✭Chá Revelação✭
Desde que a notícia de que seria pai veio à tona para mim, as coisas se tornaram caóticas. O fandom me atacou, atacaram a Clara, a mídia caiu em cima, a empresa começou a me pressionar de diversas formas, e eu tentava me manter sereno, pois sempre vi Clara como a maior afetada de tudo isso. Se eu demonstrasse o quanto essa situação vinha me desgastando, ela poderia ficar maluca e mais estressada, e eu definitivamente não quero isso.
Fora meus amigos, que também estão sofrendo com a onda de hate, meus pais que todo dia me ligam enchendo o saco, como se eu já não soubesse da irresponsabilidade que foi engravidar a Clara, e da minha cabeça que agora só consegue pensar em como deve ser pai. A ideia de que uma coisa tão pura e frágil como um bebê vai ser totalmente dependente de mim me deixa apavorado, o medo de não conseguir ser suficiente. E lidar com a rejeição da Clara não me ajudou em muita coisa nessa parte.
No entanto, agora finalmente sinto que estou u pouco mais em paz. Clara, depois de muito luta de minha parte, aceitou meu amor e, embora ainda não vivamos juntos, estamos cada vez mais próximos, o que me deixa feliz.
A JYPE, estava falhando em protegê-la do ódio que estava recebendo. Foram as inúmeras brigas exigindo que eles fizessem algo, mas óbvio que nada fizeram, só ficavam me dando vagas promessas. É claro que não farão nada por ela, já custam proteger seus próprios grupos, quem dirá uma garota que, na cabeça deles, é a causadora de todos os atuais problemas da empresa.
Eu estava farto dessa situação, toda vez que exigia deles algo, pagavam de doido, então decidi ser mais doido ainda: abri uma live onde falei e repeti em inglês, japonês, coreano e até em português "por favor, respeitem a Clara e a minha vida pessoal. Ninguém tem o direito de opinar sobre com quem saio ou deixei de sair. Se não forem capaz de respeitar a minha namorada e minhas decisões, era melhor que procurassem outro idol para despositarem suas expectativas"
Foi a primeira vez que mostrei um lado meu que os STAYs não conheciam, onde não fiz nenhum esforço para esconder o ranço que eu tenho com gente maluca que se acham meus donos. Ainda deixei claro que o ódio direcionado a Clara não afetaria suas chances comigo, pois essas chances nunca existiram.
A repercussão na internet foi imediata. A STAYville se dividiu em dois: um lado iniciou uma campanha para cessar o ódio direcionado a Clara e foi até bom, pois algumas coisas começaram a melhorar. O outro lado passou a me odiar e além das promessas de boicote e frases mandando eu me matar, também tivemos mais protestos, cartas endereçadas a mim com conteúdos de puro ódio, fora as coroas de flores fúnebres que a JYPE andou recebendo, quase que querendo dizer que eu estava morto para o fandom.
Eu nem preciso dizer que minha live desagradou a empresa. Fui chamado para uma reunião com Gunsun e demais acionistas. Foi a primeira vez que tivemos uma briga feia, de quase sair no soco. Ele fez ameaças vazias, porém eu não temo suas palavras. Sei que, como produtor e líder da equipe, meu papel no SKZ é fundamental. Mesmo que eu seja convidado gentilmente para sair do grupo, os membros são leais a mim e me seguirião para qualquer outra empresa. Suas ameaças não surtiram efeito e eu apenas continuei pagando de doido, afinal todos sabemos que o melhor remédio pra doido é um doido é meio.
Clara, ao ver minha postura, também decidiu não se intimidar e desbloqueou sua conta no Instagram. Postou duas fotos exibindo seu novo visual e até ganhou seguidoras STAYs que estavam lá para apoiá-la. Mas a chuva de hate também voltou, porém ela parecia mais confiante ao enfrentar esses malucos.
Eu sabia que só faltava me posicionar da maneira que desejava para que as coisas começassem a se ajeitar, mas a JYPE insiste que pode lidar com a situação. Eu acredito que a melhor maneira de lidar com os haters é na ignorância, pois não estão abertos ao diálogos.
