto eu o encaro de forma estranha. Ele se aproxima e se ajoelha ao meu lado, acariciando com delicadeza minha barriga. Foi um gesto fofo.
— Senti saudades... — Ele diz, ainda acariciando minha barriga, enquanto nossos olhares se encontram — de vocês dois.
— Que bom que voltou em segurança — respondo, desviando o olhar.
— Você está linda. Vou sentir falta dos cachinhos, mas...
— Os projetos de cachos você quis dizer né, mas relaxa, eles vão voltar. Não é importante de qualquer forma — não faz diferença para ele se meus cachos vão voltar ou não.
Ele segura minha mão e a beija. Eu o observo e ele sorri, suas covinhas irresistíveis, seus olhos hipnotizantes. Não tenho forças para afastá-lo.
— Clara... Não entendo por que você me repele tanto, mas desde que te conheci na We Coffee, fiquei encantado com seus olhos, seu sorriso descontraído, sua simpatia. Você foi divertida e gentil. Você é incrível, e se soubesse o quanto me sinto mal por me afastar, não faria isso. Gosto muito de você, Clara, e continuarei tentando te fazer perceber isso.
"Puta que pariu, homem, PARE JÁ COM ISSO."
— Como pode gostar de mim? — Digo indignada, ajeitando meu corpo no sofá para erguer meu tronco e encará-lo melhor. Chris me ajuda e continuo olhando em seus olhos — Eu não tenho nada a oferecer, sou apenas uma pobre ferrada que, quando morrer, vai para debaixo da terra e, no máximo, umas três pessoas vão chorar... não sou bonita, não sou talentosa, não sou como a Sowon...
Foi involuntário citar o nome da ex dele, mas enquanto eu souber que aquele era o tipo de mulher que ele pegava, vou me sentir mal. Seus olhos ficam surpresos por citar sua ex, mas ele alisa meu rosto e, com um sorrisinho bobo no rosto, diz:
— Tem razão, você não tem dinheiro nem para uma lápide bonita — o olho irritada. Por que ele está jogando na minha cara que sou pobre? Não satisfeito, continua — você não usa roupas de grife, não se veste como as garotas com quem eu saía, não é nada afinada e duvido muito que conseguiria me acompanhar numa coreografia. Você é somente você...
Observo o teto triste, sabia que era questão de tempo até ele começar a falar desse jeito. Estou prestes a levantar e fugir para o quarto, quando ele me segura e continua:
— E é exatamente por isso que sou apaixonado por você. Amo seu sorriso bobo, amo quando fica nervosa e não sabe o que dizer, suas bochechas assumem um tom rosado que é adorável, como agora — ele diz, queria poder arrancar aquele sorrisinho da cara dele no soco — amo quando me olha, mesmo que seja esse olhar mortal que está me dando agora, porque, por mais que você não diga, seus olhos entregam o que seu coração sente. Amo como você é atrevida e mandona, mas quando vê algo que não entende, fica curiosa, é tão fofo. Amo como você é destemida e luta por aquilo que quer, amo como você é independente e não no sentido de que não gosto de cuidar de você, é porque você é uma mulher forte e com opinões muito concretas e eu gosto disso. Lamento que se sinta menor, pois aos meus olhos não há nenhuma garota mais bonita, mais divertida, mais estressadinha que você, e você tem o que ninguém nunca terá de mim — Ele alisa minha barriga novamente e sorri — você carrega um pedaço de mim, o fruto que o destino despejou em nós e nos fez próximos de novo. Eu estou apaixonado por você, Clara, então não se diminua para mim, porque se você cair morta aqui, vou sofrer muito. Se isso não é amor, então eu sou louco.
— V-voce me...
— Sim clara — ele sorri, com seus olhos fixos no meu — eu te amo.
Fico completamente atônita. Ele me ama? Ele disse que me ama? As borboletas no meu estômago estão em festa agora, e meu sorriso surge de forma involuntária. Chris se aproxima e me beija, e eu não resisto. Envolvo meu braço bom em sua nuca, e o beijo é calmo e apaixonado, valendo mais do que mil palavras.
Não posso negar que também amo cada coisa desse homem e queria, de verdade, não ser tão insegura. Preciso trabalhar isso na minha mente e acreditar nele, preciso, de verdade, acreditar nele. Quero acreditar nos sentimentos dele por mim, tanto quanto ele acreditou em ser o pai dessa criança, me acolheu, não permitiu que eu fosse embora e tem lutado pelo seu espaço na minha vida. Quando o beijo acaba, digo, fitando seus olhos:
— Promete para mim que vai estar sempre comigo, então?
Ele sorri, sela meus lábios e se levanta. Dirige-se até a bancada da cozinha onde sua bolsa estava, e dali retira uma caixinha azul com um nome em francês. Observo curiosa a caixinha enquanto ele a entrega para mim. Contemplo a beleza da caixinha e ele sorri:
— Vamos, abra.
Ao abrir com uma mão só, não consigo conter meu sorriso: é um colar, uma correntinha com um pingente representando uma mulher de mãos dadas com uma criança. Talvez a gravidez tenha me deixado mais sensível, pois meus olhos se enchem de lágrimas ao retirar a correntinha. Nunca ganhei nem bijuteria de um namorado, quanto mais uma joia. Ele faz um gesto para que eu me sente de lado, e assim o faço. Chris pega a correntinha da minha mão, senta-se atrás de mim, afasta meus cabelos e coloca a correntinha. Em seguida, sela meu pescoço me abraçando por trás:
— Só vou sair do seu pé quando você parar de me olhar com esses olhos repletos de amor por mim, e, se bobear, ainda vou insistir para que você nunca deixe de me olhar assim. Considere minha promessa.
— Se você me magoar, eu juro que te mato — digo, e nós dois rimos juntos.
Ele segura meu rosto e nossos lábios se encontram novamente. A porta se abre seguida por um gritinho da Hannah:
— Que susto! Eu volto depois...
— Tá tudo bem, Hannah. Isso foi só um beijo — Bang Chan diz. Ele levanta e vai até a irmã, abraçando-a.
Tudo parece tão irreal, mas me sinto em paz. Pela primeira vez desde que toda essa história começou, me sinto verdadeiramente em paz.
EU OUVI UM AMÉM?
Finalmente a Clara vai aceitar Bang Chan na vida dela. Será que vai dar certo?
Até o próximo capítulo ✨
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