Hoje é um dia especial, é o tão aguardado chá de revelação que Clara pediu. Foi difícil encontrar um hospital que revelasse o sexo da criança, e mesmo assim tive que assinar alguns termos de responsabilidade.
Na Coreia, é considerado um sinal de prosperidade ter um menino como primeiro filho. Por isso, as mulheres têm uma clara preferência pelo sexo masculino. A descoberta de uma menina muitas vezes levava a abortos. Esse problema tornou-se tão grave que medidas foram tomadas para só revelar o sexo da criança quando estivesse prestes a nascer. São situações reais que ocorrem no hemisfério oriental do mundo.
Mas de toda forma, não há nada que o dinheiro não consiga fazer. E quem soube primeiro foi Han, que logo contou aos outros, e começaram os preparativos para o tal chá de revelação. Os meninos estão mesmo empenhados, se esforçaram para esconder o que planejaram, o que me deixou curioso. A nossa reunião seria na JYPE, em uma das salas de treino e eu fui buscá-la.
Estamos no carro agora. Clara usa um vestido verde menta, um pouco acima do joelho e bem solto, com babados na manga e uma fita de tecido da mesma cor amarrada abaixo do busto, marcando sua barriga, já bastante aparente, afinal, já é o quinto mês. Em seu pescoço está o colar que lhe dei, e ela escolheu um tênis branco, parecendo uma verdadeira princesa. Seu rosto está sereno, ela não evita mais falar comigo, e viemos conversando no carro pelo caminho. Finalmente, as coisas estão dando certo para nós.
Chegamos na JYPE, e a ajudo a descer, apesar dela insistir que não era necessário. Nas minhas pesquisas, descobri que à medida que a barriga cresce, o ponto gravitacional da mulher muda, facilitando tombos e quedas. Eu não queria passar por aquele susto de novo, já que ela acabou de se recuperar do braço quebrado e ainda está fazendo fisioterapia. Só eu sei o que passei ao ver Clara caída na escada.
Fomos caminhando de mãos dadas para o elevador, e seleciono o andar. Estamos de mãos dadas e Clara se olha no espelho para verificar o visual.
— O que será que eles aprontaram? — Clara pergunta, curiosa assim como eu.
— Não faço ideia. Eles pareciam muito empenhados, então estou bem curioso.
Nos últimos dias, eles ficavam pelos cantos tendo conversas entre eles, vi algumas encomendas chegarem no dormitório, entre outras atitudes suspeitas, mas não conseguia imaginar o que estavam tramando.
— Posso te perguntar algo? — Ela me olha, e eu a encaro curioso.
— Claro que pode, anjo. — Digo, alisando sua mão.
— Você gostaria que fosse um menino ou uma menina?
— Hum... Eu não sei. Acho que o que for para ser, vai ser amado do mesmo jeito.
No fundo, eu queria um garotinho. Não que eu não queira uma menininha com a cara da Clara, mas o Seungmin fez o favor de me dizer pra eu imaginar minha filha me apresentando um marmanjo que não quer saber de nada e teria que lidar com isso... que perturbação, A simples fanfic já me deixa maluco.
— Ah, eu também não sei dizer — ela interrompe meus pensamentos.
— Mas isso não quer dizer que eu não esteja curioso — digo, rindo, e ela concorda.
A reunião seria em uma das salas de treinos. Quando chegamos lá, ficamos surpresos com a quantidade de balões amarelos cheios de pontos de interrogação. Havia uma mesa com vários salgados e outras guloseimas, uma caixa de som, bolo, várias caixas de presentes, muitas fraldas, entre outras coisas, gerando um clima caótico.
Além dos membros do SKZ e minha irmã, havia outros convidados, como Jungkook e Jimin do BTS, Somi e alguns amigos do Treasure, amigos do ATEEZ, algumas pessoas da nossa equipe de produção, nossas "irmãzinhas mais novas" do NMIXX, nossas queridas do ITZY e alguns do Xdinary Heroes. Bambam e Jackson avisaram que estavam vindo, então a sala, mesmo enorme, está bem cheia.
Cumprimentamos a todos e para minha surpresa, o próprio J.Y.Park entra na sala acompanhado de suas duas filhas. Ele sorri para mim e pega na mão da Clara:
— É um prazer ser devidamente apresentado a você.
Clara apenas sorriu. Ele é um falso, pois ele junto aos acionistas da JYPE acham que tudo que está indo ruim na empresa é culpa dela. Quando ele percebe que não íamos ficar de muita rilia, ele vai incomodar os meninos do Xdinary Heroes. Queria não ter o convidado, mas como se deixa o dono da empresa fora de uma festa feita na sua empresa?
Também entra uma garota completamente desconhecida para mim, mas Clara vai até ela, a abraça e as duas ficam num momento de risinhos. Minha curiosidade fala mais alto e acabo indo até lá:
— Vai me apresentar sua amiga? — Digo, e a garota fica em transe, o que faz com que Clara ria alto.
— Essa é a Suljin e achei que tínhamos combinado de você não ficar secando meu namorado — Clara diz, mas sua voz soa como brincadeira.
— Seu namorado é o Bang Chan, queria o que? — Ela responde como se a resposta fosse óbvia.
— Muito prazer, Suljin. — Digo, me curvando, e a garota fica com a boca aberta sem saber o que responder.
— Olha lá o Felix, ele não é seu bias wrecker? Vou te apresentar a ele — Clara sai puxando a amiga, que reclama estar com vergonha.
Queria saber de onde ela tirou essa amiga.
A reunião prossegue, e como se não bastasse, as nove integrantes do TWICE chegam, o que se torna nossa reunião em um pequeno tumulto. Mas então os meninos pedem para todos sentarem no canto da sala, pois já está na hora de revelar. Clara vem para o meu lado, eu passo meu braço em seu ombro e ela sorri. Han é o primeiro a dizer:
— Acho que esse é o momento que todos nós queríamos saber e devo dizer que não conseguimos encontrar um método eficiente que todos concordassem, então cada um dos membros bolou um método e vocês vão votar no que iremos usar — Todo mundo concorda e ele continua — eu quis ser clássico e mandei confeccionar um bolo — ele aponta para o bolo de três andares que estava na mesa.
— Isso é brega, o meu é bem mais legal — Changbin diz, mostrando um cone que logo entendi que explodia e devia soltar confetes nas cores azuis ou rosa.
— O meu é mais legal e o mais importante, sem ideologia de gênero. Por isso, os balões que sairão dessa caixa serão brancos e o resultado estará escrito neles. Afinal, a criança tem a liberdade de escolher o que ela quer ser — Hyunjin discursa orgulhoso e aponta para sua caixa cheia de balões.
— Vocês podem ver esse balão pendurado, né. — Felix aponta para um balão preto pendurado no teto, parecendo conter algo pesado dentro — vamos jogar jokenpo. O perdedor vai levar um banho de farinha azul ou rosa.
— Você quer é ferrar alguém, né — Seungmin diz e Felix ri.
— Longe de mim, só queremos descobrir logo qual o sexo do bebê — ele diz com um sorriso maroto.
— Bom, eu também preparei algo — I.N diz, também pegando um cone, porém nesse cone havia um pavio, aquilo devia soltar fumaça — simples e eficiente.
— Você está querendo mesmo usar isso aí num ambiente fechado? — J.Y.Park pergunta e I.N ri sem graça, mas pelo visto ele planejava acender aquilo ali mesmo.
— Pois tenho um método muito eficiente — Seungmin pega duas pistolas de água e sorri convincente — aqui tem água colorida e vamos jogar a água no futuro papai.
Não consigo me conter e gargalho. Fico um tanto surpreso que Seungmin e I.N decidiram participar. Eles nunca maltrataram a Clara, mas sempre foram mais reservados, sem expressar opinião a favor ou contra ela. Olho para um canto, esperando que Minho também tenha preparado algo, mas ele apenas observa.
Não entendo como ele pode agir assim. Compreendo que não tem obrigação de gostar da Clara, mas ao menos demonstrar um pouco de respeito. Mas ele não o faz, não sorri para ela, o que me entristece. Esquecerei isso por hora. Não quero que minha decepção estrague a brincadeira.
— Agora que todos apresentaram seus métodos, os papais têm algum favorito? — Han pergunta.
— Para ser sincera, o bolo parece delicioso — Clara diz, e Han sorri.
— Se estivéssemos ao ar livre, eu gostaria do método de I.N. — Eu digo, e ele sorri.
— Eu também quero bolo — Hannah fala, mesmo sem ninguém ter perguntado para ela, o que faz todos rirem.
— Vamos votar — Hyunjin diz, começando a perguntar ao grupos todos.
As pessoas parecem gostar de ver alguém se dar mal. Logo, o método mais votado é o de Felix. Todos do grupo, exceto Minho, jogam jokenpo, e o perdedor é I.N, que fica desacreditado. Ele se coloca embaixo do balão, Felix entrega dardos para mim e Clara, nos avisando para estourar o balão.
Descobrimos que a mira de Clara era péssima, e eu me concentro mais em vê-la tentar do que em jogar os meus dardos. No meu quarto lançamento, consigo estourar o balão e então... uma quantidade de farinha branca cai sobre I.N, que ri com os olhos fechados para evitar que entre farinha neles.
— Ué... branca? — Clara pergunta confusa.
— O que foi isso, Felix? Não sabe fazer nada direito? — Han diz, ajudando a espalhar a farinha de I.N.
— Ué, pedi para colocarem farinha colorida — Ele se defende.
— O segundo método mais votado foi o do Changbin. Vamos com o dele — Clara diz, ansiosa.
Changbin prepara o cone e, ao estourá-lo, papéis prateados saem de dentro. Todos ficamos confusos, e Minho ri em seu canto. Passamos por todos os métodos, inclusive o de I.N, que acendeu o cone em outra sala junto à janela, revelando apenas a cor branca. Mesmo os balões de Hyunjin, que sabíamos ser brancos, não tinham desenhos ou escritos. Os meninos começam a discutir para descobrir onde erraram quando Minho diz:
— Vocês são muito ruins. Deu até vontade de ligar a TV.
Ele passa por nós e liga a TV na sala de treino. Parece ser o M!Countdown, e ele aumenta o volume. Começa uma apresentação com a música "The Chaser" do INFINITE. Clara olha sem entender e pergunta a Han:
— Hey! Você não disse que eles não cantavam juntos mais?
— Isso aí é uma apresentação especial — Ele responde.
[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize o aplicativo agora para ver.]
Então eu me toco que eles estão vestidos de rosa e cantando aquela música que sei que Clara gosta. Ela não entende e continua a perguntar o que está acontecendo, mas eu já tinha entendido tudo. Pego na mão dela e sorrio, sem conseguir evitar os olhos marejados:
— Clara, é uma menina.
— O quê? — ela olha novamente para a tela e sorri — seus idiotas! — Ela diz para os membros que riem alto — e aquele papo de ideologia de gênero?
— Eu disse que eles tinham que aparecer de branco. — Hyunjin a responde.
Eu a abracei e selei seus lábios. Não podia acreditar que seria pai de uma menina, Seungmin estava certo afinal, serei mesmo pai de menina. Recebemos os parabéns dos convidados e passamos uma tarde completamente agradável ao lado de todos.
Já era tarde quando levo Clara ao seu apartamento e a primeira coisa que ela fez foi ir tomar um banho. Pegamos uma parte dos presentes e os levamos para o futuro quarto da nossa pequena. Eu contei para os meus pais e descobri que eles fizeram uma aposta entre eles e meu appa ganhou. Eles também disseram que deveriam vir para a Coreia quando estivesse próximo de nascer e eu achei aquilo ótimo. Seria bom, porque já mencionei como a ideia de um serzinho tão pequeno e indefeso depender da minha proteção me apavora. Eu também perguntei a Clara se ela queria que trouxesse seus pais, mas ela negou, insisti um pouco e ela continuou negando.
Soube que ela contou para a mãe sobre a gravidez e elas discutiram. Clara tem muito orgulho dentro de si, consigo imaginar a mãe dela fazendo o discurso de irresponsabilidade e afins, e ela não aceitando calada. Espero que um dia ela quente essa marra toda, pois assim como quero que ela conviva com meus pais, também quero conhecer e conviver com os delas. Nossos mundos colidiram e faz total sentido para mim que estejamos imersivos na vida do outro totalmente.
Ela termina seu banho, veste um pijama e se deita na cama cansada. Deito ao seu lado e ela estava bem sonolenta. Fiquei ali mexendo em seu cabelo, quando ela disse em um suspiro:
— Está mexendo.
— O que disse?
Ela parecia mesmo estar dormindo, quando se senta na cama assustada, eu a olho preocupado:
— O que foi?
Clara não diz nada, pega sua mão e leva para sua barriga até que eu consigo sentir nossa pequena mexer e eu sorrio, já me sentindo apaixonado por aqueles movimentos e não conseguindo mais tirar minha mão. Enquanto nossa pequenina se mexe, dando indícios que seu espaço está ficando pequeno, eu senti que toda minha felicidade está bem ali, que todo meu amor, toda minha dedicação, tudo está bem aqui e eu preciso ser tudo na vida dela.
Preciso ser seu melhor amigo, seu herói, seu exemplo, seu ser humano favorito. Preciso ser o cara que ela confiará suas lágrimas, assim como dará seus melhores sorrisos enquanto diz que eu sou o melhor pai do mundo. A partir dali eu sei como queria chamá-la:
— Eu acho que o nome dela devia ser Aria. Significa melodiosa e nobre, que em outras palavras significa melodia divina... eu tenho certeza que não haverá melodia melhor em nossas vidas do que a risada dela.
— Eu adorei, minha pequena Aria — Clara diz alisando sua barriga com um sorriso cheio de ternura.
— Fácil assim?
— Sou péssima com nomes, já ia te deixar escolher de todo jeito.
Rimos juntos e trocamos mais beijos, depois volto a alisar sua barriga e digo:
— Hey Aria, eu te prometo ser o pai mais legal que existe.
— E o mais chato também, e babão não podemos esquecer do ciumento — ela diz rindo e eu me aninho em seu pescoço — tenho até dó de quando ela começar a trazer namoradinhos pra casa.
— Que namoradinho o quê. Ela vai namorar aos vinte anos e sem discussão — falobrincando, mas com uma pontada de ciúmes. Clara ri alto e eu mordo o pescoço dela em protesto.
Eu não fui o tipo de cara que quebrou o coração da filha dos outros, mas eu saí com várias garotas.
Aria vai ser uma menina inteligente e ouvirá meus conselhos.
— Te amo, Clara — digo baixinho e selando sua bochecha.
Clara não responde, mas isso não me magoa, estou ganhando seu coração e sua confiança aos poucos, o que importa mesmo é estarmos vivendo esses dias juntos e felizes.
É tão bom finalmente ter essa paz.
Levanto cedo, pois tenho muitas tarefas a cumprir. Estamos nos preparando para um comeback antes do nascimento da minha filha, pois entrei em um acordo sobre entrar em hiatos por algum tempo com a empresa. A empresa já começou a preparar o terreno para soltar a nota da gravidez de Clara, afinal já entramos no sexto mês. Foi sugerido um casamento supresa pra mídia, mas Clara riu da ideia e já vi que aquilo não seria facilmente aceito por ela.
Porém tenho que concordar com a empresa, se ela aceitasse esse casamento, torna as coisas um pouco mais fáceis, pois os ataques poderiam até continuar de alguns sem noção, mas pelos bons costumes coreanos, as coisas deveriam normalizar mais rápido. Agora explicar isso pra Clara é que não é nada fácil.
Decidi ir até a academia antes de ir a empresa, pois ainda me sinto ansioso com o que as pessoas podem fazer ao saber que serei pai e talvez alguns exercícios me façam pensar melhor. Eu tenho adiado ir à academia devido ao cansaço dos últimos dias, o estresse que todo esse hate tem me trazido tem me abalado muito.
Eu vou até a academia que tenho costume, e já me aqueço para a série de exercícios. Decido começar o dia treinando pernas. Eu bem que gostaria da presença dos membros aqui. Changbin prefere ir à noite, Han é mestre em procrastinação na academia, e os outros vão esporadicamente. Minho tenta ir todos os dias, mas nossa comunicação diminuiu desde que Clara ficou na Coreia. Fiquei sabendo que ele só concordou em participar do chá de revelação com muita insistência, o que é lamentável. Ele está agindo como um péssimo amigo.
Termino as atividades e descido tomar um banho ali mesmo na academia para agilizar a vida. Após um banho, passo pela lanchonete para fazer um lanche rápido antes de seguir para a empresa e, ao chegar lá, me deparo uma movimentação estranha na porta, com várias pessoas presentes, o que me causa uma sensação ruim. Parece um prelúdio de más notícias.
Aproveitei a deixa de que não fui notado e decidi usar uma entrada alternativa. Ao chegar à recepção, encontro Gunsun, com uma expressão nada amigável. Já esperava seu mau humor, pois não há um dia que não temos uma briga feia. Não o convidei para o chá de revelação, tenho sido evasivo com ele e nossa amizade se desgastou. Mesmo assim, não o cortei totalmente, porque ele é meu empresário e devo respeito a ele. Apesar das ofensas a Clara, existe algo chamado contrato. Ele me encara com raiva, como sempre e caminha até mim:
— Todo mundo já sabe — ele diz enfurecido — o Dispatch fez uma matéria especial sobre a gravidez da Clara.
Gelo na hora. Eu sabia que era questão de tempo até chegar ao conhecimento do público, mas as coisas tinham acabado de se acalmar e, de repente, essa bomba estoura. O medo toma conta de mim, porque sei como as pessoas podem ser horríveis impulsionadas por ódio. Sem dizer uma palavra, vou para o estúdio e envio uma mensagem para Clara pedindo que não saia de casa sozinha e peço a Hannah, Sana, Somi ou quem puder para irem até lá.
Fugi para meu estúdio, onde podia ver sozinho o tamanho do estrago. Ao pesquisar, confirmo que o Dispatch fez a matéria, que se espalhou como fogo na palha pela internet. Dessa vez os ataques não são direcionados a Clara, mas a mim. Estão dizendo que não sei me comportar como um idol, que tenho um comportamento típico de um idol estrangeiro e que não tenho respeito algum pelo fandom, entre outras críticas. Estava concentrado nos comentários quando a porta se abre e vejo Han e Changbin. Eles não dizem nada de imediato, apenas se posicionam e me encaram.
— É tão errado assim ser idol e se tornar pai? — pergunto, virando minha cadeira para eles.
— As pessoas estão apenas chocadas, Bang Chan. Quantos idols já passaram por situações semelhantes e superaram? — responde Changbin.
— Eu estou preocupado com Clara. Aquela situação no dormitório ainda me assombra... ela reclama de dor no braço até hoje.
— Sinto muito que tenham passado por isso — diz Han diz, com um sorriso amigável.
— Vamos trabalhar — digo, ligando o computador. Por enquanto, é melhor focar em outra coisa.
Durante a manhã, nos mantemos concentrados no trabalho e, em seguida, saímos para almoçar no café da empresa. À tarde, encontramos com os outros, onde continuamos focados nas preparações para o lançamento do álbum. Como temos opiniões ativas em toda a produção, o trabalho é sempre desafiador.
Podíamos apenas esperar que nossa equipe faça tudo e cuide de cada detalhe, mas a proposta do SKZ sempre foi que sejamos autossuficientes, e isso não mudou em tantos anos de grupo. Já são nove da noite quando finalmente ficamos livres e podemos ir para casa. Seguimos em direção à saída da empresa, e I.N pergunta para mim:
— Vai para o dormitório?
— Não, irei para a casa da Clara. Estou com medo de tudo isso— Sinto-me completamente ansioso, e isso só passará quando estiver com ela.
— Tá certo, estão pegando muito pesado com os comentários — ele responde.
Logo ouvimos gritos do lado de fora da empresa e a chuva de flash se faz presente. A entrares principal está tomada de gente. Os meninos ficam ansiosos e vamos todos caminhando para a saída alternativa, desejando que ninguém estivesse por lá.
— Sinto muito por isso — digo para todos, pois o hate que recebi também reflete neles.
— Se tivesse me ouvido, nada disso estaria acontecendo — Minho entra na conversa, e eu o encaro irritado.
— Não é hora pra isso...
— Bang Chan, eu te avisei que era um erro. Você poderia tê-la deixado voltar para casa, onde estaria em segurança. Aquela situação no aeroporto nunca teria acontecido, e posteriormente, aquelas sasaengs nunca teriam invadido o dormitório gerando aquela situação... você já olhou para a porta da empresa? Está cheia de sasaengs e paparazzis querendo te trucidar, e você causou isso... — Minho aponta para mim e faz uma breve pausa para respirar antes de continuar. — Você está se lamentando pela segurança dela, quando foi você que causou toda essa situação. Só precisava escutar os managers... Mas naaaaao, tinha que fazer o que julga ser melhor, e as suas decisões estúpidas desencadearam todos os problemas — Minho vocifera rispidamente.
— Cala a sua boca agora... — Falo mais alto do que gostaria, e isso chama a atenção dos meninos.
— Gente, vamos nos acalmar. Não precisam brigar. — Seungmin diz vindo para o nosso lado.
— Eu precisava falar, porque você está agindo como idiota, quando nem tem certeza se o filho é seu!
— Idiota! — Eu o empurro para trás, e, na mesma hora, Changbin e Hyunjin me seguram, enquanto Han e Felix se colocam no meio, junto com Seungmin, para evitar que Minho revide — CALA ESSA SUA BOCA AGORA!
— Vai me bater? Estou tentando colocar juízo na sua cabeça — Seu olhar me enfrenta, e tenho que contar até dez para a situação não ficar mais caótica — você já pensou no que vai fazer se ela estiver mentindo?
— Você vai se arrepender por cada palavra, e escreve o que eu digo: vai pedir perdão a Clara de joelhos... — Aponto o dedo para ele, irado com a situação.
Saio andando sem me despedir de ninguém. Minho está sendo um verdadeiro otário, ele não tem que desconfiar de nada, quem está lidando com tudo isso sou eu. Assim que cruzo a porta dos fundos, uma chuva de flashes recai sobre mim, e eu apenas sigo adiante. Desgraçados, ah se eu pudesse soltar o verbo...
Quando estou em segurança no carro, minha cabeça despeja todas as palavras de Minho... "Sua culpa, é tudo culpa sua, ela se machucou por sua causa..." Ainda me lembro do pânico que senti ao encontrar Clara caída e imobilizada de dor no prédio. Essa cena me assombra e me faz refletir se mantê-la aqui foi mesmo uma boa ideia. Quem garante que eu não estou sendo seguido agora e vão descobrir onde ela está vivendo? Pensar nisso me deixa tonto, então estaciono o carro e ligo para Hannah, vou para o dormitório.
Fato curioso:
O INFINITY é uma boyband que sempre teve minha atenção. Eu amo demais e os queridos esqueceram que são cantores. Como na Coreia, o serviço militar é obrigatório PRA TODO HOMEM independente do que você faz da vida (há exceções mas não vou entrar nesse mérito agora), as boybands são meio que datadas. Depois que os ídols saem do serviço militar (a idade limite para se alistar é 29 anos, mas deram exceções a ídols para os 30) é normal que eles queiram viver suas vidas, já que passaram a adolescência e parte da sua vida adulta na indústria do kpop, e eles demoram ou as vezes nem voltam a ativa e é o caso do INFINITY. Todos já prestaram o serviço militar, mas estavam todos sumidos.
Quando eu estava fazendo a betagem desse capítulo, meu primeiro pensamento foi que eu gostaria tanto que os queridos voltassem, pois suas músicas são incríveis. E para minha surpresa, no dia seguinte os queridos reativaram todas as contas nas redes sociais e postaram coisas dando a entender que os lindos vão voltar e vão mesmo.
Obviamente nem posso mentir o quanto essa noticia me alegra, amo muito, por favor voltem logo!!!!
É isso meus amores, beijos em vossos corações e muito obrigada pelo apoio.
BIG HUG
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top